MARCIAL: brilhou no Flamengo e no Corinthians

                  Marcial de Mello Castro nasceu dia 3 de junho de 1941, na cidade de Tupaciguara-MG. Foi um bom goleiro na década de 60, jogando pelo Flamengo, Corinthians, Atlético Mineiro e também pela Seleção Mineira. Passou chamar a atenção do mundo esportivo, depois da decisão do campeonato carioca de 1963, quando defendia o Flamengo. O jogo foi contra o Fluminense e o placar terminou do mesmo jeito que começou, ou seja, zero a zero. Mas isto graças as inúmeras defesas incríveis de Marcial naquela tarde em que o Maracanã recebeu um público de quase 180 mil torcedores.

                  No final do jogo, num passe de mágica, Marcial fez a bola marrom chutada à queima roupa por Escurinho, sumir em suas enormes mãos. Como o empate bastava para o Mengão, aquele empate foi muito comemorado pela nação Flamenguista, pois sagrou-se campeão carioca de 1963.  Depois foi jogar no Corinthians, onde ficou de 1965 até 1967. Depois encerrou a carreira e hoje dedica-se inteiramente à medicina.

ATLÉTICO MINEIRO

                  Marcial começou sua carreira no Atlético Mineiro em 1960. Em janeiro de 1963, ele foi campeão brasileiro de seleções por Minas Gerais. Na última partida, os mineiros venceram os cariocas por 2 a 1, no dia 30. No retorno à Belo Horizonte, Marcial pediu uma folga à diretoria atleticana para visitar os familiares em Tupaciguara, no Triângulo Mineiro, sua cidade natal. Mas nem chegou a viajar. O jornal “O Estado de Minas” de 3 de fevereiro anunciava a negociação do goleiro de apenas 21 anos. “Marcial cedido ao Corinthians: 20 milhões” foi a manchete do Esportes.

                  A reportagem destacava que o Atlético somente fechara o negócio depois de garantir a presença do goleiro na decisão do Campeonato Mineiro de 1962, contra o Cruzeiro, que começaria em breve. Segundo o jornal, “os entendimentos chegaram com certa facilidade a bom termo, de vez que os próceres (como eram chamados os dirigentes na época) corintianos, reconhecendo em Marcial um dos arqueiros mais completos do futebol brasileiro na atualidade, mostraram-se dispostos a pagar o preço exigido pelo seu passe”.

                 Entretanto, o goleiro atleticano fez uma exigência incomum, principalmente para os tempos de hoje: ele queria que o clube paulista conseguisse sua transferência para a Escola de Medicina de São Paulo. Marcial estava no terceiro ano do curso de medicina. A transação acabou não se concretizando.

                 Ainda em fevereiro de 1963, Marcial foi convocado para a Seleção Brasileira que disputaria o Campeonato Sul-Americano em março, na Bolívia. A Confederação Brasileira de Desportos (CBD), que então administrava o futebol, decidiu mandar a Seleção Mineira representar o país, com reforço de jogadores de clubes que não estavam disputando o Torneio Rio-São Paulo.

                Nova venda. No dia 22, o mesmo jornal anunciou outra venda do goleiro. “Cedido Marcial ao Flamengo: 12 milhões” era a manchete da reportagem sobre a que seria, até então, a maior transação do futebol mineiro, apesar de o valor ser inferior ao que teria sido oferecido pelo Corinthians. O jogador ainda receberia Cr$ 6 milhões. Mas, novamente, a negociação emperrou. O clube carioca não fez o pagamento no prazo estipulado e, no início de março, a diretoria atleticana chegou a anunciar que não havia mais qualquer compromisso com o Flamengo quanto ao negócio. Conselheiros e torcedores pressionavam a diretoria por causa da venda de vários jogadores para equilibrar o caixa.

