JORGE VIEIRA: conquistou vários titulos como treinador

                  Jorge Silva Vieira nasceu no Rio de Janeiro (RJ), em 18 de julho de 1934. Filho de um próspero industrial, que nunca viu com bons olhos o gosto do filho pelo futebol, Jorge Vieira cresceu cercado pelos livros no Colégio Militar. Sério, competente e vencedor, Jorge Vieira conquistou títulos importantes em quase todos os clubes em que trabalhou.

                 Depois de passar por alguns times de várzea, Jorge Vieira foi levado aos quadros amadores do Madureira pelo pai de Evaristo de Macedo, na época diretor do clube. Naquele final dos anos quarenta, quase todo garoto queria ser atacante e Jorge Vieira encontrou facilidades quando disse que apreciava jogar na lateral direita.

                Tempos depois passou rapidamente pelo Vasco da Gama e retornou ao mesmo Madureira. Lateral direito vigoroso, Jorge Vieira nunca se conformou em disputar um campeonato inteiro sabendo que não seria campeão. Como gostava de jogar continuou no Madureira, mesmo sem contar com o apoio familiar para se tornar um profissional de futebol. Assinar contrato então, nem pensar…

                Até que um dia não recebeu o uniforme para treinar. Perguntou o motivo ao roupeiro, que quase calado, não ofereceu respostas convincentes. Então, Jorge Vieira imaginou que seria dispensado do clube. Caminhou até o gabinete do presidente e foi surpreendido com um convite para treinar o time até que outro treinador fosse contratado.

                Formado em Educação Física e estudante de Direito, Jorge Vieira era um rapaz culto e dono de uma personalidade forte. Depois da rápida e proveitosa experiência no Madureira, Jorge Vieira trabalhou por um curto período no Fluminense, que acabou acertando com Zezé Moreira. O mesmo Zezé Moreira que o desejou sorte, sem imaginar que brevemente teria Jorge Vieira como um terrível adversário no campeonato carioca de 1960.

               Deixou as Laranjeiras e foi para o América. Para variar, não assinou contrato e os mais íntimos o chamavam de “Jorge Palavra Vieira”. Com um trabalho bem dirigido chegou ao título carioca de 1960. Abaixo, os dados do confronto que decidiu o certame carioca de 1960, talvez o maior feito de sua carreira como treinador: 18 de dezembro de 1960 – Campeonato Carioca Segundo Turno – América 2×1 Fluminense – Estádio do Maracanã – Árbitro: Wilson Lopes de Souza – Público: 98.099 pagantes. Gols: Pinheiro aos 26’, Nilo aos 49′ e Jorge aos 78′.

               América: Ari; Jorge, Djalma Dias, Wilson Santos e Ivan; Amaro e João Carlos; Calazans, Antoninho (Fontoura), Quarentinha e Nilo. Técnico: Jorge Vieira.  Fluminense: Castilho; Marinho, Pinheiro, Clóvis e Altair; Edmílson e Paulinho (Jair Francisco); Maurinho, Waldo, Telê Santana e Escurinho. Técnico: Zezé Moreira. 

               Levou o título e colheu os louros, mas não ficou no América. Passou pelo Olaria, onde lançou o técnico Duque e o lateral Murilo, que depois fez sucesso pelo Flamengo. Do Olaria chegou ao Vasco e posteriormente trabalhou no futebol português dirigindo o Belenenses. Retornou ao Brasil e comandou o Galícia (BA) na campanha do título estadual de 1968.

               Poucas rodadas antes do término do Campeonato Baiano, Jorge Vieira deixou seu lugar para Enaldo Rodrigues. Para cumprir o empenho de sua palavra com os portugueses, Jorge Vieira retornou para Portugal e foi dirigir o Vitória de Guimarães.

