DIRCEU ALVES: um médio volante a moda antiga

                    Dirceu Alves Ferreira nasceu dia 16 de agosto de 1944, na cidade de Araxá –MG.  Começou sua carreira no América Mineiro no início dos anos sessenta, após se aprovado como médio volante nas peneiras do clube. Promovido ao quadro de Aspirantes, Dirceu Alves recebeu suas primeiras oportunidades no elenco principal e fez parte do elenco que chegou ao vice-campeonato mineiro em 1964.

CORINTHIANS

                    Negociado em 1967 com o Sport Club Corinthians Paulista por 400 mil cruzeiros, Dirceu Alves chegou ao Parque São Jorge em um período turbulento e marcado pelo incômodo jejum de títulos. No Corinthians, Dirceu Alves é sempre lembrado como o companheiro de Roberto Rivelino na meia cancha alvinegra.

                   Ao longo de sua permanência, o volante mineiro disputou a posição com Édson Cegonha, depois com Suingue e posteriormente com o jovem Tião, que foi lançado no time principal em 1968. Bom marcador, Dirceu Alves jogava um futebol aplicado e caracterizado pela simplicidade e eficácia na distribuição de bola.

                   Dirceu Alves fez sua estreia com a camisa alvinegra de Parque São Jorge no dia 1 de setembro de 1968, quando enfrentou e venceu o Náutico do Recife por 1×0, jogo válido pelo Torneio Roberto Gomes Pedrosa. Neste dia o técnico Aymoré Moreira mandou a campo os seguintes jogadores; Lula, Osvaldo Cunha, Ditão, Luiz Carlos e Lidu; Dirce Alves e Rivelino; Paulo Borges, Adnan (Capitão), Flávio (Benê) e Eduardo.

                   Em um período de poucas alegrias para a Fiel Torcida, que por outro lado comemorou o fim do tabu diante do Santos em 1968, o bom futebol de Dirceu Alves foi reconhecido com sua convocação para defender o escrete canarinho.

                   Pela Seleção Brasileira Dirceu Alves esteve em campo em uma única oportunidade. Foi contra o selecionado argentino, em 11 de agosto de 1968, com vitória brasileira por 3×2. O amistoso foi disputado no estádio do Mineirão e Dirceu Alves entrou no lugar de Tostão no transcorrer da partida.

                   Em 1969 o Corinthians realizava grande campanha no campeonato paulista. Nas partidas fora da capital, o time conseguia pontos importantes e nos clássicos os resultados eram mais do que convincentes.

                  Após o empate por 1×1 contra o São Bento em Sorocaba, partida realizada em 27 de abril de 1969, Dirceu Alves não esperava que o retorno para São Paulo fosse o último momento de calmaria naquela promissora campanha.

                Com a tragédia que vitimou os companheiros Lidu e Eduardo na madrugada de 28 de abril de 1969, o alvinegro perdeu o rumo na competição e mais uma vez o esperado título paulista não aconteceu.

               Dirceu Alves permaneceu no Corinthians até o início da temporada de 1971, quando foi cedido ao América mineiro por empréstimo. Ao mesmo tempo em que perdeu a oportunidade de conquistar o Torneio do Povo pelo Corinthians em 1971, Dirceu Alves foi tragado pelo destino e entrou para os livros de história do “Coelho” mineiro.

               A última partida de Dirceu Alves pelo Corinthians aconteceu no dia 9 de março de 1971, quando o Timão derrotou o Marília por 2×1 num jogo amistoso. Neste dia o técnico Aymoré Moreira escalou a seguinte equipe: Ado, Zé Maria (Miranda), Almeida, Luiz Carlos e Pedrinho (Sadi); Tião (Dirceu Alves) e Rivelino (Adãozinho); Natal, Paulo Borges, Mirandinha (Célio) e Aladim (Peri).   

AMÉRICA MINEIRO

              No América, o volante viveu grande fase e participou da memorável conquista invicta de 1971. Foram 14 vitórias, 6 empates e 34 gols marcados. Jair Bala foi o artilheiro da competição com 14 gols.

Abaixo, os dados da partida que fechou com chave de ouro a inesquecível campanha no título de campeão mineiro de 1971: 26 de junho de 1971 – Campeonato mineiro – América 3×2 Uberlândia – Estádio do Mineirão – Árbitro: Joaquim Gonçalves – Gols: Hélio aos 21′ do primeiro tempo; Luís Carlos aos 11’; Amauri aos 15’; Jair Bala aos 21′ e Luís Carlos aos 39′ do segundo tempo.

Neste dia o América jogo com: Élcio; Misael, Vander, Café e Cláudio; Pedro Omar e Dirceu Alves; Hélio, Amauri, Dario e Zé Carlos (Jair Bala).Uberlândia: Lourenço; Santana, Alex, Gilson e Carlinhos; Jorge e Hamilton; Fazendeiro, Válter (Hugsmar). Alemão (Luís Carlos) e Toninho.

