ZÉ EDUARDO: campeão paulista pelo Corinthians em 1977

                  José Eduardo de Toledo Pereira nasceu dia 12 de abril de 1954, na cidade de Campinas – SP. Sua carreira ficou marcada pelo titulo paulista conquistado em 1977 jogando pelo Corinthians, pois o clube vivia um jejum de vinte e dois anos e oito meses. Era um tabu que permanecia desde 1954, ano de seu nascimento, quando o Corinthians sagrou-se Campeão do IV Centenário. Infelizmente ficou de fora do jogo final contra a Ponte Preta no dia 13 de outubro, não saindo assim na foto da equipe que deu a volta olímpica como campeã.

                 Ainda pelo alvinegro de Parque São Jorge conquistou também o titulo paulista de 1979, sendo que nas duas conquistas, Zé Eduardo era titular absoluto da equipe. Em 1980 deixou o Parque São Jorge. Após passagem pelo futebol paulista, foi jogar no Rio de Janeiro, mais precisamente no Botafogo. Retornou ao futebol paulista e jogou na Internacional de Limeira e encerrou sua carreira no Náutico do Recife em 1987. Depois trabalhou como inspetor de tráfego na Via-Oeste e como treinador nas categorias de base do Corinthians.

CORINTHIANS

                 Zé Eduardo jogava futebol de salão na região de Itu até ser levado ao Parque São Jorge por um gerente de banco que era amigo da família. Passou a fazer parte da equipe juvenil do Corinthians. Sua estreia na equipe principal aconteceu dia 12 de junho de 1974, quando o Corinthians fez um jogo amistoso contra o Palestra de São Bernardo do Campo, quando a equipe do ABC paulista recebeu a faixa de bicampeão amador da cidade. Neste dia o técnico Luizinho, o grande ídolo da conquista corintiana de 1954, mandou a campo os seguintes jogadores; Armando, Gali, Pescuma (Zé Eduardo), Zé Roberto e Wladimir; Tião (Paulo Sérgio) e Adãozinho; Vaguinho, Mosca, Lance e Marco Antonio. O jogo terminou com a vitória corintiana por 3 a 2, gols de Adãozinho (2) e Vaguinho, enquanto que para a equipe da casa marcaram Alemão e Baianinho. O jogo foi disputado no estádio Humberto de Alencar Castelo Branco, mais conhecido por Baetão, da cidade de São Bernardo do Campo.

                 Logo nas primeiras partidas, Zé Eduardo caiu nas graças da torcida corintiana, pois era um zagueiro forte e que não tinha medo das divididas, no entanto, com a chegada do zagueiro Brito que veio fazer dupla de zaga com Baldochi, Zé passou a fazer parte do time reserva e só veio a assumir a camisa de titular em definitivo em 1976, quando o alvinegro fez uma belíssima campanha no Campeonato Brasileiro, chegando a final depois de vencer o Fluminense em pleno Maracanã, dia em que tivemos a invasão corintiana no Rio de Janeiro em 5 de dezembro de 1976. Mas na final contra o Internacional de Porto Alegre, a sorte não voltou sorrir e acabou ficando vice-campeão brasileiro ao perder por 2 a 0.

                 Começava o ano de 1977, um ano que entraria para a história tanto na vida de Zé Eduardo, como para o S. C. Corinthians Paulista e o primeiro jogo do ano foi contra a Internacional de Limeira no dia 30 de janeiro de 1977, dia em que era inaugurado o Estádio Major José Levi Sobrinho, o Limeirão. Para este jogo o técnico Duque, do Corinthians, mandou a campo os seguintes jogadores; Tobias, Beline, Darcy (Ademir), Zé Eduardo (Cláudio Marques) e Claudio Mineiro; Tião, Ruço e Luciano; Vaguinho, Geraldão (Edu) e Romeu. A Inter jogou com; Carlos, Silvio (Carlinhos), Belini, Klein e Bauer; Jorge Cruz, Sérgio Moraes (Roberto) e Sérgio Luis (Varley); Assis, Tião Marino e Marcos. O jogo terminou com a vitória corintiana por 3 a 2, gols de Luciano (2) e Romeu, enquanto que Carlinhos e Roberto marcaram para o Leão da Paulista.

