SÉRGIO: bicampeão paulista pelo São Paulo F.C. – 1970 / 71

                   Sérgio Wagner Valentim nasceu dia 22 de maio de 1945, na cidade de Chavantes – SP. Chegou a ser chamado de São Sérgio quando jogava como goleiro e fazia defesas milagrosas. Jogou no São Paulo, no Corinthians, no Coritiba e ainda em outros clubes. Foi bicampeão paulista pelo São Paulo em 1970 e 1971, quando o Tricolor montou um grande time, onde tinha Gerson, Pedro Rocha, Toninho Guerreiro, Forlan e outros que tiraram o time do Morumbi de um jejum de 13 anos. Depois jogou no Corinthians, onde ficou por pouco tempo, atuando em 61 partidas e depois jogou ainda no Coritiba e no Taubaté, onde encerrou sua brilhante carreira.

                   Depois que parou de jogar bola passou a viver em São José dos Campos, onde chegou a ser Vereador. Também foi dono de uma loja de auto-peças, mas depois acabou optando por alugar o estabelecimento. Foi sem dúvida, um goleiro que marcou época no São Paulo, pois foi peça fundamental na conquista do  bicampeonato paulista  no início da  década de 70, onde se destacou por fazer defesas impossíveis, a ponto de ser chamado pelos torcedores são-paulinos de são Sérgio.

SÃO PAULO F.C.

                  Sérgio Valentim começou sua carreira no Esporte Clube São José, da cidade de São José dos Campos, o mesmo clube em que o goleiro Emerson Leão também começou sua carreira. Naquela época já fazia defesas consideradas impossíveis, o que chamou a atenção dos grandes clubes da capital paulista. O São Paulo foi mais rápido e o contratou em 1966. Assinou contrato com o Tricolor em 1 de agosto de 1966. Na época o goleiro titular era Picasso que vestiu a camisa número 1 do Tricolor de 1967 até 1970. Com a saída de Picasso, Sérgio tornou-se o goleiro titular e já no primeiro ano sagrou-se campeão paulista, um título que não vinha desde 1957, quando o São Paulo venceu o Corinthians por 3 a 1 no dia 29 de dezembro de 1957.

                  Por que o São Paulo ficou tantos anos sem conquistar um título? A resposta que os próprios jogadores daquela época dão é a seguinte; O São Paulo estava construindo o estádio do Morumbi e pouco ligava para os jogadores. Picasso, Jurandir, Roberto Dias, Paraná, Suly e outros jogadores, levavam o time nas costas. O resto do time era até engraçado. A cada jogo aparecia um cara contratado a preço de banana. O torcedor não aguentava mais, e nem os jogadores. Foram muitos anos de dificuldades, com um time sem ataque e sem reservas. Jogador titular não tinha direito a folga. A família ficava sempre em segundo plano.

                  Em 1970, finalmente o Tricolor quebrou o jejum e sua torcida finalmente soltou o grito de “É Campeão”. Com a contratação do meia Gerson e do centroavante Toninho Guerreiro, o time ficou fortalecido e voltou a lutar pelo título paulista novamente. Sérgio já era o titular e Picasso era seu reserva. Os jogadores lembram muito bem daqueles anos de jejum, o São Paulo entrava em campo, digamos, sem pretensão de conquistas. O time era modesto, sem estrelas, e cabia a Roberto Dias os poucos momentos de alegria da torcida.

                  E dessa forma, o São Paulo atravessou uma década inteira até chegar o ano de 1970. Naquele ano, o São Paulo formou uma de suas melhores equipes da sua história. A equipe era formada por; Sérgio, Forlan, Jurandir, Dias e Gilberto; Edson e Gerson; Paulo, Terto, Toninho Guerreiro e Paraná. A festa pela conquista do título paulista foi no estádio Brinco de Ouro da Princesa, em Campinas.  Eram 23 horas do dia 9 de setembro de 1970, quando o São Paulo tornava-se Campeão Paulista ao derrotar o Guarani por 2 a 1, gols de Toninho Guerreiro aos 27 e Paulo aos 34, ambos no primeiro tempo.

