PÉCOS: campeão paulista pela Inter de Limeira em 1986

            João Péricles Galina nasceu dia 28 de abril de 1960. No meio futebolístico era mais conhecido por Pécos. Ele fez fama jogando no time da Internacional de Limeira que tinha Pepe como técnico e jogadores como o goleiro Silas, o meio-campista Gilberto Costa, o zagueiro Juarez (morreu em acidente de moto), o ponta-direita Tato, o atacante Lê e o centroavante Kita. Em 1986, a Inter surpreendeu os considerados grandes do estado de São Paulo. O time do interior venceu o favorito Palmeiras na final do Paulistão e comemorou o título no estádio do Morumbi.

           O primeiro jogo da final aconteceu dia 31 de agosto, um domingo de muito frio na capital paulista. O que se viu lá no Morumbi foi 100.000 palmeirenses empurrando o time de Carbone contra o pequeno time do interior. Mas o que se viu naquele domingo nublado, foi uma aula de valentia de Gilberto Costa e de toda retaguarda limeirense que anulou o eficiente ataque palmeirense de Mirandinha, Edmar e Éder, que reencontrou seu ex-time agora como adversário. Resultado, um surpreendente 0 a 0. A Inter de Limeira mostrou que não estava ali para brincadeira e a expectativa ficou para a segunda partida novamente no Morumbi numa quarta a noite.

               A maioria da imprensa paulista e do Brasil esperavam um título alviverde. Jornais, revistas, rádio e TV davam amplo destaque, ao fim do tabu de 10 anos que estava por acabar naquela noite. Mas o que viram, foi algo muito além das expectativas. Neste dia o técnico palmeirense Carbone, mandou a campo os seguintes jogadores; Martorelli, Diogo (Ditinho), Márcio, Amarildo e Denys; Lino (Mendonça), Gérson e Jorginho; Mirandinha, Edmar e Éder Aleixo. Já o time da Inter que era comandada pelo “Seo” Macia, o popular Pepe, jogou neste dia com; Silas, João Luís, Juarez, Bolívar e Pécos; Manguinha, Gilberto Costa e João Batista (Alves); Tato, Kita e . A arrecadação foi de Cz$ 2.443.610,00 para um público pagante de 68.564 pessoas.

               O jogo, bem diferente do domingo, foi muito mais aberto com ambas as equipes tentando o gol. O Palmeiras desandou a atacar a Inter e o goleiro Silas fazia defesas espetaculares e o time de Limeira se organizava em perigosos e eficientes contra-ataques. Mas o melhor estava guardado para o segundo tempo. Logo aos 5 minutos, em um cruzamento, o artilheiro Kita emendou um sem-pulo e o goleiro palmeirense Martorelli (que desbancou o titular Leão) não alcançou. Inter de Limeira 1 x 0 para o espanto dos milhares de palmeirenses presentes ao Morumbi. O baque foi grande.

               Ninguém do time alviverde esperava um gol da Inter e a equipe do Parque Antártica se perdeu. Quatro minutos depois, numa bobeada monstro, o zagueiro Denys, recuou mal uma bola para Martorelli, o ponteiro direito Tato como um tubarão, se aproveitou e pegou a bola mal atrasada, driblou Martorelli e tocou no fundo da rede. Inter 2 x 0 e o desespero tomou conta do time alviverde. Os ataques passaram a ser descontrolados e sempre paravam nas mãos do goleiro Silas, um dos heróis do jogo. Aos 29 minutos, num cruzamento, o Palmeiras conseguiu diminuir através do zagueiro Amarildo e depois tentou empatar para levar o jogo para a prorrogação, alimentando assim uma esperança ao torcedor palmeirense, que naquele momento não estava acreditando naquilo que estava vendo.

               Mas a experiência de Gilberto Costa e Silas foi decisiva para manter o placar favorável. Dulcídio Vanderlei Boschilla apita, é fim de jogo. E um tabu de 84 anos se quebra. Finalmente um time do interior paulista é campeão com todo o merecimento. O Palmeiras iria amargar ainda mais 7 anos na fila e a Associação Atlética Internacional de Limeira, comandada por jogadores rejeitados por clubes grandes e por jovens valores, mostrou seu talento e entrou definitivamente para a história do futebol brasileiro. 

