BRECHA: brilhou no Juventus e no Santos F.C.

                       Moacir Bernardes Brida nasceu dia 12 de julho de 1948, na cidade de Itajobi – SP. Foi um dos grandes nomes da história do Clube Atlético Juventus, onde jogou por muitos anos. Depois defendeu as cores do Santos F. C. na década de 70, jogando ao lado de Pelé, Clodoaldo, Carlos Alberto, Marinho Perez, Edu e tantos outros que marcaram época na equipe santista. Foi jogador profissional de 1965 até 1990, quando resolveu encerrar a carreira e começou a trabalhar como professor de educação física e administrar uma escolinha de futebol na cidade de Catanduva. Chegou também a vestir a camisa da nossa seleção brasileira em 1972, ano em que marcou um gol que entrou para a história, gol este que ficou conhecido como “gol da zebra milionária”.

INÍCIO DE CARREIRA

                     Sua paixão pelo futebol começou como de todo garoto: nos campinhos de várzea. Desde menino, ele sempre foi parceiro de seu irmão mais velho, o Brida, que também virou jogador profissional, nas peladas pelos campinhos de Catanduva. “A gente jogava em vários campos. Existia muitos times naquela época, e eu disputava o que seria o amador, ao lado do meu irmão. Tudo começou quando ele me chamou para ir até Pindorama jogar. Eu era o único menino de 14 anos em meio aos marmanjos de 19”, comenta Brecha. 

                    Dali para frente, ele começou a jogar cada dia mais até que um dia veio o convite para fazer parte do Catanduva, um time profissional da cidade. “Chegou um diretor daquele time em um campinho e disse que era para eu ir defender o Catanduva num jogo. Fui e fiquei”, conta. Alguns anos depois, ele foi vendido para a equipe de Barretos, e chegou a jogar a final do que seria uma espécie de Campeonato Paulista do Interior, entre quatro times, no Pacaembu, no final dos anos 60. “Fomos campeões naquela época em pleno Pacaembu. Joguei muito aquele dia”, sorri. “No final do jogo, um diretor do Juventus me chamou e acabei contratado”.

JUVENTUS

                   Ficou no time da rua Javari por quase cinco anos, janeiro de 1968 até setembro de 1972, onde fez grandes partidas, fazendo com que os grandes clubes do futebol paulista passassem a namorá-lo. De todas as partidas com a camisa grená do Juventus, existe uma que entrou para a história do futebol. Este jogo aconteceu dia 29 de abril de 1972, quando o Moleque Travesso derrotou o Corinthians por 1 a 0, gol de Brecha aos 16 minutos do segundo tempo, cobrando falta. E por que esta partida entrou para a história?

                   Acontece que esta vitória, foi considerada como uma grande zebra, pois o Corinthians era o favorito, sendo assim, houve somente um acertador na Loteria Esportiva naquele teste de número 85. Ninguém acreditava na vitória juventina, somente um apostador acreditou, foi Eduardo Varela, que depois ficou conhecido como “Dudu da Lotéca”. Ele cravou coluna 2 e acabou levando a bolada, pois ganhou sozinho. O jogo foi no Pacaembu num sábado a tarde e foi válido pelo primeiro turno do Campeonato Paulista de 1972.

                  Neste dia o Corinthians jogou com; Sidney, Zé Maria, Baldochi, Luiz Carlos e Pedrinho; Tião e Rivelino; Joãozinho (Caito), Vaguinho, Mirandinha e Marco Antônio. O técnico do time alvinegro era o saudoso Luizinho (pequeno polegar). Enquanto que o Juventus jogou com; Miguel, Chiquinho, Carlos, Oscar e Osmar; Brida e Brecha; Luiz Antônio, Adnan, Sérgio Pinheiro e Ziza. O técnico era Milton Buzetto.  O árbitro foi Oscar Scolfaro. Quando Brecha era perguntado se ele recebeu algum dinheiro do sortudo em agradecimento, a resposta era direta: “Estou esperando até hoje ele me ligar”.

                  No clube da Moóca, Brecha jogou ao lado de seu irmão, Roberto Brida, permanecendo até setembro de 1972. Em seguida, foi vendido ao Anderlecht, da Bélgica. Após sete meses em território europeu, retornou ao Brasil. Foi contratado pelo Santos Futebol Clube.

SELEÇÃO BRASILEIRA

                 Com um bom futebol, Brecha ainda chegou a defender a Seleção Brasileira em alguns jogos de pré-temporada. “Fui convocado pelo Zagallo e joguei ao lado do Pelé também pela Seleção. Só não fui para a Copa da Alemanha em 1974, porque acho que o Zagallo só queria levar o pessoal do Botafogo, do Rio”, diz, sem remorsos pelo ex-técnico.

SANTOS F.C.

