TITE: o jogador que virou cantor

                  Augusto Vieira de Oliveira nasceu dia 4 de junho de 1930, na cidade de Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro. Foi um jogador que fazia muitos gols. Jogou no Santos de 1951 até 1957 e de 1960 até 1963. Realizou 475 partidas com a camisa do Peixe e nesse período marcou 151 gols. Nesse espaço de tempo em que ficou longe da Vila Belmiro, jogou no Corinthians, onde realizou 94 partidas e marcou 30 gols. Músico de talento, depois de encerrada a carreira de futebolista fez muitos shows nos bares santistas e no restaurante de sua propriedade, na cidade de São Vicente, na baixada santista.

                 Faleceu dia 26 de agosto de 2004 e era lembrado com carinho por Pelé, que aprendeu a tocar violão com Tite. Era tio do lateral esquerdo Leo que por muitos anos defendeu o Santos e o Benfica de Portugal. Chegou a lançar um livro “Futebol, minha história e seus detalhes”. Pouco antes de morrer ainda trabalhou no alvinegro da Vila Belmiro, como diretor de patrimônio.

SANTOS  F.C.

               Começou sua carreira no Goytacaz, clube de sua cidade natal, onde jogou de 1942 até 1947, depois passou pelo Fluminense onde ficou até 1950. Depois foi para a Vila Belmiro, onde no ano seguinte fez sua estréia no time principal. Sagrou-se Campeão Paulista em 1955, um título que o torcedor santista não comemorava há 20 anos. O jogo final foi contra o Taubaté e o Peixe venceu por 1 a 0, gol de Álvaro de cabeça. Foi uma campanha maravilhosa da equipe praiana, pois disputou 26 partidas, venceu dezenove, empatou duas e teve cinco derrotas. Marcou 71 gols e sofreu 40. O artilheiro da equipe e de toda a competição foi Del Vecchio com 23 gols.

                 No ano seguinte chegava na Vila Belmiro, um garoto trazido pelas mãos de Valdemar de Brito, o menino Pelé, de 15 anos, que deu um novo impulso à história do Santos, levando-o a conquistas que enalteceram o futebol brasileiro no planeta. Mas no ano seguinte, ainda sem Pelé, o Peixe chegava ao bicampeonato paulista. O jogo que garantiu o título foi realizado no Pacaembu dia 3 de janeiro de 1957 contra o São Paulo e o alvinegro venceu por 4 a 2, com dois gols de Del Vecchio, um de Feijó e um de Tite, enquanto que para o Tricolor, os dois gols foram marcados por Zézinho. Neste ano o Santos também fez uma excelente campanha, ou seja, 36 jogos, com 29 vitórias, 4 empates e 3 derrotas.

                 Marcou 98 gols e sofreu 36. Sempre que perguntavam a Tite, qual foi o título mais importante que ele conquistou jogando pelo Santos, ele respondia; “Em termos de importância foram os mundiais de 1962 e 1963, mas tenho ótimas lembranças do bicampeonato paulista de 1956, contra o São Paulo, porque fui considerado o melhor em campo. Ainda mais porque atuei como ponta-direita, e não na esquerda como eu atuava. Sinceramente joguei muito naquela partida”.

                 Com jogadores de personalidade tão forte e tão decididos, como Urubatão, Zito, Pelé, Coutinho, Mauro, não é de se admirar que o Santos tenha sido um time tão forte também no aspecto psicológico, que acreditava na vitória mesmo nas piores circunstâncias e diante das torcidas adversárias. E foi ao lado de Pelé, Pagão, Zito, Dorval e outros tantos, que Tite fez partidas memoráveis com a camisa do Peixe, como aquela do dia 30 de janeiro de 1955, quando o Santos goleou o Corinthians por 4 a 1 na Vila Belmiro. A vitória era importantíssima para o alvinegro de Parque São Jorge, pois era anti-penúltima rodada do campeonato e depois iria enfrentar o Palmeiras e o São Paulo.

                 Neste dia o Corinthians jogou com; Gilmar, Homero e Alan; Olavo, Goiano e Roberto Belangero; Cláudio, Luizinho, Baltazar, Nardo e Simão, enquanto que o Peixe jogou com; Manga, Hélvio e Ivan; Zito, Formiga e Urubatão; Del Vecchio, Valter, Alvaro, Vasconcelos e Tite. O Santos abriu o placar aos 29 minutos de jogo através e Urubatão, depois Tite e Alvaro ampliaram o marcador. Cláudio diminuiu, mas Alvaro marcou o quarto gol do Peixe. Neste jogo o Corinthians teve dois jogadores expulsos, Goiano e Baltazar. Mas na rodada seguinte o Corinthians se recuperou ao empatar com o Palmeiras em 1 a 1 e com este empate sagrou-se Campeão do IV Centenário.

