IMPARATO: conquistou quatro títulos paulista pelo Paletra Itália

                        Luiz Imparato nasceu dia 1 de maio de 1910, na cidade de Votorantim (SP).  Fez história no Palmeiras. Veloz e driblador, o ponta-esquerda ganhou a alcunha de Trem Blindado, tamanha a sua volúpia no setor ofensivo. Teve uma atuação de gala na maior goleada do Palmeiras sobre o Corinthians (Palestra Italia 8×0 Corinthians em 05/11/1933), marcando os três últimos gols da partida. Participou também do único tricampeonato estadual da história do clube e do título paulista e do Rio-São Paulo de 1933, os primeiros da era profissional do futebol brasileiro.

                         Os Imparatos sempre causaram dúvidas nos torcedores palmeirenses, Ernesto também foi conhecido como Imparato, pois foi o primeiro a atuar (a partir de 1915), e Caetano (a partir de 1919) era chamado de Imparatinho, para diferencia-los. Luiz  não foi contemporâneo dos dois, por isso também ficou com a alcunha de Imparato. Os apelidos Imparato I, II e III foram invenções da mídia e dos historiadores para facilitar e identificação de cada um.

                          Luiz Imparato foi campeão do Paulistão quatro vezes: 1932, 1933, 1934 e 1936. Segundo o próprio site do Palmeiras, foram 113 jogos pelo clube, com 58 gols anotados. Seu último jogo pelo Alviverde aconteceu em 1939.

                          A curiosidade fica por conta dos contratos da época. Como seu time de origem, o Savoia, e até o São Bento de Sorocaba eram amadores, o atacante poderia atuar por todas essas equipes. Imparato, então, pegava um trem e voltava ao interior para jogar a pedido de um dos irmãos que ficou morando em Votorantim, Ernesto.

                           A família começou a ir embora de Votorantim, junto com o Luiz Imparato. Mas o Ernesto acabou ficando na cidade, gostava muito do Savoia. E ele sempre chamava os irmãos para jogar no Savoia. Nessas, o Luiz saía de São Paulo para jogar em Votorantim.

                           Após parar de jogar, Luiz Imparato permaneceu com a família em São Paulo. Retornou a Votorantim uma vez para ser homenageado pelo Clube Atlético Votorantim, nome adotado pelo Savoia nos anos 1940, no Estado Novo de Getúlio Vargas, pela mesma razão do Palestra Itália ter virado Palmeiras. Luiz Imparato morreu em 1976, em São Paulo, e deixou filhos e netos que hoje vivem na capital paulista. Apenas parentes de segundo grau da família do Trem Blindado moram ainda em Votorantim, o berço do futebol da família.

                             Um jogo que entrou para a história e que marcou a vida de Imparato, aconteceu no dia 5 de novembro de 1933, quando o Palestra Itália goleou o Corinthians por 8×0. Neste dia o Palestra jogou com; Nascimento, Carnera e Junqueira; Tunga, Dula e Tuffy; Avelino, Gabaro, Romeu Pellicciari, Lara e Imparato. O técnico foi Humberto Cabelli. Do outro lado o técnico corintiano Pedro Mazzulo escalou a seguinte equipe; Onça, Rossi e Bazani; Jango, Brancário e Carlos; Carlinnhos, Baianinho, Zuza, Chola e Galler. O árbitro foi Haroldo Dias da Mota.

                            Alviverdes e alvinegros entraram em campo na tarde daquele domingo para disputar um jogo válido pelo Campeonato Paulista e também pelo segundo turno do Torneio Rio-São Paulo, competições que na semana seguinte seriam conquistadas pelo Palestra, em duelo contra o São Paulo da Floresta. Mas o triunfo mais importante daquele ano lembrado com orgulho até hoje pelo Verdão tem a ver com um dos maiores clássicos do futebol mundial.

                               No Parque Antarctica (já no terreno que hoje abriga a obra do Allianz Parque), os imigrantes do Palestra Itália entraram motivados por uma rivalidade que teve início em 1917. E nenhum deles, até do lado corintiano, imaginava que o histórico placar de 8 a 0 a favor dos alviverdes jamais seria superado por nenhuma das duas equipes.

