FLEITAS SOLICH: um treinador paraguaio que brilhou no Brasil

                         Manuel Agustin Fleitas Solich nasceu dia 30 de dezembro de 1900, na cidade de Assunção, capital do Paraguai. Com a saída do treinador Flávio Costa em dezembro de 1952, o presidente do Flamengo Gilberto Cardoso decidiu inovar. Assim, o respeitado Jayme de Almeida foi o escolhido para comandar o time em janeiro de 1953.

                          Todavia, os resultados ficaram abaixo do esperado, mesmo com a conquista do Torneio Quadrangular da Argentina. A realidade era preocupante, levando em conta que o Rubro-Negro estava longe do título carioca desde o tricampeonato de 1942, 1943 e 1944.

                          Maravilhado com a aplicação tática do selecionado do Paraguai, o campeão Sul Americano de 1953, Gilberto Cardoso estava convencido: Fleitas Solich era o homem certo para recuperar o tempo perdido!

                          Alto e dono de um futebol vistoso, o rapazola iniciou sua caminhada em 1918, no Club Nacional de Assunção. Recebeu sua primeira chance no selecionado do Paraguai em 1919 e foi campeão paraguaio pelo Nacional em 1924 e 1926.

                          No findar de 1927 foi transferido para o Club Atlético Boca Juniors da Argentina, onde também conquistou o campeonato nacional em 1930. Foram 99 jogos pelo time de “La Bombonera”, antes de sofrer uma grave lesão que comprometeu a continuidade de sua carreira como jogador.

                          Ainda na temporada de 1930, Fleitas Solich realizou os primeiros ensaios como treinador. Comandou várias equipes no cenário argentino e paraguaio, além do brilhante trabalho desenvolvido na seleção do Paraguai.

                          Confirmado o acerto com o Flamengo, Fleitas Solich foi recebido no clube com uma mistura de impressões e sentimentos. Para alguns, seu nome era sinônimo de modernidade, enquanto para outros, sua estadia na Gávea não seria longa!

                           Sem perder tempo, Fleitas Solich aproveitou a base montada por Flávio Costa, porém modificou antigas concepções, ao mesmo tempo em que colocou gente importante no banco de reservas.

Fabricou desafetos é verdade, mas proporcionou espaço para o aproveitamento e crescimento de jovens valores; como Babá, Dida, Evaristo, Paulinho e Zagallo.

                           Sempre atento, Fleitas Solich fazia questão de observar os quadros amadores do Flamengo com regularidade. Apelidado de “El Brujo” no Paraguai, o treinador ficou conhecido no Brasil como “O Feiticeiro”. Fleitas Solich era um apaixonado pelo futebol ofensivo:

– “Contra os considerados times pequenos ele não falava nada e deixava o time jogar. Mas nos clássicos determinava um posicionamento para cada jogador no gramado”.

                           Com uma assombrosa visão de jogo e principalmente muita coragem para fazer modificações, o treinador paraguaio nunca se deixou impressionar pelos velhos costumes do “enlatado” futebol brasileiro da década de 1950.

                           Tricampeão carioca de 1953, 1954 e 1955, Fleitas Solich treinou depois o Real Madrid na temporada de 1959/1960. De volta ao Flamengo conquistou o Torneio Rio-São Paulo de 1961. Abaixo, um dos triunfos do Flamengo de Fleitas Solich na disputa do concorrido Torneio Rio-São Paulo de 1961:

23 de abril de 1961 – Torneio Rio-São Paulo – Flamengo 2×0 Corinthians – Estádio do Maracanã – Gols: Joel aos 52’ e Dida aos 66‘ do segundo tempo.

Flamengo: Ari; Joubert, Bolero e Jordan; Jadir e Carlinhos; Gerson, Joel Martins (Othon), Henrique, Dida (Norival) e Germano. Técnico: Fleitas Solich. Corinthians: Cabeção; Olavo e Ari Clemente; Jaime, Oreco e Sídnei; Zague, Paulinho (Bataglia), Miranda, Rafael e Gélson. Técnico: Alfredo Ramos.

Disciplinador por natureza, Fleitas Solich nunca admitiu o consumo de cigarros nas dependências do clube, o que foi determinante na saída do jovem Amarildo Tavares Silveira, o “Possesso”, que foi parar no Botafogo.

                            O treinador deixou os domínios da Gávea em 1962, quando firmou compromisso com o Sport Club Corinthians Paulista. Fleitas Solich assumiu o Corinthians após o terrível período que ficou conhecido como “Faz-Me-Rir”, em razão da péssima campanha da equipe no campeonato paulista de 1961.

                            Posteriormente trabalhou também – pela ordem cronológica – no Fluminense, Palmeiras, Atlético Mineiro e Bahia, antes de retornar ao mesmo Flamengo em 1971, quando inclusive colaborou na revelação de grandes jogadores.

                            O “Feiticeiro” parou com o futebol em 1973. Estudioso, seu projeto pessoal era escrever um livro, empreitada sempre suprimida pelos hábitos de não parar em casa! Fleitas Solich só revelou algum arrependimento pelas brigas que comprou por seus hábitos disciplinadores: “Eu poderia ter sido mais flexível, mais carioca, digamos assim”.

                           Manuel Agustín Fleitas Solich faleceu na cidade do Rio de Janeiro (RJ), em 19 de março de 1984.

FLEITAS SOLICH COMEMORANDO COM DEQUINHA MAIS UM TITULO DO FLAMENGO
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