ELOI: verdadeiro cigano do nosso futebol

                   Francisco Chagas Eloi nasceu dia 17 de fevereiro de 1955, na cidade de Andradina – SP. Foi um jogador que passou por inúmeros clubes, tanto no Brasil, quanto no exterior. Elói foi um vistoso meia ainda na época que o América era tido como time grande. Em 1982, em uma final contra o Guarani, Elói era o meia do time americano campeão do Torneio dos Campeões que tinha jogadores conhecidos e o técnico era Dudu, ídolo do Palmeiras. Elói destacou-se no interior paulista e chegou ao Juventus, depois passou pela Portuguesa, Inter de Limeira e Santos até chegar no Rio de Janeiro onde fez sucesso com as camisas de América e depois do Vasco.

                  No Vasco foi tão bem que acabou indo para o Genova da Itália. Também esteve em Portugal jogando pelo Porto, no qual conquistou a Champions League e o Mundial Interclubes. Ainda em terras lusitanas, integrou o Boavista. Jogou ainda em outros times como Botafogo-RJ, Fluminense-RJ, Fortaleza-CE e Campo Grande. Depois que encerrou a carreira passou a trabalhar fora das quatro linhas, mas nunca decolou como treinador, já tendo tido algumas oportunidades em times como Anapolina-GO, Ceará,  XV de Jaú e outros clubes.

INÍCIO DE CARREIRA

                 Tudo começou no modesto Juventus da Mooca em 1975, onde permaneceu até 1977. Quando deixou a Rua Javari, a equipe do Moleque Travesso tinha um bom time, que era assim formado; Miguel, Arnaldo, Polaco, Deodoro e João Carlos; Tião, Eloi e Ivan; Xaxá, Serginho e Wilsinho. O técnico era Milton Buzetto. Esta foi a equipe que enfrentou o Corinthians no dia 17 de junho de 1977 pelo Campeonato Paulista. O jogo terminou com a vitória corintiana por 1 a 0, gol de Wladimir aos 45 minutos do segundo tempo.

PORTUGUESA DE DESPORTOS

                 Em 1978, chegou ao Canindé, onde permaneceu até 1979. Teve uma ótima passagem pela Lusa, onde jogou ao lado de grandes jogadores, como por exemplo, Wilson Carrasco, Tata, Eneas, Daniel Gonzales e de seus companheiros que depois jogariam juntos na Inter de Limeira, como Beto Lima e Bolivar. Foi uma época em que a Portuguesa estava sempre no bloco intermediário, embora no Campeonato Paulista de 78 tivesse tomado várias goleadas, como aquele 4 a 0 para o São Paulo, os 4 a 1 para o Palmeiras e os 5 a 1 para o Santos.

INTER DE LIMEIRA

                 Em 1979, Eloi foi jogar na Internacional de Limeira, que havia conquistado o acesso para a Primeira Divisão do Futebol Paulista no ano anterior. E para enfrentar um campeonato tão difícil como este, a diretoria fez varias contratações, como Beto Lima, Elói, Camargo e Simões que vieram da Portuguesa de Desportos, também foi buscar Escurinho do Inter de Porto Alegre e Isidoro do Fluminense. A cidade estava vivendo momentos de euforia, pois os grandes clubes da capital viriam jogar em seus domínios. E assim foi no dia 11 de julho de 1979, quando o Corinthians veio a Limeira para enfrentar a Inter pelo primeiro turno do Campeonato Paulista daquele ano.

                Durante todo o dia, o assunto na cidade era o jogo, todos queriam estar presente ao Estádio Major José Levy Sobrinho, o Limeirão. A torcida do Corinthians como sempre, também veio em grande número e com isto tivemos um público recorde no estádio, ou seja, 39.123 pagantes, o que proporcionou uma arrecadação de Cr$ 1.836.150,00, que algo espetacular, principalmente por ser uma quarta feira a noite e de muito frio.

               Para este jogo o técnico Ilzo Nery da Inter, mandou a campo os seguintes jogadores; Wilson, Volmil, Alexandre Pimenta, Beto Lima e Jair; Tornado, Eloi e Isidoro; Camargo, Escurinho e Marquinho. Já o técnico José Teixeira do Corinthians escalou a seguinte equipe; Jairo, Luiz Cláudio, Mauro, Amaral e Wladimir; Djalma (Romeu), Basílio e Sócrates; Piter (Geraldão), Palhinha e Wilsinho. O jogo terminou empatado em 0 a 0 e o árbitro da partida foi Dulcidio Vanderley Boschilla. No ano seguinte, a Internacional não decepcionou no Paulistão.

               Com Élvio, Toinzinho e Elói no meio de campo, a Inter fez boa campanha. No início da década gloriosa de 80, o time leonino conquistou o 4º lugar e disputou o “Quadrangular Final” do Paulistão daquele ano. Foi desclassificado pelo campeão de 1980, São Paulo, que ainda, utilizou o atacante Zé Sérgio ilegalmente na partida. Mas, mesmo assim, conseguiu o direito de disputar a antiga Taça de Ouro de 1981, a qual chegou até as quartas-de-finais ao ser derrotado pelo Grêmio em uma polêmica partida e também polêmico grupo.

               Em 1981, mudou o Regulamento do Campeonato Paulista e, a Internacional, pela terceira oportunidade, disputou com grandes méritos. No primeiro turno, obteve a segundo colocação e o direito de disputar o Octogonal, do qual não conseguiu os mesmos méritos. Já no segundo turno, com a venda de seis ou sete “estrelas” como Elói, houve queda de rendimento da equipe, que ficou em 6º lugar no campeonato e com direito assegurado para disputar a Taça de Ouro em 1982, campeonato este, que a Internacional não passou da primeira fase.