O ALUNO PELÉ

                Pelé foi aluno de Tite, é claro que não se tratando de futebol, mas de música. “O Pelé amava música, assim como o futebol. Tenho duas histórias inesquecíveis dele ligada a música. A primeira é que ele sempre pedia para dividir o quarto comigo nas concentrações, porque morria de vontade de aprender a tocar violão. Passava horas ensinando e dando dicas de como tocar. Outra lembrança era do rádio que o Pelé tinha. O negão não se separava daquele radinho portátil. Ele deixava o aparelho ligado debaixo do travesseiro até cair no sono. Antes de dormir, o Pelé deixava avisado pra mim que assim que dormisse, eu fosse até a cama dele e desligasse o rádio sob o travesseiro, para não gastar pilha. Como são os tempos”.

CORINTHIANS

               Ao deixar o Santos, Tite foi jogar no Corinthians. Sua estréia aconteceu dia 4 de junho de 1958, dia em que ele completava 28 anos de idade. O jogo foi um amistoso contra o São Paulo no Pacaembu e o Tricolor venceu por 1 a 0, gol de Celso aos 28 do segundo tempo. Neste dia o Corinthians jogou com; Cabeção, Olavo, Benedito, Ari Clemente e Roberto Belangero; Cássio e Rafael (Paulo); Bataglia, Luizinho, Índio (Zague) e Tite.  Com a camisa do alvinegro de Parque São Jorge, Tite disputou 94 jogos. Venceu 54, empatou 20 e perdeu 20. Marcou 30 gols.

               Nesse período fez grandes partidas, das quais algumas ele sempre lembrava com muita saudade, como naquele dia 25 de outubro de 1959, quando o Corinthians venceu a Ferroviária por 2 a 0. Foi recorde de público no Parque São Jorge, 32.419 pagantes para ver o Corinthians contra um time do interior. Hoje esse número é impossível e como foi naquele dia?  Naquele tempo os critérios de acomodações eram outros, assistia-se aos jogos apertados contra o alambrado, em parte pelo fanatismo da torcida, que acreditava na conquista de mais um título.

               Mal sabiam aquelas trinta e duas mil pessoas, que ainda teriam que esperar mais 18 anos para soltarem o grito de campeão. A última partida de Tite pelo Corinthians aconteceu dia 8 de novembro de 1959, quando o alvinegro perdeu para o Taubaté por 2 a 1, gols de Vater Prado e Orlando Maia para o time do interior e Joaquinzinho para o Timão.

SELEÇÃO BRASILEIRA E PAULISTA

               Pela Seleção Brasileira, Tite participou de um hoje que entrou para a história. Foi no dia 7 de julho de 1957, quando o Brasil enfrentou a Argentina pela Copa Rocca e perdeu por 2 a 1. O único gol brasileiro foi anotado por Pelé. Este jogo entrou para a história do futebol brasileiro, pois foi nesta partida, que Pelé fez sua estréia na Seleção Brasileira. Pelé entrou no segundo tempo no lugar de Del Vecchio. Mesmo perdendo o jogo, Pelé foi muito elogiado e seu nome nas próximas listas de convocações passou a ser obrigatória. O técnico que o convocou pela primeira vez foi Silvio Pirilo, que na época foi muito contestado, pois Pelé tinha na época, apenas 16 anos, mas com o passar dos anos, Pirilo mostrou que estava absolutamente certo em convocá-lo.

               Pela Seleção Paulista, Tite jogou várias vezes, como por exemplo aquele dia no Estádio do Pacaembu em que a Seleção Paulista goleou a Seleção de Minas Gerais por 6 a 1, gols de Servílio (2), Tite (2), Bazzani e Pepe). Neste dia os paulistas jogaram com; Gilmar (Rosan); Getúlio, Olavo e Zé Carlos; Formiga e Zito; Julinho (Luizinho), Servílio, Bazzani, Pelé e Pepe (Tite). Outro jogo foi Seleção Paulista x Seleção Pernambucana, onde os paulista venceram por 3 a 2, gols de Pelé (2) e Servílio. Neste dia os paulistas jogaram com; Gilmar; Getúlio, Olavo e Zé Carlos; Formiga e Zito; Julinho, Pelé, Servílio, Chinesinho e Tite.

