HECTOR SILVA: um uruguaio que brilhou no Palmeiras

              Carlos Hector Silva nasceu dia 1 de fevereiro de 1940, na cidade de Montevidéu (Uruguai). Héctor Silva deu os primeiros passos no futebol como atacante, em 1954, no Canillitas, de onde se transferiu para o Danúbio em 1956 e estreou na primeira divisão uruguaia aos 16 anos.

              Mais um produto da ótima safra de craques uruguaios dos anos 60, seu primeiro clube foi o tradicional Danubio Fútbol Club, onde chegou em meados de 1958. Meio-campista habilidoso, Héctor Silva atuava bem pelos dois lados da meia-cancha, além da enorme facilidade para finalizar ao gol. Permaneceu nas fileiras do Danúbio até o findar da temporada de 1963, quando seu passe foi negociado com o Club Atlético Peñarol.

               Com a camisa do Peñarol, Héctor Silva foi campeão uruguaio nas edições de 1964, 1965 e 1967, da Taça Libertadores da América de 1966 e do mundial interclubes, também em 1966 sobre o poderoso Real Madrid. Ele atuou ao lado de nomes como os compatriotas Ladislao Mazurkiewicz, Pablo Forlán e Pedro Rocha, além do equatoriano Alberto Spencer e do peruano Juan Joya. O ex-goleiro Roque Máspoli, campeão da Copa 1950, era o técnico. Pela “Celeste Olímpica” disputou os mundiais de 1962 no Chile e 1966 na Inglaterra.

                Em razão de sua grande experiência em disputas internacionais, o meio-campista foi contratado pela Sociedade Esportiva Palmeiras em 1970, uma negociação com intermediação do famoso empresário Juan Figger. Na época, os diretores do alviverde precisavam reforçar o elenco para os compromissos da Taça de Prata de 1970.

                Em sua primeira temporada no Palmeiras, Héctor Silva formou uma boa linha ofensiva ao lado de Edu Bala, César Lemos, Ademir da Guia e o ponteiro esquerdo Pio. Com o vice-campeonato na Taça de Prata de 1970, o Palmeiras garantiu presença na Taça Libertadores da América de 1971. Apesar da boa campanha, o Palmeiras foi eliminado na segunda fase da competição pelo Club Nacional de Football do Uruguai.

                  Participou como coadjuvante de um dos momentos mais importantes da história do Palmeiras. Em 1965, sob o comando do técnico argentino Filpo Núñez, o clube representou a Seleção Brasileira, no jogo que marcou a inauguração do Mineirão contra a seleção do Uruguai em que o Palmeiras  ganhou por 3 a 0 da Celeste, defendida pelo meia direita.

                    Cinco anos depois, Héctor foi contratado pelo Palmeiras. O time alviverde, campeão do Torneio Roberto Gomes Pedrosa 1969, vivia a transição da primeira para a segunda Academia. Pelo Palmeiras, entre 1970 e 1971, o uruguaio disputou 80 partidas com 47 vitórias, 23 empates, 10 derrotas e 16 gols marcados.  O uruguaio Carlos Héctor Silva não ganhou títulos e disputou menos de 100 partidas pela Sociedade Esportiva Palmeiras, mas permaneceu ligado ao clube até sua morte.

                     “O Héctor Silva foi o responsável por recuperar a carreira do Edu Bala. Se ele não chegasse, tenho certeza de que o Edu teria sido dispensado em 1970”, explicou José Ezequiel Filho, estudioso da história do Palmeiras. “O Héctor tinha como principal característica os lançamentos em profundidade. Com ele, usando sua velocidade, o Edu viveu a melhor fase”, completou.

                      Embalado pelas assistências do uruguaio, Edu Bala pôde construir seu espaço na galeria de ídolos do Palmeiras, clube que defendeu de 1969 a 1978. Em 472 partidas, anotou 75 gols. Além do Robertão 1969, conquistou as edições de 1972 e 1973 do Campeonato Brasileiro e foi tricampeão paulista (1972, 1974 e 1976). Até hoje, o antigo ponta direita é grato ao ex-companheiro Hector Silva.

