TAFFAREL campeão mundial com nossa seleção em 1994

                  Cláudio André Mergen Taffarel nasceu dia 8 de maio de 1966, na cidade de Santa Rosa (RS). Poucos goleiros da história foram tão decisivos quanto Taffarel. Grande pegador de pênalti, tem como grande feito em seu currículo o êxito na final da Copa de 94, nos Estados Unidos, quando garantiu o tetracampeonato para a seleção brasileira. Da mesma forma, na competição seguinte, no mundial de 98 disputado na França, quando defendeu duas cobranças na decisão por pênaltis da semifinal contra a Holanda.

                  Em 1983, quando tinha 17 anos, Taffarel era goleiro do pequeno Tupí de Criciuma, onde passou toda sua infância, terra natal do ex-goleiro Danrlei. Certo dia, Taffarel apareceu no Grêmio de Porto Alegre, fez testes e foi reprovado. No ano seguinte, também foi mandado embora do Internacional – RS. Só seria aprovado em sua terceira tentativa, de novo no Colorado, dois anos depois.              

                  Frio, seguro, arrojado nos casos de necessidade, Taffarel sempre teve que trabalhar muito para mostrar o seu valor. Seis meses depois de passar pela peneira do clube, ele era campeão mundial de juniores pela Seleção Brasileira, em Moscou. O ano era 1985 e, naquele tempo, Taffarel ainda era chamado de Cláudio. O colorado tentava trazer o goleiro russo Rinat Dassajev, mas acabou desistindo. Com a saída do goleiro Gilmar Rinaldi para o São Paulo,  o jovem goleiro teve seu espaço e aproveitou.

                  Promovido a titular do Internacional em setembro, se tornou ídolo imediato de uma torcida acostumada com goleiros sensacionais como Manga e Benitez. Muito jovem, Taffarel marcou presença no Brasileiro de 1986, quando foi uma das revelações da competição. Também ficou marcado por uma agressão ao árbitro José de Assis Aragão, ficando suspenso por 45 dias. Mas isso pouco afetou o crescente status de ídolo, que lhe acompanharia por toda a carreira.

                 Taffarel rapidamente se tornou uma presença nacional de destaque, com sua convocação sendo praticamente exigida por toda a torcida brasileira. Foi campeão do Torneio Bicentenário da Austrália e daquele momento em diante, se tornou titular da Seleção Brasileira. Ele nunca teve muita sorte com a camisa colorada em Gre-Nais e acabou saindo do clube sem títulos. Mesmo assim, com suas defesas milagrosas, levou o Inter às finais das Copas União (Brasileiro) de 1987 e 1988, sendo eleito o melhor goleiro nas duas competições, inclusive recebendo nestes dois anos, a “Bola de Prata”, que era um prêmio dado pela Revista Placar.  Pela Seleção Brasileira, foi medalha de prata em Seul, se consagrando ao pegar três penalidades na disputa com a Alemanha Ocidental nas semifinais.

                Na fracassada Copa de 90, o goleiro colorado foi o único jogador que saiu com o prestígio intacto. Em 1990, Taffarel deixou o Inter e tornou-se o primeiro goleiro brasileiro a jogar no futebol italiano, defendendo o Parma e, depois, o Reggiana. No dia 1 de maio de 1994, enquanto o Brasil lamentava a morte de Ayrton Senna, Taffarel pegou uma penalidade contra o Milan no San Siro.  Jogou no futebol italiano de 1990 até 1994, nesse período foi campeão da Recopa Européia em 1993 pelo Parma, depois retornou ao futebol brasileiro em 1995 para jogar no Atlético Mineiro, clube no qual defendeu até 1998. Pelo clube mineiro foi campeão estadual em 1995 e campeão da Conmebol em 1997, sendo que neste ano o técnico era Emerson Leão.