              Em 1972 Dirceu Alves retornou ao Corinthians e pouco depois, novamente por empréstimo, foi cedido ao Cruzeiro Esporte Clube. Ao todo, foram 166 jogos pelo Corinthians, sendo 82 vitórias, 50 empates e 34 derrotas, com somente 4 gols marcados, pois era um volante que pouco chegava ao gol adversário.

             Jogando pelo Cruzeiro, Dirceu Alves fez parte do elenco que conquistou o campeonato mineiro de 1973. Depois de receber o “passe livre”, Dirceu Alves também teve passagens pelo Olaria (RJ), Rio Negro (AM), Comercial (SP) e o Brasília (DF), onde encerrou sua carreira em razão do agravamento de uma contusão no joelho.

             Dirceu Alves tinha como ponto forte a marcação. Ele dava dois toques na bola e entregava para o meia, já que “volante não deve driblar”. Mesmo assim, chegou a fazer vários gols. Como na vitória de 2 a 1 sobre o Cruzeiro, no título invicto do Coelho em 1971. Dirceu jogou ao lado de Rivellino, Dirceu Lopes, Tostão, Joãozinho, Nelinho e Zé Horta, que foi zagueiro do América, “mas não teve a mesma sorte de outros jogadores da posição”. Para Dirceu, os melhores treinadores foram Yustrich, Osvaldo Brandão, Biju, Ilton Chaves. Pelo que assiste hoje na TV, “o futebol brasileiro mudou para pior”. “Antes, o gramado não era bom, a chuteira era pesada, a camisa, transparente. A bola ficava mais pesada quando chovia. Hoje, a chuteira e a bola são leves. Hoje, tem mais empresários que olheiros.”

HISTÓRIAS

                Antes, para o clube conseguir vitórias, os dirigentes e o treinador apelavam para tudo. No América de 1969, os jogadores foram visitar um pai de santo em Sete Lagoas e tomaram um banho de pipoca. Não surtiu efeito positivo. O mesmo aconteceu no Corinthians, que há muitos anos não vencia o Santos de Pelé. Buscaram um pai de santo da Bahia, e, na concentração, aconteceu o encontro, com o pai de santo cuspindo na canela de cada um, “para que os jogadores do Santos escorregassem”. Mas não deu certo: o placar do jogo foi Santos 3 a 0.
Dirceu lembra que cada jogador disputava quem tinha o carro mais bonito. “Rivelino tinha dois: um Landau e um Pulmann”. Depois do acidente que vitimou o lateral Lidu e o ponta Eduardo, os jogadores foram orientados a dirigir com mais atenção. “Antes, era difícil conseguir uma namorada, já que jogador de futebol não era bem aceito pelas famílias.” Dirceu Alves é torcedor do América. Aposentado, ele trabalha nos feriados, aos sábados e aos domingos, vendendo picolé no Parque Municipal de Belo Horizonte. Até hoje é reconhecido por torcedores, tira foto e dá autógrafos quando é solicitado.

             

Em pé: Alexandre, Polaco, Luiz Carlos, Ditão, Dirceu Alves e Pedro Rodrigues     –    Agachados: Suingue, Tales, Servilio, Tião e Carlinhos
Em pé: Lula, Dirceu Alves, Ditão, Luiz Carlos, Polaco e Miranda     –    Agachados: Paulo Borges, Ivair, Benê, Suingue e Lima
Em pé: Polaco, Dirceu Alves, Ditão, Luiz Carlos, Pedro Rodrigues e Alexandre     –    Agachados: Paulo Borges, Ivair, Benê, Rivelino e Suingue
Em pé: Dirceu Alves, Lidu, Carlos, Clóvis, Edson e Diogo    –    Agachados: Paulo Borges, Adnan, Benê, Rivelino e Eduardo
Em pé: Fogueira, Ado, Ditão, Dirceu Alves, Luiz Carlos e Miranda    –   Agachados: Paulo Borges, Ivair, Benê, Rivelino e Aladim
Em pé: Osvaldo Cunha, Lula, Luiz Carlos, Dirceu Alves, Ditão e Vanderlei     –    Agachados: Buião, Tales, Paulo Borges, Rivelino e Eduardo

Em pé: Gilberto, Geraldino, Zé Horta, Dirceu Alves, Caiuax e Café    –    Agachados: Zé Carlos, Chiquinho, Silvestre, Samuel e Caldeira
Em pé: Nego, Osvaldo Cunha, Pedro Omar, Alemão, Vander e Cláudio Mineiro   –    Agachados: Hélio, Dirceu Alves, Jair Bala, Amauri e Hilton Oliveira

 

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