RIBERTO: campeão paulista pelo São Paulo F.C. em 1957

                Oswaldo Riberto nasceu dia 30 de agosto de 1933, na cidade de Penápolis, mas foi criado em Porto Feliz, também interior do estado de São Paulo. Marcou época no São Paulo F.C. durante o período de 1956 a 1964, quando vestiu a camisa tricolor e conquistou o título paulista de 1957,  numa final emocionante contra o Corinthians, jogo este que ficou conhecido como a noite das garrafadas, quando o Tricolor venceu por 3 a 1. Teve a honra de defender a Seleção Paulista em 1959, um ano em que em cada posição tinha no mínimo dois ou três craques, foi uma época maravilhosa do futebol paulista, pois Pelé estava no auge de sua carreira e cada jogo do campeonato paulista era um colírio para os olhos dos amantes do futebol. Riberto também participou do jogo da inauguração do Morumbi no dia 2 de outubro de 1960, quando o Tricolor venceu o Sporting de Portugal por 1 a 0, gol de Peixinho.  Em 1964, com a chegada do lateral esquerdo Tenente, e também devido a idade um pouco avançada para um jogador de futebol, pois já estava com 31 anos de idade, Riberto resolveu encerrar a carreira.

YPIRANGA

               O Clube Atlético Ypiranga foi fundado em 1906 e foi um grande clube do futebol paulista,  sendo vice campeão em 1913, 1935 e 1936. Em seu primeiro vice, tivemos a estreia em Campeonato Paulista de dois grandes clubes do futebol brasileiro, ou seja, Santos e Corinthians. O Ypiranga não chegou a enfrentar o Santos, pois o clube da baixa santista abandonou o campeonato na sexta rodada. Como era o único clube fora da capital, a alegação da diretoria do Peixe, foi que não tinha dinheiro para as passagens de trem e alimentação dos jogadores. O Santos só voltou a disputar o Paulistão em 1916. Outro vice campeonato do Ypiranga foi em 1935, quando o Santos conquistou seu primeiro título paulista. E no vice de 1936, o Palestra Itália ficou com o título. Neste ano tivemos a estreia oficial do São Paulo F.C. em Campeonato Paulista. Seu primeiro jogo aconteceu no dia 25 de janeiro quando derrotou a Portuguesa Santista por 3 a 2.

               Muitos craques chegaram a defender as cores do Clube Atlético Ypiranga. O principal deles foi Arthur Friedenreich, artilheiro do Campeonato Paulista em 1914 e 1917 pelo clube. Barbosa, goleiro vice-campeão mundial pelo Brasil em 1950, também passou por lá no início da década de 40. Também jogaram, Homero, que foi campeão do IV Centenário pelo Corinthians, Liminha, Dema e Valdemar Carabina que brilharam no Palmeiras e até mesmo Mário Travaglini e Rubens Minelli, que depois passaram a trabalhar como treinadores. Mas em 1959, depois de ser rebaixado para a segunda divisão do futebol paulista, o Ypiranga encerrou suas atividades.              

               Riberto chegou ao C. A. Ypiranga com apenas treze anos de idade em 1947. Depois de conquistar títulos em várias categorias amadoras, chegou ao time de aspirantes e logo em seguida fez sua estreia entre os profissionais no ano de 1952. Neste ano o clube ficou em 10º lugar com 26 pontos, exatamente a metade do Corinthians que foi o campeão daquele ano. No Ypiranga, Riberto atuava primeiramente como centro médio e posteriormente começou a jogar pela lateral esquerda onde acabou se fixando. Fez parte de ótimas equipes jogando ao lado de Mário Travaglini e do ponta-esquerda Rubens Minelli. No final do ano de 1954, Riberto foi transferido para a A.A. Ponte Preta de Campinas, onde permaneceu por apenas uma temporada e logo em seguida surgiu o interesse do São Paulo F.C.

