EDER: campeão pelo Grêmio e pelo Atlético Mineiro

                    Éder Aleixo de Assis nasceu dia 25 de maio de 1957, na cidade de Vespasiano (MG). Atleticano declarado de coração, Éder ainda na infância, procurava imitar as jogadas de Buião, um grande jogador que passou pelo Galo. Desde criança, só se interessou pelo futebol. Seu pai, José Aleixo de Assis, que jogou de goleiro, levava-o para assistir a todos os seus jogos contra a vontade de sua mãe, D. Zilda Batista de Assis, que tentou por várias vezes impedir que Éder se envolvesse com o futebol. Quando percebeu que a única coisa que interessava ao seu filho era a bola, passou a ser sua maior incentivadora e fã.

                    Iniciou sua carreira no América Mineiro aos 14 anos de idade, destacando-se pelo seu forte chute de pé canhoto e pela habilidade de conseguir colocar a bola aonde quisesse. Fez sua estréia como profissional em 1976, numa partida em que o América enfrentou o Grêmio, então comandado por Telê Santana, que imediatamente pediu à diretoria do tricolor gaúcho que o contratasse o quanto antes.

GRÊMIO

                    Em 1977, pelo time gaúcho, Éder tornou-se uma grande ameaça aos goleiros do Internacional, o famoso time arqui-rival do Grêmio. Foi o jogador fundamental na conquista dos títulos estaduais de 1977 e 1979. Conquistou o sul e foi considerado o melhor de sua posição nesse período que passou no tricolor gaúcho. Éder, a essa altura, já era um grande destaque no futebol nacional. Cobiçado por vários clubes brasileiros e estrangeiros, foi o Galo Mineiro que o adquiriu em uma troca pelo meio campista Paulo Isidoro.

ATLÉTICO MINEIRO

                    Evidente, sua troca foi facilitada pelo fato de Éder ser atleticano apaixonado desde criança, que viria a se tornar o grande ídolo do clube anos depois.  Éder viveu no Atlético a fase mais bela e polêmica de sua carreira no futebol. Pouco motivado no Grêmio, conseguiu a inimaginável façanha de bater os sagrados Reinaldo e Cerezo na preferência da massa atleticana. Nesta mudança para Belo Horizonte, abandonou alguns vícios (deixou de fumar, por exemplo), adquiriu alguns hábitos saudáveis, passou a treinar mais e dedicou atenção especial ao desenvolvimento de seu chute.

                  Em consequência, começou a marcar gols olímpicos e suas cobranças de falta tornaram-se mortais. Só não conseguiu mudar o temperamento explosivo. Éder, bonito e namorador, chamava a atenção das mulheres e era visto com freqüência em bares noturnos e boates da capital mineira. Porém, soube dosar e amenizar sua imagem de vida boêmia com seu belíssimo desempenho em campo, sempre com jogadas espetaculares e gols incríveis. Logo no seu primeiro ano de Atlético, um título mineiro e uma final de Campeonato Brasileiro. A conquista nacional só não chegou por que o Flamengo, com uma formação recheada de craques, atravessou o caminho do time do técnico Procópio.

                 Mas aquele time de João Leite, Luisinho, Toninho Cerezo, Reinaldo e Éder ainda traria muitas alegrias à torcida atleticana. Éder foi fundamental para consagrar o Atlético pentacampeão mineiro no início dos anos 80, uma época de grandes glórias para o Galo Mineiro, onde junto com ele brilharam outros grandes jogadores. Nesse período, foi o jogador com o maior número de convocações para a Seleção Brasileira, treinada por Telê Santana, seu descobridor e fã, onde foi titular absoluto.

                  Em 1981, nos jogos preparatórios da Seleção, Éder foi um dos grandes destaques nas partidas contra Inglaterra, França e Alemanha. Em 82, no Mundial na Espanha, a tristeza da derrota para a Itália foi compensada pelo ego vaidoso do ídolo mulherengo que recebeu 16 mil cartas femininas. Recebeu, em 1983, o prêmio Bola de Prata no campeonato brasileiro pela revista Placar.

