Orlando Fantoni nasceu dia 4 de maio de 1917, no bairro da Floresta, em Belo Horizonte (MG). Começou a carreira no futebol como jogador. Era centroavante dos bons. O primeiro clube foi o Cruzeiro/MG. Passou também pelo América/MG, onde aprimorou sua técnica e capacidade de balançar as redes de tal forma que despertou o interesse dos italianos da famosa Lazio de Roma, da Itália, sendo um dos primeiros brasileiros a jogar na Europa.
Depois do Cruzeiro foi jogar no Vasco da Gama e outros. Irmão de Niginho, Ninão e primo de Nininho, ele era o caçula da futebolística família Fantoni, que tinha profundas ligações com a história do Cruzeiro. Assim como eles, atuou também na Lazio, da Itália, onde ficou conhecido como Fantoni IV. Fantoni foi um dos jogadores brasileiros que teve mais sucesso jogando no futebol italiano e também brilhou trabalhando como técnico na Venezuela.
Além de seus irmãos, Orlando viu seus sobrinhos seguirem a mesma carreira: Benito (jogou no Atlético-MG e Cruzeiro) e Fernando (jogou no América/MG), ambos zagueiros e filhos de Ninão. Fernando foi outro a passar pela Lazio.
Um apaixonado pelo esporte, assim que pendurou as chuteiras Fantoni não conseguiu ficar muito tempo longe dos campos e resolveu ingressar na profissão de treinador, na década de 50. A primeira experiência foi no futebol venezuelano, onde ficou por 10 anos.
Como treinador de futebol passou por vários clubes venezuelanos como Deportivo Italia e clubes brasileiros entre eles Cruzeiro, Vasco da Gama, Grêmio, Bahia, Palmeiras, Corinthians, Náutico e Vitória.
Ao longo da carreira, Orlando Fantoni viu de perto muitos jogadores caírem em desgraça por falta de orientação e de um bom conselho amigo. Homem vivido, Fantoni sabia que nos clubes os jovens talentos não recebiam nenhum preparo para investir o dinheiro. Em uma de suas últimas entrevistas na Bahia, o experiente treinador disparou:
– “Sem cultura não existe prosperidade… Juventude e fama repentina são os ingredientes perfeitos para se jogar dinheiro fora”.
Conhecido pelos boleiros como “Titio”, Fantoni era respeitado pelo discurso bondoso e pausado, sempre carregado de sinceridade e preocupação com o futuro de seus comandados.
Fantoni era o caçula da família Fantoni; irmão de Niginho, Ninão e Nininho, que também trilharam com sucesso pelo mundo da bola.
Com uma trajetória iniciada nas peladas do Sete de Setembro, no mesmo bairro da Floresta, Fantoni chegou em 1935 ao juvenil do Palestra Itália, atual Cruzeiro Esporte Clube. Além do Cruzeiro, Fantoni também passou rapidamente pelo Siderúrgica (MG) e pela Sociedade Esportiva Palmeiras. Em seguida embarcou para os gramados da Itália e foi defender a Società Sportiva Lazio, onde ficou conhecido como “Fantoni IV”.
Em sua volta ao Brasil, Fantoni passou pelo Vasco da Gama e pelo Canto do Rio, antes de encerrar a carreira como jogador no futebol mineiro. Com um diploma de treinador obtido na Itália, suas primeiras experiências aconteceram no futebol venezuelano, onde permaneceu com sucesso por quase quatorze temporadas.
Em 1967 o Cruzeiro enviou Carmine Furletti para buscar Fantoni no Valência da Venezuela. Naquela temporada, o quadro Celeste apresentava muita instabilidade e provavelmente perderia o campeonato.
Com o comando de Fantoni, o Cruzeiro reagiu bem na competição e chegou ao tricampeonato mineiro. Depois, Fantoni ficou pulando entre o América (MG) e o Cruzeiro, até acertar compromisso com a Associação Atlética Caldense.
Considerado até então como um treinador tipicamente mineiro, Fantoni só ganhou outros ares quando passou rapidamente pelo Londrina Esporte Clube (PR).
