CÉLIO SILVA: campeão paulista pelo Corinthians em 1995 e 1997

                       Vagno Célio do Nascimento Silva nasceu dia 20 de maio de 1968, na cidade de Miracema (RJ). Dono de um chute muito forte, foi o tipo do zagueiro xerife que ganhou destaque, principalmente defendendo o Internacional de Porto Alegre e o Corinthians. Brincavam que ele levava multa direto por causa de seus chutes. É que sempre passavam dos 80km por hora. Era 130 ou até mesmo 140km.

                       Célio Silva começou a jogar no Americano. Em 1988 foi contratado pelo Vasco, onde, como reserva de Quiñonez e Marco Aurélio, foi campeão brasileiro de 1989. Pelo Internacional, o beque jogou de 1991 a 1993 e foi um dos ídolos da torcida colorada. Seu principal título conquistado pela equipe do Beira-Rio foi a Copa do Brasil de 1992. Célio Silva, batendo pênalti, fez o gol que garantiu aquela competição ao time colorado. O Inter derrotou o Fluminense por 1 a 0.

                 Negociado para o Caen, da França, em 1993, ele retornou ao Brasil no ano seguinte para defender o Corinthians, que só tinha os gaúchos Pinga (ex-Inter e ex-companheiro de zaga de Célio no Internacional) e Henrique (ex-Grêmio, Portuguesa e União São João) para a zaga.

                 No alvinegro do Parque São Jorge, Célio Silva também colecionou alguns títulos: Campeão da Copa do Brasil de 95; Campeão Paulista em 95 e 97. “Foi uma época muito boa. Fiz muitas amizades no Corinthians e ainda falo com vários ex-companheiros até hoje”, conta Célio Silva.

               Dispensado por Vanderlei Luxemburgo (optou em prestigiar o novato Cris), Célio Silva deixou o Corinthians em 98 e foi defender o Goiás. “Comprei o meu passe do Corinthians”, diz. Também passou pelo Flamengo e pelo Atlético Mineiro. Foi campeão em todas as equipes. Atualmente, Célio mora na Mooca, bairro tradicional de São Paulo, é dono de uma funilaria e técnico de jovens atletas. Os números de Célio Silva no Timão: 157 jogos, com 73 vitórias, 45 empates e 39 derrotas. Ele marcou 19 gols pró e 4 contra.

                 Em 2006, ele chegou a comandar o Paranavaí (PR), mas ficou pouco tempo. Foi substituído pelo experiente Gainete. Já em 2007, Célio assumiu o time da Força Sindical na disputa da Série B1 do Campeonato Paulista. No ano seguinte, resolveu montar seu próprio CT, o Centro de Treinamento Célio Silva, na cidade de Joanópolis (SP). Sua intenção era ajudar a revelar novos talentos. Célio Silva foi eleito o “Canhão”, do Brasileirão de 1995.

               No final de março de 2010 assumiu o comando do Londrina, time que tem um ramo de café em seu distintivo, na cidade do norte do Paraná.

Ameaçar os rivais era a arma de Célio Silva. “Meu alvo é a barreira”

              O juiz marcava falta perto da área e lá ia Célio Silva para a cobrança. Os torcedores do time do zagueirão se enchiam de esperança, os rivais de medo. Também por culpa dele, diga-se. Com passagens históricas por Inter e Corinthians conta que, em campo, avisava que ia mirar na barreira. Se errasse, aí sim ele poderia fazer o gol. Sempre tinha um pessoal que era transferido para outro clube e falava: “Bate fora, chuta para fora. Cuidado, não vai me acertar aqui não, tá?” E Célio falava: “O meu alvo é a barreira. Se passar fica para o goleiro. Falavam que me dava mais prazer acertar bolada na barreira do que fazer o gol”.

                   O chute forte sempre foi a grande arma de Célio Silva, que começou a carreira no Americano, no fim dos anos 1980, e rodou por outros oito clubes até pendurar as chuteiras. Seus melhores momentos foram no Inter e no Corinthians, quando conquistou duas Copas do Brasil, a primeira marcando gol de pênalti na decisão.

                   A especialidade dele, porém, eram as faltas. Ele conta 18 gols em uma carreira que ainda teve passagens pela seleção brasileira e clubes como Vasco, Flamengo e Atlético Mineiro, além de duas passagens rápidas pelo exterior.

O que está fazendo hoje?

                   Célio Silva passou por uma cirurgia no joelho, uma correção na tíbia. Ficou três meses de muleta. É professor e coordenador de um projeto social chamado Esperança Esporte Clube, no bairro da Mooca, em São Paulo, onde promove a molecada da favela da Vila Prudente. Além disso, ele está cursando gestão desportiva na Faculdade Drummond.

Você ficou marcado pela potência do chute. Como surgiu isso? Você treinava muito?

