ATALIBA: bicampeão paulista pelo Corinthians – 1982 / 83

                Edson Ataliba Cândido nasceu dia 9 de julho de 1956, em São Paulo – SP. Ele foi carrasco e herói corintiano. Algoz do alvinegro nos tempos de Juventus, entre o final dos anos 70 e começo dos anos 80. Em 12 jogos defendendo a camisa do Juventus, marcou nove gols contra o Corinthians. Até que um dia o Corinthians o contratou. O folclórico Ataliba, foi importante coadjuvante no ótimo time corintiano bicampeão paulista em 1982 e 1983. Hoje, Tatá, como era chamado pelos seus antigos companheiros, mora em São Paulo (SP), revela jovens jogadores e ainda bate uma bolinha nos masters do Timão. Tentou entrar na política em 2008, mas não conseguiu se eleger vereador em São Paulo. Obteve menos de mil votos. Mas isto não fez com que os torcedores esqueçam do grande jogador que foi Ataliba.

CLUBE ATLÉTICO JUVENTUS

               Ataliba começou a carreira nos infantis do Corinthians, mas foi dispensado. Depois ingressou nas categorias de base de Moleque Travesso. “O treinador Clóvis Nori foi meu treinador na base do Juventus, onde jogava na meia direita. O Clóvis foi quem me ajudou a ir para a equipe profissional”, lembra Ataliba. Essa ascensão foi curiosa, como explica o próprio Ataliba.  “Os atacantes titulares se machucaram e o técnico do profissional na ocasião era o Brida, que me chamou para completar o time na ponta direita. Fiz a estréia diante do XV de Piracicaba num empate em 1 a 1 na Rua Javari. Marquei o gol do Juventus e não sai mais time”, recorda-se.

               Pelo time da Moóca, jogando ao lado de Luciano Coalhada, do meia César, Bizzi e companhia, Ataliba foi um tormento para o Corinthians. Em 12 partidas contra o alvinegro, o ponta-direita marcou nove gols. Um deles foi no dia 13 de maio de 1981, quando o Juventus perdeu para o Timão por 2 a 1, mas o seu gol não deixou de marcar. Naquele ano o Juventus tinha o seguinte time; Sérgio, Nelson, Cedenir, Leiz e Bizzi; Nedo, Gatãozinho e César; Ataliba, Geraldão e Wilsinho. O técnico era Candinho.  As boas atuações nos jogos contra o Corinthians chamaram a atenção dos dirigentes do time do Parque São Jorge. “Soube pelo Brida que o meu passe tinha sido vendido para o Corinthians. Foi uma alegria muito grande, principalmente porque eu e toda minha família sempre torcemos pelo Corinthians”, conta.

CORINTHIANS

               Contratado em 1982, o rápido e oportunista ponta-direita não decepcionou. Longe de ser craque, porém extremamente eficiente e aguerrido, Ataliba foi peça importante para o sucesso do time da Democracia Corintiana. “Nunca podemos nos esquecer de jogadores que eram fundamentais para aquele grupo, entre eles o Eduardo Amorim e o Ataliba”, diz Emerson Leão, goleiro no time alvinegro que conquistou o Paulistão de 1983. “O Leão foi um cara amigo. Muitos não o queriam no Corinthians. Mas eu sei que ele gostava de mim. Ficava um bom tempo treinando com ele no Parque São Jorge”, diz o ex-atacante. A estreia de Ataliba no time corintiano aconteceu dia 17 de julho de 1982, quando o Corinthians venceu o Comercial de Ribeirão Preto por 2 a 0, pelo Campeonato Paulista daquele ano. Os gols foram marcados por Magu e Zenon. Neste dia o Timão jogou com; Solito, Alfinete, Gomes, Daniel Gonzales e Wladimir; Biro Biro, Sócrates e Zenon; Ataliba, Casagrande e Magu. O técnico era Mário Travaglini.

CAMPEÃO PAULISTA DE 82

               No título estadual de 1982, o primeiro de Ataliba como jogador profissional, o Corinthians enfrentou o São Paulo, no Morumbi, na grande final. Ataliba não marcou, mas foi autor de uma jogada genial que resultou no gol de Casagrande, o terceiro do Corinthians na vitória por 3 a 1. Com um mágico drible, Ataliba fez dois são-paulinos trombarem e tocou para o novato Casagrande marcar o seu 28º gol no Paulistão. Este jogo aconteceu dia 12 de dezembro de 1982 e os gols foram anotados por Biro Biro aos 26, Dario Pereira aos 32, Biro Biro aos 37 e Casagrande aos 41 minutos, todos na segunda etapa. Com esta vitória o Corinthians conquistou seu décimo oitavo título estadual.