Campeão pernambucano com o Clube Náutico Capibaribe em 1974, seu primeiro trabalho no Esporte Clube Bahia foi em 1976. Contratado pelo Diretor de Futebol Paulo Maracajá. Com seu carisma e jeitão de pai, conquistou a confiança de um elenco formado por estrelas do porte de Beijoca, Jorge Campos, Douglas e Jésum, levando o Tricolor ao Tetra-Campeonato Baiano em seu ano de estreia, quarto título da sequência do histórico hepta-estadual (1973-1978).
Em seguida, seu nome foi anunciado no Club de Regatas Vasco da Gama, onde foi o estopim de uma séria crise política na diretoria do clube. Os três homens fortes que sustentaram e financiaram a reeleição de Agathyrno Silva Gomes – Antônio Figueiredo, Artur Pires Ribeiro e Arthur Sendas – já tinham acertado a permanência do treinador Paulo Emílio no comando do Vasco. No entanto, para o espanto de todos, o presidente Agathyrno Silva Gomes decidiu bancar sozinho a contratação de Orlando Fantoni.
Dessa forma, Sendas e Pires Ribeiro deixaram o clube; enquanto Figueiredo decidiu permanecer em razão do capital pessoal investido na contratação dos jogadores Orlando, Geraldo e Ramón. Além disso, em seus primeiros dias em São Januário, Fantoni deixou claro que gostaria de contar com o futebol de Baiaco, do Bahia. Furioso, ó recém empossado Agathyrno não quis nem saber da conversa sobre Baiaco.
Então, Fantoni percebeu que sua chegada ao clube estava dividindo opiniões. Descontente, pensou em pegar o primeiro avião e voltar para o aconchego de Belo Horizonte. Foi então que o dirigente Antônio Soares Calçada colocou “panos quentes” e conseguiu segurar Fantoni no Vasco.
Campeão carioca de 1977, o bom “Titio” deixou o Rio de Janeiro para faturar o título gaúcho de 1979 pelo Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense.
Orlando Fantoni trabalhou ainda no Corinthians (SP), Palmeiras (SP), Botafogo (RJ) e finalmente no Vitória (BA), clube onde se aposentou em 1989. Durante sua carreira, Fantoni retornou ao Cruzeiro por mais duas vezes, ao Vasco da Gama e ao Bahia nos anos 1980, onde se sentia completamente em casa.
Especialmente no Bahia, Fantoni realizou um excelente trabalho na conquista do bicampeonato estadual de 1986 e 1987, além do importante preparo da base que chegou brilhantemente ao título brasileiro de 1988, que teve como treinador Evaristo de Macedo.
Orlando Fantoni faleceu na cidade de Salvador (BA), no dia 5 de junho de 2002, aos 85 anos, vítima de enfisema pulmonar.
O Esporte Clube Bahia prestou uma homenagem ao ex-treinador do clube. Confira no texto abaixo:
O Bahia perdeu, nesta quarta-feira, um dos mais carismáticos e importantes personagens de sua história. Orlando Fantoni, ex-técnico do Tricolor. “Titio Fantoni, como ficou conhecido, morreu às 8h da manhã, em virtude de um enfisema pulmonar, aos 85 anos. Seu corpo foi velado e enterrado no final da tarde de hoje, no cemitério Jardim da Saudade. O conselheiro do Bahia, Paulo Maracajá, compareceu às cerimônias.
Por tudo que fez pelo clube, a notícia da morte de Fantoni consternou a todos os funcionários e dirigentes do Bahia, que lamentam o seu falecimento. Fantoni vai ser para sempre lembrado pelo jeito como tratava seus jogadores. Era avesso ao estilo durão, da opressão e obtenção do respeito a qualquer custo. Preferia o diálogo, a intimidade. Gostava de ser amigo dos atletas e acreditava que aí estava o caminho para o sucesso e chave para as grandes conquistas.
Era notório o ambiente de união e cumplicidade entre os integrantes dos planteis que orientou. Tinha um carinho quase paternal com seus comandados, o que era recíproco. Para ele, o cargo que ocupava era uma mera formalidade. Considerava-se o chefe de uma grande família. Tanto é que os jogadores não o enxergavam como um superior, mas como um ente querido, daí o apelido de “Titio”.
TÍTULOS
Como treinador
Campeonato Venezuelano: 1957.
Campeonato Venezuelano: 1958.
Campeonato Venezuelano: 1961, 1963, 1966.
Campeonato Mineiro: 1968.
Campeonato Pernambucano: 1974.
Campeonato Baiano: 1976, 1986, 1987.