                Após conquistar o Tetra com a Seleção, já em 1995, o goleiro chegou a sonhar com a volta ao Beira Rio. Esteve próximo de assinar um contrato por três anos, mas esbarrou no goleiro André, que surgia bem e que hoje é um de seus jogadores na empresa que possui. No final de 98 foi jogar no Galatasaray da Turquia, onde encerrou sua brilhante carreira, mas continuou durante algum tempo em Istambul como treinador de goleiros, antes de retornar ao Rio Grande do Sul. A condição de titular absoluto da seleção brasileira chegou a ser questionada em 1993, quando Taffarel não vivia uma boa fase.

                As falhas no jogo contra a Bolívia do meia Etcheverry, em La Paz, fizeram com que a pressão sobre ele aumentasse. No entanto, um ano depois, o goleiro mostrou que tinha mesmo condições de continuar com a camisa nº 1 da nossa seleção. E foi na Copa de 94, nos Estados Unidos, onde o Brasil tinha o seguinte time; Taffarel, Cafu, Aldair, Ricardo Rocha e Branco; Dunga, Mauro Silva e Mazinho e Rai; Bebeto e Romário, que Taffarel pode provar a todos que realmente tinha condições para ser o goleiro titular da nossa seleção. 

              Taffarel tornou-se um especialista em defender pênalti, além de contar com muita sorte nas cobranças que batem na trave ou passam longe do gol. Foi assim na conquista do tetracampeonato mundial de 94, nos Estados Unidos, quando segurou a cobrança do italiano Massaro e viu Roberto Baggio isolar a bola por sobre o travessão.  Na Copa de 98, Taffarel também foi decisivo. Na partida contra a Holanda, lá estava ele para colocar o Brasil em mais uma final. Defendeu as cobranças de Phillip Cocu e Ronald de Bôer, uma espécie de resposta a seus ferozes críticos. Foi ainda o melhor jogador brasileiro na decisão, salvando o Brasil de uma derrota ainda maior contra os franceses.

               Na sua despedida pela Seleção Brasileira, Taffarel completou 19 partidas em Copas do Mundo, recordista brasileiro ao lado do também gaúcho e colorado Dunga.  Conquistou pelo Galatasaray, da Turquia, a Copa da UEFA de 2000, título inédito para uma equipe turca. As defesas de Taffarel, em especial uma na morte súbita, em cabeceio de Thierry Henry, além da sua sorte na cobrança decisiva de pênaltis contra o Arsenal, da Inglaterra, foram fundamentais. Foi eleito o melhor em campo na final e foi recebido como herói pelas ruas de Istambul.

               Ícone do Internacional na segunda metade dos anos 80, o goleiro nunca levantou uma taça com a camisa vermelha, apesar de ter sido campeão por onde passou depois de deixar Porto Alegre. Em 2006, Taffarel começou uma nova carreira, a de empresário de futebol. Ao lado de Paulo Roberto, ex-lateral e campeão mundial interclubes com o Grêmio, ele tem um escritório no bairro Menino Deus, em Porto Alegre.

               E a empresa cujo nome é Taffarel / Paulo Roberto Assessoria e Consultoria Esportiva, começou muito bem, pois, o primeiro cliente do escritório é ninguém menos que Fernandão, o capitão que ergueu as taças mais importantes de toda história do Inter; a Copa Libertadores da América e a do Mundial de Clubes. Além do craque colorado, Taffarel representa o goleiro André, com quem chegou a trabalhar ainda nos tempos de Inter, e vários jogadores das categorias de base da dupla Gre-Nal, com 15 e 16 anos de idade. 

               Taffarel confessa que sempre quis trabalhar no futebol, mas nunca teve paciência para ser treinador. Por isso, acabou aceitando o convite do Paulo Roberto para trabalharem juntos. A empresa vai muito bem, e o ex-goleiro está curtindo bastante essa nova fase de sua vida, pois o que ele menos quer na vida é trabalhar de terno e gravata.

