LÊ: campeão paulista pela Inter de Limeira em 1986

                         Ronaldo Francisco Lucato nasceu dia 1 de setembro de 1964, na cidade de Limeira (SP). Lê começou a se destacar jogando na Internacional de Limeira. Ao lado de Tato e Kita, ele formou o ataque do Leão campeão paulista de 1986. O adversário da final foi o Palmeiras. Os dois jogos contra o alviverde foram disputados no estádio do Morumbi, mas a Internacional não tomou conhecimento da torcida palmeirense, em maior número nas arquibancadas.

                         A equipe comandada por Pepe, o ex-ponta-esquerda do Santos Futebol Clube, empatou a primeira partida por 0 a 0 e venceu o segundo jogo por 2 a 1 (gols de Kita e Tato para a Inter e do zagueiro Amarildo para o Palmeiras). Lê ganhou a posição no primeiro jogo das semifinais. Foi improvisado na ponta direita no jogo contra o Guarani e depois jogou na ponta esquerda contra o São Paulo, daí o técnico Pepe gostou e ele ganhou a camisa 11.

                         Era a primeira vez que um time do interior paulista conquistava um título estadual. A Inter tinha como equipe-base: Silas; João Luis, Juarez, Bolivar e Pecos; Manguinha (ex-Guarani), Gilberto Costa e João Batista (ex-Lusa); Tato, Kita e Lê.

                         Depois de brilhar na Inter de Limeira, Lê foi defender o São Paulo. Ele chegou ao Tricolor do Morumbi para ser uma opção no banco de reservas, mas com a saída de Careca, vendido para o Napoli, da Itália, o baixinho atacante ganhou a chance de vestir a camisa 9 são-paulina.
Lê não decepcionou.

                         Embora não fosse goleador como Careca ou Serginho Chulapa, o então jovem atacante fez gols importantes, entre eles no primeiro jogo decisivo do Paulistão de 87. Lê, com menos de 1m70 de altura, fez de cabeça um dos gols do Tricolor na vitória sobre o Corinthians, 2 a 1, no Morumbi. O detalhe é que a zaga corintiana era considerada muita alta: Mauro e Edevaldo (ex-XV de Jáu).

                      Em 1988, em transação polêmica, Lê deixou o São Paulo para defender a Portuguesa de Desportos. Chegou a fazer bons jogos ao lado de Jorginho (ponta-direita) e Toninho (meia, irmão mais velho de Sony Anderson), mas não foi o mesmo dos tempos de São Paulo e Internacional de Limeira.
Em 1990, transferiu-se mais uma vez. Foi contratado pelo Internacional de Porto Alegre. Até hoje alguns dirigentes da Lusa reclamam que o time gaúcho demorou muito para pagar o passe do atacante, que depois jogaria também pelo Atlético Mineiro, Ituano (SP) e em equipes do futebol japonês.

                          Lê, um dos heróis da Internacional de Limeira na conquista do título paulista de 86 e do São Paulo na vitoriosa campanha do estadual do ano seguinte, Ronaldo Francisco Lucato, o Lê, encerrou a carreira com apenas 32 anos e sente saudades dos gramados.
“Gostaria de ter a oportunidade de ser técnico”, disse o ex-atacante. Mas ele acabou virando dirigente. Em 2008, tornou-se diretor de futebol do Ituano. No ano seguinte, assumiu a mesma função na Inter de Limeira.

                         Casado com Fabíola e pai de Vitor, Lê tem residência fixa em Limeira (SP). Ele trabalhou como comentarista esportivo da TV Mix. Além disso, Lê tem empresa de marketing esportivo, um sítio em Limeira e dois postos de gasolina em Piracicaba (SP). “Procurei aplicar o dinheiro dos tempos de jogador. Por isso, eu também achei melhor encerrar a carreira”, comentou Lê, que costuma frequentar as festas para ex-craques promovidas pelo São Paulo.

CAMPEÃO PAULISTA

                          Em 1986, a Inter surpreendeu os considerados grandes do estado de São Paulo. O time do interior venceu o favorito Palmeiras na final do Paulistão e comemorou o título no estádio do Morumbi.