                   Seu futebol, cobiçado por clubes do mundo inteiro, foi alvo do Hajmn, um clube do Emirados Árabes Unidos, que ofereceu sete milhões de dólares pelo ponta-esquerda. Se aceita, seria a mais vultuosa transação de toda a história do futebol até o momento, depois da compra do argentino Maradona pelo Barcelona por oito milhões de dólares. O então Presidente do Atlético, Elias Kalil recusou a proposta com certa serenidade. Kalil agiu com o coração de torcedor e constatou que Éder era insubstituível, pois apesar de todo aquele dinheiro na mão, não conseguiria comprar nenhum jogador que chutasse como ele.

                   E assim repetiu o não para outros clubes internacionais que cobiçaram seu passe como; Roma e Milan da Itália, Barcelona e Atlético de Madrid, da Espanha e o  Sporting de Portugal.  Em suas três passagens pelo clube (1980 a 1985 – 1989 a 1990 – 1994 a 1995), o ex-ponta esquerda conquistou 6 títulos mineiros, em 1980, 1981, 1982, 1983, 1989 e 1995, além de ser um dos principais artilheiros marcando 122 gols em 368 partidas que disputou com a camisa do Atlético. Foi eleito para a seleção de todos os tempos do Atlético-MG, pela revista “Placar”

INDISCIPLINA

                    No início dos anos 80, Éder conseguiu suas glórias no futebol mas também viveu a fase mais nebulosa de sua vida do ponto de vista disciplinar. Era constantemente expulso de campo por atrito com os árbitros. Seu auge de indisciplina foi em 1981, quando respondeu a 13 processos – punido em todos – na justiça esportiva de Minas Gerais. Seu mau exemplo não foi motivo para ser afastado da Seleção, até que em abril de 1986, quando era um dos nomes confirmados para o Mundial no México, Éder agrediu gratuitamente um jogador peruano em São Luís, no Maranhão, onde realizavam um jogo amistoso. Éder agrediu com um soco no rosto o lateral Castro e foi expulso pelo árbitro Arnaldo César Coelho, aos 30 minutos do primeiro tempo.

                   Diante desta atitude do jogador, Telê, que defendia o fair play e já não estava muito satisfeito com o comportamento do jogador em treinos, jamais voltou a convocá-lo para o selecionado. Resumindo, Éder teve um saldo de 53 partidas e 9 gols pela seleção brasileira. Seu caráter agressivo fazia que cada vez mais os clubes nacionais e europeus perdessem o interesse em seu futebol. Éder sempre teve a fama de rebelde e estopim curto. No Grêmio em 77 rebelou-se contra o regime de concentração imposta aos jogadores solteiros por Telê Santana e fugiu da concentração. Não o bastante, antes de fugir defecou nos sapatos do técnico.

OUTROS  CLUBES

                   Saiu do Atlético em 1985 para vestir a camisa de vários outros clubes pelo país. Passou pela Internacional de Limeira-SP, que na época tinha o seguinte time; Marcos, Donizeti, Vilson, Bolívar e João Luiz; Gilberto Costa, Lê e João Batista; Tato, Marinho Rã e Éder. Em Limeira, chegou com status de salvador da pátria e logo se tornou o símbolo daquele time. Na Inter, ficou apenas durante o Campeonato Paulista. Jogou ainda no Palmeiras-SP, que por coincidência, decidiu o título paulista de 86 justamente contra a Inter, clube que ajudou a despontar para a elite do futebol na época. Mas naquela final, a sorte sorriu para o time do interior. Depois passou pelo Santos-SP, Sport-PE, Botafogo-RJ e Cerro Porteño, do Paraguai.

                   Retornou ao Galo no biênio 89/90. O Clube alvinegro pagou 58 milhões de cruzados pelo seu passe e ambos concordaram em um contrato por um ano. Saiu do Atlético logo em seguida, retornando a Belo Horizonte, em 1993, para ser campeão da Copa do Brasil pelo Cruzeiro. Voltou para o Atlético em 1994 para vencer seu último estadual pelo Galo em 1995, onde ao todo fez 368 partidas e 122 gols. Em 1996, reapareceu no União São João de Araras, onde encerrou sua carreira no ano seguinte aos 40 anos de idade. Após a aposentadoria, ele se tornou empresário, diretor de uma escolinha de futebol e passou a ser comentarista esportivo pela TV Globo de Belo Horizonte.

