TUPÃZINHO: campeão brasisleiro pelo Corinthians em 1990

                    Pedro Francisco Garcia nasceu dia 7 de julho de 1968, na cidade de Uchoa, estado de São Paulo. No meio futebolístico ficou conhecido como Tupãzinho, por ter vivido toda sua infância n cidade de Tupã (SP).  Ainda hoje o torcedor corintiano lembra muito bem dele, pois foi ele que marcou o gol que deu ao Timão o primeiro título de campeão brasileiro em 1990. Era chamado de “Talismã da Fiel’, pois sempre que entrava no time, a vitória acabava acontecendo.

                   Ele começou no São Bento (SP) e chegou no Parque São Jorge, por empréstimo, acompanhado pelo quarto-zagueiro Guinei, que fui mandado embora do Timão após as falhas contra o Boca Juniores, na Libertadores de 91. Apesar de não ter sido titular absoluto no Corinthians, Tupãzinho era considerado um jogador muito importante e geralmente brilhava quando entrava no segundo tempo. Mas o Corinthians é um assunto que não foge de Tupãzinho.

                   No clube, ele conheceu o lado bom de ser jogador. “É muita mordomia, né? A pessoa precisa ter uma cabeça boa porque depois acaba tudo. Não é fácil estar na mídia e de uma hora para outra não estar. De repente você está em outro mundo”, conta o atleta, hoje acostumado a treinar sem a presença constante de jornalistas e fotógrafos. Dos tempos de Timão, o meia guarda amizade com o goleiro Ronaldo, os zagueiros Marcelo Djian e Henrique e o atacante Fabinho. Todos fizeram parte do elenco campeão em 90. “A gente se fala sempre. Somos amigos”.

                  Depois do Corinthians, Tupãzinho virou um cigano da bola e conheceu de perto a crise que se instalou no futebol brasileiro. Levou calote em muitos clubes e viu os jovens valores ganharem a preferência na hora das contratações. “Hoje está difícil. Tem muitos empresários no meio e que colocam os meninos deles para jogar. Para quem está com um pouco mais de idade, como eu, complica”.

              O Fluminense foi o primeiro clube a lhe deixar na mão. “Joguei lá em 96 e fiquei cinco meses. Não recebi R$ 1,00. Entrei na Justiça e o caso está em Brasília”, afirma. A carreira ainda brilhou no América-MG, de 97 a 99. “Fui artilheiro da Série B do Campeonato Brasileiro e foi um momento muito bom”, diz. A partir daí, o interior paulista foi a morada do jogador, sempre apresentado como ex-atleta do Timão. Matonense, XV de Piracicaba e Jaboticabal até chegar ao futebol do Centro-Oeste, pelo União de Rondonópolis (MT) e Cene (MS). “O pessoal do Cene não queria me levar pois achava que eu ganhava muito por ter jogado no Corinthians. É brincadeira?

              Fiquei cinco meses muito bons lá. Foi o único lugar onde recebi Vale, é mole?”, diz Tupãzinho a respeito de seu último time, onde atuou até dezembro de 2002. “Aí o pessoal disse que iriam conter as despesas e não pude ficar lá”.  Em Tupã, o jogador aproveita o tempo livre para manter a forma ao lado de outros atletas da região que também estão sem clube. As peladas na chácara do seu Pedro, pai de Tupãzinho, são famosas na cidade. Nesses encontros, o meia aproveita e, a pedido de amigos, avalia novos valores do futebol local. “Tem um menino bom que está indo para o Paulista de Jundiaí. Conversei com ele e o incentivei a continuar jogando. Ele tem 17 anos e quase desistiu, mas é muito bom mesmo”, conta Tupãzinho, que vê com bons olhos a ideia de tornar-se um empresário da bola.

              Tupãzinho chegou no Corinthians em 1990 juntamente com o zagueiro Guinei. Veio por empréstimo junto ao São Bento de Sorocaba. Sua estreia com a camisa corintiana, aconteceu no dia 4 de fevereiro de 1990, quando o Corinthians venceu a Ponte Preta por 1 a 0 pelo campeonato paulista. O jogo foi no Pacaembu e o único gol corintiano foi marcado por Neto aos 23 minutos do primeiro tempo. Neste dia, o técnico Basílio mandou a campo os seguintes jogadores; Dagoberto, Giba, Marcelo, Guinei e Jacenir; Márcio, Eduardo e Neto; Fabinho, Viola e Mauro.

               No segundo tempo Tupãzinho entrou no lugar de Eduardo.  Tupã jogou no Corinthians até 1996. Sua despedida aconteceu no dia 28 de julho de 1996, quando o Corinthians enfrentou o Operário de Mato Grosso do Sul e venceu por 4 a 0. Neste período que defendeu as cores do alvinegro de Parque São Jorge, realizou 340 jogos. Venceu 163, empatou 113 e perdeu 64 vezes. Marcou 52 gols e foi campeão brasileiro em 1990, campeão paulista e campeão pela Copa do Brasil em 1995.