CAMPEÃO PAULISTA DE 83

               Depois de passar pelo Palmeiras na semi-final, mais uma vez Corinthians e São Paulo iriam decidir o título paulista. Era a melhor de quatro pontos. Na primeira partida que aconteceu dia 11 de dezembro, o Corinthians venceu por 1 a 0, gol Sócrates aos 33 minutos do primeiro tempo. Três dias depois, numa quarta feira a noite, aconteceu a segunda partida. Para o Timão bastava o empate. Neste dia o Corinthians jogou com; Leão, Alfinete, Mauro, Juninho e Wladimir; Paulinho, Biro Biro e Zenon; Eduardo, Sócrates e Casagrande. O técnico era Jorge Vieira, que deixou Ataliba no banco de reservas naquela noite de muita festa para a torcida corintiana. Sócrates abriu o placar aos 46 minutos do primeiro tempo e Marcão empatou aos 48 do segundo tempo.

DESPEDIDA

               A última partida de Ataliba com a camisa do alvinegro de Parque São Jorge, aconteceu dia 20 de junho de 1984, quando o Corinthians empatou com o Araçatuba em 0 a 0, num jogo amistoso realizado no estádio Adhemar de Barros, na cidade de Araçatuba. Neste dia o Corinthians jogou com; Solito, Ronaldo, Paulo, Juninho e Ailton; Biro Biro, Galo e Luiz Fernando; Ataliba, Dicão e Eduardo. O técnico era o interino Hélio Mafia, que na verdade era o preparador físico do time.

               Pelo Corinthians, onde atuou de 1982 a 1984, foram 136 jogos (67 vitórias, 45 empates, 24 derrotas), 25 gols marcados e os títulos do Paulistão de 82 e 83. “Até hoje sou reconhecido nas ruas como o Tatá do Timão. É uma honra”, fala o ex-ponta, que colecionou poucos desafetos na sua carreira. “Tive o problema com o Pinheirense (então zagueiro da Ferroviária). Ele era muito violento, ruim mesmo jogando. Quase ele foi eliminado do futebol por ter me dado um chute (em jogo realizado em Araraquara). Mas depois ficamos amigos. Outro que também eu não conseguia nem olhar na cara e se tornou um grande amigo foi o João Paulo, ponta-esquerda que jogou no Santos e depois foi para o Corinthians. E por coincidência tínhamos apartamento no mesmo prédio em Santos. Eu, no começo, entrava no elevador e fingia que não o conhecia. Depois fizemos uma boa amizade”, emenda.

SANTOS F.C.

               Em 1984, Ataliba recebeu proposta do arqui-rival Palmeiras. Não aceitou. “Foi algo muito polêmico na época. Chegaram a escrever que eu tinha falado que não queria jogar nos porcos (apelido do Palmeiras, à época pejorativo). Mas não foi bem assim”, explica. O ponta-direita preferiu assinar contrato com o Santos e deu sorte. Mesmo reserva do time santista, Ataliba comemorou o tricampeonato paulista, já que o Peixe, do técnico Castilho, levantou a taça naquele ano e por coincidência, foi contra o Corinthians. Este jogo aconteceu dia 2 de dezembro de 1984. Neste dia o Santos jogou com; Rodolfo Rodrigues, Chiquinho, Márcio, Toninho Carlos e Toninho Oliveira (Gilberto Sorriso); Dema, Paulo Isidoro e Humberto; Lima, Serginho Chulapa e Zé Sérgio (Mário Sérgio). O técnico era o saudoso goleiro Castilho. O Santos venceu por 1 a 0, gol de Sérginho Chulapa aos 27 minutos do segundo tempo.

FINAL DE CARREIRA

               Depois do Santos, Ataliba jogou em 1986 no Santa Cruz do Pernambuco e perambulou por times do nordeste e interior paulista. Bem humorado, Ataliba diz que foi um dos grandes atacantes do futebol brasileiro. “Sempre era o melhor em campo”, diz Ataliba, entre risos. Na final do Campeonato Paulista de 1982, Ataliba foi protagonista de uma jogada sensacional que até hoje é lembrada pelos corintianos e são-paulinos. O ponta arrancou pela meia-esquerda, driblou os tricolores Marinho Chagas e Éverton e rolou para Casagrande marcar o terceiro gol corintiano na partida. “Os dois trombaram com o meu drible”, fala o ex-atacante. O Corinthians venceu o São Paulo por 3 a 1, no Morumbi, e comemorou o título paulista daquele ano.

               Ficar perto da artilharia do Campeonato Paulista de 1979, pelo Juventus, e ter sido tricampeão estadual em 1982, 1983 (ambos pelo Corinthians) e 1984 (pelo Santos) são algumas das boas lembranças dos tempos de jogador. “Não é todo mundo que é tri paulista. Não é mesmo?”, indaga. Ataliba era gago e não foi devidamente instruído para a prática de exercício que visa melhorar a fluência da fala, terapia que controla de forma eficiente à gagueira. Por isso, muitos repórteres sabendo de seu problema, deixavam de entrevistá-lo.

Em pé: Solito, Ataliba, Sócrates, Casagrande, Zenon e Biro-Biro      –      Agachados: Mauro, Daniel González, Alfinete, Paulinho e Wladimir

 

Postado em A

Deixe uma resposta