PAULISTÃO de 1972

                      O ano de 1972 foi de muita alegria ao torcedor palmeirense, pois viu seu time ser campeão paulista e campeão brasileiro, pois naquele ano formou um grande esquadrão. Assim como na década de 60 montou um time tão espetacular, que passou a ser chamado de “Academia”, na década de 70 também formou um time que passou a ser chamado de “Segunda Academia”. Até mesmo os torcedores de outras equipes sabiam de cor e salteado a equipe do Palmeiras, pois dificilmente havia alteração na escalação; Leão, Eurico, Luiz Pereira, Alfredo e Zeca; Dudu e Ademir da Guia; Edu, Leivinha, Cesar e Nei.

                     E Como toda boa orquestra tem que ter um bom maestro e o alviverde também tinha, chamava-se Osvaldo Brandão, um treinador que conquistou inúmeros títulos em sua brilhante carreira. Pelo Palmeiras, ele é dono do recorde de ter comandado o time alviverde mais vezes ao longo da história: 580 jogos (335 vitórias, 151 empates e 94 derrotas). Foi técnico do Verdão em 1947 – 48 – 59 – 60 – 61 – 72 – 73 – 74. Foi campeão paulista em 47, 59, 72 e 74. Campeão Brasileiro em 72 e 74 e campeão da Taça Brasil em 60.  Oswaldo Brandão foi disparado o técnico mais querido entre todos os técnicos que já passaram por Parque Antarctica.

                    Nem mesmo Wanderley Luxemburgo que tirou o Palmeiras de um jejum de títulos de 16 anos em 1993 e conquistou cinco taças, ou Luiz Felipe Scolari, campeão da única Taça Libertadores da América do clube, conseguiram superar Brandão. Muito carismático, o ex-treinador além de ser muito querido pela torcida foi também um técnico que sempre teve o apoio dos jogadores com quem trabalhou, pois sempre foi um paizão para com eles.

                    O Campeonato Paulista de 1972 teve 12 participantes e um regulamento bem simples. Todos se enfrentavam em turno e returno. Ao final, aquele que tivesse o maior número de pontos ganhos, seria o campeão. Os clubes que participaram naquele ano foram os seguintes; (conforme classificação final) Palmeiras, São Paulo, Santos, Corinthians, Portuguesa de Desportos, Guarani, Ponte Preta, Juventus, América, São Bento, Ferroviária e XV de Piracicaba. O campeonato começou dia 4 de julho, com o empate entre Portuguesa de Desportos e Juventus em 1 a 1.  Foi um campeonato disputado ponto a ponto, com Palmeiras e São Paulo sempre próximos um do outro.

                   O Tricolor também tinha um grande time naquele ano, pois vinha de um bicampeonato de 1970/71, depois de ter ficado 13 anos sem título. A equipe são-paulina era assim formada; Sérgio, Forlan, Samuel, Arlindo e Gilberto Sorriso; Edson, Zé Carlos e Pedro Rocha; Paulo, Terto, Toninho Guerreiro. O técnico naquele ano era Alfredo Ramos, que tempos passados também foi jogador do São Paulo, assim como foi do Corinthians na década de 50. Durante o campeonato tivemos poucas goleadas. O Corinthians goleou o América por 4 a 0 e a Ferroviária por 5 a 0.

                   O São Paulo goleou o XV de Piracicaba por 5 a 0, e o Guarani por 4 a 0. A Portuguesa que venceu o Juventus por 5 a 1. Nos demais jogos foram resultados de poucos gols, tanto é que durante todo o campeonato foram marcados somente 277 gols em 132 jogos, o que nos dá uma média de 1,32 gol por jogo. Realmente uma média muito baixa se compararmos os campeonatos da década de 50 e 60, onde Pelé era o artilheiro da competição com 58 gols como aconteceu em 1958. Neste ano de 1972 o artilheiro foi Toninho Guerreiro com 17 gols.

                 Como já dissemos, o campeonato foi disputado ponto a ponto, principalmente entre Palmeiras e São Paulo. Quando estávamos na antepenúltima rodada, o Palmeiras estava com 33 pontos ganhos, enquanto o São Paulo estava com  32 (naquela época uma vitória valia 2 pontos). O Palmeiras derrotou o São Bento lá em Sorocaba por 3 a 0 e foi a 35 pontos, enquanto que o São Paulo empatou com a Ponte Preta no Morumbi e foi para 33. Na penúltima rodada o Palmeiras empatou com o Guarani em Campinas por 1 a 1 e foi para 36, enquanto que o São Paulo derrotou o América e foi para 35. Ou seja a diferença entre os dois clubes era de apenas um ponto e adivinhem qual era o jogo que estava marcado para a última rodada. Exatamente, Palmeiras x São Paulo.

                Todos sabiam que seria um grande jogo, pois no primeiro turno quando se enfrentaram deu empate de zero a zero. E até aquele momento da competição, os dois times estavam invictos e a diferença entre eles era de apenas um ponto. O Palmeiras venceu 15 vezes e empatou 7, enquanto que o São Paulo venceu 14 vezes e empatou 8. Estava aí a diferença do um ponto. E tudo isso seria resolvido na última rodada, que aconteceu dia 3 de setembro de 1972 e tinha que ser aquele dia, pois sete dias depois já começava o Campeonato Brasileiro.

A GRANDE FINAL

               Assim como aconteceu no ano anterior, Palmeiras e São Paulo fizeram mais uma final do Campeonato Paulista. Naquela temporada de 1971, o campeonato era por pontos corridos, mas como os dois rivais empataram em números de pontos, a regra dizia que haveria um jogo de desempate. Realizado no dia 27 de junho de 1971, no estádio do Morumbi, o tricolor venceu por 1 a 0 se sagrou campeão Paulista. Esta foi a motivação que os jogadores do Palmeiras entraram em campo naquele dia 3 de setembro.

