ADÃOZINHO: uma promessa que não vingou

                Adão Ambrósio nasceu dia 17 de outubro de 1951, na cidade de Mariana – MG. Foi um jogador de habilidade considerável, porem nunca conseguiu ser idolatrado no principal time de sua carreira, o Corinthians. Começou dando o passo ideal para sê-lo, estreou numa partida contra o Palmeiras em 1971, num jogo em que o Timão venceu por 4 a 3 com a ajuda de um gol que venceu o goleiro Emerson Leão a 40 metros de distância. Sagrou-se campeão paulista em 1977 na reserva. Os problemas físicos se tornariam constantes na sua carreira e por causa destes não pode desenvolver seu bom futebol. Dificultando ainda mais as coisas, Adãozinho teve uma rusga com Vicente Matheus, presidente do Corinthians naquela época, e ficou com o seu passe preso por um ano, sem atuar. Era sem dúvida um jogador inteligente, de reflexos rápidos, dribles desconcertantes, passes longos e certeiros, era considerado o substituto direto de Rivelino, no entanto o futuro não foi tão promissor assim.

INÍCIO DE CARREIRA

               O dono de tantas qualidades futebolísticas era um mineiro, de Mariana, que veio a São Paulo aos dois anos trazido pelos pais, um pedreiro e uma empregada doméstica. Aos 14 anos, foi tirado dos campos de várzea, onde crescera na zona sul da capital paulista, para treinar no Corinthians. Após passar pelas categorias de base do time e ter sido considerado, em 1967, o melhor jogador infantil do futebol paulista, ele estreou profissionalmente em 1971. E sua estréia aconteceu dia 27 de fevereiro de 1971, num jogo em que o Corinthians venceu o São Bento de Sorocaba por 2 a 1 pelo Campeonato Paulista. Os gols foram marcados por Mirandinha e Tião para o alvinegro e Adilson para o São Bento. Neste dia o Corinthians jogou com; Ado, Zé Maria, Ditão, Luiz Carlos e Sadi; Tião e Adãozinho; Lindóia, Paulo Borges, Benê (Mirandinha) e Aladim, O técnico era Aymoré Moreira. Com o dinheiro do primeiro contrato, Adãozinho comprou uma casa para os pais.

DIA DE GLÓRIA

                 Era o dia 25 de abril de 1971 e a tabela do Campeonato Paulista marcava para esta data, o clássico Corinthians x Palmeiras. O jogo era válido pelo primeiro turno e foi disputado no Morumbi, que naquela tarde gelada de 8 gráus, recebeu um público de 60.445 pagantes. O árbitro era Armando Marques, que expulsou Rivelino e Leivinha. Neste dia o Corinthians entrou em campo escalado pelo técnico Francisco Sarno, dessa maneira; Ado, Zé Maria, Sadi, Luiz Carlos e Pedrinho; Tião e Rivelino; Lindóia, Samarone, Mirandinha e Peri. Já o técnico do alviverde Rubens Mineli mandou a campo a seguinte equipe; Leão, Eurico, Luiz Pereira, Baldochi e Dé; Dudu e Ademir da Guia; Fedato, Hector Silva, César e Pio.

                 O Corinthians vinha mal no campeonato e para piorar a situação, começa o jogo e César Maluco abriu o marcador aos 35 segundos do primeiro tempo. Aos 9 minutos aumentou o placar para o Verdão. O Timão se segurou em campo até o final do primeiro tempo evitando uma promissora goleada alviverde. No intervalo de jogo, o técnico corintiano fez duas substituições; saiu Lindóia e entrou em seu lugar Natal. E saiu Samarone e entrou Adãozinho. O técnico palmeirense também mexeu na equipe, tirou Hector Silva e colocou Leivinha.

                Começou o segundo tempo e logo a cinco minutos, Mirandinha diminuiu o placar. Eram 24 minutos do segundo tempo, quando Adãozinho recebeu a bola com carinho antes da grande área, dominou com estilo e com um chute preciso no ângulo esquerdo de Emerson Leão fez um golaço. Era o gol do empate em 2 a 2 contra o arqui rival Palmeiras. Adãozinho correu para a ovação da massa corintiana. Mas no minuto seguinte, Leivinha também mandaria outra bola no ângulo e faria 3 a 2 para o Palmeiras. Mas, no minuto seguinte, o meia Tião recebeu passe em profundidade de Natal, dribla a defesa do Palmeiras, inclusive o goleiro Leão e empata, novamente, a partida, 3 a 3.

                No final do jogo, a mística corintiana. Aos 43 minutos, Mirandinha fez grande jogada, num contra-ataque rápido do Timão, iniciado por Adãozinho. Mirandinha chutou duas vezes para decretar mais uma vitória corintiana e assim foi aquele Corinthians 4 x 3 Palmeiras, um dos mais importantes e vibrantes jogos do futebol brasileiro. Um jogo que entrou para a história, principalmente para o torcedor corintiano e em especial para Adãozinho, que durante muito tempo, quase todas as vezes que era parado na rua por algum torcedor da velha guarda, sempre esse gol era lembrado.

               Adãozinho, aos 19 anos, já era ídolo da torcida. Só tinha um problema: para sua posição, o Corinthians contava com Rivelino. Por isso, o jogador nunca conseguiu se firmar como titular. Em 1977, fez parte do elenco campeão paulista que deu fim ao jejum corintiano de 22 anos e 8 meses sem títulos expressivos, tendo inclusive participado do lance em que resultou no gol de Palhinha na primeira partida das finais, dia 5 de outubro de 1977. Era um craque, seu problema era que as seguidas contusões que eram consequências, em grande parte, de infecções causadas por focos dentários, forçaram várias interrupções ao longo de sua carreira.

