ROBERTO MIRANDA: campeão mundial com nossa seleção em 1970

                   Roberto Lopes de Miranda nasceu dia 31 de julho de 1944, em São Gonçalo – RJ. O canhotinha de ouro, Gerson, o apelidou de “Vendaval”, pela forma como ultrapassava as defesas adversárias. Roberto jogava na base da raça e tinha fama de não fugir do pau, havendo quebrado costela, braço, clavícula e queijo, além de uma rótula no tendão de Aquiles. Devido a uma operação no joelho, encerrou a carreira prematuramente. Teve a honra de jogar no Botafogo entre 1962 e 1972, depois passou pelo Flamengo onde jogou até 1973 e também no Corinthians entre 1973 e 1976. Tudo isto sem falarmos da Seleção Brasileira, onde teve a honra de disputar uma Copa do Mundo. Isto aconteceu em 1970, quando fez parte daquele maravilhoso elenco que encantou o mundo ao conquistar o Tricampeonato Mundial no México. Conquistou em sua carreira inúmeros títulos e jogou ao lado de grandes craques do nosso futebol.

INÍCIO DE CARREIRA

                  O ex-centroavante Roberto Miranda começou sua carreira aos 14 anos de idade, como meio-campista, defendendo o modestíssimo Manufatura, de Niterói. Roberto também passou pela meta antes de assumir definitivamente a posição ofensiva. Ainda muito jovem treinou pelo Fluminense, e foi aprovado como jogador nas divisões de base daquele clube, entretanto, antes mesmo de assinar contrato com o time das Laranjeiras, acabou rumando para outro rival, o Botafogo, clube que defendeu com destaque por dez anos.

BOTAFOGO

                 Roberto chegou ao Botafogo em 1962, uma época em que o Fogão tinha uma máquina de jogar bola. Botafogo e Santos tinham na época, os melhores times do planeta. De um lado tínhamos Pelé, Gilmar, Mauro Ramos de Oliveira, Zito, Pépe, Coutinho e tantos outros. Do lado carioca tínhamos Garrincha, Zagallo, Nilton Santos, Quarentinha, enfim, só feras. Quem teve o privilégio de vê-los jogar, pode-se dizer que realmente viu o verdadeiro futebol. Quando se enfrentavam, arrastavam verdadeiras multidões aos estádios, exemplo disto foi no Torneio Rio-São Paulo de 1963, quando tivemos um público de mais de 102.000 torcedores para verem naquele dia o Botafogo derrotar o Santos por 3 a 1 no Maracanã.

                Bicampeão estadual de 1961/62, o Botafogo aos poucos foi se desfazendo dos principais jogadores; Pampoline, Didi, Nilton, Quarentinha, Zagallo, Garrincha, Amarildo, sem contar que, ainda botafoguenses, Didi, Nilton Santos, Zagallo, Garrincha e Amarildo ainda formariam a metade da seleção brasileira bicampeã mundial em 1962. A renovação do elenco foi praticamente uma imposição pela super valorização alcançada e pela idade de alguns, como Garrincha, Nilton Santos, Didi e Zagallo. Chegava então a vez dos jovens “prata de casa”, como Roberto Miranda, que subiria ao time profissional acompanhado de Chiquinho, Moreira, Mura, Paulo César Caju, Jairzinho e até Rogério, que depois seria substituído por Zequinha.

                Na década de 60, o Botafogo sempre teve bons times. Em 1968 por exemplo, a equipe do Botafogo era assim formada; Cao, Mura, Zé Carlos, Leônidas e Valtencir; Carlos Roberto e Gerson; Rogério, Roberto Miranda, Jairzinho e Paulo César Cajú. O técnico era Zagallo. Este foi o time que enfrentou o Corinthians no dia 29 de setembro de 1968, no Morumbi. O placar foi de 3 a 0 para o alvinegro de Parque São Jorge, com dois gols de Paulo Borges e um de Tales. Mas ainda naquele ano conquistou o bicampeonato carioca, ao derrotar o Vasco da Gama por 4 a 0 no dia 9 de junho de 1968, campeonato este, que Roberto foi o artilheiro.

               Depois desse título o Botafogo ficaria vinte e um anos sem ser campeão, pois somente em 1989 a torcida do Fogão soltou o grito de campeão. O jogo foi contra o Flamengo no dia 21 de junho e o placar foi de 1 a 0 para o alvinegro de General Severiano. O único gol da partida foi anotado pelo ponta direita Maurício.  OBS: Algumas curiosidades sobre este jogo. O Botafogo estava 21 anos na fila. O jogo foi no dia 21, o gol saiu aos 21 minutos, a temperatura naquele momento era de 21 graus e o gol foi marcado pelo camisa 7, que recebeu um cruzamento do camisa 14, ou seja, 7 + 14 = 21.

               Durante o tempo que defendeu as cores do alvinegro carioca, conquistou vários títulos, como por exemplo; Campeonato Carioca de 1962, 67 e 68. Torneio de Carranza da Argentina em 1966. Torneio Rio-São Paulo de 1964 e 1966, sendo que este último o Botafogo dividiu o título com mais três clubes, ou seja, Vasco da Gama, Santos e Corinthians. Acontece que nossa seleção já estava começando seus treinamentos para a disputa da Copa de 66 na Inglaterra e, não havendo tempo para um quadrangular entre estas equipes, a CBD declarou os quatro clubes como campeões do Torneio Rio-São Paulo daquele ano. Roberto sagrou-se campeão ainda da Taça Brasil de 1968, quando na primeira partida o Botafogo empatou com o Ceará em 2 a 2 e na segunda partida venceu por 4 a 0.  Roberto é o nono maior artilheiro da história do Botafogo, tendo assinalado 154 gols em 352 jogos.

