GUARANI 1×0 PALMEIRAS – Dia 13 de Agosto de 1978

                O Campeonato Brasileiro de Futebol de 1978 foi o primeiro a ser vencido por um clube do interior de um estado: o Guarani de Campinas, que revelou o jovem atacante Careca, futuro ídolo da Seleção Brasileira na década de 1980. Em ano de Copa do Mundo, a política militar ampliou ainda mais a participação no campeonato brasileiro, que passou a ser disputado por 74 clubes.

               Pela quarta e última vez, uma vitória pode valer 2 ou 3 pontos, dependendo do escore. Mas, neste ano, o ponto extra só vale para vitórias por diferenças de 3 ou mais gols. Pela primeira vez, as semifinais e finais são disputadas em sistema de ida-e-volta, não mais em jogo único. E foi acrescentada uma fase de Quartas-de-final, também em ida-e-volta.

               O Campeonato Brasileiro de 1978 – V Copa Brasil, contou com 74 clubes, que na primeira fase foram divididos em 6 grupos, sendo 4 grupos com 12 times e 2 grupos com 13 times, classificando-se para a segunda fase os 6 primeiros de cada grupo, formando 36 times divididos em 4 grupos de 9, classificando-se para o 1.o turno da fase final os 6 primeiros de cada grupo mais o 1.o colocado de cada grupo da fase preliminar classificados numa repescagem, juntamente com o melhor 2.o colocado, mais o São Paulo campeão do ano anterior que caso ficasse entre os 6 primeiros colocados do seu grupo na fase preliminar, abriria uma vaga para o melhor 7.o colocado entre os 4 grupos com 12 times, as vitórias por 3 gols ou mais de diferença valiam 3 pontos.

               O Campeonato se arrastou por quatro meses durante a primeira, a segunda fase e o 1.o turno da fase final, no 1.o turno da fase final os 32 times foram divididos em 4 grupos de 8, classificando para o 2.o turno da fase final os 2 primeiros de cada grupo, Com tantos times participando o nível técnico foi muito fraco, com um público mais interessado na Copa do Mundo da Argentina, que foi disputada paralelamente a segunda fase, durante o mês de junho, terminando no dia 25, com a final Argentina 3 x 1 Holanda, até que o Campeonato chegou no segundo turno da fase final, onde em apenas três semanas, seis rodadas emocionantes com os times jogando completos com a volta dos jogadores convocados definiriam o Campeão Brasileiro.

             O critério do segundo turno da fase final foi de partidas de ida-e-volta, com partidas nos dois campos, no caso de empate por pontos ganhos, após dois jogos vale o saldo de gols referente às duas partidas. O Guarani de 1978 era um time técnico, que foi melhorando de produção durante o transcorrer do Campeonato, que começou a disputa sendo derrotado na estréia em casa para o Vasco da Gama por 3 a 1 e depois só perdeu mais uma vez na 1.a fase, para o Volta Redonda, fora de casa, por 2 a 0. Aplicou duas goleadas em casa, contra o Confiança por 5 a 0 e para o Itabuna da Bahia por 7 a 0 e entre esses dois jogos venceu a Ponte Preta também em casa por 2 a 1.

               Depois de muitos jogos, o campeonato chegou nas quartas de final e lá estava o Guarani classificado para enfrentar o Sport Recife. No primeiro jogo lá em Recife no dia 26 de julho, o jogo terminou com a vitória bugrina por  2 a 0. No segundo jogo realizado em Campinas no dia 30 de julho, o Bugre Campineiro não tomou conhecimento do adversário e goleou pelo placar de 4 a 0.

SEMI-FINAL

               O adversário do Guarani na semi-final, foi o Vasco da Gama e o primeiro jogo foi no estádio Brinco de Ouro, em Campinas, dia 2 de agosto. O jogo terminou com a vitória do Guarani por 2 a 0, gols de Orlando contra e Renato. A segunda partida foi no estádio do Maracanã dia 6 de agosto, onde, cerca de 3 mil torcedores do Guarani estavam presentes, para um público de 101 mil pagantes, o Guarani faz um gol logo no começo, Neneca despacha, a bola cruza o meio campo, Marco Antônio cabeçea, a bola bate nas costas de Careca e sobra para Renato, que avança e toca entre Guina e Marco Antônio para Bozó, que deixa de calcanhar para Careca, que com um toque sai do marcador e o deixa no chão, com outro toque sai de Orlando, Careca vai chutar mas no último instante troca de pé e ajeita para Zenon que vem de traz acertar um tirombaço de fora da área no ângulo de Mazaropi; terminando o primeiro tempo em vantagem, no segundo tempo aos 20 min. Zenon de novo, cobrando falta, no ângulo, sem defesa, fazia o segundo; aos 37 min. Dirceu diminui para o Vasco. Termina o jogo, Guarani 2×1 Vasco da Gama e o Guarani está na final do Campeonato Brasileiro de 1978, algo inédito para o clube campineiro, assim como para qualquer clube do interior.

PRIMEIRA PARTIDA DA FINAL

               O primeiro jogo da final contra o Palmeiras acontece no Morumbi dia 10 de agosto, com um público de 99.829 pagantes. O árbitro da partida foi Arnaldo Cézar Coelho. Segundo os jornais de Campinas, saíram 343 ônibus da cidade mais um grande número de carros particulares  rumo  ao  Morumbi, juntando-se  a  um  grande  número  de torcedores na Capital, foi um jogo nervoso com seis cartões amarelos, entre eles Zenon que tomou o terceiro da série e ficava de fora da decisão e a expulsão de Leão aos 25 minutos do segundo tempo após uma agressão em Careca, que resultou em pênalti, como o Palmeiras já tinha feito as duas substituições permitidas na época, Escurinho que tinha entrado no lugar de Sílvio vai para o gol, Zenon cobra o pênalti rasteiro no canto direito convertendo aos 31 minutos do segundo tempo, terminando o jogo com o Placar de 1 a 0 para o Bugre.

