PONCE DE LEON: brilhou no São Paulo F.C. e no Palmeiras

                Norival Cabral Ponce de Leon nasceu dia 28 de agosto de 1927, na Argentina. Foi um famoso atacante que defendeu o Palmeiras e o São Paulo nas décadas de 1940 e 1950. Passou também pelo Noroeste de Bauru. Por sinal, em seu contrato com o Noroeste, fez constar que poderia sair para dançar pelo menos duas vezes por semana. Boêmio assumido, não levou sua vida profissional muito a sério e com isto acabou encerrando-a de forma triste e depois veio a falecer num leito de hospital sem ter os amigos da boemia para ajuda-lo nos momentos mais difíceis de sua vida. Enquanto estava em boa forma física foi um jogador maravilhoso, era conhecido por “Diabo Loiro” e ajudou o Palmeiras a conquistar um dos títulos mais importantes da história do clube, a Copa Rio de 1951, onde tínhamos na competição, grandes clubes do cenário mundial, como por exemplo a Juventus da Itália, Sporting de Portugal, Olympique da França, Áustria Viena da Áustria, Estrela Vermelha da Iugoslávia, Nacional do Uruguai, e aqui do Brasil o Vasco da Gama e o Palmeiras.

BOTAFOGO

               Começou sua carreira no Botafogo do Rio de Janeiro. Em 1947 foi campeão do Torneio Início ao derrotar o Olaria por 4 a 1 no dia 27 de julho no estádio de São Januário, que na época era o maior estádio do Rio de Janeiro. Neste dia o técnico Ondino Vieira do Fogão mandou a campo os seguintes jogadores; Osvaldo Baliza, Gerson e Sarno; Adão, Nilton Senra e Juvenal; Santo Cristo, Octávio, Ponce de Leon, Geninho e Reynaldo. O árbitro foi o polêmico Mario Vianna e os gols da partida foram marcados por; Reynaldo (2), Santo Cristo e Ponce de Leon, enquanto que Alcino marcou o único gol do Olaria.

SÃO PAULO F.C.

               Em 1948 Ponce de Leon foi jogar no Tricolor Paulista, onde teve uma brilhante passagem, pois foi bicampeão paulista em 1948 e 1949. O título de 48, foi disputado ponto a ponto com o Santos.  A consagração veio somente na última rodada, quando o São Paulo venceu o Nacional por 4 a 2. Este jogo aconteceu no dia 28 de dezembro no velho estádio do Pacaembu. Os gols do Tricolor foram marcados por Ponce de Leon (2), Leônidas da Silva e Remo. Em 1949, o São Paulo conquistou o sexto título de sua história. E foi de uma forma espetacular, pois, das vinte e duas partidas que disputou, perdeu somente duas e sagrou-se campeão com uma rodada de antecedência. Neste campeonato o São Paulo aplicou várias goleadas, como por exemplo; Venceu o Comercial por 7 a 2, o Jabaquara por 4 a 1, o Palmeiras por 5 a 1, o Juventus por 8 a 2 e o Ypiranga por 5 a 1. Isto no primeiro turno, pois no segundo turno as goleadas continuaram. Venceu o Jabaquara por 4 a 0, o Ypiranga por 5 a 1, o Comercial por 4 a 0, o Palmeiras por 4 a 2, o Nacional por 5 a 0 e o Santos por 3 a 1.

               Mais uma vez o jogo que deu o título ao Tricolor foi contra o Santos. Este jogo aconteceu no dia 20 de novembro de 1949, no estádio do Pacaembu. Para esta partida o técnico Vicente Feola mandou a campo os seguintes jogadores; Mário, Savério, Mauro Ramos de Oliveira, Rui e Noronha; Bauer e Remo; Friaça, Ponce de Leon, Leônidas da Silva e Teixeirinha. Aos 25 minutos da primeira etapa o São Paulo abriu o marcador através do ponta esquerda Teixeirinha. Seis minutos depois Friaça aumentou o placar e assim terminou o primeiro tempo. Na etapa complementar, Friaça fez o terceiro gol aos 19 minutos e quando faltavam apenas um minuto para terminar o jogo, Alemãozinho fez o gol de honra do Santos. Final de jogo, São Paulo 3×1 Santos e o Tricolor conquistava dessa maneira o seu bicampeonato paulista. Com a camisa do São Paulo, Ponce de Leon disputou 107 jogos. Venceu 70, empatou 17 e perdeu 20.  Marcou 52 gols.

PALMEIRAS

               Pela equipe de Parque Antarctica, Ponde de Leon também foi campeão, conquistou a Copa Rio de 1951, um título que entrou para história do clube esmeraldino. Esta competição contou com oito clubes de renome internacional. Classificaram para a grande final, o Palmeiras e a Juventus da Itália. Na primeira fase a equipe italiana havia aplicado uma goleada de 4 a 0 e isto fazia com que a torcida esmeraldina ficasse muito preocupada com aquela final, que teve início no dia 18 de julho em São Paulo, no Estádio Municipal do Pacaembu. No entanto, a equipe palmeirense entrou em campo determinada e logo aos 20 minutos do primeiro tempo o ponta esquerda Rodrigues fez 1 a 0.

              Depois só administrou o resultado, que foi muito importante, pois para a segunda partida precisaria somente de um empate lá no Rio de Janeiro. E finalmente chegou o dia 22 de julho de 1951. O Estádio era o velho Maracanã, o mesmo palco daquela tarde triste do futebol brasileiro, quando perdemos a Copa de 50 para o Uruguai por 2 a 1. Sendo assim, os jogadores alviverdes faziam questão daquela vitória sobre a equipe italiana, para esquecer aquele trauma do Maracanã. O público deste jogo foi de 100.933 pessoas, sendo que pagaram ingresso 82.892.