              Tinha fama de “não fugir do pau”, que cresceu quando, logo depois de marcar o gol de empate em uma partida contra o Vasco, tomou um tapa do zagueiro Fontana e revidou, o que gerou uma enorme briga e causou a expulsão de ambos. Roberto teve a honra de jogar ao lado de verdadeiros craques e foi lá em General Severiano, onde recebeu o apelido de Vendaval, pela sua maneira rápida e oportunista. O Botafogo teve também o Furacão, que foi o Jairzinho, apelido que recebeu durante a Copa de 70, onde era chamado de Furacão da Copa. Quando Roberto saiu do Botafogo, deixou sua marca de artilheiro, mas deixou também uma ficha cheia de atitudes indisciplinadas e desentendimentos com a diretoria alvinegra, o que acabou acelerando a sua saída daquele clube.

FLAMENGO

               Chegou ao Flamengo por empréstimo quando tinha 27 anos de idade para defender o time comandado por Yustrich. Naquela ocasião, o próprio Roberto Miranda reconhecia que esteve perto de abandonar a carreira prematuramente em virtude da sua conturbada saída do Botafogo, entretanto, acabou aceitando a missão de se renovar no futebol e defender o clube da Gávea. Na época o Flamengo tinha a seguinte equipe; Ubirajara, Murilo, Washington, Reis e Tinteiro; Tinho e Liminha; Buião, Roberto Miranda, Fio Maravilha e Caldeiras. A estada de Roberto no Flamengo acabou sendo bastante curta e depois de apenas onze partidas, três gols, e muitas contusões, o jogador acabou se transferindo para o Corinthians, clube onde encerrou a carreira por volta de 1976.

CORINTHIANS

               Roberto Miranda chegou ao Corinthians em 1973 e sua estréia com a camisa alvinegra aconteceu dia 21 de junho, quando derrotou o Operário de Campo Grande por 3 a 0 num jogo amistoso realizado no estádio Morenão de Campo Grande. Os gols foram anotados por Lance (2) e Roberto Miranda. Neste dia o Corinthians jogou com; Ado, Vagner, Baldochi (Almeida), Luiz Carlos e Eberval; Tião e Nelson Lopes; Mirandinha, Lance, Roberto Miranda (Aladim) e Marco Antonio. O técnico era Yustrich. No ano de 1973 o Corinthians utilizou um uniforme de camisas listradas com fundo branco e listras pretas finas (inverso do uniforme número 2 normal do timão). Estas camisas não foram mais utilizadas pelo Corinthians e se tornou uma raridade para todos os Corintianos.

               Roberto sempre foi um atleta de personalidade muito forte e com isto sempre acabava entrando em confusões, tanto dentro como fora de campo. Foi inúmeras vezes expulso de campo, como naquele jogo contra o Santos pelo Campeonato Brasileiro de 1973, quando o Corinthians venceu por 1 a 0, gol de Rivelino. Depois de arrumar muita confusão, o árbitro Armando Marques perdeu a paciência e acabou o expulsando de campo. Este jogo aconteceu dia 24 de novembro de 1973, no Pacaembu, que recebeu um público de 64.291 torcedores. Devido a uma cirurgia no joelho direito, resolveu encerrar a carreira. Sua última partida aconteceu dia 24 de fevereiro de 1976, quando o Corinthians venceu o Madrugada E. C. da cidade de São Carlos por 2 a 0 num jogo amistoso. Os gols foram marcados por Veira e Lance. Durante os três anos que jogou no Corinthians, Roberto disputou 77 partidas. Venceu 32, empatou 30 e perdeu 15. Marcou 21 gols.

SELEÇÃO BRASILEIRA

               Roberto teve a honra de vestir a camisa canarinho em 18 oportunidades e marcou 8 gols. Disputou a Copa de 70, onde participou de duas partidas. A primeira foi contra a Inglaterra, quando vencemos por 1 a 0 e ele entrou no lugar de Tostão. A segunda foi contra o Peru, que vencemos por 4 a 2 e ele entrou no lugar de Jairzinho. Roberto Miranda foi, reconhecidamente, um dos mais aguerridos e destemidos jogadores do futebol mundial. Depois que encerrou a carreira passou a trabalhar como funcionário público no projeto para venda de remédios mais baratos para a população de baixa renda.

Em pé: Moreira, Cao, Zé Carlos, Leônidas, Valtencir e Carlos Roberto      –    Agachados: Rogério, Gerson, Roberto, Jairzinho e Paulo César
Seleção Brasileira de 1970     –     Em pé: Félix, Joel, Leão, Fontana, Brito e Clodoaldo      –     Agachados: Rivelino, Carlos Alberto, Baldochi, Piazza, Everaldo, Paulo César, Tostão e Marco Antonio    –    Sentados: Edu, Zé Maria, Dario, Gerson, Roberto Miranda, Jairzinho e Pelé
Em pé: Moreira, Félix, Brito, Leônidas, Carlos Roberto e Valtencir     –    Agachados: Nado, Gerson, Roberto, Jairzinho e Paulo César
Mura, Ubirajara, Brito, Djalma Dias, Nei Conceição e Valtencir     –     Agachados: Zéquinha, Paulo César, Nei, Roberto e Galdino
Em pé: Mauro Cruz, Nei Conceição, Wendell, Djalma Dias, Osmar Guarnieri e Valtencir     –     Agachados: Zéquinha, Carlos Roberto, Roberto Miranda, Jairzinho e Careca

 

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