GERALDÃO: campeão paulista pelo Corinthians em 1977

                   Geraldo da Silva nasceu dia 25 de julho de 1949, na cidade de Alvarez Machado – SP. Foi o artilheiro do Corinthians na campanha vitoriosa do Campeonato Paulista de 1977 com 23 gols, quando o Timão conquistou o título tão sonhado pela torcida corintiana depois de 22 anos. Segundo ele, realizou um sonho ao vestir a camisa do alvinegro de Parque São Jorge, pois desde criança sempre foi corintiano, principalmente para uma pessoa que era um bóia fria e depois ser aclamado pela imensa torcida corintiana, foi uma emoção que jamais esquecerá. Geraldão ia para a bola como ia para um prato de comida. Talvez daí, a sua fome de gols. E ele sabia como marcá-los, a despeito da pouca técnica que possuía. Sua vítima era o São Paulo, time contra o qual jogou cinco vezes em 1977 e marcou cinco gols. Jogou no Corinthians de 1975 até 1981 e nesse período sagrou-se Campeão Paulista em 1977 e 1979. Disputou 280 partidas, com 136 vitórias, 77 empates e 67 derrotas. Marcou 91 gols com a camisa corintiana.

INÍCIO DE CARREIRA

               Trabalhou desde muito cedo como bóia fria, cortando cana ao lado dos seus familiares para o sustento. Seu avô era corintiano fanático e transmitiu para o moleque esta paixão. Aos domingos, único time livre que Geraldo tinha livre, o futebol era a prioridade. Logo se destacou na várzea pelo faro de gols e após rodar por vários times pequenos do interior paulista, em que muitas vezes chegou a passar fome, Geraldão foi parar na Prudentina em 1968. No ano seguinte foi jogar no São Bento, da cidade de Marília. Em 1970 foi para o Botafogo de Ribeirão Preto, onde jogou ao lado de Sócrates, e foi lá que começou a chamar a atenção dos grandes clubes de São Paulo, pois em 1974 foi o artilheiro do Campeonato Paulista. No ano seguinte foi contratado por Vicente Mateus para jogar no Corinthians, o time do seu coração e de toda sua família.

CORINTHIANS

               Sua chegada não foi nada fácil, pois a falta de intimidade com a bola fez com que muitos duvidassem do seu sucesso e a imprensa insistia em dizer que o Timão havia contratado o jogador errado, pois o craque do Botafogo-RP era o Sócrates. Geraldão tinha a sua primeira oportunidade num clube grande aos 26 anos e não negou fogo nos seis anos em que jogou pelo Timão. Sua estréia no alvinegro de Parque São Jorge aconteceu no dia 20 de agosto de 1975, quando o Corinthians venceu o América do Rio de Janeiro por 1 a 0 gol de Adilson. O jogo foi válido pelo Campeonato Brasileiro e neste dia o técnico Milton Buzetto mandou a campo os seguintes jogadores; Sérgio, Zé Maria, Darci, Ademir e Cláudio Mineiro; Ruço e Basílio; Adilson, Geraldão, Pita e Daércio. Seu auge no Corinthians foi em 1977. Era peça fundamental no time que conquistou o Campeonato Paulista que acabou com o jejum de 22 anos. Geraldão ainda marcou 23 gols, sendo o artilheiro do time na campanha histórica. Seu estilo voluntarioso passava por qualquer dificuldade e o coitado do São Paulo estava lá para ser atropelado.

O TÍTULO DE 1977

               Geraldão relembra o título de 1977: “Quando começaram as contratações, chegando o Palhinha e o Sr. Oswaldo Brandão, o time passou a se desenvolver mais e sentíamos que tínhamos condições de chegar. Nas partidas finais, não podíamos perder pra ninguém. Íamos jogar quatro jogos, contra o Guarani, Botafogo, Portuguesa de Desportos e São Paulo. Perdemos o primeiro, no Pacaembu por 1 a 0. Houve maior confusão, o Matheus falou “o bicho” pra nós, xingou a gente, já jogou a bandeira pra cima e saiu nervoso do vestiário. Fizemos uma reunião, tivemos sorte porque tudo favoreceu a gente, porque os outros times perderam, sobrando uma oportunidade pra nós. Reunimo-nos, falamos que teríamos três partidas difíceis e que iríamos chegar lá.

               Começamos a treinar e levar à serio, fomos jogar em Ribeirão Preto contra o Botafogo e ganhamos aos 17 do segundo tempo, com um gol do Romeu. Tinha um jogo no Morumbi, contra a Portuguesa, que nem podíamos empatar, senão estaríamos fora. Eu fiz o gol aos 22 do segundo tempo, ganhando por 1 a 0. A última partida foi contra o São Paulo, joguei cinco vezes contra eles e fiz gol todas as vezes. Jogo difícil, mas conseguimos ganhar. Chegamos à final. Sabíamos que a Ponte era um time difícil, pois se fosse um campeonato de pontos corridos, teria sido campeã disparada. Jogamos com eles lá e aqui e perdemos os dois jogos neste campeonato. Só ganhamos nas partidas finais”.

               Em 1978 Sócrates foi contratado pelo Corinthians. Houve uma desavença entre o presidente Vicente Mateus e o Geraldão, pois, naquela época, ele não achava justo o ordenado que ganhava. Geraldo disse; “Quando cheguei ao Corinthians, ganhava uma mixaria, até menos que os caras que ficavam no banco. Era difícil chegar à um acordo com o Vicente Matheus, que era muito turrão. Acabei não ficando dentro do Corinthians. O Palmeiras se interessou para eu fosse emprestado, mas o Matheus não quis. Apareceu também a Portuguesa de Desportos, mas ele disse que não me cederia pra time grande. Então eu disse pra ele que me emprestasse pra time pequeno. Apareceu o Juventus, que estava desesperado, em penúltimo lugar, sendo que naquela época caíam quatro times, veio conversar comigo e acabei aceitando um ordenado maior do que ganhava no Corinthians e fizemos uma boa campanha em 78.