                  Vagner marcou o gol de honra do Guarani aos 22 do segundo tempo. Gerson não pode jogar, mas ficou torcendo do lado de fora apoiado em sua bengala, a qual jogou para o alto assim que o árbitro Armando Marques apitou o final do jogo. O São Paulo fez uma campanha espetacular, ou seja, disputou 18 partidas, venceu 12, empatou 3 e perdeu somente 3 vezes. Marcou 29 gols e sofreu 15. Este foi o 9º título estadual do São Paulo F. C.

                  No ano seguinte o destino foi camarada para Sérgio, Forlan, Jurandir, Arlindo, Gilberto, Terto e Paraná. Foram justamente esses jogadores que mais brilharam na partida final. Ninguém pode negar que Terto era um batalhador. Paraná, um dos maiores catimbeiros do nosso futebol. Sérgio, o goleiro de defesas tranquilas, que até dava impressão de falso nervosismo. São Paulo e Palmeiras disputaram o título do começo ao fim do campeonato, tanto é que na última rodada os dois clubes tinham 33 pontos ganhos.

                  O Palmeiras vinha de uma goleada sobre o São Bento de Sorocaba por 7 a 0, enquanto que o São Paulo também vinha de uma vitória importante, ou seja, derrotou a Portuguesa de Desportos por 4 a 1. A tabela marcava para o dia 27 de junho de 1971, o último jogo do campeonato e por ironia do destino o jogo era entre São Paulo e Palmeiras. O tricolor jogava por um empate. O jogo foi no Estádio Cícero Pompeu de Toledo, o Morumbi. Neste dia o técnico Osvaldo Brandão mandou a campo os seguintes jogadores; Sérgio, Forlan, Jurandir, Arlindo e Gilberto; Edson, Gerson e Pedro Rocha; Terto, Toninho Guerreiro e Paraná. Do outro lado, o técnico Mário Travaglini escalou a seguinte equipe; Leão, Eurico, Luiz Pereira, Minuca e Dé; Dudu e Ademir da Guia; Edu, Leivinha, César e Pio (Fedato).

                  O jogo terminou com a vitoria do São Paulo por 1 a 0, gol de Toninho Guerreiro aos 5 minutos do primeiro tempo. O Palmeiras teve um gol de Leivinha de cabeça, mas foi anulado pelo árbitro Armando Marques alegando que foi com a mão.  Vale lembrar que neste campeonato de 1971, Santos e Corinthians terminaram a competição iguais em pontos (28), em número de vitória (10), em número de empates (8) e em número de derrotas (4), somente o saldo de gols que decidiu que o Corinthians ficasse em 3º lugar, pois o Corinthians marcou 29, enquanto que o Santos marcou 23.

                 Com a chegada do goleiro Waldir Perez, Sérgio foi perdendo a condição de titular da equipe. A despedida de Sérgio do Tricolor aconteceu dia 11 de janeiro de 1975, época em que o time era assim formado; Sérgio, Nelsinho, Paranhos, Arlindo e Gilberto; Chicão, Pedro Rocha e Muricy; Terto, Liminha e Zé Carlos. O técnico era José Poy. Com a camisa do São Paulo, Sergio disputou 203 partidas. Venceu 97, empatou 69 e perdeu 37. Sagrou-se campeão paulista em 1970 e 71.

CORINTHIANS

               Sérgio chegou ao Parque São Jorge em 1975 e sua estréia com a camisa do alvinegro aconteceu dia 2 de fevereiro, num jogo contra seu ex-clube, o São Paulo F. C. O jogo foi válido pelo Torneio Internacional, que além dos dois clubes paulistas, teve também a presença do Peñarol do Uruguai e do São Lorenzo da Argentina.  O jogo foi disputado no Estádio do Morumbi e quem vencesse seria o campeão do Torneio. Para essa partida o técnico corintiano Silvio Pirilo mandou a campo os seguintes jogadores; Sérgio, Zé Maria, Laércio, Ademir e Wladimir; Tião e Adãozinho (Pita); Vaguinho (Zezé), Lance, Zé Roberto e Daércio.

