MAURO: nosso capitão na conquista do bicampeonato mundial do Chile em 1962

                  Mauro Ramos de Oliveira nasceu dia 30 de agosto de 1930, na cidade Poços de Caldas (MG), e faleceu dia 18 de setembro de 2002. Portanto, se estivesse vivo ontem estaria completando 78 anos de idade. Poucos craques do futebol brasileiro conseguiram a proeza de serem absolutamente respeitados em clubes rivais, sejam por seu comportamento, por seu futebol ou por um currículo repleto de conquistas importantes. Pois Mauro Ramos de Oliveira foi um dos que reuniu todas essas credenciais e se firmou como o maior zagueiro de área da história do Tricolor Paulista e do Santos F.C.  Disputou as Copas do Mundo de 1954, na Suíça, em 1958, na Suécia, e em 1962, no Chile. Foi quatro vezes campeão paulista pelo São Paulo F.C. (1948, 49, 53 e 57).

                 Já pelo Santos F.C., foi cinco vezes campeão paulista (1960, 61, 62, 64 e 65), três vezes campeão do Torneio Rio-São Paulo  (1963,  64  e  66),  cinco  vezes  campeão  da  Taça  Brasil (1961, 62, 63, 64 e 65).  Foi  também  bicampeão da Taça Libertadores e bicampeão Mundial Interclubes (1962 e 1963). Tudo isto, sem falarmos do bicampeonato mundial pela seleção em  1958  e  1962.  Sendo que em 1962, foi o grande capitão, jogando como titular do início ao fim da competição quando ergueu a Taça Jules Rimet. Foi sem dúvida, um dos melhores zagueiros da história do futebol brasileiro.

                Mauro deu seus primeiros passos no futebol em 1946, jogando pela Sociedade Esportiva Sanjoanense de São João da Boa Vista (SP). No ano seguinte jogou na Caldense e profissionalizou-se no São Paulo F.C. em 1948.  Os dirigentes tricolores foram mais ágeis que os rivais e acertaram sua contratação. A partir daí, com apenas 18 anos, o jogador conseguiu se firmar de maneira rápida e impressionante na equipe titular do Tricolor e encantou o então técnico da seleção brasileira, Flávio Costa. Mauro só não defendeu o Brasil na Copa do Mundo de 1950, com 20 anos, porque a dupla de zaga Augusto e Juvenal era considerada “intocável”, enquanto Nena e Pinheiro, os dois reservas, eram bem mais experientes que o jovem jogador são-paulino. Mesmo assim, foi convocado para o Campeonato Sul-Americano daquele ano, e sagrou-se campeão.

SÃO PAULO F.C.

              A passagem pelo Morumbi o credencia como o maior zagueiro da história do clube. Mauro Ramos de Oliveira se tornou unanimidade no São Paulo F.C., onde não se intimidou ao lado de craques consagrados da época, como Bauer, Rui, Noronha, Leônidas da Silva, De Sordi, Dino Sani, Canhoteiro, Zizinho e tantos outros, garantindo assim seu espaço cativo entre os titulares.  No São Paulo participou de quatro títulos paulistas, entre eles o de 1957, quando o Tricolor derrotou o Corinthians por 3 a 1, no dia 29 de dezembro, com gols de Amauri aos 17, Canhoteiro aos 19, Rafael diminuiu aos 21 e Maurinho fechou o placar aos 34 minutos do segundo tempo.  Neste dia o São Paulo jogou com; Poy, De Sordi, Mauro, Sarará e Vitor; Riberto e Zizinho; Maurinho, Amauri, Gino e Canhoteiro. Em seus 11 anos de Tricolor (1948 a 1959), Mauro atuou em 492 jogos (298 vitórias, 98 empates, 96 derrotas) e marcou apenas dois gols.

SANTOS F.C.

             Com um currículo invejável no Tricolor do Morumbi e já com uma experiência em Copa do Mundo, pois havia participado embora como reserva da Copa de 58, em 1960, transferiu-se para o Santos F.C., numa das maiores transações da época, cerca de cinco milhões de cruzeiros. A torcida santista que já se esbaldava de alegrias com o maior esquadrão de craques de sua história, via mais um monstro sagrado chegar na Vila Belmiro, que no início da década de 60 formou uma verdadeira máquina de jogar futebol; Gilmar, Lima, Mauro, Calvet e Dalmo; Zito e Mengalvio; Dorval, Coutinho, Pelé e Pepe. Com este time, o Santos conquistou inúmeros títulos, sendo dois deles, os títulos de Campeão Mundial Interclubes. Sua permanência no Santos durou sete anos (1960 a 1967). Então com 37 anos, já veterano, Mauro Ramos de Oliveira aceitou proposta para atuar no Toluca do México, onde foi campeão nacional naquela mesma temporada e, logo depois pendurou as chuteiras.

              Frequentemente saía de campo com o uniforme limpinho, tal era sua categoria. Após 20 anos esbanjando categoria e elegância, característica que o levou a ganhar o apelido de Marta Rocha, numa alusão a mais famosa Miss Brasil, musa dos anos 50, Mauro viajou ao México e aos Estados Unidos para fazer cursos profissionalizantes para a carreira de técnico de futebol. Era o início de um novo desafio. E assim começou seu trabalho fora das quatro linhas no Deportivo Oro (México), antes de vir para o Brasil, onde treinou o Coritiba e, em 1971 o Santos F.C. Em 1974 abandonou definitivamente o mundo do futebol para se tornar comerciante. Desde então, o “Capitão do Bi” raramente era visto na mídia, voltando às manchetes, apenas em 2000, quando se iniciaram suas complicações mais sérias de saúde. Dia 30 de junho daquele ano, foi internado na Unidade Terapia Intensiva do Hospital Nove de Julho, devido a sérios problemas cardíacos e câncer no intestino.

