Desde que o Corinthians foi fundado, jamais havia conquistado o título da Libertadores da América, um título que vários clubes brasileiros já possuía, mas que a torcida corintiana ainda sonhava em conquistá-lo, pois a pressão dos torcedores adversários era muito grande. O clube já havia participado em várias edições, mas nunca obteve sucesso e aquilo já estava se tornando uma obsessão para o torcedor alvinegro. Até que chegou o ano de 2012, quando formou uma grande equipe, com jogadores experientes e que estavam acostumados a grandes decisões.
O Corinthians ficou no Grupo 6, juntamente com Cruz Azul (México), Nacional (Paraguai) e Táchira (Venezuela). A estreia da equipe corintiana aconteceu dia 15 de fevereiro de 2012, quando enfrentou o Táchira lá na Venezuela e o jogo terminou empatado em 1 a 1. Muitos torcedores gostaram do resultado, no entanto, outros já ficaram preocupados, devido ao trauma das outras edições. Mas veio a segunda partida no dia 7 de março no Pacaembu e também a primeira vitória diante do Nacional por 2 a 0. Depois para fechar o primeiro turno, mais um empate, agora diante do Cruz Azul fora de casa por 0 a 0. Nos jogos de volta o Corinthians venceu o Cruz Azul por 1 a 0, o Nacional por 3 a 1 e para fechar com chave de ouro esta primeira fase, no dia 18 de abril goleou o Táchira por 6 a 0. Com esta vitória e a classificação para a fase seguinte, a torcida começou a se animar e achar que dava para chegar a final e que este seria o grande ano do alvinegro de Parque São Jorge.
Veio então as oitavas de final e nesta fase era o sistema de mata- mata, ou seja, um jogo em casa e outro fora. O adversário do Corinthians foi o Emelec do Equador. Como o Corinthians se classificou em primeiro lugar na fase anterior, obteve o direito de fazer a segunda partida em casa. Sendo assim, o alvinegro foi até o Equador e no dia 2 de maio empatou em 0 a 0. A segunda partida foi realizada no Pacaembu no dia 9 de maio e o Corinthians venceu por 3 a 0. Com isto estava classificado para as quartas de final e o adversário seria um clube brasileiro, o Vasco da Gama, do Rio de Janeiro. Mais uma vez o Corinthians fez a segunda partida em casa.
O primeiro jogo foi no estádio de São Januário no dia 16 de maio e terminou empatado em 0 a 0, sendo assim, tudo ficaria para o dia 23 no Pacaembu. O Vasco tinha um bom time e veio com força total e segurou o zero a zero até os 42 minutos da etapa complementar, quando num escanteio, Paulinho de cabeça fez 1 a 0 e com isto o Corinthians classificou-se para a semi-final. Depois desse resultado, a torcida corintiana já estava mais que confiante, mas o próximo adversário seria o Santos F.C.
A primeira partida foi no dia 13 de junho lá na Vila Belmiro. O jogo foi tenso, mas o Corinthians venceu por 1 a 0, gol de Danilo. A segunda partida foi no dia 20 no estádio do Pacaembu. O Peixe saiu na frente através de Neymar. Mas com o incentivo da Fiel torcida, o Corinthians empatou com um gol de Emerson e assim terminou a partida, 1 a 1. Corinthians na final da Libertadores 2012. O torcedor alvinegro não se continha, pois era a primeira vez que o time chega a uma final. No entanto, a torcida estava muito preocupada, pois o adversário seria o terrível time argentino, o Boca Juniors, um dos maiores vencedores na história da Taça Libertadores da América.
Como o Corinthians fez a melhor campanha durante toda a competição, tinha o direito de fazer a final aqui no Brasil diante de sua imensa torcida. Chegava então o dia 27 de junho de 2012, dia em que o Corinthians iria enfrentar o Boca Juniors em plena Bombonera. Muitos torcedores corintianos viajaram para Buenos Aires, mas a torcida do Boca, inclusive Maradona, fazia muito barulho, empurrando o time e querendo a vitória a qualquer preço. Até que abriram o placar. Foi uma loucura no estádio. Mas aos 41 minutos da etapa final, Romarinho, um jovem recém chegado do Bragantino, empatou a partida e assim terminava aquela primeira decisão, 1 a 1.
O JOGO DO TÍTULO
Este jogo aconteceu dia 4 de julho de 2012, no velho Estádio Municipal do Pacaembu, onde a torcida corintiana considera como sua segunda casa. O árbitro da partida foi o colombiano Wilmar Roldan, o público foi de 37.959 pagantes, o que proporcionou uma arrecadação de R$ 2.580.912,50. Para esta partida o técnico Tite mandou a campo os seguintes jogadores; Cássio, Alessandro, Chicão, Leandro Castan e Fábio Santos; Ralf, Paulinho e Alex; Emerson e Jorge Henrique. Durante a partida entrou Douglas no lugar de Alex, Liedson no lugar de Emerson e Wallace no lugar de Jorge Henrique. Já o técnico Júlio César Falcioni escalou a seguinte equipe; Orión, Sosa, Schiavi, Caruzzo e Clemente Rodrigues; Somoza, Ledesma, Erviti e Riquelme; Mouche e Santiago Silva. Durante a partida o goleiro Orión contundiu-se e entrou em seu lugar Sosa Silva aos 32 minutos do primeiro tempo.
