FUTEBOL E REGGAE A PAIXÃO DE BOB MARLEY

                      Bob Marley nasceu em 6 de fevereiro de 1945 em Saint Ann, no interior da Jamaica. Foi o maior cantor de Reggae de todos os tempos e que morreu ainda jovem no dia 11 de maio de 1981, aos 36 anos. A habilidade de Bob Marley com a bola nos pés dividia opiniões. Uns afirmavam que o cantor poderia se tornar profissional, outros preferiam ser mais cautelosos ao descreverem a real técnica do ícone do reggae no gramado. Bob gostava de ser meia-atacante ou até mesmo centroavante. Até levantaram uma estátua dele, em sua memória. A estátua plantada em frente ao Museu Bob Marley, em Kingston, na capital jamaicana, já diz tudo. Música e futebol eram as duas paixões do principal personagem da história do reggae.

                     O futebol era parte da vida de Bob, parte do seu cotidiano; tão ou mais presente do que a música. A bola rolava antes de concertos ou nas folgas entre longas jornadas de gravação. Bob e os músicos relaxavam e liberavam a pressão de toda a grande responsabilidade que carregavam. O futebol era uma das válvulas de escape.

                    O futebol era sagrado e sábado sempre tinha jogo. Mesmo que para isso tivesse de entrar nos estúdios de chuteiras. Como a maioria dos jamaicanos, Bob Marley apaixonou-se pelo futebol depois que o Santos jogou um amistoso em seu país, em 1971. Bob Marley não economizava em equipamento. Quando esteve aqui no Brasil, o cantor e sua trupe desembolsaram 1.000 dólares em material, estreado no dia 19 de março numa partida no campo da casa de Chico Buarque de Holanda, no Rio de Janeiro. Os times da histórica partida foram rapidamente arrumados e ficaram assim: Bob Marley, Junior Marvin, Paulo César Caju, Toquinho, Chico Buarque de Holanda e Jacob Miller de um lado; e do outro Alceu Valença, Chicão (músico da banda de Jorge Ben) e mais quatro funcionários da gravadora.

                     Marley foi para o ataque e o placar foi de 3 a 0 para o seu time, com gols dele, de Chico Buarque e de Paulo César Caju. O futebol não ganhou contribuição tão grande, mas tinha cadeira cativa em seu coração. Era tão importante que, mesmo doente, um mês antes de morrer, ainda frequentava peladas. Mas o futebol não trouxe só alegria. Em entrevista à revista americana The Beat, a namorada Cindy Breakspeare conta que já em 1977 Bob Marley tinha um insistente machucado no dedão esquerdo. Naquele ano, levou um pisão de um jogador francês num bate-bola em Paris. Há quem diga que este bate-bola foi em Londres, e com aquele pisão que levou, fez com que o ferimento piorasse e muito.

                     Após uma tournée europeia, com uma vasta agenda marcada, Bob Marley e a banda partiram para os Estados Unidos, quando fizeram dois shows no Madison Square Garden. Durante a segunda apresentação, Bob passou mal no palco e começou a ser averiguado o que se passava com o ídolo do reggae. Bob, embora com problemas de saúde, chegou a fazer ainda mais um show em Pittsburgh, no dia 23 de setembro de 1980 (último show de Bob Marley), mas logo o mundo recebeu a triste notícia de que o astro do reggae sofria de uma espécie de cancro de pele chamado melanoma maligno, que se desenvolveu na unha do dedão do pé.

                    Os médicos aconselharam-no a amputar o dedo, porém Marley recusou-se a fazê-lo devido à sua filosofia rastafári, de que o corpo é um templo que ninguém pode modificar (motivo pelos quais os rastas deixam crescer a barba e os cabelos). Ele também estava preocupado com o impacto da operação em sua dança; a amputação afetaria profundamente sua carreira no momento em que se encontrava no auge.

                    O cancro espalhou-se para o cérebro, o pulmão e o estômago. Ele lutou contra a doença durante oito meses buscando tratamento na clínica do Dr. Joseph Issels na Alemanha, no final de 1980 e início de 1981. Durante algum tempo, o estado de Marley parecia ter se estabilizado com o tratamento naturalista do médico alemão. Em maio de 1981, quando o médico anuncia que nada mais poderia ser feito, Bob Marley já abatido pela doença, resolveu retornar para sua casa na Jamaica para passar seus últimos dias junto à família e amigos. Ele não conseguiu completar a viagem, tendo que ser internado em um hospital de Miami. Faleceu pouco antes do meio-dia de 11 de maio de 1981, menos de 40 horas depois de deixar a Alemanha. E junto com Bob Marley morria dois talentos, o de cantor e o de jogador de futebol.

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