               Riberto era chamado de “britânico” não só pela sua pontualidade nos treinos e compromissos, mas também por seguir a risca as instruções dos treinadores com quem trabalhou em todas as equipes que defendeu. Mesmo que para isso, tivesse que sacrificar suas características dentro do gramado. Sua última partida com a camisa do extinto clube do Ypiranga foi no dia 6 de maio de 1956, quando o clube foi derrotado pelo Corinthians por 5 a 3, num amistoso estadual. O jogo foi no Pacaembu e neste dia o Ypiranga jogou com; Osvaldo, Giancoli e Homero; Belmiro, Riberto e Dema; Elzo, Nenê, Liminha, Bibe e Paulo. O técnico era Caetano de Domênico. O Corinthians jogou com; Arlindo, Alvaro e Alan; Idário, Julião e Walmir; Claudio, Carbone, Baltazar, Rafael e Jansen. O técnico era Oswaldo Brandão. Os gols corintianos foram anotados por Baltazar (2), Paulo (2) e Rafael, enquanto que para o Ypiranga, os dois gols foram de autoria do meia Liminha.

SÃO PAULO F.C.

               Contratado pelo tricolor do Morumbi em 1956, inicialmente ficou na suplência de Alfredo e no ano de 1957, com a saída de Alfredo para o Corinthians, Riberto assumiu definitivamente a condição de titular e foi um dos campeões paulistas daquele mesmo ano. Foi um campeonato paulista que entrou para a história do futebol. O Corinthians era o favorito. Tinha um time com grandes valores individuais, uma estrutura técnica bem definida e uma garra que virou tradição. O São Paulo não era exatamente o fantasma do campeonato, mas era quase e aparecia como a grande surpresa.

               O São Paulo se classificou na última vaga, pois até a 15ª rodada das 19 disputadas durante o Torneio de Classificação instituído pela FPF. Mas depois se recuperou e chegou na última rodada precisando da vitória para sagra-se campeão, enquanto que o alvinegro de Parque São Jorge, um empate lhe dava o titulo. As seis horas da manhã daquele dia 29 de dezembro de 1957 já tinha gente chegando ao Pacaembu. Quando foi uma hora da tarde, a garoa continuava e os portões foram fechados. Primeiro entrou o São Paulo com Poy, De Sordi e Mauro; Sarará, Vitor e Riberto; Maurinho. Amauri, Gino, Zizinho e Canhoteiro. O meia campista Dino Sani, contundido não jogou neste dia pelo Tricolor, Sarará era seu substituto. Depois entrou o Corinthians com Gilmar, Olavo e Oreco; Idário, Valmir e Benedito; Claudio, Luizinho, Índio, Rafael e Zague.

               O primeiro tempo terminou em zero a zero. Na segunda etapa, o São Paulo marcou três gols, através de Amauri, Canhoteiro e Maurinho. O Corinthians marcou somente um, através de Rafael. No terceiro gol são-paulino, Maurinho, empolgado com o gol, deixou a bola no fundo das redes, disse qualquer coisa para o goleiro Gilmar que saiu perseguindo o ponteiro são-paulino que somente parou com a chegada do grupo do deixa disso. A torcida corintiana começou  a atirar garrafas para dentro do campo e com isto, aquele jogo entrou para a historia como a noite das garrafadas. Depois desse título o São Paulo ficou 13 anos sem conquistar outro.