SELEÇÃO BRASILEIRA

                   As excelentes performances demonstradas no Galo logo despertaram os olhares do público brasileiro. Éder, então, passou a ser nome certo na Seleção Brasileira. A primeira oportunidade com a amarelinha foi dada pelo técnico Cláudio Coutinho, em 1979. O Brasil vinha de um terceiro lugar no Mundial da Argentina e precisava se manter no topo do futebol mundial. Convocado algumas vezes, só conquistou sua titularidade em 1981, já sob o comando de Telê Santana. O dono a posição era Zé Sérgio, habilidoso ponta-esquerda do São Paulo. Mas o jogador paulista, durante uma partida contra a Venezuela, em Caracas, pelas Eliminatórias da Copa, foi expulso.

                   Era a oportunidade que Éder tanto esperava. E ele soube muito bem aproveitá-la. Entrou contra a Bolívia e não saiu mais do time de Telê. Ao lado de incríveis jogadores, como Zico, Sócrates, Falcão e Júnior, entre outros, foi à Copa do Mundo da Espanha, em 1982. Na campanha brasileira, que encantou o Mundo com o futebol-arte, Éder não decepcionou e marcou dois gols. Um deles foi contra a União Soviética, o qual constantemente é listado como um dos mais fantásticos gols marcados em uma Copa. Depois que seu companheiro de time, Falcão, deixou a bola passar entre suas pernas, Éder ajeitou com seu pé esquerdo antes de estourar a bola na rede com o mesmo pé a uma distância de 25 metros. Dasaev, goleiro soviético – considerado o melhor goleiro do mundo – sequer se moveu.

                   Jogou 52 partidas (5 não oficiais) pela Seleção Brasileira e marcou 9 gols. Éder chegava a treinar mais de cem chutes a gol diariamente, o que acabou por lhe dar uma precisão imensa: comentava-se que conseguia por a bola onde quisesse. Éder foi o jogador brasileiro que mais recebia cartas em seu tempo. Cartas principalmente de mulheres, que chegavam em média 16 mil por mês.

1981 – Em pé: Waldir Peres; Edevaldo; Luizinho; Oscar; Toninho Cerezo e Júnior   –    Agachados: Paulo Isidoro; Sócrates; Reinaldo; Zico e Éder
Em pé: João Leite, Nelinho, Osmar Guarnelli, Luisinho, Cerezo e Jorge Valença   –    Agachados: Catatau, Heleno, Reinaldo, Renato Dramático e Éder
1983   –  Em pé: Gregório, Renato Queiroz, Fred, Dr. Ronaldo Carvalho, João Leite, Luizinho, Nelinho, Miranda, Toninho e Oliveira   –    Agachados: Valença Pereira, Catatau, Paulinho, Heleno, Reinaldo, Marcus Vinicius, Éder e Belmiro
Copa de 1982 – Em pé: Waldir Peres, Leandro, Oscar, Falcão, Luizinho e Júnior   –    Agachados: o massagista Nocaute Jack, Sócrates, Toninho Cerezo, Serginho Chulapa, Zico e Éder
Seleção do Grêmio de todos os tempos   –    Em pé: Arce, Lara, Airton, Calvet, Everaldo e Dinho   –    Agachados: Ronaldinho Gaúcho, Gessi, Renato Gaúcho, Alcindo e Éder. Técnico: Luiz Felipe Scolari
Seleção do Atlético Mineiro de todos os tempos   –   Em pé: Nelinho, João Leite, Luizinho, Vantuir, Cincunegui e Toninho Cerezo   –    Agachados: Oldair, Paulo Isidoro, Reinaldo, Dario e Éder. Técnico: Telê Santana
Em pé: Leão, Amarildo, Lino, Vágner Bacharel, Jorginho e Diogo   –    Agachados: Edu Manga, Mendonça, Mirandinha, Edu e Denys

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