RENATO: campeão brasileiro pelo Guarani em 1978

                 Carlos Renato Frederico nasceu dia 21 de fevereiro de 1957, na cidade de Morungaba – SP.   Ídolo da torcida são-paulina, Renato nunca deixou de ser um garoto do interior. Ele e seus quatro irmãos jogavam na equipe local, o Buenópolis, e foi lá que o ponta-de-lança deu seus primeiros dribles e passes, e começou a despontar ainda menino. Aos 15 anos, já jogava no time amador. Dois anos depois, no dia oito de outubro de 1974, Renato fez um teste de coragem: foi a Campinas, que fica a uma hora de sua cidade, para participar de uma peneira no Guarani. Até hoje se lembra daquele dia: “Nossa, foi uma alegria muito grande. Era uma quarta-feira quando fiz o teste.

                 Depois do treino, o Ladeira (Adaílton Ladeira, atual treinador dos juniores do Corinthians) me chamou  e  pediu para voltar na sexta,  para  dormir  e disputar no sábado uma partida. Eu tinha passado no primeiro teste!”. No sábado, ele disputou um jogo pela equipe juvenil B do Bugre e ganhou a vaga. Além disso, Renato ia duas vezes por semana a São Paulo treinar no Palmeiras. Porém, como na equipe de Parque Antártica só poderia treinar e não jogar, decidiu-se pelo Bugre, apesar de palmeirense.

CAMPEÃO BRASILEIRO

                 Em 1978 ele seria campeão brasileiro pelo Guarani ao lado de Careca, Zenon, Bozó e Zé Carlos, transformando-se em uma das revelações do campeonato. Foi um fato inédito para um clube do interior.  Mas não podemos esquecer que naquele ano o Guarani tinha uma equipe maravilhosa e era comandada por um grande técnico, Carlos Alberto Silva. Na época o Guarani tinha a seguinte formação;  Nenéca, Mauro, Edson, Gomes e Miranda; Zé Carlos, Renato e Zenon; Capitão, Careca e Bozó.  Depois de uma brilhante campanha, o Guarani foi decidir o título com o Palmeiras.

               O primeiro jogo aconteceu no dia 10 de agosto no estádio do Morumbi, que recebeu um grande público. Aos 25 minutos do segundo tempo, Careca foi agredido pelo goleiro Leão e caiu na área. O árbitro Arnaldo César Coelho marcou pênalti expulsou o goleiro palmeirense. Quem foi para o gol do Verdão foi o atacante Escurinho, pois o técnico Jorge Vieira, já havia efetuado as três substituições. Bola na marca da cal.  E não deu outra, Guarani 1 a 0 gol de Zenon. E este acabou sendo o placar final da partida.

              Naquele momento, abria-se o caminho para o primeiro título nacional de um clube do interior paulista. A segunda partida, que foi disputada no dia 13 de agosto de 1978, no Estádio Brinco de Ouro da Princesa, na cidade Campinas.  Com um público acima de 30 mil pessoas, o Guarani venceu o Palmeiras novamente por 1 a 0, gol de Careca aos 36 minutos da etapa inicial. Guarani Campeão Brasileiro de 78.

SÃO PAULO

               Em 1980, consagrado, Renato se transferiu para o São Paulo, onde jogaria por cinco anos. Foi bicampeão paulista em 80 e 81, O ano de 1981 Renato recorda com muita alegria. Neste ano, chegava um novo treinador no Morumbi, era Formiga e junto com ele alguns reforços, como o ponta esquerda Mário Sérgio, e o lateral esquerdo Marinho Chagas. E no campeonato paulista deste ano, tivemos uma goleada em cima do Palmeiras, e isto aconteceu no dia 4 de Outubro, quando o tricolor venceu o alviverde por 6×2 no Morumbi.

              Chegava o dia 29 de Novembro de 1981, dia de mais uma decisão na história do Tricolor. Um domingo de muita chuva em São Paulo, mas mesmo assim, mais de 60 mil torcedores comparecem ao Morumbi, confiantes na vitória tricolor. Aos 37 minutos do primeiro tempo, Renato de cabeça faz São Paulo um a zero.  E aos 41 do segundo tempo Serginho fazia o segundo gol são-paulino e dava mais um título ao São Paulo F.C. Foi também vice-campeão brasileiro em 83, conseguindo projeção nacional. Nesta época, o treinador da seleção brasileira Telê Santana o convocou diversas vezes. Porém, não teve chances de jogar tempo suficiente para mostrar seu bom futebol, já que o titular de sua posição era Zico.

              Mas se engana quem pensa que Renato guarda mágoas de seu tempo de reserva de Zico. Segundo ele, aqueles anos foram os melhores de sua carreira profissional, e a convivência com Zico foi fundamental para isso. Foi também na seleção que ganhou um apelido que o acompanharia (para seu desgosto) por toda a vida: Pé-murcho.