PAULISTÃO 1977

                 Alguns dias depois começava o Campeonato Paulista de 1977 e lá estava Zé Eduardo dando a grande arrancada rumo ao tão sonhado título. E logo na primeira partida, uma vitória sobre a Portuguesa Santista por 2 a 0, gols de Edu e Basílio. Ao término do segundo turno, o Corinthians estava classificado para a grande final, que seria contra a excelente equipe da Ponte Preta de Campinas. Como rezava o regulamento, eram necessários 4 pontos para que a equipe conquistasse o título.

                Na primeira partida da grande final, a estratégia da Ponte Preta era de segurar o time corintiano nos primeiros minutos e contar com a cobrança da torcida para cima dos jogadores, como afirmou o próprio técnico da Ponte após o jogo. Porém aos 14 minutos, Palhinha arrancou em velocidade rumo ao gol do adversário. O goleiro Carlos saiu para fechar o ângulo, Palhinha chutou com força, a bola bateu no joelho do goleiro, voltou no rosto do atacante e dali para dentro do gol. A equipe corintiana soube segurar a pressão da macaca principalmente no segundo tempo até o arbitro apitar o final do jogo.

                 Veio a segunda partida e pelo lado corintiano, muita esperança. O Morumbi começou a lotar desde manhã, o que acabou estabelecendo o recorde de público da história daquele estádio, com um total de 146.082 pessoas, sendo 138.032 pagantes e 8.050 menores, o maior público do Estádio do Morumbi e do próprio Corinthians, afinal, o empate já daria o título ao Corinthians. Aos 42 minutos, Romeu lançou para Vaguinho livre marcar na saída de Carlos: 1 a 0. Mas na segunda etapa, Dicá cobrando falta e Rui Rey viraram o placar e tudo ficou para a terceira partida, que aconteceria na quinta feira seguinte.

                Apesar de ter sido titular na maioria dos jogos do Campeonato Paulista de 1977, inclusive nas duas primeiras partidas da decisão contra a Ponte Preta, Zé Eduardo acabou ficando de fora da decisão pois acabou levando o 3º cartão amarelo no jogo anterior. Resultado: quem teve o privilégio, e a sorte de sair na foto do tão sonhado título, foi o zagueiro Ademir Gonçalves que acabou substituindo-o.

CAMPEÃO PAULISTA

               Neste dia o Corinthians jogou com; Tobias, Zé Maria, Moisés, Ademir e Wladimir; Ruço, Basílio e Luciano; Vaguinho, Geraldão e Romeu. O técnico era Osvaldo Brandão, o mesmo que havia conquistado o último título corinthiano, em 1954. Já o técnico José Duarte, da Ponte Preta, mandou a campo; Carlos, Jair, Oscar, Polozzi e Angelo; Vanderlei, Marco Aurélio e Dicá; Lúcio, Rui Rey e Tuta (Parraga). O grande momento do jogo aconteceu aos 36 minutos da etapa final, Zé Maria do Corinthians apareceu livre pela direita e tentou cruzar, mas o lateral da Ponte, Ângelo, cortou com a mão. Dulcídio apitou falta e o próprio Zé Maria ficou para a cobrança.

               No chute, Zé Maria levantou para dentro da área, onde Basílio desviou de leve; a bola sobrou para Vaguinho que, de pé esquerdo, chutou a bola no travessão; seguindo a jogada, a bola voltou para Wladimir, que vindo de frente, cabeceou para o zageiro Oscar tirar também de cabeça; na sobra, a bola ficou com Basílio que arrematou de pé direito, á meia altura, no lado esquerdo do goleiro Carlos, onde a bola encontrou as redes. Era o gol do título, da queda do jejum de conquistas de 22 anos, 8 meses e 7 dias de sofrimento. Mais de 22 anos de bolas chutadas na trave, nas mãos dos goleiros, bolas perdidas pela linha de fundo. Mas naquela noite de 13 de Outubro de 1977, o pé angelical de Basílio apareceu na grande área. Incontáveis chutes se perderam pelas noites de 22 anos.