                               Oito décadas depois do feito, uma família ainda guarda, além do orgulhoso sobrenome, relíquias de uma das vitórias mais implacáveis da quase centenária história palmeirense. Na Penha, localizada na Zona Leste paulistana, os portões verdes e as paredes em tons mais claros – e verdes, logicamente – se sobressaem em um bairro da cidade de São Paulo tradicionalmente corintiano. É assim que os Imparato mantêm as origens italianas e palestrinas.

                                Autor de três gols e duas assistências naquele inesquecível domingo, Luiz Imparato foi eleito o melhor jogador em campo daqueles 8 a 0 contra o Corinthians. E o resultado poderia ter sido ainda mais histórico, se o árbitro não tivesse anulado aquele que seria o nono gol do Palestra Itália, também de Imparato. Os demais tentos foram marcados por Romeu Pellicciari (quatro vezes) e Gabardo.

Como premiação, Imparato, também conhecido como Gino, ganhou de presente um rádio – relíquia que até hoje é exibida com orgulho no sítio da família,  e mil contos de réis. O dinheiro, difícil de ser calculado nos valores atuais devido a tantas alterações de moeda, foi o suficiente para bancar a festa de casamento de um dos irmãos do craque.

Família de craques e palmeirenses

                                 Por falar nos irmãos, não foi apenas o goleador de 1933 quem vestiu a camisa palestrina. O primeiro Imparato a atuar no clube foi Ernesto, que fez 137 jogos entre os anos de 1915 e 1918, e depois em 1925. Depois veio Caetano, também conhecido como Imparatinho, atuou em 102 partidas entre 1919 e1928. Antônio, quinto na linhagem dos Imparato, foi o terceiro, mas nem aparece no Almanaque do Palmeiras  por não ter feito jogos oficiais. Craque dos 8 a 0 contra o Corinthians, Luiz, se não foi o melhor deles com a bola nos pés, foi o que teve carreira de mais sucesso no futebol.

                                  Nome presente em algumas convocações da seleção paulista da época, Imparato, que era conhecido como “Trem Blindado” por causa de sua força, estava entre os possíveis convocados para a Copa do Mundo de 1938, mas uma grave lesão no joelho colocou fim ao sonho de vestir a camisa da seleção brasileira.

                                 Orgulhos de uma família, e ídolos de uma torcida, os Imparato tiveram representantes também no lado do arquirrival. Mas, foi quando a origem italiana falou mais alto e ajudou a intervir a favor do Palmeiras.

                                  Nina, sobrinha de Luiz e palestrina de sangue quente, ameaçou proibir seu sobrinho Tino de entrar em casa depois de descobrir que o boleiro estava treinando e tentando iniciar uma carreira de atleta no Corinthians.

Por que Imparato foi parar no filme?

                                    A figura do Imparato e da família, eles eram caricatos. O jeito de falar puxado para o italiano… Eles eram apaixonados pela Itália, pelo Palestra. Eu vejo que quando o roteirista pensou na figura emblemática no filme, teria trejeitos para ser interessante. Eles eram assim, falavam gesticulando como os italianos, mesmo. E naquele jogo, por ele ter feito os gols, por ser uma temática entre Corinthians e Palmeiras, foi bem na ferida do corintiano de encontrar o carrasco. Acho que nenhum corintiano queria encontrar seu carrasco no banheiro, ali do lado – brincou o historiador do interior.

                                   A resposta para a recriação de Imparato nas telonas está na ponta dos dedos de Mário Prata, escritor mineiro e autor do livro “Palmeiras, Um Caso de Amor”, obra que inspirou o roteiro do filme baseado no clássico de Shakespeare.

                                    Segundo o escritor, foi por acaso. Estava assistindo a um jogo entre Corinthians e Palmeiras e escrevendo um roteiro deste conto e os locutores do jogo falaram da goleada de 8 a 0 de 1933, quando o Imparato fez vários gols. Em 15 minutos de jogo já estava 3 a 0 para o Palmeiras. Fiquei com a ideia na cabeça – comentou o escritor.

                                          Após algumas discussões para descobrir quem faria a interpretação de Imparato, Prata ainda explica que o nome de Renato Consorte surgiu da ideia de Bruno Barreto, o diretor do filme. Sua veia cômica ainda ajudou na comédia romântica. E assim nasceu o filme que fez muito sucesso, principalmente pelos torcedores alviverdes.   Luiz Imparato morreu dia 8 de março de 1976, aos 65 anos de idade.

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