              A versão da história contada por Renato é a de que a revista Placar estava fazendo uma reportagem com os apelidos dos 22 jogadores da seleção, e ninguém tinha um bom nome para ele. Enquanto os jogadores matutavam uma ideia, Renato errou feio um chute e um nome pipocou nas mentes dos atletas: Pé-murcho. O fato de Renato ter ficado irritado com o apelido contribuiu para que ele pegasse. Outras línguas contam que o apelido veio porque o atleta nunca teve chute forte. Seja como for, depois deste episódio Renato passou a treinar mais o seu chute, e chegou a marcar bons gols de fora da área. Alguns companheiros, em razão disso, chegavam até a chamá-lo de Renato Pé-cheio, quando já estava no Atlético-MG.

              Se 1983 foi um ano excelente para o jogador no São Paulo, 1984 foi o extremo oposto. Renato, desde sempre muito apegado à família, viu sua mãe, dona Maria Rosa, adoecer. Ela faleceria quatro anos mais tarde. Além disso, havia um novo técnico no Tricolor, Cilinho, depois de um primeiro semestre ruim para os times grandes.   “Ele invocou comigo desde o princípio”, diz o jogador. Em uma ocasião, quando o Tricolor ia disputar o clássico contra a Portuguesa pelo Campeonato Paulista, o técnico anunciou que ia colocar Renato no banco. Este, por sua vez, nem foi ao estádio.

              O atleta foi multado e sua situação no clube começou a ficar difícil. Muito se ouvia falar, nos anos anteriores, de propostas de clubes interessados em Renato, tanto da Europa quanto do Brasil. Em 1983, o Flamengo chegou a oferecer 800 mil cruzeiros pelo atleta, à vista. Porém, o São Paulo recusou, porque queria manter o craque. Em 1984, no ano das desavenças com o técnico Cilinho, as coisas mudaram. Renato foi vendido no ano seguinte ao Botafogo por 700 mil cruzeiros.

BOTAFOGO  E  ATLÉTICO

              No Botafogo do Rio de Janeiro não recebeu nada daquilo que lhe havia sido prometido. Único time que jogou e chegou a atrasar salários. Conta Renato que os atletas se dividiam em vários grupinhos, e que o clima não era bom. Conseguiu se transferir para o Atlético-MG, e lá resgatou seus momentos de glória do futebol, da época de Guarani e São Paulo. Tinha de volta o companheiro Zenon, além do técnico Telê Santana, que já admirava dos tempos de seleção brasileira e conseguiu conquistar dois campeonatos mineiros, em 86 e 88. O clima era bom, os jogadores se encontravam uma hora antes dos treinos para jogar futevôlei, esporte que, segundo Renato, dava “um ótimo preparo físico”.

JAPÃO

              Depois, o atleta foi para o Japão – um dos pioneiros – a convite do então zagueiro Oscar, para defender o Nissan Football Club – hoje Yokohama Mariners. Era época onde o futebol por lá ainda se profissionalizava, e Renato se deu muito bem. Em seus dois primeiros anos foi artilheiro do campeonato japonês, que ganhou em 89/90. Também conquistou a Copa Asiática em 92 e o tricampeonato da Copa do Imperador, de 90 a 93.  Depois foi contratado pelo Kashiwa Reysol, onde planejava jogar por dois anos, e, em seguida, encerrar sua carreira. Porém, três meses depois de ingressar na equipe, Renato machucou o joelho, e o médico da equipe disse que ele nunca mais voltaria a jogar. O pior: passaria o resto da vida andando com auxílio de muletas. O atleta não acreditou, pegou suas malas e voltou para o Brasil.

DE VOLTA AO BRASIL

              Era 1994, e dois meses depois de voltar, já estava jogando novamente, pela Ponte Preta, já com 37 anos. Transferiu-se três anos depois para o Taubaté, onde jogou por quatro meses e encerrou sua carreira, aos 40 anos. Renato tem um recorde em sua carreira que é um feito no futebol. Pelo Campeonato Mineiro, dia oito de maio de 1988, quando jogava no Atlético-MG, o atleta fez 3 gols em 3 minutos, contra o Minas, de Boa Esperança. O jogo terminou em 7 a 1.

Campeão Brasileiro de 1978   –    Em pé: Zé Carlos, Edson, Mauro, Miranda, Gomes e Neneca   –    Agachados: Capitão, Renato, Careca, Zenon e Bozó
Seleção entre Ponte Preta e Guarani na década de 70    –    Em pé: Carlos, Oscar, Mauro, Polozzi, Zé Carlos e Odirlei    –     Agachados: Lúcio, Renato, Careca, Zenon e Tuta
Em pé: Pereira, Batista, Éder Lopes, Luiz Cláudio, João Pedro e Paulo Roberto   –    Agachados: Sérgio Araújo, Vander Luís, Marquinhos, Zenon e Renato Pé-Murcho
Em pé: Carlos Alberto Silva sendo entrevistado, Waldir Peres, Oscar, Getúlio, Almir, Dario Pereira e Airton   –    Agachados: o massagista Hélio Santos, Paulo César, Renato, Serginho Chulapa, Heriberto e Zé Sérgio
1981   –   Em pé: Waldir Peres, Getúlio, Oscar, Dario Pereira, Almir e Marinho Chagas   –    Agachados: Paulo Cesar, Renato, Serginho, Mário Sérgio e Zé Sérgio

         

Postado em R

Deixe uma resposta