              Depois vieram os títulos do Bragantino (numa final interiorana) em 1990 e Ituano (sem a presença dos grandes) em 2002. Mas sem o mesmo brilho e valentia daqueles homens que contra todos os estigmas e armações lutaram para se tornarem campeões e tornar a cidade de Limeira, mesmo por alguns dias, a capital paulista do futebol. Além da Internacional de Limeira, Pécos também defendeu o Coritiba (foi dirigido por Emerson Leão), Bandeirante de Birigui em 1983, Rio Claro (SP), entre outras equipes.
Características:

               Lateral-esquerdo regular, forte no apoio, Pécos se destacava também por ser bom cobrador de faltas. Fez fama na Internacional de Limeira e chegou a ser pretendido por grandes clubes paulistas, entre eles Palmeiras, Corinthians e Santos. Mas Pécos só saiu do Leão em 1988 para jogar no Coritiba, que tinha contratado o técnico Emerson Leão e jogadores como o goleiro Rafael (ex-São José) e o volante Júnior (o Dorival Júnior, ex-São José).

TRAGÉDIA

              Pécos, morreu em acidente de trânsito que ocorreu às 20h26 Do dia 24 de novembro de 2007,  no km 118+600 metros da Rodovia Limeira/Piracicaba (SP-147), nas proximidades do Scorpios Motel. Um cachorro que atravessava a pista teria dado causa ao acidente. Pécos, natural de Quintana e que jogou pela A.A. Internacional de Limeira na campanha que levou o clube a ser campeão paulista em 1986, estava sozinho no Jeep Cherokee importado 2000 branco, placas ATU-9990/Curitiba-PR, quando o veículo capotou várias vezes, imediatamente causando sua morte no local.

              Segundo apurado pela Polícia Rodoviária, o ex-atleta trafegava em direção a Piracicaba, quando teria tentado evitar o atropelamento de um cão que cruzou a pista. Com isso, ele perdeu o controle e capotou seguidamente, cruzando a pista contrária e indo parar no acostamento da pista Piracicaba/Limeira. Arremessado para fora do veículo pelo teto da cabine, ele morreu no local. Moradores das proximidades e usuários da pista acionaram equipes de emergência, como policiais e bombeiros. Apesar de apoio de socorristas da concessionária Intervias e da própria Polícia Rodoviária, nada mais podia ser feito pela vítima.

RECORDAÇÃO

             Pécos ficará eternamente nos corações dos torcedores da Internacional de Limeira pois aquele título paulista de 1986, foi um acontecimento que jamais será esquecido não só pelo torcedor da veterana, como também por todo povo limeirense, pois a Internacional de Limeira, foi o primeiro clube do interior a sagrar-se Campeão Paulista de Futebol. A campanha naquele ano foi tão magnífica, que em 42 jogos, foram 21 vitórias, 14 empates e 7 derrotas. Marcou 59 gols, sofreu apenas 33, sete jogadores foram escolhidos para a Seleção Paulista daquele ano. O centroavante Kita da Internacional, foi o artilheiro do campeonato com 24 gols e a Associação Atlética Internacional recebeu do jornal “A Gazeta Esportiva” a Taça dos Invictos, por ter ficado 17 partidas consecutivas sem perder. Por essa razão, a Internacional foi considerada a “Dinamarca Caipira” em alusão à seleção europeia destaque da Copa do Mundo de 1986.

             Aquela noite de 3 de setembro de 1986, foi de pura emoção. Aqueles que não foram ao Morumbi, ficaram em suas casas, vendo pela televisão, ou grudados no rádio ouvindo Edmundo Silva (a voz metálica do rádio brasileiro), que vibrava junto com o povo limeirense a cada lance da partida, trazendo ao ouvinte a sensação de que ele também estava lá no estádio. E ao final da partida, foi aquela festa que se espalhou por toda a cidade. A Praça Toledo Barros em poucos minutos ficou lotada de torcedores. Carros desfilavam pelas ruas com suas buzinas querendo dizer a todos que éramos campeões. Sem dúvida, foi um dia que entrou para a história do futebol, da cidade de Limeira e em especial de todos os torcedores leoninos, que naquele dia puderam gritar bem alto “É CAMPEÃO”.

INTERNACIONAL DE LIMEIRA – CAMPEÃ PAULISTA DE 1986  –  Em pé: Silas, João Luis, Bolivar, Juarez, Manguinha, Pécos e Kita    –    Agachados: Tato, Gilberto Costa, João Batista, Gilson Gênio e o massagista Bolão
Em pé: Silas, Pecos, Juarez, João Luiz, Manguinha, Bolívar e o técnico Pepe    –    Agachados: Tato, Kita, Gilberto Costa, João Batista e Gilson Gênio
Em pé: Silas, Pecos, Juarez, Manguinha, Bolivar e João Luis     –   Agachados: Tato, Gilberto Costa, Kita, João Batista e Gilson Gênio
Em pé: Moacir, Juarez, Manguinha, Pécos, João Luis e Bolivar    –     Agachados: Kita, Tato, João Batista, Lê e Carlos Silva
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