               Uma das principais partidas de Eloi pela Veterana, foi no dia 14 de agosto de 1980, quando enfrentou o Corinthians pelo segundo turno do Campeonato Paulista daquele ano. O jogo foi no Pacaembu e a Inter venceu por 3 a 1, gols de Almir (2) e Élvio para o time do interior, enquanto que Luis Cláudio marcou o único gol para o time da capital. Neste dia a Inter jogou com; Marcos, Suemar, Bolivar, Alemão e Donizetti (Marco Antonio); Elvio, Eloi e Paulo Luciano; Camargo, Almir (Zé Neto) e Simões. O técnico foi Sérgio Clerice.

               Com a camisa do Leão da Paulista, Eloi disputou 101 partidas e marcou 26 gols. Eloi teve uma passagem tão boa pela Internacional, que chegou a receber o troféu Bola de Prata da Revista Placar. Os demais jogadores que foram agraciados foram os seguintes: Benitez (Inter de Porto Alegre), Perivaldo (Botafogo Carioca), Moisés (Bangu), Dario Pereyra (São Paulo), Marinho Chagas (São Paulo), Zé Mário (Ponte Preta), Elói (Inter de Limeira), Paulo Isidoro (Grêmio), Paulo César (São Paulo), Roberto Dinamite (Vasco da Gama) e Mário Sérgio (Inter de Porto Alegre). A Bola de Ouro ficou para o jogador Paulo Isidoro do Grêmio.

OUTROS CLUBES

               Ao deixar a Internacional, Eloi foi jogar no Santos F.C., quando a equipe peixeira formou um grande time, principalmente seu meio de campo. A equipe era assim formada; Ademir Maria, Suemar, Joãozinho, Márcio e Paulinho; Gilberto Costa, Eloi e Pita; Gilson, Roberto Biônico e João Paulo. Depois jogou no Cruzeiro, no qual permaneceu apenas três meses, até ser negociado com o América do Rio, que na época era tido como time grande. Em 1982, em uma final contra o Guarani, Elói era o meia do time americano campeão do Torneio dos Campeões. Depois foi jogar no Vasco da Gama, onde fez uma boa campanha, tendo disputado 23 partidas, com 7 vitórias, 13 empates e 3 derrotas.

               Marcou 8 gols pela equipe de São Januário. No Vasco foi tão bem que acabou indo para o Genova da Itália, pelo qual fez uma de suas piores temporadas. Retornando ao Brasil, defendeu o Botafogo. Voltaria a jogar com sucesso na Europa pelo Porto, no qual conquistou o bicampeonato português em 1985 e 1986, a Champions League em 1986/87 e o Mundial Interclubes em 1987.

               A Copa Européia/Sul-Americana de 1987 foi disputada a 13 de Dezembro de 1987 entre o FC Porto, de Portugal, vencedor da Taça dos Campeões Europeus, e o Peñarol de Montevideu, do Uruguay, campeão da Taça Libertadores da América. O desafio realizou-se debaixo de intenso nevoeiro e neve que cobria todo o relvado (condições inéditas para os dois clubes latinos). Foi um jogo muito disputado no meio-campo exigindo mais força e resistência que técnica pois a bola rolava pouco sobre a neve. O Porto venceu o Peñarol por 2 a 1 após prorrogação. Os gols portugueses foram marcados por Gomes e Madjer, enquanto que para o Peñarol marcou Vieira.

               Ainda em terras lusitanas, integrou o Boavista. Quando voltou ao Brasil fez parte dos elencos de Fluminense, Fortaleza, sendo artilheiro do cearense de 1993, Ceará, Campo Grande, até encerrar a carreira de jogador, no Nacional de Manaus. Perambulou por várias equipes do norte e nordeste no final de carreira. Em 1994, Elói era o camisa 10 do time do Ceará, vice-campeão da Copa do Brasil. O título ficou com o Grêmio, segundo os torcedores do Ceará, por causa da mãozinha do árbitro Oscar Roberto Godoi. O Alvinegro de Fortaleza foi responsável pela eliminação na semifinal do poderoso Palmeiras, de Evair, Edmundo, Luxemburgo e companhia.

TREINADOR

               Depois que encerrou a carreira de jogador de futebol, no início da década de 2000 iniciou a função de treinador, no Rubro Social, depois no América do Rio, o Anapolina de Goiás, Ceará, XV de Jaú e outros clubes. Infelizmente Elói nunca decolou como treinador, já tendo tido algumas oportunidades vários clubes do futebol brasileiro. Hoje Eloi reside no Rio de Janeiro e leva uma vida tranquila, onde relembra com saudade os bons momentos que o futebol lhe proporcionou.

1982   –  Em pé:  Gasperin, Duílio, Everaldo, Zedílson, Chiquinho e Pires   –    Agachados: Serginho, Gilberto, Moreno, Elói e Gilson Gênio
Porto (Portugal) de 1986    –    Em pé: Lima Pereira, Eduardo Luis, Semedo, João Pinto e Matos    –     Agachados: Madjer, André, Gomes, Laureta, Eloi e Futre
Em pé: Suemar, Márcio, Marola, Chicão, Paulinho e Neto     –   Agachados: Claudinho, Eloi, Nilson Dias, Pita e Osny

Em pé: Eloi, Camargo, Márcio Cavinato, Almir, Alexandre Pimenta e Donizeti    –    Agachados: massagista Benê, Marco Antônio, Toinzinho, Beto Lima, Bolivar e Simões
Em pé: Paulinho, Márcio, Chicão, Marola, Neto e Washington     –    Agachados: Claudinho, Eloi, Palhinha, Pita e Nilson

 

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