                No ano seguinte Geraldão retornou ao Parque São Jorge e sagrou-se novamente Campeão Paulista pelo Timão. Sua última partida com a camisa corintiana, aconteceu dia 12 de março de 1981, quando o Corinthians perdeu para o Santa Cruz por 4 a 1 pelo Campeonato Brasileiro. O único gol corintiano foi marcado por Zenon que fazia sua estréia no Corinthians. O jogo já estava quatro a zero, quando Zeno cobrando pênalti marcou o gol de honra aos 41 minutos do segundo tempo. O jogo foi no Pacaembu e neste dia o Corinthians jogou com; Tadeu, Luiz Cláudio, Amaral, Djalma e Wladimir; Caçapava, Zenon e Biro Biro; Admilson, Geraldão e Vaguinho. O técnico era o saudoso Osvaldo Brandão.

GRÊMIO E INTER DE PORTO ALEGRE

               “No Grêmio estávamos bem no Octogonal lá do Sul, o Baltazar não estava bem, o que acontece, pois todos nós temos as fases boas e ruins, não conseguindo fazer os gols e souberam que eu estava bem no Juventus, o Leão sabia da minha mobilidade, me indicou para os diretores, vieram pra São Paulo, conversaram  e fui pra Porto Alegre por empréstimo de três meses. Fiz uma excelente campanha, porque quando cheguei, o Grêmio estava mal, conseguimos chegar à última partida disputando com o Internacional pra ser campeão. Só não fomos campeões, massacramos o Inter, deram sorte, fizeram um gol no nosso campo, conseguimos empatar somente no final e eles foram campeões. Fiz seis gols em oito partidas e o Grêmio começou a ganhar. Quando venceu meu contrato com o Grêmio, foi uma guerra terrível a minha renovação. Mudou a diretoria e não quiseram dar o braço a torcer.

               Tinha um repórter que fez uma campanha pra eu continuar no Grêmio, mas não teve jeito. Acabei indo para o Internacional, dando continuidade no meu trabalho, fazendo muitos gols, fui o artilheiro do campeonato e Campeão Gaúcho de 1982. Foi um ano muito bom. A equipe colorada era formada por; Gilmar, Edevaldo, Mauro Pastor, André Luiz e Rodrigues Neto; Mauro Galvão, Ademir e Ruben Paz; Valdomiro, Geraldão e Silvinho. O técnico era Cláudio Duarte. Geraldão foi  considerado o melhor jogador do campeonato, quando ainda ficou marcado pela façanha de marcar todos os cinco gols do seu time nas finais contra o arqui-rival Grêmio, seu ex-time. Antes do segundo jogo, prometeu dois gols e cumpriu.

               No Grenal, até hoje, eles comentam em Porto Alegre que sou o jogador que mais fez gols, porque todos que participei , eu fiz e saí vitorioso. Eu, graças à Deus, por todos os times que passei, sempre fiz gols. Quando estava no Botafogo de Ribeirão Preto, existia o Come-Fogo, também fazia e o Botafogo ganhava todos os jogos. Nesta parte de Grenal e em outros times, sempre tive sorte. Era um clássico com muita pressão. Fui muito feliz em Porto Alegre. Consegui ser Bicampeão em 1982/83 pelo Internacional. Só não ganhei em 84 (o Inter foi Tri) porque não continuei lá. Pedi pra ir embora.

FINAL DE CARREIRA

               Geraldão jogou ainda no Colorado, do Paraná. Depois foi para o Mixto, de Cuiabá. Voltou para o Estado de São Paulo, pra jogar na Francana. Jogou no Corinthians, de Presidente Prudente (86/87). Foi pra Itararé, onde jogou na Associação Atlética Itararé (87). Depois passou por Valinhos, onde jogou na Associação Atlética União de Valinhos (88). Em 1989 foi para o Garça, seu último time, onde encerrou a carreira. O ex-bóia fria Geraldo Silva, o Geraldão, o Geraldão Manteiga (apelido que ganhou por ser escorregadio dentro da área), hoje trabalha como professor em escolinhas de futebol na zona oeste de São Paulo. Ele não era um centroavante técnico, mas fazia gols lindos, que o diga o goleiro Waldir Perez quando jogava no São Paulo.

Em pé: Zé Maria, Tobias, Moisés, Zé Eduardo, Givanildo e Wladimir      –     Agachados: Vaguinho, Neca, Geraldão, Ruço e Romeu
Em pé: Zé Maria, Tobias, Moisés, Ruço, Zé Eduardo e Wladimir      –      Agachados: Basílio, Palhinha, Luciano, Geraldão e Adãozinho
Em pé: Zé Maria, Tobias, Darcy, Zé Eduardo, Givanildo e Wladimir      –      Agachados: Vaguinho, Neca, Geraldão, Basílio e Romeu
Em pé: Zé Maria, Mauro, Solitinho, Djalma, Caçapava e Wladimir      –     Agachados: Vaguinho, Sócrates, Geraldão, Piter e Wilsinho
CAMPEÃO PAULISTA DE 1977     –      Em pé: Zé Maria, Tobias, Moisés, Ruço, Ademir Gonçalves e Wladimir      –     Agachados: Vaguinho, Basílio, Geraldão, Luciano e Romeu
Em pé: Waldir Peres, Gilberto, Amaral, Paranhos, Nelsinho Batista e Chicão      –     Agachados: Terto, Leivinha, Geraldão, Pedro Rocha e Nei

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