GILDO: autor de um dos gols mais rápidos do nosso futebol

               Gildo Cunha do Nascimento nasceu dia 13 de novembro de 1939, na cidade de Ribeirão – PE. Teve a honra de fazer parte da primeira Academia da Sociedade Esportiva Palmeiras, onde jogou ao lado de verdadeiros monstros sagrados do nosso futebol. Uma época em que o torcedor palmeirense jamais esquecerá, pois foram inúmeras as alegrias que aquele time proporcionou ao torcedor esmeraldino. Gildo também entrou para a história do futebol, ao marcar um dos gols mais rápido do mundo, ou seja, aos 9 segundos de jogo e o palco não poderia ser outro se não o Maracanã. Gildo jogou no Palmeiras de 1961 até 1968 e depois vestiu a camisa rubro negra do Flamengo por algum tempo. Em 1970 foi jogar no Paraná, defendendo as cores do Atlético Paranaense, onde sagrou-se campeão estadual. Jogou também no Santa Cruz do Recife. A melhor fase de sua carreira foi sem dúvida no Palmeiras, onde conquistou o Campeonato Paulista de 1963 e 1966, o Torneio Rio-São Paulo de 1965, a Taça Brasil de 1967 e o Torneio Roberto Gomes Pedrosa de 1967. 

PALMEIRAS

               Gildo chegou ao Parque Antarctica em 1961, juntamente com Ademir da Guia que marcou história no clube alviverde. Os Beatles iniciaram sua carreira de sucessos no mundo, mas a música que embalava o time do Palmeiras era a clássica, na cadência lenta e envolvente, que a torcida passou a chamar a equipe de “Academia”. A equipe já tinha jogadores a nível de seleção, como Djalma Santos, Julinho Botelho, Chinesinho e com a chegada de Gildo e Ademir da Guia o time ficou ainda mais forte. A estréia de Gildo com a camisa alviverde aconteceu dia 18 de março de 1961, quando o Palmeiras enfrentou o São Paulo pelo Torneio Rio-São Paulo. O jogo terminou empatado em 1 a 1. Chinesinho marcou para o Verdão, enquanto que Célio marcou para o Tricolor.

               Alguns dias depois, Gildo fez outro clássico paulista, desta vez o adversário foi o Corinthians. Este jogo aconteceu dia 3 de abril de 1961, e também foi válido pelo Torneio Rio-São Paulo. O jogo terminou empatado em 3 a 3 e sua participação neste jogo não poderia ter sido melhor, pois marcou dois gols, o terceiro foi de Zeola. Enquanto que para o Corinthians marcaram; Rafael, Miranda e Neves. Neste dia o Palmeiras jogou com; Rosan, Djalma Santos, Waldemar Carabina, Aldemar e Geraldo Scotto; Zéquinha e Chinesinho; Gildo, Julinho, Humaitá (Zeola) e Becece. O técnico era Armando Renganeschi.              

               Em 1963, o Palmeiras de Gildo, Ademir da Guia, Dudu, Djalma Santos, Djalma Dias, Julinho Botelho e Servílio, soube aproveitar os vacilos sucessivos do Santos e de uma contusão que afastou Pelé da metade do segundo turno do Paulistão para faturar, com folga, o caneco, seis pontos à frente do São Paulo, vice-campeão, e 14 pontos à frente do Santos. Pelé foi o artilheiro com 22 gols. O jogo que definiu o título foi no dia 11 de dezembro de 1963, quando o Palmeiras derrotou o Noroeste de Baurú por 3 a 0. Neste dia o Verdão jogou com; Picasso, Djalma Santos, Djalma Dias, Valdemar Carabina e Vicente; Zequinha e Ademir da Guia; Julinho, Vavá, Servilio e Gildo. O técnico era Silvio Pirilo.

