Milton de Medeiros nasceu dia 15 de julho de 1924, na cidade de São Paulo. Filho de João Medeiros e Raquel Medeiros. Dedicado nas obrigações escolares, o menino foi aos poucos tragado pelos encantos do mundo da bola.
Para dona Raquel, a paixão desenfreada do filho pelo futebol era um sinônimo de preocupação. No entanto, para seu João, a habilidade do pequenino com a bola nos pés era motivo de orgulho!
O primeiro time foi a Associação dos Amigos da Lapa, uma aventura longe dos olhos da mãe para sacrificar a missa dominical. Jogava inicialmente como meia-esquerda, embora rendesse muito mais pelo corredor esquerdo ofensivo.
E entre inúmeros conflitos domésticos, o destino logo tratou de encaminhar o rapazola aos quadros amadores da Sociedade Esportiva Palmeiras no ano de 1940. O apelido “Canhotinho” foi colocado pelo técnico Ventura Cambon, tão logo o promissor ponteiro-esquerdo foi aproveitado no juvenil do alviverde.
Estudante do Liceu Barbosa Lima, Canhotinho cabulava aulas para poder treinar, sempre com o consentimento incondicional do pai e escondido da mãe. O desmedido empenho deu frutos, tanto que seu futebol vistoso despertou o pronto interesse dos representantes do São Paulo Futebol Clube.
Todavia, o talentoso ponteiro-esquerdo declinou o convite do tricolor paulista e continuou no Palmeiras, uma caminhada edificada por grandes conquistas. Promovido ao quadro de Aspirantes em 1943, Canhotinho entrou em rota de colisão com seu trabalho nos escritórios da Estrada de Ferro Sorocabana.
No mês de maio de 1943, Canhotinho não tinha mais desculpas para justificar seus constantes atrasos e acabou demitido da Estrada de Ferro Sorocabana. A intempestiva atitude de Canhotinho chocou o pai, uma opinião agora dividida entre o prazer do futebol e uma carreira segura em uma empresa de grande porte.
Começava assim uma batalha fervorosa pela camisa de titular do Palmeiras, que naquele momento contava com ótimas alternativas para a posição, como Pipi e Vacaro. Pelo Palmeiras, Canhotinho conquistou muitos títulos, principalmente no período das “Cinco Coroas”: Campeonato paulista de 1944, 1947 e 1950, Taça Cidade de São Paulo de 1950 e 1951, Torneio Rio-São Paulo e Copa Rio, ambos em 1951.
Vivendo uma fase especial, Canhotinho foi convocado para vestir a camisa do escrete e conquistou o Campeonato Sul-Americano de 1949, a atual “Copa América”. Canhotinho permaneceu no alviverde até maio de 1953. Ao todo foram 267 jogos; com 154 vitórias, 52 empates, 61 derrotas e 81 gols marcados.
Abaixo, a boa participação de Canhotinho no confronto que representou o título do campeonato paulista de 1947 para o Palmeiras:
28 de dezembro de 1947 – Campeonato paulista – Segundo turno – Santos 1×2 Palmeiras – Estádio da Vila Belmiro – Árbitro: Francisco Kohn Filho – Gols: Odair para o Santos; Turcão e Arturzinho para o Palmeiras. Expulsão: Arturzinho (Palmeiras).
Santos: Renê; Dinho e Expedito; Nenê, Dacunto e Alfredo; Odair, Zeferino, Adolfrizes, Antoninho e Leonaldo. Técnico: Abel Picabéa. Palmeiras: Oberdan Cattani; Caieira e Turcão; Zezé, Tulio e Waldemar Fiume; Lula, Arturzinho, Osvaldinho, Lima e Canhotinho. Técnico: Oswaldo Brandão.
Depois da rica passagem pelo time do Parque Antártica, Canhotinho passou pela Associação Atlética Portuguesa Santista e pelo Racing Club da França.
Vítima de pneumonia e insuficiência renal aguda, Milton de Medeiros faleceu no dia 28 de julho de 2008 no Hospital Nove de Julho, na capital paulista.
