JOÃO HAVELANGE: foi presidente da FIFA por 24 anos

                   Jean Marie Faustin Goedefroid de Havelange nasceu dia 8 de maio de 1916, na cidade do Rio de Janeiro. Foi o sétimo presidente da FIFA, de 1974 a 1998. Desde 1963 é membro do Comitê Olímpico Internacional. Em 1998 foi eleito Presidente de Honra da FIFA, sendo também torcedor e presidente de honra do Fluminense Football Club do Rio de Janeiro, onde foi escoteiro e atleta, infantil, juvenil e adulto, destacando-se em vários esportes, inclusive no futebol, pois em 1931 foi campeão carioca juvenil. Ainda nesta década graduou-se em Direito pela Faculdade de Direito de Niterói (atual UFF) e competiu como nadador nas Olimpíadas de Berlim, em 1936. Brilhou como jogador de pólo aquático em Helsinque, em 1952, além de comandar a delegação brasileira em Melbourne, em 1956. Foi presidente do Fluminense antes de comandar a FIFA. Teve uma rápida passagem como dirigente do Botafogo em 1937

HAVELANGE ATLETA

                  Quando adolescente já gostava de futebol. Jogando como beque pela esquerda (na época não havia laterais), aos 15 anos foi campeão com o time juvenil do Fluminense. No entanto, obrigado a abandonar o esporte pelo pai, passou a dedicar-se à natação e, depois, ao pólo aquático, esportes em que se consagraria como um dos melhores do Brasil e da América do Sul. Formado em Direito, aos 24 anos, mudou-se para São Paulo para trabalhar como advogado da Auto Viação Jabaquara. Sete anos depois, foi para a Viação Cometa, uma das maiores empresas de ônibus do país, que opera nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná, da qual é atualmente diretor-presidente.

DIRIGENTE

                  Foi dirigente de esporte, inicialmente na Federação Paulista de Natação, já que residia em São Paulo na época, em 1948. Quando retorna ao Rio de Janeiro em 1952, se torna vice-presidente da Confederação Brasileira de Desportos (CBD). De 1956 a 1974 presidiu a CBD, que congregava, à época, 24 esportes e não somente o futebol. Durante este período, o futebol brasileiro conheceu o ápice de sua história: consagrou-se Tri-Campeão Mundial de Futebol com a conquista das Copas do Mundo de 1958 na Suécia, de 1962 no Chile e de 1970 no México.

                  João Havelange, filho de um belga comerciante de armas, afirmou em entrevista no programa da SporTV, “Histórias com Galvão Bueno”, que após a morte de seu pai, recebeu convite de uma empresa belga para dar continuidade aos negócios do comércio de armas, mas não aceitou tal convite por ter verdadeira aversão a armas, por se tratar de instrumento de morte e violência. João Havelange declarou que nunca possuiu uma arma em sua vida. Foi eleito para o Comitê Olímpico Internacional (COI) em 1963 e, com mais de 40 anos de mandato ininterrupto, é o decano desse órgão. É um dos dois únicos brasileiros que são membros do COI, juntamente com o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzman.

PRESIDENTE DA FIFA

                  Havelange chegou à presidência da FIFA graças principalmente aos votos africanos e asiáticos, desprezados pelos europeus que davam como certa a permanência de Stanley Rous. Foi o início de uma transformação radical do futebol, com o aumento de participantes na Copa do Mundo e da chegada de parceiros comerciais como Adidas e Coca-Cola. Eleito presidente da FIFA em 1974, permaneceu à frente da entidade até 1998. Organizou seis Copas do Mundo, visitou 186 países num total de cerca de mil viagens e trouxe a China, desligada por mais de 25 anos por razões políticas, de volta à FIFA.

                 Criou também os Campeonatos Mundiais de Futebol nas categorias infanto-juvenil, juvenil, juniores e feminina. Neste período, torna-se amigo de Horst Dassler, herdeiro da marca esportiva Adidas, e dono da ISL, considerada a maior empresa de marketing esportivo do mundo, que comercializa os direitos de televisionamento e publicidade das Copas do Mundo de futebol e das Olimpíadas. Quando deixou a Presidência da FIFA, em 1998, já eleito Presidente de Honra, passou a se dedicar ao trabalho filantrópico junto às Aldeias Internacionais SOS, patrocinado pela entidade em 131 países.

                 Seu reinado começou em 1974, quando se tornou o primeiro não-europeu a ocupar a presidência da entidade. Por seis vezes consecutivas reeleito, transformou-a na “maior multinacional do mundo”. De uma quantia de cerca de 20 dólares em caixa, a FIFA passou a ostentar um patrimônio de 4 bilhões de dólares. Movimenta atualmente em torno de 250 bilhões de dólares por ano e envolve patrocinadores do nível das multinacionais Coca-Cola, Nike, Budweiser e McDonald’s. Outro de seus méritos foi trazer países da Ásia e da África para o futebol, aumentando o número de times participantes de 16 para 32.