               Depois da passagem pelo Vitória de Guimarães, Jorge Vieira permaneceu por algum tempo na Europa para se especializar. No retorno ao Brasil ficou no Sport Recife por apenas três meses para em seguida treinar o Bahia: “Nunca dependi diretamente do futebol. O padrão financeiro de minha família me oferecia total independência para me impor. Pra mim era fácil ir embora se as coisas não fossem conforme o combinado”.

               Campeão estadual no Bahia e no Vitória, Jorge Vieira saiu do cenário nordestino e acertou suas bases com o América mineiro. Passou também pela Ponte Preta e depois pelo Coritiba. Mas foi no Botafogo de Ribeirão Preto que Jorge Vieira voltou aos seus dias de estrategista ao conquistar o título da Taça Cidade de São Paulo de 1977, equivalente ao primeiro turno do Campeonato Paulista.

               Permaneceu em Ribeirão Preto por um bom tempo (foram três passagens pelo Botafogo) e para isso negou um convite do Internacional de Porto Alegre. Ainda em 1977 assumiu o Palmeiras pela primeira vez, retornando ao mesmo Parque Antártica em 1981.

               Em entrevista para a revista Placar de 23 de junho de 1978, Jorge Vieira afirmou que o Palmeiras foi um dos poucos clubes onde teve que assinar um contrato: “Só assinei um papel aqui no Palmeiras por se tratar de uma norma do clube. Nunca gostei de assinar contratos para não passar a humilhação de perceber que não poderiam me demitir em razão de um documento”.

               Campeão Paulista pelo Corinthians em 1979 e 1983, Jorge Vieira sofreu com pedras nos rins e com algumas particularidades da tal Democracia Corintiana, o que o fez deixar o clube em 1984. O treinador ainda retornou ao Parque São Jorge entre os anos de 1986 e 1987, sem o mesmo brilho das jornadas anteriores.

               Em 1985 aceitou treinar o selecionado do Iraque. Como sempre fazia, Jorge Vieira beijou sua medalhinha e realizou um grande trabalho ao classificar o país de Saddam Hussein para o mundial de 1986, no México. Jorge fez amizade com Saddam Hussein, o mesmo que foi enforcado no dia 30 de dezembro de 2006. Saddam havia sido condenado à morte pelo assassinato de 148 xiitas em 1982, quando governava o país com mão-de-ferro.

                Jorge Vieira falou que o Saddam era um homem desconfiado. Por isso, na hora de almoçar, por exemplo, pedia que seus cozinheiros comessem a refeição (da mesma comida) antes dele. “Era uma maneira dele saber que a comida não estava envenenada”

                Jorge Vieira também trabalhou no América e no Puebla do México, Atlético Mineiro, Portuguesa de Desportos e novamente no Botafogo (SP) e no América (RJ), além de passagens no Araçatuba e no selecionado de El Salvador nos anos noventa. Em 2007 exerceu sua última função no futebol como diretor técnico do América, sua eterna paixão.

               Jorge Vieira faleceu vitimado por um infarto em 24 de julho de 2012, no hospital Prontocor, na Zona Sul do Rio de Janeiro.

Bahia, bicampeão estadual em 1971  –   Em pé: Paulo Maracajá, Jorge Vieira, Renato 74, Roberto Rebouças, Nelson, Cazumbá, Amorim, Walter e Souza. E o último é Florisvaldo (campeão da Taça Brasil de 1959)   –    Agachados: o segundo é Zé Oto, Baiaco, Dionísio, Elizeu, João Daniel  e Alemão 
América/RJ dirigido por Jorge Vieira e campeão em 1960  –   Em pé: Ari, Jorge, Djalma Dias, Amaro, Wilson Santos e Ivan   –    Agachados: Calazans, Antoninho, Quarentinha, João Carlos e Nilo
Corinthians campeão paulista de 1983 dirigido por Jorge Vieira – Em pé: Leão, Sócrates, Casagrande, Eduardo, Biro Biro e Zenon – Agachados: Mauro, Alfinete, Paulinho, Juninho e Wladimir
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