MAURINHO: brlhou no Tricolor Carioca e no Tricolor Paulista

                 Mauro Raphael nasceu dia 6 de junho de 1933, na cidade de Araraquara – SP. No meio futebolístico ficou conhecido por Maurinho e jogou no São Paulo, no Fluminense do Rio de Janeiro, no Boca Juniors da Argentina e também defendeu nossa seleção na Copa de 1954, na Suíça, onde ficamos em 6º lugar. Suas principais características eram a velocidade, que valeu-lhe o apelido de “flecha” e a habilidade em fazer gols. Era um jogador de personalidade discreta e atuava na ponta direita, onde fez grandes partidas, mesmo enfrentando grandes marcadores da sua época.

                 Com apenas 16 para 17 anos, vivia em Araraquara, sua terra natal. Então, Amadeu Ceregatti um “olheiro”, que viajava muito naquela época por todo interior de São Paulo vendendo cerveja “Mossoró” produzida em Campinas, o levou para o Guarani, onde foi um sucesso e a primeira revelação do Guarani para o futebol brasileiro. Em Campinas, Maurinho ficou hospedado na casa de Amadeu, que cobriu todos os seus gastos.

SÃO PAULO F.C.

                Em 1953 foi vendido para o São Paulo Futebol Clube e na negociação vieram 3 jogadores para o Guarani: Dido, Augusto  e  Leopoldo.  Quando  chegou  no  São Paulo  o time era formado por; Poy, De Sordi, Mauro, Pé de Valsa e Alfredo; Bauer e Negri; Maurinho, Abella, Gino e Teixeirinha.  E  foi  com  este  time  que  o Tricolor sagrou-se Campeão Paulista de 1953. O time começou embalado no torneio e goleou o Comercial de Ribeirão Preto por 6×1. Depois continuou vencendo: 3xO  no  XV de Jaú, 4×1 no Nacional, entre outros sucessos.

                Uma derrota de 4×1 para o Linense não mudou muito os rumos da equipe que foi campeã, no dia 24 de janeiro de 1954, com uma vitória de 3×1 sobre o Santos, em plena Vila Belmiro, com dois gols de Abella e um de Maurinho. Foram 24 jogos, com apenas duas derrotas e seis pontos perdidos.  O ataque marcou 70 gols e sofreu 21. O grito de campeão só veio quatro anos depois, ou seja, em 1957.

                Com Zizinho comandando o time, ficou fácil para o São Paulo, que, em 18 jogos, só teve uma derrota (2×1 para o Botafogo de Ribeirão Preto). O time tinha sofrido várias modificações desde o início do campeonato. A rivalidade com o Corinthians se acirrou muito nesse campeonato. No primeiro turno, houve um empate de 1×1 e o ponta-direita Maurinho quebrou a perna do lateral-esquerdo Alfredo. Além disso, Luizinho “Pequeno Polegar” e Gino bateram boca. A coisa ficou tão feia entre os dois que, no dia seguinte, quando os dois se encontraram por acaso na rua, o corintiano Luizinho acertou uma tijolada no atacante tricolor.

                O Corinthians vinha fazendo uma campanha impecável, invicta, mas perdeu para o Santos por 1 a 0 na penúltima rodada, deixando o São Paulo encostar. Na última rodada, os dois se enfrentaram no dia 29 de Dezembro de 1957 no Estádio Municipal do Pacaembu. O Corinthians tinha a vantagem do empate e neste dia jogou com; Gilmar, Olavo e Oreco; Idário, Walmir e Benedito; Cláudio, Luizinho, Índio, Baltazar e Zague. O Tricolor jogou com; Poy, De Sordi e Mauro; Sarará, Riberto e Vitor; Maurinho, Amauri, Gino, Zizinho e Canhoteiro. O técnico era o húngaro Bella Guttman.

               O São Paulo começou melhor e fez logo 1×0, com Amauri, aos 17 minutos do primeiro tempo. E a zaga corintiana nem teve tempo para se recuperar quando Canhoteiro aumentou, dois minutos depois. Rafael diminuiu aos 21 minutos, aumentando o suspense no Pacaembu lotado. E foi aos 34 minutos do segundo tempo que começou a confusão. Maurinho é lançado em posição duvidosa e marca na saída de Gilmar. Enquanto os corintianos protestavam, Maurinho teve a má ideia de passar a mão no rosto de Gilmar, como provocação.