               Palmeiras e São Paulo protagonizaram uma das edições mais trepidantes de todos os tempos no Campeonato Paulista, com direito a jogo decisivo na última rodada. São-paulinos e palmeirenses, que haviam empatado sem gols no confronto do primeiro turno, chegaram até a última rodada para definir o título dentro do Pacaembu, que foi a escolha do Palmeiras contra a vontade do São Paulo, que queria a final no Morumbi. A vantagem do empate no jogo era do clube verde. Em campo na decisão, se não bastasse o título e a invencibilidade em disputa, havia outro ingrediente especial entre as equipes que já tinham decidido o título de 1971. O São Paulo ainda brigava pelo primeiro tricampeonato de sua história e o Palmeiras queria impedir a façanha são-paulina mais uma vez, como já havia sido em 1947 e 1950.

               Chegava então o dia 3 de setembro de 1972. O palco era o velho Pacaembu, o árbitro o experiente Oscar Scolfaro. Para este jogo o técnico Osvaldo Brandão do Palmeiras mandou a campo os seguintes jogadores; Leão, Eurico, Luís Pereira, Alfredo Mostarda e Zeca; Dudu (Madurga) e Ademir da Guia; Edu Bala (Fedato), Leivinha, César Maluco, Nei. Do outro lado, o técnico Alfredo Ramos do São Paulo escalou a seguinte equipe; Sérgio, Forlan, Samuel, Arlindo e Gilberto; Édson e Pedro Rocha; Paulo, Terto, Toninho Guerreiro (Zé Carlos) e Paraná (Wilton).

               O jogo foi muito equilibrado e com isto o placar permaneceu do mesmo jeito que começou a partida, ou seja, zero a zero. Com este empate o Palmeiras conquistava mais um título paulista e mais uma vez impedia que o São Paulo conquistasse o tricampeonato. O empate sem gols no segundo confronto entre Palmeiras e São Paulo no Paulista de 72, a despeito do 0 a 0, teve fortes emoções dentro de campo. O São Paulo por exemplo teve uma grande chance no último minuto, com o Terto, mas acabou desperdiçando. Dentro de campo jogadores extraordinários de lado a lado.

               Os palmeirenses eram representados por Emerson Leão, Luís Pereira, Dudu, Ademir da Guia, Edu Bala, Leivinha e César Maluco. Do outro, Pablo Forlan, Gilberto Sorriso, Pedro Rocha, Toninho Guerreiro, Paulo e Terto. No banco do Palmeiras, outra estrela contemporânea: Osvaldo Brandão, campeão com o São Paulo da edição de 1971, e que acabou levando o bicampeonato com o Palmeiras. O único, aliás, a vencer o estadual com todos os integrantes do chamado trio de ferro, formado ainda pelo Corinthians.

               Brandão então deu o primeiro grande título para a equipe que ficou conhecida como a “segunda academia” do Palmeiras e que ainda conquistou o Campeonato Brasileiro em 1972 e 73. Mas a decisão paulista, especialmente naquela época, entrou para a história. o Palmeiras chegou invicto até este jogo do campeonato e necessitava apenas de um empate contra o São Paulo para alcançar a titulo da temporada. Dessa forma, com o resultado acima, a Palmeiras foi proclamado campeão invicto paulista da Divisão Especial de Futebol Profissional de 1972.

DEPOIMENTOS

               Considerado o principal campeonato estadual do país, o Paulistão sempre foi muito desejado pelos times de São Paulo, tanto que o meia-atacante Leivinha valorizou, e muito, o seu primeiro título na carreira. “Eu cheguei no Palmeiras em 1971 e antes, na Portuguesa, fiquei quatro anos e meio e não venci nenhum campeonato. Naquela época era mais difícil de vencer o estadual porque os times do interior eram muito melhor do que hoje. Atualmente esse clubes são administrados por empresários que não respeitam a sua história”, disse o antigo camisa 8, autor de 104 pelo time de Palestra Itália.

               Ciente da importância que o técnico Oswaldo Brandão teve na história do Palmeiras, já que era ele o treinador nas conquistas de 1972, Leivinha elogiou a qualidade do ex-comandante, falecido em 1989. “Ele era experiente e acostumado a conquistar títulos, tanto que venceu o Paulistão de 1954 com o Corinthians e depois os tirou da fila, em 1977. Ele já estava no meio há um bom tempo e acrescentou muito naquele time. Bom, sou suspeito para falar dele porque o Oswaldo foi meu padrinho de casamento.”

               “Aquele foi um campeonato parelho demais e a decisão foi uma coisa muito bonita. Terminar invicto, apesar de não ter ganhado o título, foi legal. Foi uma grande campanha são-paulina”, recorda o uruguaio Pablo Forlán, lateral-direito do São Paulo daquela época.

               E para encerrar, Leivinha contou: “a data do meu casamento foi marcada com antecedência, mas teve alguns problemas no torneio que os jogos foram sendo adiados, até que a final foi marcada para um dia depois do meu casamento. Eu fiquei um pouco para a festa, mas logo voltei para a concentração. Eu casei e fui dormir com o Luis Pereira”, contou aos risos.

PALMEIRAS CAMPEÃO PAULISTA DE 1972      –      Em pé: Eurico, Leão, Dudu, Luiz Pereira, Alfredo e Zéca      –      Agachados: Edu, Leivinha, César, Ademir da Guia e Nei

Deixe uma resposta