              Sem a obrigação de cumprir a antiga rotina de treinos, jogos, concentrações e viagens, Taffarel é hoje um homem dedicado totalmente à família. Junto com a esposa Andréa (com quem está casado há 23 anos) e os filhos Catherine, 16 anos, e Cláudio André, 15 anos, ele divide o tempo entre Porto Alegre e Parma. Na Itália, onde viveu por oito anos, mantém uma casa, com carros e um caseiro. Vai pra lá geralmente nas férias escolares, pois ainda tem muitos amigos naquela cidade italiana. “Não há dinheiro no mundo que pague esta felicidade, de estar junto da família e de amigos que sempre amei”, diz Taffarel ao falar das viagens à Parma, Itália. 

               Taffarel deixou o futebol aos 37 anos. E garante que ainda teria condições de jogar, se assim desejasse, embora hoje em dia os seus 1,81m de altura pareçam improváveis para um goleiro que se preze.  “Sou um baixinho perto dos goleiros de hoje. Mas, apesar de não ter 1,90m, como a maioria dos goleiros modernos, eu sempre tive uma boa colocação. Também nunca fui de fazer defesas monumentais, mas sempre mantive uma certa regularidade”, diz o ex-goleirão bem modestamente. 

               Adora falar sobre futebol e, sempre relembra alguns momentos que marcaram sua carreira, e um dos acontecimentos que sempre conta, foi na despedida de Zico em que ele atrapalhou a festa do Galinho de Quintino.  Houve uma partida de despedida entre Flamengo e os Amigos de Zico no Maracanã. Naquele dia, Taffarel jogou demais, inclusive acabou evitando que Zico marcasse um gol, fazendo uma defesa espetacular. “Zico é meu ídolo e meu grande amigo, mas naquela hora eu era seu adversário e acabei estragando sua festa”. 

              Pela Seleção Brasileira, Taffarel tem o maior número de jogos de um goleiro da história, com 101 aparições. Foi campeão da Copa América de 1989 e 1997, campeão do mundo na Copa de 94. Outro triunfo foi também ter jogado as edições das Copas de 90 e 98. Nestes três mundiais, Taffarel sofreu apenas 15 gols. Em janeiro de 2009, foi eleito pela Federação Internacional de História e Estatística do Futebol, o 10º melhor goleiro da história, em lista que relacionou os maiores nomes da posição desde 1987, superando outros grandes nomes da posição, como Dida, Rogério Ceni, Zetti e outros do futebol internacional.  Por isso que nós gritamos “Sai que é sua Taffarel”.

Em pé: Taffarel; Célio Silva; Cafu; Mauro Silva; Aldair e Roberto Carlos   –    Agachados: Romário; Dunga; Leonardo; Denílson e Ronaldo
1998   –  Em pé: Junior Baiano, Taffarel, César Sampaio, Aldair, Cafú e Rivaldo    –   Agachados: Roberto Carlos, Ronaldo, Denílson, Romário e Dunga
Em pé: Taffarel, Luís Eduardo, Paulo Roberto, Edgar, Ronaldo  e Paulo Roberto Prestes   –    Agachados: Euller, Éder Aleixo, Renaldo, Daniel Frasson e Carlos
Em pé: Mazinho, Taffarel, Mauro Galvão, Ricardo Gomes, Aldair e Branco   –    Agachados: Bebeto, Romário, Silas, Dunga e Valdo
Copa de 1998   –   Em pé: Taffarel, César Sampaio, Rivaldo, Aldair, Júnior Baiano e Cafú   –    Agachados: Ronaldo, Roberto Carlos, Leonardo, Bebeto e Dunga
Em pé: Ricardo Rocha, Taffarel, Mauro Galvão, Jorginho, Ricardo Gomes e Branco   –    Agachados: Bebeto, Careca, Silas, Valdo e Dunga
Em pé: Taffarel, Aldair, Evair, Júlio César, Mauro Galvão, Amarildo, Branco e Casagrande   –   Agachados: Alemão, Zico, Careca, Dunga, Silas, Marquinhos e Edmar
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