PITA: campeão pelo Santos F.C. e pelo São Paulo F.C.

                 Edivaldo de Oliveira Chaves nasceu dia 4 de agosto de 1958, na cidade de Nilópolis – RJ.    Depois de Pelé, Pita foi o primeiro jogador a vestir com maior requinte a sagrada camisa dez do Santos, eternizada pelo Rei do Futebol. Era um meia de toques macios e certeiros. Armava o jogo com técnica e sabedoria. Sabia dar como poucos o efeito na bola. Só por isso, ele merecia admiração eterna no País do futebol. Entretanto, Pita fez mais. Quem não se lembra do jogador com a camisa do São Paulo em meados da década de 80, talvez o melhor momento de sua carreira.

                A vida foi generosa com Edivaldo de Oliveira Chaves, que quando garoto era um modesto vendedor ambulante no acostamento da Via Anchieta. Isso mesmo, muito antes de se tornar ídolo das torcidas do São Paulo e Santos, Pita vendia siris para os turistas que seguiam para o litoral ou retornavam à Capital. Como a maioria de seus amigos vendedores, Pita aplicava um pequeno golpe nos compradores. Após receber o dinheiro do cliente, o garoto se oferecia para colocar o siri no porta-malas. Só fingia deixar o produto no carro. Voltava para casa feliz: com dinheiro e siris.             

               A carreira de vendedor durou até os 13 anos. Convidado a disputar um campeonato de futebol na praia, chamou a atenção entre os garotos que defendiam o Casqueiro, clube que levava o mesmo nome do modesto bairro em que vivia com a sua família. Começou a treinar na Portuguesa Santista onde tornou-se o grande destaque da equipe dente-de-leite do clube. Em 1975, o Santos convenceu Pita a abandonar a Briosa para treinar na Vila Belmiro e depois de dois anos, já estava no juvenil do Santos.

OS MENINOS DA VILA

               Em 1977, Pita já integrava a equipe profissional do Santos e disputou algumas partidas pelo Peixe. A consagração aconteceria um ano depois. O Santos passava por uma grave crise financeira. O técnico Formiga assumiu a equipe principal e chamou vários jogadores dos juniores para treinar com os profissionais, já que não havia dinheiro para investimentos. Nesse grupo, que ficou conhecido como “Meninos da Vila, estava Pita e com ele também estavam Juari, Gilberto Sorriso, Toninho Vieira e outros que fizeram muito sucesso no futebol.

              Com sua excelente técnica, lançamentos precisos e ótimo toque de bola, Pita foi um dos destaques da Santos naquele ano. Logo de cara, comandou o Santos ao título paulista de 1978, o primeiro após a saída de Pelé.

A equipe começou o Campeonato Paulista desacreditada. Terminou campeã. Pita era o primeiro jogador depois de Pelé a vestir com maestria a camisa dez do Santos. E o Santos vencia o primeiro importante título depois do Rei do futebol encerrar a sua carreira. Pita e os demais companheiros ficariam conhecidos para sempre como os Meninos da Vila. O Paulistão daquele ano seria o único título que Pita venceria pelo Peixe, o seu time do coração. O título de 1978 foi decidido em uma melhor de três contra o São Paulo F.C., o Santos F.C. chegou ao título com uma geração formada por pratas-da-casa.  Na primeira partida, o Peixe venceu por 2×1.  Na segunda, houve empate em 1×1.

             Na decisão, o Peixe venceu por 2×0 (gols de Zé Sérgio e Neca) no tempo normal e empatou sem gols na prorrogação. A campanha do time da Vila foi a seguinte: 56 jogos / 26 vitórias / 16 empates / 14 derrotas / 80 gols pró / 47 gols contra / Artilheiro do Peixe e da competição: Juary (30 gols).  No jogo da grande final, o Santos jogou com; Vitor, Nelsinho, Joãozinho, Neto e Gilberto; Clodoaldo, Ailton Lira e Pita; Nilton Batata, Juari e João Paulo.

              O maestro Pita comandaria o Santos até meados da década de 80. Antes de trocar a Vila Belmiro pelo Morumbi, Pita levou o time da Baixada Santista ao vice-campeonato do Paulistão de 1980 e ao vice-campeonato brasileiro de 1983. Sempre que perguntam à Pita, qual foi o jogo que mais marcou sua carreira jogando pelo Santos, ele responde que foi um jogo contra o Corinthians no dia 20 de agosto de 1978 pelo campeonato paulista. O placar foi de 1 a 1. O gol santista foi marcado por ele, enquanto que para o Corinthians, Rui Rey marcou o gol de empate. Neste dia, Sócrates estava fazendo sua estréia no Corinthians. Este jogo foi no Morumbi, que recebeu um público de 111.103 pagantes.

OS MENUDOS DO MORUMBI

Em 1984, Pita chegava ao Morumbi, numa negociação em que o São Paulo cedeu o ponta Zé Sérgio e o volante Humberto ao Santos. Em pouco tempo se tornou ídolo da torcida, o mais festejado quando o sistema de som do Morumbi anunciava a escalação da equipe.             