                Nem um pouco feliz com a situação, o goleiro perdeu a cabeça, perseguiu o ponta e iniciou-se uma verdadeira confusão. A torcida, enfurecida, atirava garrafas no gramado, em protesto. O jogo quase não termina. Pelo incidente, a partida passou para a história como a “Noite das Garrafadas”. Com a camisa do São Paulo, Maurinho disputou 343 partidas (203 vitórias, 76 empates, 64 derrotas) e 135 gols marcado.

SELEÇÃO BRASILEIRA

                 Devido as boas apresentações no Campeonato Paulista de 1953, Maurinho foi convocado para a Copa do Mundo da Suíça em 1954. O Brasil ficou no Grupo 1, onde estavam também, a França, a Iugoslávia e o México. O Brasil teve a honra de fazer a abertura do mundial. O jogo foi em Genebra contra o México. Neste dia a seleção brasileira fazia a estréia do seu novo uniforme; camisa amarela e calções azuis, tudo porque o anterior, com azul e branco “dera azar no desastre do Maracanã”. O vistoso uniforme permanece até hoje, com pequenas variantes, e começou brilhando na estréia do mundial de 54, com uma goleada sobre o México por 5 a 0, diante de 12.500 espectadores.

                O primeiro tempo terminou em 4 a 0, gols de Pinga (2), Didi e Baltazar e no segundo tempo o Brasil marcou mais um através de Julinho. Três dias depois o Brasil voltou a campo, desta vez para enfrentar a Iugoslávia e o resultado foi um empate de 1 a 1, sendo que o gol brasileiro foi anotado por Didi. Neste jogo foi uma confusão geral. O empate classificava as duas equipes, mas o juiz ordenou que houvesse uma prorrogação de 30 minutos, com os jogadores brasileiros se esforçando o máximo em busca da vitória. Os iugoslavos sabendo que o empate classificava as duas seleções pediam calma aos brasileiros, que sem entender o que eles diziam, continuavam correndo desesperadamente atrás da vitória.

                Ao terminar o jogo, os jogadores do Brasil saíram de campo tristes, achando que estavam eliminados da Copa. Somente nos vestiários é que foram informados que estavam classificados para as quartas-de-final. Brasil e França não se enfrentaram, pois o regulamento dizia que os dois cabeças de chave de cada grupo não precisavam se enfrentar. Sendo assim, o Brasil iria enfrentar a poderosa seleção húngara e isto aconteceu no dia 27 de junho. Finalmente começou o jogo e a fama da seleção húngara fazer 2 a 0 antes dos dez primeiros minutos se confirmou. A seleção brasileira conseguiu se recompor aos 18 minutos, quando o árbitro marcou um pênalti a seu favor. Djalma Santos, um dos jogadores mais tranquilos da nossa seleção cobrou e diminuiu o placar. Final do primeiro tempo.

                Aos 16 minutos do segundo tempo, foi a vez do Brasil cometer um pênalti através do zagueiro Pinheiro sobre o atacante Czibor. Os brasileiros protestaram e estabeleceu-se um grande tumulto. Acalmado os ânimos, Lantos cobrou a penalidade e fez 3 a 1 para a Hungria. Os brasileiros com 9 homens em campo, ainda fizeram o segundo gol por intermédio de Julinho, aos 20 minutos. Mas a Hungria fez o quarto gol minutos depois, acabando assim, com a esperança brasileira. Final de jogo, vitória da Hungria por 4 a 2 sobre o Brasil, e com isto, estávamos eliminados de mais uma Copa do Mundo. Esta foi a única partida que Maurinho jogou naquele mundial. Ao todo vestiu 14 vezes a camisa canarinho e marcou 4 gols. Só não teve mais chance na seleção porque enfrentou fortes concorrentes na posição, entre eles Julinho Botelho, Mané Garrincha e Cláudio.

