SILAS: campeão paulista pela Inter de Limeira em 1986

                  Silas Carrere nasceu em Ourinhos e foi lá que ele começou a jogar futebol, no time “Vila da Barra Funda”. Também atuou no Milan, da Vila Margarida, antes de defender o União Bandeirantes (PR), clube que defendeu de 1975 até 1979, nesse período esteve emprestado ao Matsubara, da cidade de Cambará (PR), onde sagrou-se campeão. Em 1980 foi contratado pelo Marília, onde jogou até 1982. Sua passagem pelo Marília foi marcada pelas excelentes apresentações que o levaram a ser contratado pelo Santos Futebol Clube. Silas escreveu o seu nome na história do glorioso MAC como um dos melhores goleiros que já vestiram a camisa alviceleste.

                 Em 1983 foi jogar no Peixe, onde ficou três anos e nesse período sagrou-se campeão paulista em 1984. Silas ficou na Vila até 1986, quando veio jogar na Internacional de Limeira, onde viveu o melhor momento de sua carreira com a conquista do título estadual. Silas era o goleiro do time comandado por Pepe que tinha ainda: João Luiz, Bolívar, Juarez, Pecos, Manguinha, Gilberto Costa, João Batista, Tato, Kita e Lê.

SANTOS F.C.

                 Silas chegou na Vila Belmiro em 1983, quando o titular da equipe praiana era o goleiro Marola, com quem dividiu a posição naquele ano. Neste ano o Peixe fez uma campanha razoável no Paulistão. O único ponto positivo foi que Serginho Chulapa foi o artilheiro com 20 gols. Vale lembrar que neste campeonato tivemos um fato curioso, que ocorreu dia 9 de outubro, quando jogavam Santos x Palmeiras. O atacante palmeirense Jorginho chutou a bola e esta iria pela linda de fundo, no entanto, a bola bateu no pé do árbitro da partida, Sr. José de Assis Aragão que estava junto a trave da meta santista, fazendo com ela desviasse e fosse para dentro da meta santista. Os jogadores do Santos reclamaram, mas como o juiz é neutro, o gol foi validado e a partir daquele dia, Aragão passou a ser chamado de “árbitro artilheiro”. Com este gol o Palmeiras empatou a partida que terminou em 2 a 2.

                 Em 1984 o Santos contratou o grande goleiro uruguaio Rodolfo Rodrigues e com isto, Silas foi para o banco de reservas, tendo pouquíssimas oportunidades como titular . Neste ano o Peixe sagrou-se campeão ao derrotar o Corinthians por 1 a 0 na final do Campeonato Paulista. No ano seguinte Silas jogou várias partidas, como aquela do dia 10 de fevereiro, quando o Peixe foi derrotado pelo Corinthians por 1 a 0, gol de Dunga aos 39 minutos do primeiro tempo. O jogo foi válido pelo Campeonato Brasileiro e foi disputado no estádio do Morumbi.

                 Neste dia o técnico Castilho, o mesmo que defendeu nossa seleção na Copa do Mundo de 1954, mandou a campo os seguintes jogadores; Silas, Chiquinho, Davi, Toninho Carlos e Jaime Bôni; Dema, Gilberto Costa e Lino; Humberto, Lima e Zé Sérgio. Neste ano o Santos ficou em 6º lugar. Durante os dois anos que defendeu a meta santista, Silas disputou 17 partidas. No Peixe, Silas não conseguiu se firmar como titular. Chegou a disputar posição com Marolla e Ademir Maria. Com a chegada do uruguaio Rodolfo Rodriguez, em 83, ficou praticamente impossível ficar com a camisa 1 do alvinegro da Vila mais famosa do mundo.