PRIMEIRO TEMPO
Logo aos 3 minutos de jogo, a primeira confusão. Mouche faz falta em Chicão e o zagueiro corintiano revida. Para segurar o jogo, o árbitro aplica cartão amarelo aos dois jogadores. A equipe argentina faz seu jogo de costume, trocando passes e com isso tem mais posse de bola nos primeiros quinze minutos. Aos 16 minutos, o goleiro argentino após um choque com seu próprio companheiro Somoza, cai no chão reclamando de fortes dores. É atendido e continua na partida. O jogo começa a ficar violento, principalmente por parte dos argentinos. De repente o goleiro Orión cai novamente e o goleiro reserva começa a fazer aquecimento, mas somente aos 32 minutos acontece a substituição, sai Orión e entra Sebastian Sosa Silva. Aos 43 minutos, Santiago Silva bota o braço no rosto de Leandro Castan e é advertido com o cartão amarelo. O árbitro dá 5 minutos de acréscimo, mas nada de importante acontece e assim termina a etapa inicial, Corinthians 0x0 Boca Juniors.
SEGUNDO TEMPO
As duas equipes retornam ao gramado sem nenhuma alteração. Se a partida terminasse empatada, teríamos prorrogação, coisa que o torcedor corintiano nem sonhava. Logo no início da segunda etapa, Cássio sai mal do gol e quase que Schiavi abre a contagem. O jogo começa a ficar violento e Schiavi dá uma entrada dura em Danilo e com isto recebe o cartão amarelo. Até que chega o momento da torcida corintiana explodir de alegria. Aos 8 minutos, Alex cobra falta pela esquerda, Jorge Henrique desvia e Danilo dá um lindo toque de calcanhar para Emerson. O Sheik domina e abre o placar no Pacaembu. Corinthians 1 a 0, festa na arquibancada. Logo em seguida, mais um cartão amarelo para os argentinos. Caruzzo entra duro em Emerson e o time do Boca começa a se desesperar com o resultado adverso, pois sabiam que precisavam virar o placar para conquistar o titulo. Com isto, o jogo fica mais pegado e Jorge Henrique faz falta dura em Riquelme e recebe cartão amarelo.
Depois do gol o Corinthians cresceu no jogo e passa a dominar o adversário. Cássio também parece mais seguro e passa tranquilidade a sua defesa e aos torcedores corintianos. Aos 18 minutos entra o atacante Dario Cvitanich no lugar de Pablo Ledesma, com isto o Boca vai todo ao ataque, pois só a vitória interessa naquele momento. A torcida corintiana começa a vibrar, pois Romarinho vai para o aquecimento. Leandro Castan recebe cartão amarelo após falta dura em Santiago. O jogo começa a ficar nervoso dos dois lados e Cássio continua pegando tudo lá trás.
De repente, num erro de saída de bola, o zagueirão Schiavi dá um passe curto e Emerson intercepta e sai em disparada. Caruzzo corre atrás, mas Emerson chega primeiro na entrada da grande área e na saída do goleiro, ele toca no canto esquerdo, fazendo 2 a 0. A Fiel torcida corintiana vai a loucura no Pacaembu e em todo o Brasil. Depois disso, o time corintiano passa a tocar a bola no meio de campo e a torcida grita “olé”. Emerson e Caruzzo batem boca e Emerson chega bem perto do argentino e mostra o rosto, como quem diz “bate se você for homem”. E a torcida na arquibancada é só alegria.
Faltando menos de cinco minutos para o término da partida, a torcida corintiana começa a gritar “é campeão”. O Pacaembu explode de alegria. Aos 43 o técnico Tite coloca Douglas no lugar de Alex e logo em seguida entra Liedson no lugar de Emerson Sheik e já nos acréscimos Wallace entra no lugar de Jorge Henrique. Romarinho que ficou um bom tempo no aquecimento, acabou não entrando. Aos 48 minutos, o árbitro ergue os braços e aponta o fim do jogo. Corinthians Campeão invicto da Taça Libertadores da América de 2012.
Os nomes dos jogadores do Corinthians daquela noite não vão constar em livros de História, mas estarão eternamente dentro dos corações e da memória de milhões de corintianos, que ensinarão aos filhos e netos quem foram eles, e o que foi o 4 de julho de 2012 para a nação corintiana. O dia da libertação. O dia da Libertadores.
A vitória por 2 a 0, na noite daquela quarta-feira, no Pacaembu, sobre o gigantesco Boca Juniors, de tradições e glórias mil, de seis títulos sul-americanos, torna ainda mais gigantesca a conquista inédita. E mais: de forma invicta, algo que só um time brasileiro havia conseguido, o Santos de Pelé, em 1963.
A taça da Libertadores, enfim, tem uma plaquinha do Corinthians. O triunfo final sobre os argentinos selou a campanha com identidade. De um time sem estrela, que não se assustou com placares adversos, rivais tradicionais ou craques do outro lado. Que não se pressionou por nada e encontrou o equilíbrio entre lutar a cada centímetro de grama pela Libertadores sem tratá-la como um campeonato do outro mundo.
Com a melhor defesa da competição (apenas 3 gols sofridos em 12 jogos) e também uma das menos vazadas desde 1960, a zaga corintiana tem o melhor desempenho de um finalista em mata-matas, apenas um gol sofrido em seis jogos (oitavas, quartas e semifinal). Corinthians é o primeiro invicto na final da Libertadores após 9 anos. Por tudo isso, este jogo passou para a história do futebol mundial.