FLUMINENSE

                 Em 1959 foi contratado junto ao Fluminense do Rio de Janeiro e já no primeiro ano no clube, sagrou-se campeão carioca. O treinador Zezé Moreira, o mesmo de 1951, montou sua equipe com grande conjunto e sofreu somente uma derrota nas 22 partidas que disputou.  Foi o torneio de menor público entre os anos de 51 e 65, motivado segundo comentários da época, pela transmissão de jogos pela televisão. Neste ano de 1959, tivemos algumas curiosidades, como por exemplo:

                 No Campeonato Carioca deste ano foi revelado pelo Flamengo mais um grande craque do futebol brasileiro, o canhotinha Gérson; o Botafogo vendia Didi ao Real Madrid e Almir ( o pernambuquinho ), começou a tornar-se um jogador polêmico ao quebrar a perna do lateral Hélio do América. E o  Fluminense, com um time sem jogadores de expressão tornou-se campeão carioca de 1959. Castilho, Jair Marinho, Pinheiro, Clovis e Altair; Edmilson e Waldo; Telê Santana, Paulinho, Maurinho e Escurinho.

                 Pelo Fluminense, Maurinho disputou 119 partidas e marcou 40 gols. Sagrou-se campeão carioca em 1959 e campeão do Torneio Rio-São Paulo em 1960.  Depois que deixou o Fluminense, foi jogar no Boca Junior da Argentina, onde sagrou-se campeão em 1962. O time daquele ano possuía vários jogadores brasileiros, como podemos observar; Roma, Rattin, Marzolini, Orlando Peçanha e Benitez; Carlos Rico e Dino Sani; Maurinho, Paulo Valentim, Grillo e Yudica.  Voltou ao Brasil em 1964, teve uma rápida passagem pelo Vasco da Gama e encerrou a carreira no Fluminense, onde conquistou seu último título em 1964.  Maurinho tinha apenas 31 anos quando pendurou as chuteiras. Mauro Raphael, o Maurinho, faleceu dia 28 de junho de 1995.

Seleção Paulista de 1955   –  Em pé: Djalma Santos, Alfredo Ramos, Roberto Belangero, Mauro Ramos de Oliveira, Gilmar e Bauer    –    Agachados: Maurinho, Ipojucan, Álvaro, Vasconcelos, Tite e o massagista Mário Américo
1953   –   Em pé: Alfredo, De Sordi, Pé de Valsa, Poy, Mauro, Bauer e o massagista Serrone    –    Agachados:  Maurinho, Marucci, Albeja, Nenê e Teixeirinha
Em pé: Bonelli, Alfredo Ramos, De Sordi, Victor, Turcão e Mauro     –    Agachados: Maurinho, Zézinho, Gino Orlando, Manéca e Canhoteiro
Em pé: Djalma Santos, Cabeção, Martim, Riberto, Waldemar Fiúme e Bauer    –    Agachados: Maurinho, Zezinho, Gino, Jair Rosa Pinto e Pepe
Copa de 1954   –   Em pé: Índio, Didi, Humberto Tozzi, Maurinho, Djalma Santos, Brandãozinho, Nilton Santos, Pinheiro, Julinho Botelho, Castilho e Bauer
Em pé: Clóvis, Jair Marinho, Edmilson, Altair, Castilho e Pinheiro   –    Agachados: Maurinho, Paulinho, Waldo, Telê Santana e Escurinho
Em pé: Alfredo Ramos, Turcão, Ponce de Leon, Poy, Bauer e Mauro Ramos de Oliveira     –    Agachados: Alcindo, Bibe, Durval, Rubens e Maurinho
Em pé: Alfredo, De Sordi, Pé de Valsa, Poy, Mauro Ramos de Oliveira, Bauer e o mordomo Serroni   –    Agachados: Maurinho, Albella, Gino, Negri e Teixeirinha
Em pé: De Sordi, Poy, Dino Sani, Riberto, Vitor e Mauro   –    Agachados: Maurinho, Lanzoninho, Gino, Zizinho e Canhoteiro
Boca Juniors da Argentina   –  Em pé: Rattin, Marzolini, Carlos Rico, Roma, Benitez e Orlando Peçanha   –     Agachados: Maurinho, Dino Sani, Paulo Valentim, Grillo e Yudica
Em pé: Alfredo Ramos, De Sordi, Poy, Pé de Valsa, Mauro, Bauer e o mordomo Serrone   –    Agachados: Maurinho, Albella, Gino, Negri e Teixeirinha

 

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