                    “Isso aí é de família mesmo. Todos os meus irmãos chutam forte. Nós somos em nove irmãos, sendo cinco homens. Tirando o meu irmão o mais velho, que era goleiro – não chutava forte, mas batia muito bem na bola, todos os outros quatro chutavam forte. Inclusive tinha um que chutava até mais forte que eu. Isso aí é uma herança, é de genética mesmo. Eu nunca tive perna grossa, com tanto músculo para poder ocasionar isso. Que eu me lembre, eu tenho só dois gols de bolas colocadas na minha carreira, um contra o Palmeiras e outro contra o Botafogo de Ribeirão Preto, jogando pelo Flamengo. Eu lembro que na época que eu fui para o Goiás, eu tinha saído do Corinthians e fomos jogar no Pacaembu. O Marcelinho Carioca falava: “Eu não vou entrar na barreira. Se tiver falta, eu não entro na barreira”. Era a fama de chutar forte, e ao longo da minha carreira eu fiz 18 gols. Não são muitos, mas marcava pela força. A gente errava mais do que acertava, mas o problema é que quando marcava o gol ficava na história.

Você chegou a derrubar algum jogador durante uma partida ou treino?

                       “Sim, uma vez eu dei uma bolada no Cris, zagueiro, em um treino bem próximo, à queima roupa. Ele ficou com a marca da bola uns 20 dias. O Cris era branco demais, e na hora que ele levantava o shorts a gente via até os gomos da bola que estavam marcados na perna dele. O Cris disse: “Bom, agora não tem como te esquecer mesmo”.

O que faltou para você se firmar na seleção brasileira?

                         Eu via que a competição era muito grande. Se você olhar os zagueiros que tinha a seleção naquela época, a questão é que tinha muita qualidade. Hoje está difícil de você encontrar jogadores ponta firme. Você pegava a seleção e tinha Mozer, Aldair, Ricardo Gomes, Ricardo Rocha e daí por diante. Então era difícil você jogar naquela seleção, entendeu? Eu tive 22 convocações para a seleção brasileira. Para se ter uma ideia, quando eu fui para a seleção de base eu jogava no Americano de Campos, coisa que no passado não acontecia de jeito nenhum, então a disputa era muito grande. Não só na zaga, mas com a quantidade por posições o treinador podia escolher.

                         Isso hoje é culpa da formação, antes nós tínhamos ex-atletas que eram treinadores, hoje não tem mais. Alguém que jogou, ganhou, jogou com estádio cheio para poder passar para o moleque o que vivemos no passado. Eu não vou citar o nome, mas eu fui treinar um clube não faz muito tempo e falaram: “Toma cuidado com aquele jogador porque ele é bagunceiro, quebra tudo, ele xinga todo mundo”. Bom, passou um período e nada, passou outro e nada.

                         Aí eu cheguei no menino e falei para ele: “Mandaram eu tomar cuidado com você porque você é bagunceiro, quebra tudo, briga, mas o que houve aí?” O menino respondeu: “Não, professor, é porque o treinador que vem aqui não sabe chutar uma bola. Vem o cara da academia aqui dar treino… O cara se formou como preparador físico e vem aqui dar treino, não sabe chutar uma bola. O senhor pode ficar tranquilo, porque é referência”.

                          Então o próprio jogador reconhece isso. Hoje os caras estão preocupados com os títulos, e não com a formação. Corinthians, São Paulo, Palmeiras e Santos são obrigados a chegar nas finais das competições de base, principalmente. A vantagem é mandar três, quatro jogadores para o profissional, é formar”.

                          Na época em que Célio treinava no Corinthians ele tinha um Fusca, e tem até hoje, é o azul. Colocou para vender recentemente, está esperando uma grana para poder colocar dinheiro no projeto que tem, está até no Facebook. Quem quiser comprar, estava pedindo R$ 17 mil. Esse Fusca é que nem um carro de série, só tem 850 carros. Ele é 1986, ultima série e o carro está bonito.

Em pé: Taffarel; Célio Silva; Cafu; Mauro Silva; Aldair e Roberto Carlos    –    Agachados: Romário; Dunga; Leonardo; Denílson e Ronaldo
Em pé: Célio Silva, Leonardo, Luís Carlos Winck, Lira, Régis e Marco Aurélio   –    Agachados: Andrade, Vivinho, Marco Antônio Boiadeiro, Tornado, Sorato, Anderson e Zé do Carmo
Em pé: Gato Fernandez, Célio Silva, Luiz Carlos Winck, Márcio Santos, Paulo Bonamigo e Daniel    –     Agachados: Lúcio, Cuca, Lima, Simão e Marquinhos
Em pé: Fernandez, Célio Silva, Célio Lino, Pinga, Ricardo e Daniel    –    Agachados: Elson, Gérson, Maurício, Marquinhos e Caíco
Em pé: Célio Silva, Carlos Roberto, André Santos , Bernardo, Zé Elias e Ronaldo    –     Agachado: Silvinho, Edmundo, Marcelinho Carioca, Dagoberto e Souza
Em pé: Velloso, Guilherme, Célio Silva, Gilberto Silva, Vitor e Gallo   –    Agachados: Caíco, Marques, Ramon Menezes, Bruno, Cleisson e o massagista Belmiro
Em pé: Toninho (massagista), Bernardo, Célio Silva, Henrique, André Santos , Ronaldo e Agnaldo (preparador de goleiros)   –    Agachados: Silvinho, Marcelinho Carioca, Zé Elias, Marques, Viola e Souza
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