Valtencir Pereira Senra nasceu na cidade de Juiz de Fora (MG), no dia 11 de novembro de 1946. Enquanto o Bangu dominava os diários esportivos com o grande triunfo sobre o Flamengo em 1966, o jovem Valtencir sonhava com dias melhores.
E por falar em título, com a conquista do campeonato juvenil de 1966 pelo Botafogo, Valtencir foi ganhando espaço, tanto no conceito do técnico Zagallo como nos treinamentos do time principal.
Com Rildo praticamente de malas prontas para jogar pelo Santos, a temporada de 1967 reservava um futuro promissor. O lateral esquerdo começou sua trajetória nas categorias amadoras do Botafogo de Futebol e Regatas. Sua primeira participação no elenco de profissionais aconteceu em 1967, durante o Torneio Roberto Gomes Pedrosa, o popular “Robertão”.
Pé quente, Valtencir conquistou títulos importantes: bicampeonato da Taça Guanabara 1967 e 1968, bicampeonato carioca 1967 e 1968, além da Taça Brasil, também em 1968. Ainda em 1968, Valtencir fez parte do combinado carioca (com predominância de jogadores do Botafogo) que representou o Brasil contra a Argentina, partida realizada no dia 7 de agosto, no Maracanã.
Com o comando do técnico Zagallo, a “Selefogo” goleou por 4×1, inclusive com Valtencir inaugurando o marcador no início do primeiro tempo. Outro bom momento de sua permanência em General Severiano aconteceu na disputa dos Campeonatos Brasileiros de 1971 e 1972, quando o Botafogo esteve bem próximo de conquistar o título nacional.
Com o passar do tempo, Valtencir também foi aproveitado como zagueiro, principalmente depois da efetivação de Marinho Chagas em 1972. Em 1976, com os trinta anos batendo na porta, Valtencir teve uma rápida passagem pelo futebol venezuelano. Em seguida foi transferido para o Colorado Esporte Clube (PR).
Pelo Botafogo, entre os anos de 1967 e 1976, Valtencir disputou um total de 453 partidas, o que o coloca como o terceiro jogador que mais atuou pelo clube, perdendo apenas para os lendários Nílton Santos e Garrincha.
Valtencir se adaptou muito bem no Paraná. Com sua experiência, o lateral era um dos destaques do time e vivia um momento muito especial em sua carreira. Em 17 de setembro de 1978, no Estádio Willie Davids em Maringá (PR), Valtencir foi atingido pelo joelho do meio campista Nivaldo do Grêmio Maringá. O lance aconteceu aos 43 minutos do primeiro tempo.
Logo, os companheiros notaram que Valtencir estava desacordado. Ao cair no gramado, Valtencir sofreu uma ruptura da coluna cervical e faleceu pouco tempo depois, quando ainda era socorrido pela equipe do Doutor Carlos Eduardo Sabóia.
Antes do início da segunda etapa, os rumores de sua morte já circulavam no estádio, o que causou desespero entre os presentes, que procuravam reanimar o jogador Nivaldo.
Em entrevista publicada pela revista Placar em 22 de agosto de 1980, Nivaldo lembrou dos momentos difíceis que viveu:
– Fui na bola sabendo que chegaria antes… O choque pareceu inevitável… Ainda tentei saltar por cima, mas não senti parte alguma de meu corpo tocar no Valtencir!
Ainda mergulhado no clima da tragédia, Nivaldo também foi internado em estado de choque, no mesmo Hospital da cidade de Maringá. Recuperado, Nivaldo pensou em largar o futebol. Voltou aos gramados somente no mês de outubro, quando aos poucos foi superando o trauma para continuar sua carreira. Posteriormente seu passe foi negociado com o Clube Atlético Paranaense.
Valtencir faleceu tragicamente em 17 de setembro de 1978.