              Dia 18 de setembro de 2002, Mauro Ramos de Oliveira, 72 anos, faleceu em Poços de Caldas (MG), sua cidade natal. O apito final da vida do nosso grande capitão, não apagou em nenhum momento a obra única deixada por este verdadeiro gênio da bola. No Morumbi, na Vila Belmiro ou em todos os corações dos amantes do futebol brasileiro, Mauro Ramos de Oliveira será eterno.

SELEÇÃO BRASILEIRA

O primeiro contato com a seleção nacional se deu logo aos 20 anos, por meio do técnico Flávio Costa. Encantado com as brilhantes atuações do então jovem zagueiro são-paulino, o treinador do Brasil resolveu convoca-lo para o Campeonato Sul-Americano, juntamente com craques consagrados que formariam a base da equipe vice-campeã da Copa de 1950 realizada no Brasil.  Neste mundial, Mauro não entrou na lista dos convocados devido a pouca idade, mas nos três mundiais seguintes, não houve jeito.

             O zagueiro foi convocado e disputou as Copas da Suíça, em 1954, da Suécia, em 1958, e do Chile, em 1962. Mesmo na reserva de Bellini, Mauro esteve no grupo que conquistou o primeiro título mundial da história da seleção brasileira, em 1958.  Nos dois primeiros mundiais, a reserva foi bem aceita. Afinal, Mauro tinha consciência de que estava começando a carreira em um grande clube e sabia da concorrência com outros grandes jogadores.  Em 1962, no entanto, já no auge com o Santos, o zagueiro não teve dúvidas, peitou o então treinador do Brasil, Aymoré Moreira, afirmando categoricamente que estava em melhores condições que Bellini, seu colega de São Paulo F.C. e capitão de 58. 

            O experiente técnico da seleção, admirado com a coragem e a personalidade de Mauro, o escalou como titular e ainda lhe deu a tarja de capitão. Resultado; Brasil bicampeão mundial, com Mauro erguendo a taça do título. Neste mundial do Chile, a nossa seleção jogou a final com; Gilmar, Djalma Santos, Mauro, Zózimo e Nilton Santos; Zito, Didi e Zagallo; Garrincha, Vavá e Amarildo.  Nesta Copa Pelé contundiu-se na segunda partida e ficou fora da competição, dando seu lugar a Amarildo, que o substituiu a altura.

  O último contato com a seleção brasileira aconteceu em 1984, quando Mauro foi convidado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para uma cerimônia de “entrega da Taça Jules Rimet” roubada um ano antes. Na verdade, era uma réplica da taça de 1970, roubada e derretida em 1983. Ao lado de outros dois capitães das conquistas mundiais até então, Bellini e Carlos Alberto Torres, Mauro reviveu um pouco da glória que teve com a camisa amarela. O maior zagueiro que o país já conheceu honrou o posto com uma impecável passagem pela seleção brasileira. Eternizou-se, também, com o uniforme canarinho. Pela seleção brasileira, Mauro disputou 30 partidas.

              Como se sabe, Mauro Ramos de Oliveira sempre foi unanimidade nacional, pela categoria e elegância em campo. A forte personalidade, sem que seja confundida com arrogância, também acompanhou a trajetória singular do maior zagueiro brasileiro de todos os tempos, tanto com a camisa tricolor, com a camisa do peixe ou com a camisa canarinho, pois sempre que entrava em campo, era um colírio para os olhos dos amantes do futebol, os quais tiveram a felicidade e o privilégio de assistirem grandes espetáculos, que eram proporcionados por jogadores do nível de Mauro Ramos de Oliveira.

Em pé: Djalma Santos, Zito, Gilmar, Zózimo, Nilton Santos e Mauro     –    Agachados: Garrincha, Didi, Vavá, Amarildo e Zagallo
Em pé: Ismael, Zito, Haroldo, Geraldino, Mauro e Gilmar     –   Agachados: Peixinho, Lima, Toninho Guerreiro, Pelé e Noriva
Em pé: Rui, Savério, Mauro, Mário, Bauer e Noronha     –    Agachados: Friaça, Ponce de Leon, Leônidas da Silva, Remo e Teixeirinha
Em pé: Brandãozinho, Paulinho, Veludo, Alfredo Ramos, Mauro e Bauer     –    Agachados: Julinho, Pinga, Baltazar, Humberto Tozzi e Maurinho
Em pé: Lima, Zito, Dalmo, Calvet, Gilmar e Mauro    –    Agachados: Dorval, Mengalvio, Coutinho, Pelé e Pépe
Em pé: Haroldo, Dalmo, Lima, Ismael, Gilmar e Mauro    –    Agachados: Dorval, Mengalvio, Coutinho, Almir e Pépe
Em pé: Lima, Zito, Geraldino, Joel, Mauro e Laércio    –  Agachados: Peixinho, Mengalvio, Toninho Guerreiro, Pelé e Pépe

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