ZIZINHO: tricampeão carioca pelo Flamengo em 1942 / 43 / 44

                    Thomaz Soares da Silva nasceu dia 14 de setembro de 1921 em São Gonçalo (RJ) e faleceu dia 8 de fevereiro de 2002 em Niterói (RJ). Portanto, se estivesse vivo hoje ele estaria completando 87 anos de idade. Críticos esportivos que viram Zizinho jogar, chegaram a chama-lo de Leonardo da Vinci dos gramados e Rui Barbosa da bola. Craque como Pelé e Didi admitiram por várias vezes que Mestre Ziza sempre foi uma referência ao longo de suas vitoriosas carreiras. Alguns consideram Zizinho o melhor jogador da história do Brasil, até o surgimento do próprio Pelé. Quando garoto, era apaixonado pelo América, mas ao se apresentar no clube carioca, foi recusado com o argumento que já havia muitos alas-direitas na equipe, e também porque Zizinho era muito baixo e tinha as pernas grossas.

                   Em 1939 procurou pelo técnico Flávio Costa, do Flamengo, para fazer um teste. Entrou no lugar de Leônidas da Silva, quando faltavam treze minutos para o final daquele treino,  mas  Zizinho  aproveitou  aquele   escasso   tempo   e  marcou dois gols, deu belos passes e algumas de suas arrancadas que encheram os olhos daqueles que puderam ver sua primeira apresentação.  Zizinho jogou pela primeira vez com a camisa do Flamengo num jogo preliminar contra o Fluminense quando marcou dois gols, um deles, de bicicleta. Ele ainda jogaria duas vezes no time de aspirante, contra o Vasco e o América. Sua estréia no primeiro time do Flamengo aconteceu no dia 24 de dezembro de 1939 em amistoso contra o Independiente da Argentina. Se firmou como titular e marcou seu primeiro gol no dia 11 de maio de 1940, quando o Flamengo derrotou o São Cristóvão por 2 a 1.

              Zizinho foi campeão pelo Flamengo em 1942, 43 e 44, sendo que o time de 1943 era; Yustrich, Domingos da Guia e Nilton; Biguá, Volante e Jaime; Valido, Zizinho, Pirilo, Perácio e Vevé. Com a camisa do Flamengo, o Mestre Ziza participou de 318 partidas (187 vitórias, 56 empates, 75 derrotas) e anotou 146 gols.   Antes da Copa de 50, foi vendido para o Bangu do Rio de Janeiro, por uma fortuna, (800 mil cruzeiros) sem sequer ser consultado. Ao saber da negociação, Zizinho assinou o contrato com o clube de “Moça Bonita” sem sequer ler e ainda disse ao dirigente do Bangu; “Se o senhor pagou tanto pelo meu passe é porque reconhece meu futebol”.  A mágoa de Zizinho com o clube da Gávea foi tão grande, que na primeira vez que enfrentou o Mengão, o Bangu goleou por 6 a 0, naquela que foi uma de suas melhores partidas de sua carreira. 

              Zizinho defendeu o Bangu por 6 anos, do qual foi o 5º maior artilheiro com 120 gols.  Em 1957, já com 36 anos de idade foi jogar no São Paulo F.C., que fazia uma péssima campanha no Paulistão, mas com a chegada de Zizinho, a equipe não perdeu mais nenhuma partida e assim o Mestre Ziza ajudou o tricolor sagrar-se campeão paulista daquele ano, quando o São Paulo decidiu o título com o Corinthians no dia 29 de dezembro. Este jogo aconteceu no Pacaembu e o placar foi de 3 a 1 para o tricolor, que neste dia jogou com; Poy, De Sordi e Mauro; Sarará, Riberto e Vitor; Maurinho, Amauri, Gino, Zizinho e Canhoteiro.

              Apesar do sucesso no São Paulo, Zizinho foi dispensado durante o paulistão de 1958. Com a camisa do tricolor, Zizinho marcou 24 gols. Participou de 66 jogos (40 vitórias, 14 empates, 12 derrotas). Ainda em condições de apresentar um bom nível técnico, recusou-se a aposentar e mudou para o Chile, onde defendeu o Audax Italiano. Na verdade ele foi chamado para ser o técnico da equipe, mas atendendo ao pedido para fazer um jogo exibição, acabou atuando por toda a temporada encerrando a carreira em 1962 aos 40 anos e ainda deixando 16 gols nas redes adversárias. Lá ele era chamado de “doutor”. Depois voltou ao Rio de Janeiro e encerrou sua carreira definitivamente. 

            Após desistir do mundo do futebol, Zizinho trabalhou como funcionário público e gozou de uma razoável aposentadoria após alguns anos trabalhando para o Estado do Rio de Janeiro. Em sua festa de 80 anos, Mestre Ziza comentou sobre a forma como gostaria de ser lembrado; “Simplesmente como sou. Um homem simples, morador de Niterói, que nem precisa se vestir. Preciso de uma bermuda, chinelo, umas camisas, só para descer e ir lá na padaria do português ali da esquina. Não preciso mais que isso, nunca liguei para o luxo e não será agora que ligarei”.

