CAFU: nosso capitão na conquista do nosso quinto mundial em 2002

                  Marcos Evangelista de Moraes nasceu dia 7 de junho de 1970, em São Paulo (SP). Na manhã do dia 7 de junho, Cleuza de Moraes entrou no Hospital Municipal de São Paulo. Era 1970 e o país estava hipnotizado por uma força chamada Copa do Mundo, mas para ela os momentos decisivos ocorreriam fora de campo. Atravessando o período final de sua gestação, Cleuza sabia que havia chegado a hora do nascimento de seu rebento. Enquanto seu parto era realizado, o Brasil enfrentava a Inglaterra, que havia vencido o mundial anterior.

                 As atenções de todos no hospital estavam divididas entre a chegada do bebê de Cleuza e as jogadas mágicas de Pelé, Gérson, Tostão e companhia. “Vamos, Pelé. É hora de você nascer. Eu quero ver o fim do jogo”, afirmou uma das enfermeiras. Às 14h30, nasceu Marcos. A criança veio ao mundo com 3,6kg e 50 cm. Pouco tempo depois, aconteceu o fim da partida.

                O Brasil venceu por 1 a 0 com um gol do Furacão Jairzinho. A magia do futebol começava a envolver o pequeno garoto. Mesmo vivendo em uma família de seis filhos, Marcos nunca passou qualquer tipo de necessidade. Se há algo que pode ser tirado de Marcos como uma lição de vida, é a sua perseverança. Nunca deixou de acreditar e batalhar pela realização de seus sonhos. O maior deles era ser um jogador profissional de futebol. Muitas vezes ouviu que não teria futuro nos campos. Outras não teve nem ao menos chance de treinar, foi dispensado antes.

                Sempre acontecia algo que impedia o garoto de conseguir jogar em algum clube. Foi dispensado quatro vezes nas peneiras do São Paulo. Além disso, também foi reprovado no Corinthians, no Palmeiras, no Santos, na Portuguesa, no Nacional e no Atlético Mineiro, só para citar os principais. O maior incentivo que recebia era da namorada Regina. Era ela quem o consolava após cada derrota e o motivava a continuar lutando.

                Marcos tentou de tudo para ser um jogador de futebol. Em meados da década de 80, ingressou na Escolinha de Futebol do ex-jogador Pedro Rocha. O craque uruguaio gostou de seu jogo e o indicou para o Nacional. Desta vez Marcos foi aceito, mas durou pouco tempo na Rua Comendador Souza. Uma oportunidade apareceu e o garoto foi defender a Portuguesa. Também não teve grande sucesso na Lusa e acabou indo jogar no Itaquaquecetuba. No clube do interior, Marcos começou a mostrar que poderia ter um bom futuro no futebol. A coisa mais importante para sua carreira, contudo, foi a adoção de um apelido. Por abusar das jogadas de velocidade pela ponta, Marcos foi comparado ao ex-jogador do Fluminense e do Atlético Mineiro Cafuringa e o nome pegou. De Cafuringa, logo virou apenas Cafu.

SÃO PAULO F.C.

                Em 1988 os olheiros das categorias de base do São Paulo viram algumas de suas atuações e o garoto foi treinar no Morumbi. Logo que chegou, foi integrado ao grupo que disputaria a Copa São Paulo. Cafu provou ter estrela e o time conquistou o título. Em outubro de 1990, chegou ao São Paulo alguém que mudou a carreira e a vida de Cafu, o mestre Telê Santana. Durante o final daquele ano e o primeiro semestre do ano seguinte, o jogador permaneceu no meio-campo. Só que Telê viu no garoto de 20 anos um grande potencial sendo desperdiçado no meio-campo.

                O lugar dele era outro, devia jogar na lateral. O treinador falou isso ao garoto e ele, disposto a colaborar com o time, aceitou. Só que ele nunca havia atuado naquela posição e tinha dificuldades com alguns dos fundamentos básicos. Cafu foi obrigado a passar algumas horas por dia treinando ultrapassagens e cruzamentos para poder melhorar seu desempenho na lateral. Até mesmo o exigente técnico ficou impressionado com sua dedicação.

                Tornou-se um dos destaques do time que conquistou dois Paulistas, duas Libertadores, dois Mundiais, duas Recopas e uma Supercopa dos Campeões da Libertadores. O sucesso no clube logo o alçou à seleção. Telê havia descoberto mais do que um garoto com potencial para a lateral-direita. Descobriu um dos maiores jogadores que o Brasil já teve na posição.

PALMEIRAS

              Os Centros de Treinamento do São Paulo e do Palmeiras são separados apenas por um muro. Em 1994 o Palmeiras era o time brasileiro mais forte financeiramente devido à parceria que fizera com a Parmalat e o São Paulo vivia uma crise motivada pela perda da Libertadores. O Alviverde havia conquistado o bicampeonato brasileiro e queria montar um time forte para a disputa da Libertadores de 1995. Para isso, queria que Cafu mudasse o lado do muro, deixando o Tricolor para ir jogar no Parque Antártica.

              O São Paulo precisava de dinheiro e a venda de Cafu era a forma encontrada pelos dirigentes para garantir a manutenção do clube por um tempo. Só que reforçar o rival não estava nos planos do Tricolor. Cafu teria que ser vendido para algum clube do exterior. No dia 12 de janeiro de 1995, o São Paulo anunciou a transferência do lateral para o Real Zaragoza da Espanha. No contrato havia uma cláusula que impedia o clube de vender ou emprestar o jogador para o Palmeiras.