INTER DE LIMEIRA  

                Em 1986, a Internacional de Limeira montou um grande time e para que isto aconteça, tem que ter um grande goleiro. E foi justamente isso que o Leão da Paulista fez, contratou o goleiro Silas. Começa o Campeonato e Paulista e logo de cara uma derrota por 3 a 1 para a Sociedade Esportiva Palmeiras. Mesmo assim a Inter de Limeira ficou acima de times tradicionais como São Paulo, Ponte Preta e Guarani. Mas no segundo turno, a história do Campeonato Paulista começou a mudar para sempre. Faltando apenas duas rodadas para terminar o segundo turno, a Internacional já havia assegurado o primeiro lugar assim como na classificação geral (turno e returno).

               Na semifinal enfrentou o Santos F.C. No primeiro jogo na Vila Belmiro, o duelo de campeões dos dois turnos foi favorável ao time de Limeira. Um grande jogo e 2 x 0 na casa do Santos. No segundo jogo com o Limeirão lotado, nova vitória da Inter, agora por 2 x 1 e  classificação para a inédita final, que seria contra o vencedor da outra chave. E o outro classificado era o Palmeiras. Obviamente, o alviverde era o favorito diante da Inter, até porque jamais um time do interior havia ganho um Paulistão, e mais ainda quando as duas finais foram marcadas para o Morumbi (sob a alegação que o estádio do Limeirão não tinha condições para uma final).

               O primeiro jogo aconteceu dia 31 de agosto, um domingo de muito frio na capital paulista. O que se viu lá no Morumbi foi mais de 100.000 palmeirenses empurrando o time de Carbone contra o pequeno time do interior, mas o jogo terminou empatado em 0 a 0. Veio então a segunda partida, aquele que iria decidir o grande campeão paulista de 1986. o time da Inter que era comandada pelo “Seo” Macia, o popular Pepe, jogou neste dia com; Silas, João Luís, Juarez, Bolívar e Pecos; Manguinha, Gilberto Costa e João Batista (Alves); Tato, Kita e . A arrecadação foi de Cz$ 2.443.610,00 para um público pagante de 68.564 pessoas.

               Logo aos 5 minutos, em um cruzamento, o artilheiro Kita emendou um sem-pulo e o goleiro palmeirense Martorelli (que desbancou o titular Leão) não alcançou. Inter de Limeira 1 x 0 para o espanto dos milhares de palmeirenses presentes ao Morumbi. O baque foi grande. Quatro minutos depois, numa bobeada monstro, o zagueiro Denys, recuou mal uma bola para Martorelli, o ponteiro direito Tato como um tubarão, se aproveitou e pegou a bola mal atrasada, driblou Martorelli e tocou no fundo da rede. Inter 2 x 0 e o desespero tomou conta do time alviverde.

               O Palmeiras conseguiu diminuir através do zagueiro Amarildo e depois tentou empatar para levar o jogo para a prorrogação, alimentando assim uma esperança ao torcedor palmeirense, que naquele momento não estava acreditando naquilo que estava vendo. Mas a experiência de Gilberto Costa, João Batista e Silas foi decisiva para manter o placar favorável. Dulcídio Vanderlei Boschilla apita, é fim de jogo. E um tabu de 84 anos se quebra. Finalmente um time do interior paulista é campeão com todo o merecimento.

               Outro momento de glória do goleiro Silas com a camisa do Leão da Paulista, foi no ano de 1988, quando a Inter sagrou-se campeã do Campeonato Brasileiro da Série B, a segunda divisão do futebol brasileiro, que naquele ano foi disputado por 24 clubes. Naquela edição os jogos eram decididos nos pênaltis, vitória nos pênaltis valia dois pontos, derrota nos pênaltis valia um ponto e a vitória no tempo normal valia três pontos. Dentro de cada chave, as equipes iriam fazer duas partidas entre si, uma em seus domínios e a outra na casa do adversário.

               A Internacional fez sua estreia no dia 9 de outubro de 1988, vencendo o Grêmio Maringa por 2 a 0, mesmo jogando na casa do adversário. Depois de muitos jogos, a Inter conseguiu se classificar entre os dois primeiros da sua chave, sendo que o outro clube foi o Operário do Mato Grosso. Depois de vários jogos a Internacional estava classificada para o quadrangular final. Seria turno e returno e ao final, os dois clubes com maior número de pontos, iriam fazer a grande decisão, sendo que o mando de campo seria aquele que tivesse mais pontos.

