LIDU: um craque que nos deixou prematuramente

                 Ludgero Pereira da Silva nasceu dia 21 de março de 1947, na cidade de Presidente Prudente (SP). Ele surgiu jogando como volante nas divisões amadoras da saudosa Assoc. Prudentina de Esportes Atléticos em 1965. No ano seguinte, o presidente do Londrina foi até Presidente Prudente na intenção de contratar reforços para disputar o Campeonato Paranaense de 1967. E neste dia Lidu arrebentou com o treino. Dessa forma, o até então desconhecido médio volante foi contratado e viajou para o Paraná. Quem já jogava pelo Londrina, era o goleiro Ado, que mais tarde também veio fazer muito sucesso no Corinthians, inclusive sendo um dos três goleiros que participaram da Copa de 70, no México.

CORINTHIANS

                  Em 1968, jogando como lateral direito, Lidu foi contratado pelo Corinthians. Sua estréia aconteceu dia 18 de agosto de 1968, quando o Corinthians derrotou o Marcílio Dias de Santa Catarina por 1 a 0. Lidu não tinha se dado muito bem em São Paulo, com isto, suas atuações iniciais não estavam agradando, mas aos poucos foi se firmando e logo caiu nas graças da torcida. No Paulistão de 1969, o alvinegro embalou ótimos resultados. Os ares de uma nova era pareciam bastante favoráveis. Com o comando do experiente Dino Sani, que substituiu Aymoré Moreira, tudo indicava que o jejum de títulos estava com seus dias contados.

                 Neste ano o time corintiano era o seguinte; Alexandre, Lidu, Ditão, Luiz Carlos e Pedro Rodrigues; Dirceu Alves e Rivelino; Paulo Borges, Tales, Benê e Eduardo. Esta foi a equipe que derrotou o São Paulo por 4 a 2 no dia 2 de março de 1969, jogo válido pelo primeiro turno do Campeonato Paulista. Depois vieram outros bons resultados, como as vitórias sobre a Portuguesa por 3 a 2, sobre o Palmeiras por 2 a 0 e sobre o Santos também por 2 a 0. Até que chegou o dia 27 de abril, quando a tabela marcava para aquele dia, São Bento de Sorocaba versus Corinthians, lá na Manchester Paulista.

                Como já era esperado, o jogo foi difícil e o ponto conseguido no empate de 1 a 1 (gol de Benê) foi importante para manter a ótima campanha. A delegação alvinegra saiu da cidade de Sorocaba pouco depois das 19:00hs e seguiu para São Paulo diretamente para o estacionamento do Parque São Jorge, chegando nas dependências do clube por volta das 20:30hs. Ainda no estacionamento, parte do grupo decidiu comemorar o ótimo ponto conquistado no empate em Sorocaba no restaurante Recreio Chácara Souza, no bairro de Santana.

TRAGÉDIA

                Na madrugada do dia 28 de abril no retorno ao Parque São Jorge, o lateral direito Lidu, acompanhado do ponta esquerda Eduardo, conduzia seu fusca de cor castor com placas 9 26 79. Quando entraram na Marginal do Tiete, que ainda estava em construção, e sem iluminação, Lidu que dirigia o carro, não viu que haviam guias jogadas no asfalto e, passando por cima delas. Com o impacto das rodas dianteiras, o veículo capotou várias vezes e chocou-se violentamente contra a pilastra da ponte, projetando seus ocupantes para fora do veículo, sofrendo ambos fratura de crânio, roubando do Corinthians dois titulares, que faleceram antes de dar entrada ao pronto-socorro de Santana.

                O socorro não demorou para chegar, mas já era tarde. Enquanto populares se amontoavam nos arredores do desastre, o torcedor corintiano que ainda dormia, perdia duas grandes estrelas. Antes, porem, os corpos foram saqueados por pessoas sem alma e coração, objetos, como relógios, correntes e carteiras, foram tudo levados. De acordo com os laudos da polícia técnica, o acidente aconteceu próximo da ponte da Vila Maria, (hoje ponte Jânio Quadros). Enquanto os familiares das vitimas eram avisados, os corpos mutilados foram levados para o necrotério do instituto médico legal.

               Os primeiros a chegarem ao necrotério foram Paulo Borges, Rivelino e Dino Sani. Depois da missa de corpo presente as caixas funerárias foram cerradas e os carros seguiram viagem. O corpo de Eduardo seguiu para Guanabara e o corpo de Lidu foi levado para Presidente Prudente. Foi uma grande comoção naquela segunda-feira cinzenta e de muita garoa na capital paulista daquele dia 28 de abril de 1969. Como dizia Fiori Gigliotti, “o céu estava carrancudo e caíam lágrimas”.

                Após o velório, realizado diante de milhares de pessoas, o corpo de Lidu seguiu para Presidente Prudente (SP), enquanto o corpo de Eduardo foi embarcado para o cemitério do Caju no Rio de Janeiro. Ao todo, foram 36 participações de Lidu jogando pelo Corinthians (24 vitórias, 6 empates e 6 derrotas). Com o falecimento de Lidu e Eduardo, o Corinthians solicitou aos representantes do conselho arbitral da Federação Paulista de Futebol uma autorização para inscrever dois jogadores para substituí-los no decorrer do campeonato. O Palmeiras, representado pelo diretor de futebol José Gimenez Lopes, usou seu poder de veto e foi contra. Foi aí que o presidente do Corinthians deu um murro na mesa e gritou “Essa é uma atitude de porco”. Pronto, nascia naquele momento  o novo mascote do Palmeiras.

Em pé: Dirceu Alves, Lidu, Carlos, Clóvis, Edson e Diogo    –   Agachados: Paulo Borges, Adnan, Benê, Rivelino e Eduardo

Em pé: Ditão, Luiz Carlos, Dirceu Alves, Pedro Rodrigues, Lidu e Lula    –   Agachados: Paulo Borges, Tales, Benê, Rivelino e Eduardo
Londrina em 1967   –   Em pé: Lidu, Pinduca, Tomás, Ado, Dobreu e Zequinha   –   Agachados: Varlei, Almeida, Gauchinho, Capitão e Dirceu
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