               Terminada a primeira final do Brasileirão de 78, no Morumbi, a torcida bugrina deixou o estádio gritando “É campeão!”. A volta foi longa. Com tantos ônibus, demorou muito até que todos encontrassem o seu. A maioria chegou a Campinas por volta das 4h00 da manhã e encontrou os bugrinos que não foram a São Paulo fazendo carnaval no Largo do Rosário. Houve quem chegasse depois das 5 da manhã. Mas os que chegavam estavam muito cansados para mais festa, além do que a sexta-feira seria dia normal de trabalho.

SEGUNDA PARTIDA DA FINAL

                  Final de Campeonato no Brinco de Ouro em Campinas, dia 13 de agosto de 1978. Para este jogo o técnico Carlos Alberto Silva escalou praticamente  a mesma equipe que havia vencido a primeira partida, somente uma alteração, a saída de Zenon que cumpria suspensão e a entrada de Manguinha, que oito anos depois voltaria a sagrar-se campeão, desta vez campeão paulista pela Internacional de Limeira. Assim como ele ajudou o Guarani a conquistar o primeiro titulo brasileiro para um clube do interior, também ajudou a Internacional a conquistar o primeiro título paulista a um clube do interior.  

               Então o Guarani jogou esta decisão com; Neneca, Mauro, Gomes, Edson e Miranda; Zé Carlos, Manguinha e Renato; Capitão, Careca e Bozó (Adriano). Do lado palmeirense, o técnico Jorge Vieira fez várias alterações na equipe que neste dia jogou assim; Gilmar, Rosemiro, Beto Fuscão (Jair Gonçalves), Alfredo e Pedrinho; Ivo, Toninho Vanuza e Jorge Mendonça; Silvio, Escurinho e Nei. O árbitro da partida foi José Roberto Writh. O público neste dia foi de 27.086 pagantes, que proporcionou uma arrecadação de Cr$ 1.706.280,00.

               O jogo começa com o Guarani todo ao ataque, querendo liquidar o jogo ainda no primeiro tempo. Aos 36 minutos da primeira etapa, depois que Gomes atrasa uma bola para Neneca, o goleiro bate a bola no interior da área e despacha para a frente, a bola resvala na cabeça de Capitão e vai para o interior da área do Palmeiras seguida por Beto Fuscão e Careca, o centroavante do Guarani consegue com um toque roubar a bola que vai na esquerda para Bozó, que fecha e chuta, Gilmar rebate com o pé esquerdo, Careca entra certeiro, chuta rasteiro no canto direito de Gilmar, marcando 1 a 0 para o Guarani aos 37 minutos e assim terminou a primeira etapa. Guarani 1×0 Palmeiras.

               Para o segundo tempo, o Palmeiras volta com mais vontade e busca o gol de empate de qualquer forma e com isto o Guarani passa a jogar no contra ataque, sempre levando perigo a meta esmeraldina. O tempo foi passando e a torcida do Bugre fazendo festa nas arquibancadas, enquanto que a pequena torcida do Palmeiras vai deixando o estádio, ciente que a vitória seria praticamente impossível. Até que o árbitro levanta os braços e aponta final de jogo. Guarani Campeão Brasileiro de 1978, uma façanha inédita para o futebol do interior.

               Pela primeira vez um time do interior conquista este título. Zenon e Careca foram os artilheiros do time com 13 gols, num time onde só Neneca, Edson e Zé Carlos não marcaram gol. Os artilheiros do Campeonato foram Paulinho do Vasco com 19 gols, Toninho do Palmeiras com 18 e Dé do Botafogo-RJ com 16 gols. O campeonato teve início dia 25 de março e terminou dia 13 de agosto de 1978. O Guarani foi um time essencialmente competitivo, solidário em campo sem se descaracterizar tecnicamente, sem que seus jogadores perdessem a liberdade de criação e de movimentação em campo, conseguindo sucesso pela livre ação dos seus jogadores em campo, mostrando um grande futebol.

               Teoricamente o time jogava num 4-3-3, mas era difícil perceber essa esquematização, com um entendimento muito bom no meio campo, com Zé Carlos e Zenon sempre se revezando em suas funções, sendo as vezes difícil dizer quem era o volante e quem era o armador, mudando de posição de acordo com a marcação e o esquema do adversário, as vezes o time jogava num 4-2-4 diferente do esquema clássico pela mobilidade do time, com uma linha de quatro zagueiros, Zé Carlos e Zenon no meio campo, e quatro atacantes, com Renato voltando para buscar jogo, os pontas Capitão e Bozó também se empregavam no combate.

               Disputaram aquele campeonato 74 equipes, que totalizaram 1.771 gols em 792 jogos, com uma média de 2,24 gols por partida. O Guarani disputou 32 jogos, venceu 20, empatou 8 e perdeu 4. Marcou 57 gols e sofreu 22. Por tudo isso, foi o legítimo campeão brasileiro de 1978.

GUARANI FUTEBOL CLUBE – 1978    –   Em pé: Edson, Zé Carlos, Gomes, Neneca, Mauro e Miranda     –    Agachados: Capitão, Renato, Careca, Zenon e Bozó

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