SELEÇÃO BRASILEIRA

  Zizinho foi o principal jogador da Seleção Brasileira durante a década de 40. No total vestiu a camisa do Brasil por 54 vezes e marcou 31 gols, entre 1942 e 1957. Conquistou o título sul-americano em 1949 e foi eleito o melhor jogador da Copa do Mundo de 1950. A decisão do mundial, quando o Brasil perdeu para o Uruguai por 2 a 1, pode ser melhor compreendida pelas palavras do próprio Mestre Ziza; “Acabada a partida, pensei até mesmo em parar com o futebol. Ainda bem que já tinha contrato assinado com o Bangu, o que me fez desistir dessa ideia.”  Ainda sobre a Copa de 50, Zizinho sempre achou um absurda a tentativa de colocarem a culpa da derrota em alguns companheiros, como fizeram com o goleiro Barbosa. Com a camisa canarinho, Zizinho foi campeão da Copa América (Campeonato Sul-Americano) em 1949, campeão da Taça Oswaldo Cruz em 1950, campeão da Copa Rio Branco em 1950, campeão de Taça Oswaldo Cruz em 1955 e 1956 e campeão da Taça do Atlântico em 1956 e vice campeão mundial na Copa do Mundo de 1950 disputada no Brasil.

              Antes dos 25 anos era chamado de “Mestre Ziza” apelido que recebeu na copa de 50 quando o jornalista italiano Giordano Fatori que cobria a Copa para o jornal “Gazzetta dello Sport” escreveu “O futebol de Zizinho me faz recordar Da Vinci pintando alguma coisa rara” comparando o futebol do jogador com um dos maiores mestres da pintura de todos os tempos. Já no fim de carreira em 1957 aos 35 anos os companheiros de equipe o chamavam de “Seu Zizinho” tamanho o respeito, também era um fantástico artilheiro marcando 312 gols em sua carreira.

              Zizinho foi o responsável pelo surgimento de outro craque Gérson. Zizinho era amigo do pai de Gérson, e quando ele iniciou a carreira de jogador, sempre ouvia atentamente os conselhos do “Mestre Ziza”, no tocante à marcação, visão de jogo, distribuição de passes, e partindo em velocidade com a bola dominada. Em agradecimento, o “Canhotinha de Ouro” sempre que entrevistado, cita carinhosamente Zizinho como seu mentor e incentivador na carreira de jogador.

              Sempre que perguntavam a Zizinho, qual foi a partida que ele jamais esqueceria, de imediato ele respondia; “Foi a decisão do campeonato carioca de 1944”. Com tantos boêmios no time, o técnico Flávio Costa resolveu concentrar cinco dias antes do jogo. A final era contra o Vasco da Gama. A Gávea mais parecia um hospital. Lá estavam Pirilo doente sem poder andar. Valido com violenta febre e como se não bastasse, o Flamengo tinha perdido Perácio, que fora para a Guerra e o Domingos da Guia vendido ao Corinthians. Na verdade, no ataque o único que tinha condições era Zizinho. Foi o jogo mais dramático da vida de Zizinho.

             Foi uma explosão quando Valido subiu com Argemiro, no finalzinho do jogo, e colocou a bola no fundo das redes de Barqueta. Era o prêmio pela, luta, persistência, dedicação e união daqueles jogadores que, ao terminar a partida, Valido caiu de um lado e Pirido para o outro. Desmaiaram e tiveram que ser carregados para o vestiário, em meio a festa e a alegria do tri campeonato. Foi um dia de glória na brilhante carreira de Zizinho, que saiu da Gávea direto para a Praça XV, afim de pegar a barca das 22:00hs. para Niterói. 

              Thomaz Soares da Silva, o nosso inesquecível Zizinho, ou ainda, o Mestre Ziza,  faleceu dia 8 de fevereiro de 2002, vítima de enfarto. Foi um dia que o brasileiro chorou a perda de um gênio da bola, o qual seremos eternamente gratos por tudo que ele fez pelo nosso futebol. Obrigado Mestre!

Em pé: Djalma Santos, Zózimo, Nilton Santos, Edson, Gilmar e Formiga   –   Agachados: Canário, Zizinho, Leônidas da Selva, Didi e Ferreira
Em pé: Norival, Ruy, Domingos da Guia, Oberdan, Biguá e Jaime de Almeida   –   Agachados: Tesourinha, Zizinho, Heleno de Freitas, Ademir de Menezes e Jorginho Ceciliano
Em pé: Rubens, Zózimo, Nilton Santos, Castilho, Pinheiro e Bauer    –   Agachados: Sabará, Zizinho, Índio, Didi e Pinga
Em pé: Djalma Santos, Formiga, Edson, Nilton Santos, Zózimo e Gilmar   –    Agachados: Canário, Luizinho, Gino, Zizinho e Pépe
Em pé: Armando, Julio, Yustrich, Domingos da Guia, Artigas e Newton    –   Agachados: Valido, Zizinho, Silvio Pirilo, Nadinho e Vevé

Em pé: Eli (que aparece cortado na imagem), Augusto, Wilson Francisco Alves, Barbosa, Danilo Alvim e Noronha    –     Agachados: o massagista Mário Américo, Tesourinha, Zizinho, Octávio Moraes, Jair Rosa Pinto e Simão
Craques da Copa de 1950 – Em pé: Barbosa, Orlando, Danilo, Juvenal, Bauer e Bigode    –   Agachados: Friaça, Zizinho, Ademir de Menezes, Jair Rosa Pinto, Chico e Mário Américo
Em pé: Barbosa, Orlando, Juvenal, Bauer, Danilo e Bigode – Agachados: Friaça, Zizinho, Danilo de Menezes, Jair Rosa Pinto, Chico e Mário Américo
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