O GOL MAIS RÁPIDO

                  Era o dia 7 de março de 1965 e a tabela do Torneio Rio-São Paulo marcava para aquele dia o jogo entre Palmeiras x Vasco da Gama, no Estádio Mário Filho, o Maracanã. O árbitro da partida foi Armando Marques, que fez o sorteio de campo. O Vasco ganhou no cara ou coroa e o zagueiro Fontana escolheu o campo, sendo assim, coube ao Palmeiras dar a saída. O juiz apitou e Tupã rolou a bola para Servilio, que de primeira recuou ao lateral direito Djalma Santos, que também de primeira lançou o ponta direita Gildo. Os zagueiros vascaínos ainda faziam o sinal da cruz e o goleiro ainda fazia sua simpatia junto a trave, quando viu Gildo penetrar pela grande área, então saiu desesperado ao seu encontro, mas não teve jeito, Gildo chutou forte sem chance de defesa. O relógio marcava 9 segundos de jogo e o placar do Maracanã marcava 1 a 0 para o Palmeiras. Até mesmo os fotógrafos foram pegos de surpresa e muitos deles não conseguiram fotografar o gol. A TV Record gravou aquele jogo, mas com o grande incêndio que houve na emissora, tudo foi perdido.

               O gol foi tão rápido que o árbitro Armando Marques correu até Gildo e perguntou se ele havia corrido antes do seu apito e ele disse que não e como os jogadores vascaínos também não reclamaram, o juiz validou o gol. Na verdade era uma jogada ensaiada pelo técnico Filpo Nuñes, que finalmente naquele dia deu certo. O jogo terminou com a vitória palmeirense por 4 a 1. Daquele dia em diante, toda vez que o Palmeiras dava a saída, os adversários ficavam bem espertos e de olho em Gildo. Alguns jogos antes, contra o Corinthians, isto já havia acontecido, mas o gol foi aos 15 segundos e quem marcou foi o atacante Servilio. Neste dia o Palmeiras também venceu por 4 a 1. Depois Vavá e Servilio novamente marcaram ainda no primeiro tempo. Na etapa complementar Luizinho marcou para o Corinthians e Servilio fechou o placar. Este jogo aconteceu dia 29 de novembro de 1964 e o arbitro também foi Armando Marques. Gildo lamenta até hoje que não tenham feito uma placa no Maracanã por este gol que realmente entrou para a história do futebol mundial.

               Em 1974, Rivelino marcou um gol aos 5 segundos, mas não foi considerado o gol mais rápido, pois foi aos 5 segundos do segundo tempo, por isso, a FIFA não considerou. Isto aconteceu dia 4 de agosto de 1974 quando o Corinthians derrotou o América de São José do Rio Preto por 5 a 0.  O jogo foi no Parque São Jorge e o primeiro tempo terminou 2 a 0. Quando o árbitro Oscar Scolfaro apitou o início da segunda etapa, Lance rolou a bola e Rivelino do meio de campo chutou, enquanto o goleiro Pirangi ainda se arrumava.  A bola entrou, mas a FIFA não considerou. Portanto, Gildo continua sendo o jogador que marcou o gol mais rápido. Em 1965, o Palmeiras foi campeão do Torneio Rio-São Paulo, onde Gildo teve uma participação muito grande. O jogo que decidiu o título foi no dia 23 de maio, quando o Palmeiras derrotou o Botafogo por 3 a 0. Neste ano não houve uma decisão, pois o Palmeiras foi o campeão do primeiro turno, como também do segundo, sendo assim, não houve necessidade de um jogo extra para decidir quem seria o campeão daquele ano.

               Em 1966 Gildo conquistou seu último título pelo Palmeiras. O jogo que praticamente garantiu o título ficou guardado na retina dos amantes de escores elásticos: uma goleada impiedosa por 5 a 1 sobre o Comercial, em Ribeirão Preto, a duas rodadas do final do segundo turno, ou seja, dia 7 de dezembro de 1966. Os gols foram marcados por; Gallardo (3), Ademir da Guia e Servilio. Neste dia o Palmeiras jogou com; Valdir, Djalma Santos, Djalma Dias, Minuca e Ferrari; Zéquinha e Ademir da Guia; Gallardo, Ademar Pantera, Servilio e Rinaldo (Gildo). O técnico era Mário Travaglini. Nas duas últimas rodadas, o Palmeiras enfrentou o Corinthians e perdeu por 1 a 0, gol de Flávio e na última rodada enfrentou o São Paulo e venceu por 3 a 0, gols de Zéquinha, Ademir da Guia e Servilio.