               No tempo normal o jogo terminou empatado em 2 a 2, gols de Vaguinho e Zezé para o Corinthians e Liminha e Zé Carlos para o São Paulo. O jogo precisava ter um vencedor para saber quem seria o grande campeão daquele Torneio, sendo assim, vieram as cobranças de pênaltis. Para o Corinthians converteram, Lance, Zé Roberto, Pita e Daércio. Para o Tricolor converteram; Pedro Rocha, Chicão e Forlan. Sendo assim, o Corinthians sagrou-se campeão ao vencer por 4 a 3 nos pênaltis.

               Dois meses depois, ou seja, dia 10 de abril de 1975, o Corinthians enfrentou a Portuguesa de Desportos num jogo amistoso realizado no Estádio do Pacaembu. Quando faltavam apenas 5 minutos para o término da partida, Sérgio fraturou o braço, indo Vaguinho para o gol corintiano. O jogo terminou com a vitória alvinegra por 2 a 0, dois gols do atacante César Maluco, que tanto sucesso fez no arqui-rival Palmeiras.  Com esta fratura, Sérgio ficou afastado da equipe por quatro meses, voltando a equipe somente no dia 7 de agosto.

               O jogo foi contra o Palmeiras pelo segundo turno do Campeonato Paulista. A partida terminou com a vitória corintiana por 2 a 1, dois gols de Adilson para o Corinthians e um gol de Fedato para o Palmeiras. Com a chegada do goleiro Tobias que foi contratado junto ao Guarani de Campinas, Sérgio foi perdendo a titularidade da equipe. Sua última partida com a camisa corintiana aconteceu dia 6 de novembro de 1975, quando o alvinegro enfrentou o Goiás pelo Campeonato Brasileiro.

               O jogo foi realizado no Estádio do Morumbi e o placar foi de 0 a 0. Neste dia o técnico corintiano Milton Buzetto mandou a campo os seguintes jogadores; Sérgio, Zé Maria, Darcy, Cláudio Marques e Wladimir; Ruço e Adãozinho; Vaguinho, Adilson, César (Geraldão) e Pita. Pelo Corinthians Sergio disputou 61 partidas. Venceu 25, empatou 19 e perdeu 17. Sofreu 43 gols.

FINAL DE CARREIRA

               Depois que deixou o Corinthians, Sérgio foi jogar no Coritiba. Mas não conseguiu repetir suas boas atuações que fez no São Paulo e no Corinthians, ficando por um bom tempo na reserva do goleiro Jairo, o mesmo que foi campeão paulista em 1979 pelo Corinthians. E finalmente jogou no Taubaté, onde encerrou sua brilhante carreira no começo dos anos 80. Hoje Sérgio vive em São José dos Campos, tem duas filhas, Adriana e Flávia e um neto, Sérgio Valentim Neto, que é modelo. Foi apelidado pela torcida são-paulina, de “são Sérgio” no Campeonato Paulista de 1970, pelas defesas difíceis que fazia.

Em pé: Adailton, Sérgio, Gilberto, Edson, Jurandir e Forlán   –    Agachados: Paulo, Terto, Pedro Rocha, Gérson e Paraná
Zé Maria, Sérgio, Darci, Zé Eduardo, Ruço e Wladimir   –    Agachados: Ivan, Genildo, Adilson, Tião e Cláudio Marques
Em pé: Gilberto, Sérgio, Roberto Dias, Edson, Jurandir e Forlan   –    Agachados: Paulo, Terto, Toninho Guerreiro, Gérson e Paraná
Em pé: Gilberto, Sérgio, Roberto Dias, Édson, Jurandir e Forlan   –    Agachados: Paulo, Terto, Pedro Rocha, Gérson e Paraná
Em pé: Gilberto, Sérgio, Paranhos, Arlindo, Edson e Forlan   –    Agachados: Terto, Zé Carlos, Toninho Guerreiro, Roberto Dias e Piau
Em pé: Gilberto, Sérgio, Dias, Samuel, Teodoro e Nelsinho Baptista    –   Agachados: Terto, Zé Carlos, Toninho Guerreiro, Pedro Rocha e Serginho Chulapa

 

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