               Em 1959, Riberto teve a honra de defender a Seleção Paulista, uma época de ouro do futebol brasileiro, em especial o futebol paulista. Cada clube tinha cinco ou seis verdadeiros craques. Só para citar um exemplo, o Palmeiras tinha simplesmente, Julinho Botelho, Romeiro, Chinesinho, Aldemar, Djalma Santos, Zéquinha e Valdemar Carabina, o Santos tinha Pelé no auge de sua carreira, Jair da Rosa Pinto, Urubatão, Formiga, Zito, Dorval, Pagão e Pepe, o Corinthians tinha Gilmar, Roberto Belangero, Luizinho, Olavo, Rafael e Oreco, o São Paulo tinha Canhoteiro, Gino, Vitor, Poy, enfim, eram só feras que desfilavam pelos gramados paulista, tudo sem falarmos das equipes do interior, que também possuíam grandes craques em suas equipes. E a Seleção Paulista de 1959, era formada por; Gilmar, De Sordi, Olavo, Formiga e Riberto; Zito e Chinesinho; Julinho Botelho, Servilio, Pelé e Pepe.

               Outro momento marcante na carreira do craque Riberto, foi sem dúvida a inauguração do Estádio Cicero Pompeu de Toledo, o Morumbi, no dia 2 de outubro de 1960. O árbitro da partida foi Olten Ayres de Abreu. O primeiro gol do Morumbi foi marcado por Peixinho (Arnaldo Poffo Garcia), aos 12 minutos de jogo, diante de 56.448 pessoas que lotavam o estádio ainda inacabado, pois o objetivo era abrigar 120 mil pessoas, com renda de Cr$ 7.868.400,00, recorde em amistosos na época. Neste dia o Tricolor jogou com; Poy, Ademar, Gildésio e Riberto; Fernando Sátyro e Víctor; Peixinho, Jonas (Paulo), Gino Orlando, Gonçalo (Cláudio) e Canhoteiro; o técnico era Flávio Costa, o mesmo que comandou nossa seleção na Copa de 50 disputada aqui no Brasil e que perdemos para o Uruguai por 2 a 1 na final.

               Em 1964, Riberto resolveu encerrar a carreira. Com a camisa do Tricolor, disputou 477 jogos. Venceu 252, empatou 117 e perdeu 108. Marcou 19 gols. Infelizmente veio a falecer aos 59 anos de idade, no dia 23 de junho de 1993, em São Paulo. Um de seus netos, também chamado de Riberto, disputou a Taça São Paulo de Futebol Junior de 2005.

               Riberto, que foi campeão paulista em 1957, travou grandes duelos com Julinho Botelho, Dorval, Sormani, Gildo, Marcos, Faustino (da Ferroviária), Garrincha, Joel, Sabará, Telê, Maurinho, Jair da Costa, Roberto Bataglia e Espanhol, nos clássicos contra Santos, Palmeiras, Corinthians, Botafogo, Vasco, Flamengo e Fluminense. Era uma época que para ser titular de uma equipe grande, o jogador precisar jogar muita bola, não é como nos dias de hoje que qualquer um é titular. São estes jogadores de hoje, que faz com que sejamos saudosistas, pois quem viu o futebol da década de 50, 60 e 70, não tem paciência de assistir uma partida de futebol nos dias de hoje, principalmente sabendo a fortuna que estes cabeças de bagres ganham. Quem viu os grandes craques do passado é um privilegiado, pois os jogadores de hoje só amam o dinheiro e não o clube como antigamente.

Em pé: Fernando Sátiro, Poy, Servilio, Ademar, Riberto e Vitor    –    Agachados: Peixinho, Dino Sani, Gino, Gonçalo e Roberto
Em pé: De Sordi, Ademar, Clélio, Luiz Antonio, Riberto e Mauro     –    Agachados: Maurinho, Roberto, Gino, Zizinho e Canhoteiro
Em pé: Bellini, Jurandir, Riberto, Leal, Suly e Deleu    –    Agachados: Cecílio Martinez, Baiano, Benê, Cido e Canhoteiro

Em pé: De Sordi, Riberto, Dino Sani, Servilio, Albertino e Vitor    –   Agachados: Peixinho, Paulo Lumumba, Gino, Celso e Agenor

Em pé: De Sordi, Dino Sani, Riberto, Gilmar, Vitor e Mauro Agachados: Dorval, Jair Rosa Pinto, Índio, Pelé e Chinesinho
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