                          O primeiro jogo da final aconteceu dia 31 de agosto, um domingo de muito frio na capital paulista. O que se viu lá no Morumbi foi 100.000 palmeirenses empurrando o time de Carbone contra o pequeno time do interior. Mas o que se viu naquele domingo nublado, foi uma aula de valentia de Gilberto Costa e de toda retaguarda limeirense que anulou o eficiente ataque palmeirense de Mirandinha, Edmar e Éder, que reencontrou seu ex-time agora como adversário. Resultado, um surpreendente 0 a 0. A Inter de Limeira mostrou que não estava ali para brincadeira e a expectativa ficou para a segunda partida novamente no Morumbi numa quarta a noite.

                           A maioria da imprensa paulista e do Brasil esperavam um título alviverde. Jornais, revistas, rádio e TV davam amplo destaque, ao fim do tabu de 10 anos que estava por acabar naquela noite. Mas o que viram, foi algo muito além das expectativas. Neste dia o técnico palmeirense Carbone, mandou a campo os seguintes jogadores; Martorelli, Diogo (Ditinho), Márcio, Amarildo e Denys; Lino (Mendonça), Gérson e Jorginho; Mirandinha, Edmar e Éder Aleixo. Já o time da Inter que era comandada pelo “Seo” Macia, o popular Pepe, jogou neste dia com; Silas, João Luís, Juarez, Bolívar e Pecos; Manguinha, Gilberto Costa e João Batista (Alves); Tato, Kita e . A arrecadação foi de Cz$ 2.443.610,00 para um público pagante de 68.564 pessoas.

                         O jogo, bem diferente do domingo, foi muito mais aberto com ambas as equipes tentando o gol. O Palmeiras desandou a atacar a Inter e o goleiro Silas fazia defesas espetaculares e o time de Limeira se organizava em perigosos e eficientes contra-ataques. Mas o melhor estava guardado para o segundo tempo. Logo aos 5 minutos, em um cruzamento, o artilheiro Kita emendou um sem-pulo e o goleiro palmeirense Martorelli (que desbancou o titular Leão) não alcançou. Inter de Limeira 1 x 0 para o espanto dos milhares de palmeirenses presentes ao Morumbi. O baque foi grande.

                        Ninguém do time alviverde esperava um gol da Inter e a equipe do Parque Antártica se perdeu. Quatro minutos depois, numa bobeada monstro, o zagueiro Denys, recuou mal uma bola para Martorelli, o ponteiro direito Tato como um tubarão, se aproveitou e pegou a bola mal atrasada, driblou Martorelli e tocou no fundo da rede. Inter 2 x 0 e o desespero tomou conta do time alviverde. Os ataques passaram a ser descontrolados e sempre paravam nas mãos do goleiro Silas, um dos heróis do jogo. Aos 29 minutos, num cruzamento, o Palmeiras conseguiu diminuir através do zagueiro Amarildo e depois tentou empatar para levar o jogo para a prorrogação, alimentando assim uma esperança ao torcedor palmeirense, que naquele momento não estava acreditando naquilo que estava vendo.

                       Mas a experiência de Gilberto Costa e Silas foi decisiva para manter o placar favorável. Dulcídio Vanderlei Boschilla apita, é fim de jogo. E um tabu de 84 anos se quebra. Finalmente um time do interior paulista é campeão com todo o merecimento. O Palmeiras iria amargar ainda mais 7 anos na fila e a Associação Atlética Internacional de Limeira, comandada por jogadores rejeitados por clubes grandes e por jovens valores, mostrou seu talento e entrou definitivamente para a história do futebol brasileiro. 

Em pé: Zé Carlinhos, Bernardo, Nelsinho, Ivan, Adilson e Rojas     –     Agachados: Raí, Lê, Müller, Renatinho e Edivaldo
Em pé: Moacir, Juarez, Manguinha, Pécos, João Luis e Bolivar    –     Agachados: Kita, Tato, João Batista, Lê e Carlos Silva
Em pé: Bernardo, Adílson, Gilmar Rinaldi, Dario Pereyra, Nelsinho e Zé Teodoro   –    Agachados: Hélio Santos (massagista), Muller, Silas, Lê, Pita e Edivaldo
Em pé: Silas, Bolivar, Pecos, João Luis, Manguinha e Juarez      –     Agachados: Tato, Gilberto Costa, Lê, Kita e João Batista

 

 

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