               Mas sem dúvida alguma, o ano mais importante de sua carreira foi o de 1990, quando ajudou o Corinthians a conquistar seu primeiro título brasileiro. O time do Corinthians era tecnicamente limitado. Os destaques, além de Neto, eram o goleiro Ronaldo e o zagueiro Marcelo, dois pratas da casa. A equipe contava com a determinação de jogadores como Márcio Bittencourt, Wilson Mano, Fabinho e Tupãzinho, além de atletas oriundos da categoria de base, como Dinei. Depois de uma campanha irregular na primeira fase, o time ficou com a última vaga para as oitavas de final. Iria enfrentar o melhor time do campeonato até então, o Atlético Mineiro, mas o Timão venceu de virada por 2 a 1.

                Depois veio o poderoso Bahia, que estava numa fase esplendorosa. No dia 5 de dezembro, uma quarta feira de muita chuva, o Pacaembu estava completamente lotado com 40 mil pessoas dentro e mais outro tanto do lado de fora que não conseguiram entrar.  E a história se repetiu em outra tradicional virada corintiana 2 a 1. Depois veio o São Paulo para decidir o título. No primeiro jogo o Corinthians venceu por 1 a 0, gol de Wilson Mano. Veio então a segunda e decisiva partida. Este jogo aconteceu dia 16 de dezembro de 1990.  Neto era a principal estrela do Corinthians no Brasileirão daquele ano. Fabinho foi quem teve primeiro a chance mais clara de marcar o gol, no lance que resultou o gol de Tupãzinho.

                 Mas Fabinho não conseguiu concluir tão bem, depois da bela jogada que havia feito com o mesmo Tupã. “A jogada foi muito bonita mesma. Nós tínhamos um bom entrosamento por aquele lado direito. Na hora de chutar, eu pensei que faria o gol. Mas a bola bateu no Cafu e sobrou para o Tupã ter a honra de empurrar para a rede. Acho que o gol tinha de ser dele. O Tupã sempre foi um cara amigo, humilde. Ele merecia mesmo”, diz o ex-ponta-direita Fabinho.  Final de partida, 1 a 0 para o Corinthians, que conquistava um título inédito na história do glorioso S.C. Corinthians Paulista.  Neste dia o Corinthians jogou com a seguinte formação; Ronaldo, Giba, Marcelo, Guinei e Jacenir; Márcio, Wilson Mano e Neto; Fabinho, Tupãzinho e Mauro. No segundo tempo entrou Ezequiel no lugar de Neto e Paulo Sérgio no lugar de Mauro. O técnico corintiano daquela conquista foi Nelsinho Baptista.

              Tupãzinho conheceu os dois lados da moeda: a fama e o sucesso numa equipe grande e as dificuldades do interior paulista. “Até hoje me chamam de Tupãzinho do Corinthians. Não tem jeito, ficou marcado”, comenta o atleta. É para ficar marcado, mesmo. Afinal, foram seis anos no clube do Parque São Jorge, com gols e o carinho da torcida que o apelidou de “talismã” por sempre entrar em campo no decorrer das partidas e salvar o Timão. “Fiz boas temporadas lá.

               Em 90 fomos campeões. Em 91 e 92 ficamos com o vice. Depois fiz um bom trabalho novamente em 95 e em 97, quando fui para o América-MG e lá conquistei o título de campeão brasileiro da Série B de 1997″, conta o jogador. Depois jogou em vários clubes, como; Matonense, XV de Piracicaba, Jaboticabal, União de Rondonópolis (MT), Cene (MS) e Ituiutaba (MG). Em 2003,  não chegou a um acordo com o Noroeste (Bauru) e um clube da segunda divisão japonesa para começar o ano empregado.

               Mas não se desesperou. Segundo ele, a crise dos clubes exige calma para acertar um contrato. “Para ficar três meses sem receber e ainda ter que pagar hotel e outras contas é melhor ficar em casa mesmo, pois jogar em clubes pequenos, quando você não recebe, desanima”, conta o atleta, que mora em Tupã (SP), com a mulher e os filhos Pedro Guilherme, 5 anos, e Giovana, 1 ano.

               Tupãzinho, depois de defender também o Ituiutaba, da segunda divisão do futebol mineiro, e o Itumbiara (GO), ficou sem clube e pendurou as chuteiras. Antes, ele esteve jogando ao lado do ponta-direita Fabinho, seu companheiro de Corinthians, em outra equipe mineira: a Caldense, de Poços de Caldas (MG), onde foi um dos destaques do time pois ainda pode mostrar que era um jogador aplicado e de bom toque de bola. Atualmente ele é dono de uma fábrica de fraldas em Campo Grande (MS), mas ainda pretende seguir a carreira de treinador de futebol. Tupãzinho não foi um jogador extraordinário, mas a torcida corintiana lembra dele com muito carinho, pois sempre demonstrou muita garra quando vestia a camisa do alvinegro de Parque São Jorge. Ainda hoje é lembrado como o “Talismã da Fiel”.

MOMENTO DO GOL EM QUE TUPÃZINHO DEU O TÍTULO DE CAMPEÃO BRASILEIRO DE 1990 AO CORINTHIANS
Em pé: Giba, Jacenir, Marcelo, Guinei, Márcio e Ronaldo     –      Agachados: Fabinho, Wilson Mano, Tupãzinho, Neto e Mauro
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