              Atuou ao lado de jogadores que fizeram história no Morumbi, comandados pelo técnico Cilinho. Quem não se lembra de Silas, Muller, Sidney, os “Menudos do Morumbi”, todos revelados na escolinha tricolor. Esta foi a equipe campeã paulista de 85. Quem não se lembra do goleiro Gilmar Rinaldo, dos laterais Nelsinho e Zé Teodoro, do volantão Bernardo e do atacante Careca. Apesar do campeonato, Pita discutiu com o técnico Cilinho e quase deixou o clube, permanecendo por interferência da diretoria. Em 1987 conseguiria novamente o Campeonato Paulista, sendo festejado e reconhecido como craque também pela torcida tricolor.

              Com a camisa do Tricolor do Morumbi, Pita sagrou-se campeão paulista em 1985 e 1987 e campeão brasileiro em 1986 naquela final história contra o Guarani no dia 25 de fevereiro de 1987. Os 90 minutos terminaram em 1×1. Logo no início da prorrogação Pita fez São Paulo 2×1.  Aos 7, Boiadeiro empatou, 2×2. Já no segundo tempo, aos 2 minutos, Wagner aparou mal uma bola, João Paulo tomou-a e fez Guarani 3×2.  Os campineiros já comemoravam o título quando Careca empatou o jogo 3×3 e levou a decisão para os pênaltis. Careca bate o primeiro, e por ironia do destino, ele perde o pênalti.  Mas na continuidade, Dário Pereira, Fonseca e Wagner se encarregam de garantir o título de campeão brasileiro. E naquele dia o São Paulo F.C. jogou com; Gilmar, Fonseca, Wagner, Dario Pereira e Nelsinho; Bernardo, Silas e Pita; Muller, Careca e Sidney.  O técnico era Pepe.

              Sempre que perguntam à Pita, qual foi o jogo que mais marcou sua carreira no Tricolor do Morumbi, ele responde que foi um jogo contra o Palmeiras no dia 16 de março de 1985, quando aconteceu um empate de 4 a 4. Neste dia Pita marcou um gol de placa, onde driblou toda a defesa do Palmeiras, inclusive o goleiro Leão e só não entrou com bola e tudo porque teve humildade. Neste dia os gols do São Paulo foram marcados por; Pita, Muller, Careca e Oscar, enquanto que para o alviverde marcaram; Mendonça (2), Jorginho e Ditinho.

O ÚLTIMO ROMANTICO

              Consagrado e badalado, Pita despertou a atenção do futebol europeu e, em 1988, foi vendido ao Racing Strasburg por US$ 1 milhão. A despedida do São Paulo mostrou que o jogador já havia adquirido o status de craque e conquistado a admiração de um dos principais treinadores. “O último romântico está deixando o futebol brasileiro”, disse Cilinho, ao analisar a técnica de Pita naquela época.

              Como profissional, ainda defendeu o Guarani de Campinas e foi um dos primeiros jogadores brasileiros a atuar no Japão, onde participou da temporada inaugural do futebol no país, em 1993. Atualmente, Pita divide o seu tempo entre a profissão de treinador e a administração de seus negócios.

              Pita foi um meia direita extremamente habilidoso e inteligente. Pita fez história nos clubes por qual passou. Também era um excelente lançador e batedor de faltas.  E foi por causa de todas essas qualidades, que em 1982 e 1983 recebeu o troféu Bola de Prata da revista Placar.  Já em 1986, recebeu outro troféu Bola de Prata, este com o título de “Toque de Classe”.  Mesmo tendo uma técnica apurada, no entanto, Pita não teve muitas chances na Seleção Brasileira, ou seja, fez apenas 12 jogos com a camisa canarinho.

              Pita trabalhou por algum tempo como treinador da equipe de Juniors do São Paulo, onde pode passar àqueles garotos um pouco de sua experiência. Se algum deles soube assimilar bem os ensinamentos do mestre Pita, com certeza muito em breve teremos mais um grande craque desfilando pelos gramados, pois o professor podemos garantir que era excelente.      

Em pé: Gilberto, Vitor, Joãozinho, Neto, Clodoaldo e Nelsinho Batista      –    Agachados: Nilton Batata, Ailton Lira, Juari, Pita e João Paulo

Em pé: Gilberto, Carlos Silva, Joãozinho, Marola, Toninho Carlos e Mauro     –    Agachados: Paulinho, Cardim, Palhinha, Pita e João Paulo
Em pé: Wagner, Zé Carlos, Bernardo, Dario Pereira, Daniel e Zé Teodoro     –    Agachados: Muller, Silas, Careca, Pita e Sidney
Em pé: Gilberto, Davi, Marola, Dema, Toninho Carlos e Toninho Oliveira     –    Agachados: Lino, Paulo Isidoro, Serginho Chulapa, Pita e João Paulo

   

        

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