               Mas aquele chute de Basílio não foi perdido. A bola passou por Polozzi e bateu na rede da Ponte. Basílio foi para a galera. A torcida foi para o céu. Um gol sofrido. Chorado. Suado. Raçudo. Lindo. Corinthians Campeão!!!. A campanha do Corinthians foi a seguinte: 48 jogos, 30 vitórias, 6 empates e 12 derrotas. Marcou 73 gols e sofreu 38. O artilheiro do Corinthians e também do campeonato foi Geraldão com 24 gols. Por tudo isso, o S. C. Corinthians Paulista sagrou-se Campeão Paulista de 1977.

               No começo do ano de 1978, Zé Eduardo sofreu uma fratura no rosto em um choque acidental com o atacante Enéas da Portuguesa de Desportos. O infeliz afastamento, de quase 50 dias, foi o suficiente para acabar com suas pretensões de vestir a camisa canarinho. O zagueiro Polozzi, companheiro de Oscar na Ponte Preta, subiu na cotação do técnico Cláudio Coutinho e foi convocado para a disputa da copa de 1978 na Argentina. Zé Eduardo voltou a ser campeão paulista em 1979, quando foi afastado da zaga titular pelo Prof. José Teixeira, perdendo o lugar para Amaral e Mauro.

               Depois de ser considerado um jogador negociável, ou “moeda de troca”, em outras transações envolvendo jogadores que interessavam ao Corinthians, o zagueiro acabou permanecendo no timão até 1980, quando finalmente foi negociado com o Botafogo do Rio de Janeiro. No período em que esteve defendendo o Corinthians, Zé Eduardo disputou 180 jogos (93 vitórias, 54 empates e 33 derrotas) sem anotar nenhum tento.

FORA DAS QUATRO LINHAS

               Em 2006 passou a dirigir a garotada do Corinthians, revelando novos craques para o Timão. Em setembro de 2008, com dores no joelho, foi ao médico e constatou-se necessidade de operação. Enfim, Zé Eduardo foi operado e a enfermidade constatada, atacando seus ossos, já foi controlada. A cirurgia foi na AACD do Ibirapuera (Hospital Abreu Sodré), em São Paulo, Capital.  Após a operação Zé Eduardo ficou debilitado e, quando caminhava, utilizava-se de um colete para a firmeza da coluna. Também teve um pequeno problema pós-operatório, mas só trincou duas costelas porque, no carro, em um momento sem o colete de proteção, abaixou-se para a apanhar o aparelho celular no assoalho.

               Mas, infelizmente no dia 26 de abril de 2017, foi diagnosticado com câncer nos ossos o que levou a morte. Chegou a ser técnico do Mirassol (SP), equipe da Série A-3 do Campeonato Paulista. Quando jogava era rotulado como um zagueiro viril e caçador por alguns atacantes, mas fora de campo sempre foi um sujeito muito calmo. Foi diácono da Igreja Presbiteriana na cidade de Itú, interior de São Paulo.

1978    –   Em pé: Jairo, Zé Maria, Taborda, Amaral, Zé Eduardo e Romeu    –   Agachados: Piter, Palhinha, Sócrates, Biro Biro e Wladimir

Em pé: Zé Maria, Sérgio Valentim, Darcy, Zé Eduardo, Ruço e Wladimir   –    Agachados: Ivan, Genildo, Adilson, Tião e Cláudio Marques

1977    –   Em pé: Zé Maria, Tobias, Luciano, Moisés, Zé Eduardo e Wladimir    –   Agachados: Vaguinho, Palhinha, Geraldão, Adãozinho e Romeu

 

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