               A grande final foi entre Internacional de Limeira e Náutico do Recife. Este jogo aconteceu dia 11 de fevereiro de 1989 e o palco foi o estádio Major José Levy Sobrinho, o Limeirão, que neste dia recebeu um público de 7.554 pessoas. O árbitro da partida foi o carioca Wilson Carlos dos Santos. Neste dia o técnico da Inter, Seo Macia, o popular Pepe, mandou a campo os seguintes jogadores; Silas, China, Edvaldo, Alves e Pecos; Manguinha, Gustavo e Machado; Gil (Silvinho), Jefferson (Amarildo) e Paulo Mattos.  A Internacional venceu por 2 a 1, gols de Machado e Silvinho.

               A Internacional disputou 29 jogos. Foram 16 vitórias, 10 empates e apenas 3 derrotas. Marcou 46 gols e sofreu 25, portanto, um saldo positivo de 21 gols. Vale lembrar que grande parte desse sucesso se deve ao técnico Levir Culpi, que iniciou todo o projeto. Mas na final quem festejou o acesso foi o senhor José Macia, o Pepe, o mesmo que já havia conquistado o título paulista de 1986. Dos 29 jogos que a Inter disputou, o goleiro Silas jogou 26.

FINAL DE CARREIRA

               Depois que deixou a Internacional, Silas passou por vários clubes. Em 1991 por exemplo, jogou em dois clubes. O primeiro foi o Guarani de Campinas, mas lá também encontrou outro grande goleiro, com quem teve que dividir a meta bugrina, que era o goleiro Carlos, que na década de 70 fez grande sucesso na arqui-rival Ponte Preta e depois jogou no Corinthians na década de 80 e na Seleção Brasileira, onde disputou a Copa do Mundo de 1986.

               Dia 12 de maio de 2010, tivemos o V Campeonato de Futebol Master (Troféu Silas Carrere). O ex-goleiro fez questão de comparecer à decisão e demonstrou grande simpatia e simplicidade, Silas cativou todos os atletas, torcedores e convidados, mostrando-se muito satisfeito com a homenagem. Recebeu uma placa e a camisa atual da Internacional, das mãos do presidente do Sinecol Paulo Cesar da Silva e do representante da Fecomerciários, Aparecido de Jesus Bruzarrosco. Por tudo que Silas fez pela Internacional de Limeira, conquistando os dois principais títulos de sua história, só nos resta agradecer e desejar-lhe felicidades em sua nova jornada.

Em pé: Rodolfo Rodrigues, Silas, Gilberto, Márcio, Toninho Carlos, Chiquinho, Humberto, Dema e Zé Sérgio    –     Agachados: Davi, Gersinho, Lino, Paulo Isidoro e Serginho Chulapa
Em pé: Silas, João Luiz, Bolivar, Juarez, Manguinha, Pecos e Kita     –   Agachados: Tato, Gilberto Costa, João Batista e Gilson Gênio
Em pé: Silas, João Batista, João Luis, Manguinha, Pécos e Alves     –       Agachados: Tato, Eduardo, Paulo César, Carlos Silva e Bolivar
Em pé: Silas, Bolivar, Pécos, João Luis, Manguinha e Juarez    –    Agachados: Tato, Gilberto Costa, Lê, Kita e João Batista
Em pé: Silas, Pécos, Juarez, Manguinha, Bolivar e João Luis    –   Agachados: Tato, Gilberto Costa, Kita, João Batista e Gilson Gênio
Em Pé: Alves, China, Gerson, Edvaldo, Paulo Mendes e Silas   –   Agachados: Sidney, Machado, Ronaldo Marques, Mendonça e Paulo Mattos
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