               Para esta partida o técnico palmeirense Ventura Cambon, mandou a campo os seguintes jogadores; Fábio, Salvador e Juvenal; Túlio, Luís Villa e Dema; Lima, Ponce de León (Canhotinho), Liminha, Jair da Rosa Pinto e Rodrigues. A partida começa tensa e precisando da vitória a qualquer custo, os italianos foram pra cima, marcaram o primeiro gol aos 18 minutos do primeiro tempo, com Praest e acabaram a etapa inicial na frente. O Palmeiras voltou para o segundo tempo com muita disposição, empatando o jogo com Rodrigues, logo aos 2 minutos. A Juventus não se rendeu. Karl Hansen, aos 18, colocou o time europeu novamente na frente.

             O gol do título palmeirense saiu dos pés de Liminha, aos 32 minutos. Após o título do Palmeiras, o Jornal do Brasil se referiu a ele como Campeão dos Campeões do Mundo.  Com a camisa do Palmeiras, Ponce de Leon disputou 64 jogos. Venceu 34, empatou 12 e perdeu 18. Marcou 27 gols. Ele chegou ao Palmeiras já veterano, vindo do São Paulo. Na final da Copa Rio de 1951, substituiu Aquiles, que estava machucado, e comandou o ataque palmeirense na brilhante conquista do título, decidido contra a Juventus de Turim no Maracanã.

NOROESTE

               Depois que deixou o Parque Antarctica, Ponce de Leon ainda jogou no Noroeste do Bauru, foi no ano de 1955, ano em que a equipe de Bauru disputava o seu segundo Paulistão na Primeira Divisão do Futebol Paulista. A equipe era assim formada; Sidney, Osvaldo e Hélio; Gaspar, Mingão e Gutemberg; César, Ponce de Leon, Zeola, Ranulfo e Colombo. Este foi o time que enfrentou o Corinthians no dia 4 de setembro de 1955 no Estádio Alfredo de Castilho, na cidade de Bauru. O jogo terminou com a vitória do time da casa por 2 a 1, gols de Colombo e Ranulfo, enquanto que Paulo marcou o único tento da equipe de Parque São Jorge.

VIDA DE BOÊMIO

               Quando Ponce de Leon assinou o contrato com o Noroeste, fez questão de constar um artigo que dizia que ele poderia sair para dançar pelo menos duas vezes por semana. Ficou alguns meses por lá. Como artilheiro não deixou saudade, mas nas noitadas assinava o ponto várias vezes na semana. Esticava até São Paulo, onde era freguês do Avenida Dancing, na Avenida São João. Não era de levar desaforo para casa. Bailarino de primeira linha, frequentava casas de shows, sempre elegantemente vestido com terno de linho e sapatos de duas cores.

              Contam que ele fazia incríveis coreografias, dignas de um Fred Astaire. Em uma destas casas, trabalhava sua namorada e parceira preferida, Miriam. Certa noite, quando estava concentrado para uma partida, foi avisado de que Miriam estava dançando muito com apenas um cliente. Não teve dúvidas em comparecer ao local, agredir o tal cliente e retornar ao hotel para entrar e campo no dia seguinte. Miriam foi uma das primeiras namoradinhas, mas Ponce de Leon casou com dona Dulce Rosalina, considerada a torcedora símbolo do Vasco da Gama do Rio de Janeiro. Da união nasceu um único filho, conhecido como “Poncinho”.

             Comentavam, na época, que quando Ponce de Leon atuava por outros clubes, nas ocasiões em que derrotava o Vasco era recebido pela esposa com agressões verbais, pois Dulce não admitia que o Vasco perdesse. Dulce Rosalina faleceu em 19 de Janeiro de 2004. Até os últimos dias, Dulce Rosalina continuava presente no clube do Vasco e nas arquibancadas. Sempre a frente da sua torcida em todas as competições das diversas modalidades esportivas. Ao falecer, a torcedora foi homenageada pela prefeitura do Rio de Janeiro.

              Ponce de Leon, um jogador argentino que marcou época no São Paulo e no Palmeiras. Depois que deixou o alviverde, ainda jogou no Ypiranga da capital paulista, Noroeste de Bauru, Botafogo de Ribeirão Preto, Ferroviária de Araraquara e Comercial da capital paulista, onde encerrou sua brilhante carreira em 1959. Poderia ter uma vida melhor, caso não fosse um boêmio inveterado, onde gastava tudo que ganhava com mulheres e grandes festas. Não soube fazer suas economias quando ganhou muito dinheiro. Acabou morrendo num leito de hospital sozinho, sem nenhum amigo das grandes festas para socorrê-lo nos momentos mais difíceis de sua vida. Seu corpo está sepultado no Cemitério São Paulo, em um mausoléu reservado aos ex-atletas de todos os esportes, inclusive futebol. Nesse local também está sepultado Arthur Friedenreich, grande jogador da década de 30.

Em pé: Salvador, Dema, Túlio, Juvenal, Fábio e Luiz Villa     –    Agachados: Liminha, Ponce de Leon, Richard, Jair Rosa Pinto e Rodrigues

SELEÇÃO PAULISTA NA INAUGURAÇÃO DO MARACANÃ – Em pé: Homero, Osvaldo Pizoni, Djalma Santos, Brandãozinho, Dema e Alfredo Ramos    –  Agachados: Renato, Rubens, Ponce de Leon, Orlando e Brandãozinho II
Em pé: Rui, Savério, Mauro, Mário, Bauer e Noronha     –   Agachados: China, Ponce de Leon, Leônidas da Silva, Remo e Teixeirinha
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