                  Depois de 24 anos a frente da FIFA, foi substituído pelo seu braço direito, o suíço Joseph Blatter. Havelange gostava tanto de Blatter que era seu secretário, que certa vez lhe disse “Você nunca será um bom presidente como eu fui, porque você jamais terá um secretário como eu tive”. Depois daquele susto e do longo e afetuoso abraço que se seguiu, Blatter não tinha dúvidas: “Foi o maior elogio que já recebi na vida.”

DIRIGENTE DO SÉCULO

                   Pesquisa realizada pelo COI, em 1999, aponta Havelange como um dos três maiores “Dirigentes do Século”, junto com o Barão Pierre de Coubertin, fundador do COI e idealizador dos Jogos Olímpicos da Era Moderna, e o ех-Presidente do COI, Juan Antonio Samaranch. Havelange ganhou durante a vida inúmeras medalhas e, em 2002, recebeu do Reitor Paulo Alonso, da UniverCidade do Rio de Janeiro, o título de Doutor Honoris Causa. Em 1998, ao deixar a presidência da FIFA, passou o posto ao suíço Joseph S. Blatter. Além de cuidar dos negócios da Cometa, foi acionista majoritário da indústria Orwec Química e Metalurgia Ltda. e participou do conselho administrativo de várias empresas brasileiras. João Havelange teve seu nome usado no estádio carioca do Engenhão (Estádio Olímpico João Havelange) com capacidade para 25 mil pessoas e Estádio Municipal João Havelange, estádio multiuso em Uberlândia, maior estádio do interior de Minas Gerais.

IMORTAL

                    João Avalanche ou João Avelã “G” é o popular João Havelange ou simplesmente “Aquele cara velho da FIFA“, nasceu há muito, muito tempo, quando ainda se usava escada para tentar chegar à Lua. Após a morte da tartaruga de Darwin, Havelange é o ser vivo mais velho ainda em atividade na terra. Havelange era tão velho, que há muito abandonou os médicos, passando a se consultar apenas com paleontólogos. Em uma destas visitas foi realizado um secreto teste de Carbono 14, que revelou que o Santo Sudário foi, na verdade, usado por ele para se abrigar em uma noite muito fria na Judéia, quando o Mar Morto ainda era vivo. Algumas pesquisas indicam que, se Havelange vivesse mais algumas décadas, poderia também ser o mais velho entre os minerais, atingindo idade superior às mais antigas formações rochosas do planeta.

                    Aos 100 anos, Havelange mantinha intacta sua imagem. “Ele mudou o conceito do esporte, atraindo o interesse das empresas, da televisão e do marketing”, atesta Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro e um dos inúmeros dirigentes que receberam (e acataram) seus conselhos. “Líder, sereno, equilibrado e com uma visão além de seu tempo, ele foi um dos maiores dirigentes do século e um exemplo a ser seguido por gerações de dirigentes esportivos.” Havelange provocava sentimentos fortes com seu porte físico, o olhar firme e gelado, o semblante inoxidável, a voz grave e solene, e, acima de tudo, a ausência total, em sua face, de qualquer sinal aparente de temor ou preocupação com o fato de estar de frente para câmeras, microfones e canetas esferográficas.

                     Dono de uma memória prodigiosa e de uma franqueza única, baseada especialmente na força da palavra, João Havelange criou uma infinita rede de relações, que muitas vezes atingia a esfera política. Curiosamente, o dirigente sempre evitou um cruzamento do esporte com a política (ignorando, por exemplo, críticas pelo fato de a Copa de 1978 ser realizada durante a ditadura da Argentina), mas nunca abriu mão da influência que exercia também fora da esfera política.

                     À frente da entidade, da qual foi Presidente de Honra, Havelange ajudou na organização de seis Copas do Mundo da FIFA. Ele tinha mais um sonho. Estar presente em 2014 e 2016 para assistir à Copa do Mundo e aos Jogos Olímpicos no seu país. A Copa de 2014 ele assistiu, mas as Olimpíadas de 2016 só pode ver a metade, pois faleceu dia 16 de agosto de 2016, quando faltavam apenas 6 dias para o seu término.

João Havelange disputou os primeiros Jogos Pan Americanos, em 1951, competindo pelo time de polo aquático
João Havelange  passando o cargo de presidente da Fifa para Joseph Blatter
João Havelange, Joseph Blatter, Dilma Rousseff e Pelé
Da esquerda para a direita  –  Gérsio Passadore, Bellini, Jânio Quadros, Djalma Santos e Gilmar dos Santos Neves, João Havelange e João Mendonça Falcão
João Havelange e seu filho Ricardo Teixeira
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