                     “O Héctor Silva foi essencial na minha história dentro do Palmeiras. Jogava de um jeito diferente de nós, brasileiros. Era muito mais rápido, com um só toque na bola, e nunca nos deixava em impedimento. Era tudo de primeira. Não lançava bola para você dividir com o marcador, era sempre na frente. Eu me sentia feliz jogando com ele. Foi um grande atleta”, elogiou.

                      Edu Bala e Héctor Silva, companheiros no Palmeiras no começo dos anos 1970, mantiveram contato constante, já que o uruguaio fazia questão de visitar o Brasil anualmente para participar do Jantar dos Veteranos, evento promovido pelo clube para reunir seus ex-jogadores. Vestido de maneira elegante, ele lembrava os velhos tempos com os antigos parceiros.

                      “Além de grande jogador, foi uma grande pessoa. Ficamos muito amigos. No último Jantar dos Veteranos que participou, o Héctor fez questão de cumprimentar todos os jogadores com quem atuou. A senhora dele se dava bem com a senhora do Eurico. Ele falava bastante do Palmeiras. Quando chegou, contou que sonhava em jogar no clube, pelos grandes atletas que havia. Foi muito importante para nós”, contou Edu.

                  Em 1971 Héctor Silva não renovou contrato com o alviverde. Em seguida firmou compromisso com a Associação Portuguesa de Desportos. Em seus primeiros meses na Portuguesa de Desportos, Héctor Silva sofreu uma séria contusão no Tendão de Aquiles durante um treinamento.

                  Avaliado de maneira preliminar, o jogador recebeu várias infiltrações e sua situação só piorou. Com o passar do tempo, os próprios médicos não conseguiam estabelecer um diagnóstico seguro.

Acusado de simular uma contusão inexistente, Héctor Silva foi transformado em um ilustre frequentador do Departamento Médico do clube. A agonia “Rubro Verde” terminou no mês de setembro de 1972, depois da derrota da Portuguesa para o Santa Cruz por 1×0 no Parque Antártica.

                   Indignado com o resultado negativo, o presidente Oswaldo Teixeira Duarte afastou 6 jogadores do elenco: Lorico, Marinho Peres, Samarone, Piau e Ratinho; além do próprio Héctor Silva. Dispensado e humilhado, Héctor Silva foi por sua conta até Buenos Aires para se consultar com o renomado ortopedista argentino, o Doutor Balbier.

                    Diagnosticado com uma distensão no Tendão, Héctor Silva foi operado e só voltou para São Paulo no mês de abril de 1973, quando inclusive fez questão de apresentar o laudo médico aos dirigentes da Lusa. Vítima de um rompimento contratual absurdo na Portuguesa de Desportos, o roteiro do uruguaio Héctor Silva no futebol paulista ficou marcado pela falta de sorte.

                     Sem propostas para voltar ao futebol, Héctor Silva arrumou trabalho em uma importadora de equipamentos para aquecimento de gás em São Paulo.

                    Garantido pelas economias que acumulou nos tempos do Peñarol e do Palmeiras, Héctor Silva sentiu saudades do mundo da bola e voltou para o Uruguai em 1973. Assinou contrato com o mesmo Danúbio, lá permanecendo até 1975, quando decidiu abandonar definitivamente os gramados.

                     O ex-jogador uruguaio Carlos Héctor Silva, também conhecido como “Lito”, morreu dia 30 de agosto de 2015, na sai cidade natal de Montevidéu,  aos 75 anos, vítima de parada cardíaca, conforme informaram à “Agência Efe” fontes do Peña.

Em pé: Eurico, Leão, Nélson Coruja, Luís Pereira, Dé, e Dudu   –     Agachados: Edu, Héctor Silva, César, Ademir da Guia e Pio
Seleção do Uruguai de1966. Em pé: Omar Caetano, Horácio Troche, Ladíslao Mazurkiewicz, Nestor Gonçalvez, Nelson Diaz e Pablo Forlan   –     Agachados: Cortez, Júlio Abadie, Héctor Silva, Pedro Rocha e Domingo Perez
Em pé: Zéca, Leão, Nelson, Baldochi, Dudu e Dé      –    Agachados: Edu Bala, Hector Silva, César, Ademir da Guia e Fedato
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