               A conquista teve confirmação cinco dias depois, quando o Santos perdeu por 1 a 0 para a Portuguesa, no estádio do Pacaembu. Com este título Paulista o Palmeiras evitou uma série do Santos de 6 títulos Paulista seguidos, quebrando os 2 tricampeonatos do Santos com um título Palmeirense. A campanha do Verdão naquele ano foi a seguinte; 28 jogos, 20 vitórias, 3 empates e 5 derrotas. Conquistou 43 pontos, marcou 65 gols e sofreu 31. O artilheiro do campeonato de 1966 foi Toninho Guerreiro do Santos F.C. com 27 gols.

               Com a camisa do Palmeiras Gildo fez 249 jogos, sendo 133 vitórias, 55 empates e 61 derrotas.  Marcou 40 gols. Em 1966 teve uma rápida passagem pelo Flamengo, onde disputou somente 12 partidas e marcou dois gols. Seu último jogo pelo Verdão aconteceu dia 29 de junho de 1968, quando o Palmeiras empatou com o Guarani em 1 a 1. Neste dia o Palmeiras jogou com; Maidana, Djalma Santos, Jorge, Minuca e Ferrari; Zequinha e Admir da Guia, Moraes (Cabral), Suingue, Servílio e Elcio (Gildo). O gol palmeirense foi marcado por Suingue.

              Em 1970 Gildo foi jogar no Atlético Paranaense, onde sagrou-se campeão estadual com a seguinte equipe; Vanderlei, Djalma Santos, Zico, Alfredo e Júlio; Reinaldo e Toninho; Gildo, Sicupira, Nelsinho e Nilson. O técnico era Alfredo Ramos, que no passado jogou no São Paulo e no Corinthians. O jogo que deu o título ao Atlético Paranaense aconteceu dia 13 de setembro de 1970 e o Atlético venceu por 4 a 1 o Seleto F.C.  Foi uma campanha maravilhosa do rubro negro, ou seja, 36 jogos, 18 vitórias, 10 empates e 8 derrotas. Marcou 61 gols e sofreu 37.

               Autor de um dos gols mais rápidos do futebol mundial, Gildo Cunha do Nascimento, o Gildo Bala, ponta-direita do Palmeiras e do Flamengo nos anos 60, mora em Recife (PE). Aposentado, Gildo sempre que vem à São Paulo costuma frequentar a Sociedade Esportiva Palmeiras e as ruas da região, principalmente Apinagés, para recordar os bons momentos de jogador. Gildo trabalhou durante um bom tempo com venda de aço e ferro nas empresas de Márcio Papa, ex-diretor palmeirense. Ele tem dois filhos e está viúvo desde 2003. Foi um jogador muito rápido e driblador, como todo bom ponta tinha de ser na sua época. Gildo possuía a vantagem de atuar tanto pela direita quanto pela esquerda, muito embora fosse apenas destro. Trocou a capital paulista pela cidade de Recife, em 2012, onde trabalha como representante comercial e revela jogadores.

Em pé: Djalma Santos, Valdir, Waldemar Carabina, Aldemar, Zéquinha e Geraldo Scotto      –     Agachados: Gildo, Julinho, Geraldo José, Chinesinho e Romeiro
Em pé: Djalma Santos, Valdir, Djalma Dias, Minuca, Zéquinha e Ferrari      –     Agachados: Gildo, Gallardo, Servilio, Ademir da Guia e Rinaldo
Em pé: Djalma Santos, Valdir, Waldemar Carabina, Aldemar, Zéquinha e Geraldo Scotto Agachados: Gildo, Américo, Vavá, Hélio Burini e Geraldo José

ATLÉTICO PARANAENSE CAMPEÃO ESTADUAL DE 1970 – O time tinha Djalma Santos, Bellini, Zé Roberto e o ponta direita Gildo
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