              Cinco dias após definir a contratação de Cafu, o Zaragoza anunciou que a Parmalat, parceira do Palmeiras, era a real compradora de seu passe. Cafu ficou na Espanha até o final da temporada européia e em 2 de julho ele acertou sua volta ao Brasil para defender o Juventude, outro time patrocinado pela empresa italiana. Jogou a segunda fase do Campeonato Brasileiro pela equipe de Caxias do Sul e em janeiro de 96 foi apresentado com a camisa do Palmeiras.

              No primeiro semestre daquele ano, o Alviverde fez uma campanha espetacular e conquistou o Campeonato Paulista. Em 1997 ele anunciou sua saída do clube. Ia defender morar na Itália e defender a Roma. Desde que chegou, Cafu tornou-se soberano na lateral-direita da Roma. Desde Falcão um brasileiro não fazia tanto sucesso com a camisa vermelha.

SELEÇÃO BRASILEIRA

              “Regina eu te amo”  –  Essa frase ecoou por todo o mundo no dia 30 de junho de 2002. O Brasil tinha acabado de vencer a Alemanha por 2 a 0 e sagrara-se campeão mundial de futebol. A taça foi entregue ao capitão do time, o lateral-direito Cafu. Antes de recebe-la, o jogador subiu na estrutura de acrílico onde ela estava apoiada. Não queria dividir com ninguém essa glória. Quando ergueu a taça, Cafu lembrou daquela que o apoiou desde o início e que foi uma das principais responsáveis pelo seu sucesso. “Regina, eu te amo”, foi a primeira frase dita pelo pentacampeão.

               Um grande amor eternizado. Cafu conheceu Regina quando ele ainda era simplesmente Marcos, um garoto de 12 anos do Jardim Irene. Começaram a namorar e ele não demorou a perceber que aquela era a mulher de sua vida. Quando voltava para casa arrasado após ter sido dispensado nas peneiras, ela era seu grande apoio. Dava força a ele para que ele nunca desistisse. Parece que ela estava certa.

              Paulo Roberto Falcão divulgou a lista dos convocados para o amistoso entre Brasil e Espanha e o nome que causou mais espanto nos presentes foi o de Cafu. O jogador foi chamado para atuar no meio-campo. A imprensa, sobretudo a carioca, criticou duramente o treinador brasileiro. Segundo ele, isso era perseguição. Bairrismo. Cafu teve que correr muito para garantir seu espaço na seleção dos críticos. Como meio-campista, nunca passou de um jogador regular. Quando foi para a lateral seu preparo físico e sua dedicação fizeram com que sua produção crescesse. Foi convocado para algumas partidas das Eliminatórias para a Copa de 94.

              Tornou-se o primeiro nome de Parreira para a reserva de Jorginho. Esteve no grupo que disputou a Copa de 94 e entrou na final contra a Itália. A Copa acabou e a carreira de Jorginho na seleção também. Cafu passou a ser o titular. Muitas vezes, seu potencial técnico foi criticado. Diziam que ele não tinha habilidade suficiente para jogar na seleção. Depois começavam a procurar alguém para substituí-lo e nunca encontravam um lateral do mesmo nível.

              Chegou à Copa de 98 com o moral elevado. Foi um dos destaques do Brasil na estréia contra a Escócia, quando marcou o gol da vitória. Jogou seis das sete partidas da competição e foi eleito melhor lateral do mundial. Nem a derrota para a França arranhou sua imagem. Depois de 98 ele permaneceu como único dono da camisa 2 canarinho. Conduziu o Brasil ao pentacampeonato com muito fôlego e muita velocidade.

               Marcou, atacou, foi aguerrido. Colocou seu nome na história ao repetir o gesto de apenas quatro brasileiros e levantar a taça. Cafu é o jogador que mais partidas disputou pela seleção brasileira. Foram 123 jogos em mais de dez anos, sendo 16 em mundiais. Nesses, marcou cinco gols. Além disso, é o único homem em todos os tempos a disputar três finais de Copa do Mundo de forma consecutiva. Foi campeão em 94 e 2002 e vice em 98.

Em pé: Taffarel; Célio Silva; Cafu; Mauro Silva; Aldair e Roberto Carlos   –    Agachados: Romário; Dunga; Leonardo; Denílson e Ronaldo
Em pé: Junior Baiano, Taffarel, Cesar Sampaio, Aldair, Cafu e Rivaldo    –   Agachados: Roberto Carlos, Ronaldo, Denilson, Romário e Dunga
Milan 2003 – Em pé:  Dida, Shevchenko, Tomasson, Pancaro, Seedorf e Nesta   –    Agachados: Gattuso, Kaká, Pirlo e Cafu
Em pé: Júnior, Cafu, Sandro, Cléber, Galeano e Velloso   –    Agachados: Flávio Conceição, Rivaldo, Luizão, Djalminha e Müller
1991   –   Em pé: Zetti, Ronaldo, Leonardo, Ricardo Rocha, Zé Teodoro e Antônio Carlos   –   Agachados: Muller, Raí, Macedo, Bernardo, Cafu e o roupeiro Jairo
1993    –   Em pé: Zetti, Dinho, Ronaldão, Cafu, Leonardo e Toninho Cerezo     –    Agachados: Muller, Doriva, Válber, Palhinha e André Luiz
Em pé: Dida, Adriano, Lúcio, Juan, Émerson e Cafú    –    Agachados: Ronaldinho, Zé Roberto, Kaká, Roberto Carlos e Ronaldo
Em pé: Taffarel, César Sampaio, Rivaldo, Aldair, Júnior Baiano e Cafú    –    Agachados: Ronaldo, Roberto Carlos, Leonardo, Bebeto e Dunga
Em pé: Marcos, Sandro, Rincon, Júnior, Cléber e Cafu   –    Agachados: Djalminha, Luizão, Galeano, Elivélton e Leandro
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