                Finalmente, em 13 de março, o jornal “Estado de Minas” divulgou o acerto final entre os clubes. Aristóbulo Mesquita, dirigente do Flamengo, encontrou-se com o presidente do Atlético, Fábio Fonseca, e fecharam o negócio por Cr$ 10 milhões mais o passe do goleiro Gustavo e um amistoso em Belo Horizonte para o dia 23, em comemoração aos 55 anos do clube mineiro. Este jogo o time carioca venceu por 2 a 1.

                O diretor atleticano Marcelo Guzela foi ao Rio de Janeiro e voltou com dois cheques de Cr$ 5 milhões, um com vencimento imediato e outro para o fim do mês. Antes de se apresentar ao Flamengo, Marcial, que disputou somente 37 jogos e sofreu 33 gols com a camisa alvinegra, conquistou o título mineiro de 1962 (o Atlético perdeu o primeiro clássico por 1 a 0 e venceu os dois seguintes por 2 a 1, no início de fevereiro) e ainda defendeu o Brasil no Sul-Americano.

FLAMENGO

                Depois de muitas idas e vindas, finalmente Marcial chegou na Gávea.  A estréia de Marcial na meta do Flamengo aconteceu no dia 23 de junho de 1963, quando o Mengão perdeu para o Campo Grande por 1 a 0. Mas foi neste mesmo ano, que o Flamengo conquistaria o título carioca, numa final que entrou para a história. O título foi decidido com o Fluminense e este jogo aconteceu no dia 15 de dezembro de 1963. Mas, antes de conquistar o titulo, o Flamengo viveu momentos difíceis, inclusive tendo que afastar craques consagrados como Gerson. Jordan e Dida.

                Em determinado período do primeiro turno, o clube parecia fora da luta pelo titulo de campeão, mas reagiu no segundo turno, e a partir do jogo contra o América, teve uma seqüência de vitórias até a final contra o Fluminense. A decisão não chegou a ser um primor de técnica. Foi um jogo cheio de nervosismo pela característica decisiva de que, com qualquer resultado, sairia um campeão (ao Flamengo bastava o empate). Os dois times disputaram os lances com muito cuidado em todo seu primeiro tempo, com o Flamengo mais preocupado em se defender e o Fluminense querendo o gol, mas sem coragem de se lançar todo a frente, com o natural receio de ser colhido por um contra ataque do adversário.

                No segundo tempo Fluminense decidiu procurar a vitória com uma tática ofensiva mais declarada, passando a predominar no ataque, enquanto o Flamengo, instintivamente, procurou se manter na defesa. Os últimos dez minutos foram verdadeiramente dramáticos com os tricolores forçando a defesa do rubro negro que se defendia de qualquer maneira, mas com muita valentia. O jogo estava tão indefinido que a torcida do Flamengo somente começou a comemorar depois do apito final do juiz. Neste dia, Marcial só não fez chover, pois pegou bola de todo jeito.

                O Flamengo foi campeão com Marcial, Murilo, Ananias, Luis Carlos e Paulo Henrique; Nelsinho e Carlinhos; Espanhol, Airton, Geraldo e Osvaldo. A última partida de Marcial pelo Flamengo aconteceu no dia 20 de junho de 1965, quando o Mengão empatou com o Rio Branco, do Espírito Santo em zero a zero. Com a camisa do Flamengo, Marcial atuou em 87 partidas, obtendo 50 vitórias, 18 empates e 19 derrotas. Pela Seleção Brasileira, disputou sete partidas.

CORINTHIANS

                Para fortalecer o time corintiano, em 1965 o presidente Wadih Helu contratou o meia Dino Sani e o goleiro Marcial. Com esses reforços, o Timão ficou em terceiro no Paulista, e Flávio termina como vice-artilheiro do campeonato, com 30 gols. Rivelino logo ganhou o apelido de “Garoto do Parque”. A estréia de Marcial na meta alvinegra aconteceu dia 29 de agosto, quando o Timão perdeu para o Santos por 4 a 3, jogo válido pelo primeiro turno do Campeonato Paulista. Os gols santista foram marcados por Pelé (2), Dorval e Abel, enquanto que para o Corinthians marcaram Flávio (2) e Marcos.