              Mesmo assim, Adãozinho permaneceu no elenco a tempo de conquistar o histórico título paulista de 1977. A última partida de Adãozinho pelo Corinthians aconteceu dia 24 de junho de 1978, quando o Corinthians perdeu para o Sport por 3 a 0 pelo Campeonato Brasileiro. Neste dia o Corinthians jogou com; Jairo, Cláudio Mineiro, Moisés, Ademir (Zé Eduardo) e Wladimir; Ruço, Adãozinho e Palhinha; Vaguinho (Geraldão), Rui Rey e Romeu. O técnico era Armando Renganeschi. Com a camisa do Timão, Adãozinho disputou 253 partidas, venceu 118, empatou 80 e perdeu 55. Marcou 19 gols. Em 1980, com 17 kg mais gordo, treinou com a Portuguesa de Desportos, mas acabou dispensado. Adãozinho defendeu ainda o Coritiba(PR) em 1980/81, o Rio Negro(AM) em 1982, onde sagrou-se campeão amazonense e encerrou sua carreira em 1983 defendendo a Portuguesa Santista.

TRISTEZA

               Em 2006 Adãozinho teve sérios problemas de pressão alta. Na verdade, desde 2005 ele começou a perder a visão devido a constantes problemas com a diabetes. Em 2008 já apresentava preocupantes avanços em sua deficiência visual. Uma pena. O futebolzinho com os amigos e jogos beneficentes com o masters do Corinthians foram imediatamente sacrificados. Em 2010 foi submetido a um transplante renal devido a complicações causadas pelo diabetes. Ultimamente trabalhava em um projeto para crianças carentes na Secretaria Municipal de Esportes de São Paulo e vivia com seus pais. Em  março de 2011, o ex-jogador teve uma complicação e voltou a se tratar no Hospital do Rim e Hipertensão da Universidade Federal de São Paulo. Na noite do dia 12 de junho de 2011, não resistiu e morreu por insuficiência renal. Adãozinho foi enterrado no Cemitério da Vila Alpina. Morreu aos 59 anos. Não teve filhos segundo sua família e morava com os pais na Rua Leandro Dupret, em Vila Clementino, zona sul de São Paulo.

LEMBRANÇAS

               Canhoto e dono de um ótimo domínio de bola, Adãozinho estreou na equipe principal em 1971. Em seu quinto jogo, com a camisa 14, fez um lindo gol (o segundo corintiano), ao desferir uma bomba no ângulo esquerdo do goleiro Leão, na histórica vitória de virada por 4 a 3, no Morumbi, diante do Palmeiras. Com Adãozinho, o astro Rivelino podia atuar mais avançado e deixar a armação das jogadas com o novato. Mas as seguidas contusões não deixaram que sua carreira seguisse a trajetória esperada.

               Quando Rivelino deixou o Corinthians, depois da perda do título de 1974, o compositor e cantor Bebeto resolveu homenagear Adãozinho com a canção Adão Você Pegou o Barco Furado, gravada em 1975. Ser um atleta de futebol e conseguir jogar num grande clube, é privilégio para bem poucos no universo imenso de profissionais que atuam em todo o país. Jogar num grande clube e ainda por cima no Corinthians Paulista, da inflamada torcida Gaviões da Fiel, nem se fala. E o que dizer se, além disso tudo, consagrar-se num clássico contra o rival Palmeiras? Melhor que tudo isso, se é que ainda existe motivo para querer um pouco mais, só sendo imortalizado também na Música Popular Brasileira. Pois bem. Adão Ambrósio, um mineiro de Mariana, conseguiu tudo isso.

               A última homenagem feita ao jogador pelo Corinthians, foi em sua nota de pesar, que dizia; “É com pesar que o Sport Club Corinthians Paulista comunica o falecimento do ex-jogador Adãozinho que faleceu na noite deste domingo, 12 de junho de 2011. O corpo está sendo velado no cemitério da Vila Mariana. O enterro será nesta segunda-feira (13), a partir das 11h no crematório da Vila Alpina. O presidente Andrés Sanchez e o Corinthians manifestam sua solidariedade à família do ex-jogador Adãozinho pela perda”.

Em pé: Almeida, Osvaldo Cunha, Wagner, Armando, Ademir e Leonetti    –   Agachados: Lindóia, Carlos Alberto, Mirandinha, Joaquim Rocha, Tuta, Cândido, Adãozinho e Peri
Em pé: Zé Maria, Paulo Rogério, Darci, Cláudio Marques, Ademir e Ruço    –   Agachados: Vaguinho, Basílio, César, Adãozinho e Daércio
Em pé: Ado, Tião, Luiz Carlos, Baldochi, Pedrinho e Miranda    –   Agachados: Vaguinho, Adãozinho, Mirandinha, Rivelino e Aladim
Em pé: Sidney, Luiz Carlos, Baldochi, Pedrinho, Zé Maria e Tião    –   Agachados: Vaguinho, Mirandinha, Adãozinho, Aladim e Rivelino
Em pé: Zé Maria, Buttice, Tião, Brito, Ademir e Wladimir    –   Agachados: Vaguinho, Lance, Zé Roberto, Rivelino e Adãozinho
Seleção de férias, nos anos 70, jogando com a camisa do Santos. Em pé: Paulinho, Darcy, Gilberto Sorriso, Tião, Rafael e Romeu Cambalhota – Agachados: Helinho, Tecão, Muricy Ramalho, Edu Bala e Adãozinho
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