DE VOLTA AO SANTOS

               Ao deixar o Corinthians e voltar para o Santos, ele costumava brincar “lá em São Paulo não tem mar então resolvi voltar”. Em 1960, Tite estava de volta à Vila Belmiro, onde jogou por mais três anos, os quais foram os mais importantes na história do Peixe, pois nesse período sagrou-se Bicampeão da Taça Libertadores da América e Bicampeão Mundial Interclubes. Conquistou também outros títulos, como o Paulista de 1960, 61 e 62, Taça Brasil de 1961 e 1963 e o Torneio Rio-São Paulo de 1963. Foram anos dourados, tanto para o Santos como para Tite. Somando-se os dois períodos em que jogou no Santos, ele é o oitavo atleta que mais vestiu a camisa do Santos. Marcou 151 gols em 475 partidas. É até hoje o 10º maior artilheiro da história do clube praiano.

               Foi um grande músico e também foi o grande responsável por cuidar do departamento de veteranos do clube santista. Tite morreu dia 26 de agosto de 2004, na Santa Casa de Santos, vítima de câncer no pulmão. O presidente do Santos decretou três dias de luto oficial. Teve a honra de jogar numa equipe que encantou o mundo. Depois que encerrou sua brilhante carreira, passou a dedicar-se a música, onde chegou a gravar vários discos e fez inúmeras apresentações em shows por todo o Brasil.

Seleção Paulista de 1955   –   Em pé: Djalma Santos, Alfredo Ramos, Roberto Belangero, Mauro Ramos de Oliveira, Gilmar e Bauer  –   Agachados: Maurinho, Ipojucan, Álvaro Valente, Vasconcelos, Tite e o massagista Mário Américo
Em pé: Ivan, Fioti, Hélvio, Manga, Urubatão e Zito   –    Agachados: Dorval, Jair, Pelé, Pepe e Tite
1959   –   Em pé: Olavo, Oreco, Goiano, Valmir, Gilmar e Roberto Belangero   –    Agachados: Bataglia, Rafael, Índio, Luizinho e Tite
Em pé: Ivan, Zito, Formiga, Urubatão, Manga e Hélvio   –   Agachados: Del Vecchio, Valter, Álvaro, Vasconcelos e Tite
Em pé: Ari Clemente, Olavo, Walmir, Cabeção, Oreco e Roberto Belangero   –   Agachados: Miranda, Paulo, Zague, Luizinho e Tite
Em pé: Irno, Pavão, Calvet, Fioti, Dalmo e Zé Carlos    –   Agachados: Sormani, Jair Rosa Pinto, Ney Blanco, Pelé e Tite
Seleção Paulista de 1957   –   Em pé: Alfredo Ramos, De Sordi, Hélvio, Laércio, Djalma Santos e Roberto Belangero   –    Agachados: Julinho Botelho, Luizinho, Humberto Tozzi, Jair Rosa Pinto e Tite
Em pé: Lima, Zito, Dalmo, Calvet, Mauro e Laércio   –    Agachados: Dorval, Tite, Coutinho, Pelé e Pepe
1957   –   Em pé: Fioti, Zito, Getúlio, Laércio, Ramiro e Dalmo   –   Agachados: Dorval, Pagão, Pelé, Álvaro e Tite
Em pé: Ramiro, Hélvio, Manga, Urubatão, Zito e Ivan   –    Agachados: Alfredinho, Jair Rosa Pinto, Álvaro, Vasconcelos e Tite
Da esquerda para a direita: Barbosinha, Hélio Canjica, Wilson Francisco Alves, Formiga, Urubatão, Ramiro, Ivan, Pepe, Álvaro, Vasconcelos e Tite
1958   –  Em pé: Cabeção, Walmir, Oreco, Olavo, Ivan e Roberto Belangero   –  Agachados: Bataglia, Paulo, Zague, Rafael e Tite
1958   –  Em pé: Cabeção, Ari Clemente, Olavo, Oreco, Roberto Belangero e Ivan    –   Agachados: Bataglia, Paulo, Índio, Rafael e Tite
1957   –  E m pé: Paulinho de Almeida, Castilho, Bellini, Jadir, Oreco e Zito    –   Agachados: Maurinho, Mazzola, Del Vecchio, Luizinho e Tite
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