                Neste dia o Corinthians jogou com; Marcial, Galhardo, Eduardo, Clóvis e Edson; Dino Sani e Rivelino; Marcos, Flávio, Geraldo José e Gilson Porto. O técnico era Osvaldo Brandão.  No dia 16 de novembro de 1965, o Corinthians representou o Brasil, num jogo amistoso realizado na Inglaterra contra o Arsenal. O placar foi de 2 a 0 para os ingleses e Marcial era o goleiro corintiano naquele jogo. No ano seguinte, Marcial ajudou o Corinthians a conquistar o titulo do Torneio Rio-São Paulo. Durante sua permanência no Parque São Jorge, Marcial dividiu a posição com Cabeção e Heitor.

               A última partida com a camisa do alvinegro de Parque São Jorge, aconteceu dia 21 de janeiro de 1968, quando o Corinthians perdeu para o Bahia por 2 a 0, num amistoso realizado no estádio Fonte Nova, na Bahia. Neste dia o Corinthians jogou com; Marcial, Galhardo, Ditão, Clóvis e Maciel; Dino Sani e Rivelino; Marcos (Benê), Prado (Tales), Flávio e Gilson Porto (Eduardo). O técnico era Lula. Certa vez, inconformado com sua punição pelo clube (foi multado em 60% dos seus vencimentos, por não ter comparecido imediatamente ao fim da folga recebida após o término do Torneio Roberto Gomes Pedrosa), deu 4 tiros de revólver em pleno campo, no Parque São Jorge. 

              Com isso, Marcial teve sua situação agravada no clube, do qual foi afastado e teve seu passe colocado à venda. Com a camisa corintiana, Marcial disputou 83 partidas. Venceu 53, empatou 13 e perdeu 17.    Sofreu 100 gols, um deles, de Mengálvio, num frango histórico dia 14 de novembro de 1965, quando o  Santos venceu o Corinthians por 4 a 2, no Morumbi. E foi no próprio Corinthians que ele encerrou a carreira, aos 26 anos, para se dedicar a outra paixão, a medicina, que exerce até hoje.

               Depois de trabalhar por vários anos em Pitangui-MG, Marcial é médico anestesiologista do Hospital Universitário São José, em Belo Horizonte. Tem quatro filhos (três homens e uma mulher), dois netos e atualmente é pescador e médico anestesista em sua cidade natal, onde já virou um grande contador de causos e também um grande frequentador dos mais variados butécos da cidade.

1967   –   Em pé: Jair Marinho, Clóvis, Marcial, Dino Sani, Ditão e Maciel   –    Agachados: Bataglia, Tales, Sílvio, Rivelino e Gilson Porto
Em pé: Reginaldo, Dinar, Marcelino, Marcial, William e Procópio    –    Agachados: Toninho, Luis Carlos, Nilson, Fifi e Noêmio
Em pé: Jair Marinho, Dino Sani, Marcial, Edson, Clóvis e Eduardo   –    Agachados: Marcos, Rivelino, Geraldo José, Flávio e Gilson Porto
Em pé: Murilo, Marcial, Ananias, Luis Carlos, Carlinhos e Paulo Henrique   –   Agachados: Espanhol, Nelsinho, Airton, Geraldo José e Osvaldo
Em pé: Clóvis, Marcial, Edson, Galhardo, Eduardo e Maciel    –    Agachados: Marcos, Rivelino, Ayrton, Flávio e Gilson Porto
Em pé: Maciel, Marcial, Édson, Dino Sani, Galhardo e Ditão   –    Agachados: Garrincha, Nair, Flávio, Tales e Gílson Porto

Em pé: Jair Marinho, Marcial, Ditão, Edson, Clóvis e Maciel    –    Agachados: Marcos, Tales, Flávio, Rivelino e Nilson

Em pé: Jair Marinho, Dino Sani, Ditão, Marcial, Clóvis e Maciel    –    Agachados: Bataglia, Rivelino, Silvio, Flávio e Gilson Porto
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