                Em setembro de 1972, foi contratado pelo maior time da época, o Santos F.C. “Era um time fantástico. Éramos muito unidos. Fizemos vários jogos, dentro e fora do Brasil. Não teve um estado que eu não tenha passado com o Santos. No exterior, jogamos em vários países. Foi uma fase muito boa”, diz. Com a camisa do Peixe, Brecha também fez uma partida que entrou para a história. Foi no dia 26 de agosto de 1973, quando Santos e Portuguesa de Desportos decidiram o titulo paulista nos pênaltis, uma vez que no tempo normal, houve empate de 0 a 0. E mesmo com a prorrogação, o placar continuou em branco. Esta foi a primeira decisão por pênaltis da história do futebol paulista.

                De cara, os dois times desperdiçaram. Zero a zero. Na seqüência, o Santos marcou e a Portuguesa desperdiçou. Um a zero para o Peixe. Na cobrança seguinte, o Santos voltou a marcar e a Portuguesa perdeu pela terceira vez. Dois a zero para o time da Vila Belmiro. Para espanto de todos, Armando Marques ergueu os braços e encerrou a partida dando vitória ao Santos. O técnico da Lusa percebendo o erro e vendo que seria muito difícil reverter a situação, tirou o time de campo. Logo, o comentário chegou aos ouvidos de Armando Marques. Conforme o previsto por Otto Glória, o juiz foi realmente ao vestiário pedir para que o time voltasse a campo, mas não havia mais ninguém por lá, os jogadores haviam ido embora, mesmo sem tomar banho. Com isto a Federação Paulista proclamou os dois clubes como campeões daquele ano, tudo por causa de um erro aritmético de Armando Marques.

                No clube da Vila Belmiro, Brecha atuou entre 1972 e 1976 e passou a usar a camisa 10 do Santos, quando Pelé transferiu-se para o clube americano Cosmos, em 1975. Com a camisa do Peixe, Brecha sagrou-se campeão paulista em 1973 e campeão do Torneio Laudo Natel em 1974. Além do Moleque Travesso e Santos, Brecha atuou pelo Catanduvense Esporte Clube, Barretos, Guarani de Campinas (SP), Maringá-PR, Comercial de Campo Grande-MS, Mixto-MT, Botafogo de Monte Alto-SP, Brasília-DF e Sertãozinho-SP, este último no final de carreira, já com 42 anos de idade.

FORA DAS QUATRO LINHAS

               Após pendurar as chuteiras, Brecha também atuou como treinador de futebol. Comandou o Sertãozinho (1990); Grêmio Catanduvense (1991); Seleção Brasileira de Futebol Rápido (1995), aonde o time chegou inclusive a ser campeão no Torneio Futebol Rápido no México, em 1995; Centro Esportivo e Educacional Nakazawa (equipe japonesa) e Operário de Campo Grande. Brecha também foi comentarista esportivo da TVO (Televisão Opinião de Catanduva), durante o Campeonato Paulista de 1994, e do jornal O Regional, de Catanduva, durante a Copa do Mundo de 1998. Depois começou a trabalhar como professor de educação física e administrar uma escolinha de futebol na cidade de Catanduva.

               Trabalhou na Prefeitura do Município de Ariranha-SP, mas possuía residência fixa em Catanduva-SP, onde vivia com sua família. Quando jogava possuía um chute fortíssimo. Houve um episódio que envolveu Brecha e o ex-árbitro Armando Marques. Na despedida do Pelé, o Armando Marques anulou um gol do Brecha que foi um dos maiores escândalos da história da arbitragem nacional. Durante sua carreira como jogador, dois fatos marcantes foram lembrados com alegria. O primeiro foi em um jogo da Arábia Saudita. “O campo lá era precário e não tinha vestiário. Armaram uma tenda com um banco para a gente. Era só isso que tínhamos para nos preparar”, e o segundo foi o gol da zebra milionária que já foi citada acima.

               Se o nível do futebol brasileiro está assim hoje, é porque alguém trabalhou bastante para que fosse atingido tal patamar. Não deixar cair no esquecimento esses grandes jogadores é de extrema importância para a manutenção dessa ideologia. Brecha teve o prazer e a honra de jogar por muitos anos no Juventus ao lado de seu irmão Roberto Brida. Os dois foram ótimos jogadores, mas o Brecha jogou bem mais, foi um jogador que a torcida do Juventus e do Santos lembram até hoje.

               Brecha faleceu dia 3 de setembro de 2011 no Hospital Padre Albino, em Catanduva. Depois de lutar contra um câncer na cabeça, acabou não resistindo. Ele já vinha com este problema há um ano e meio. Em princípio operou e deu resultado, mas em março de 2011 o tumor voltou. Daí não dava mais para operar, porque ficava bem atrás da cabeça. Nos últimos 15 dias de vida Brecha ficou internado, pois seu estado de saúde era realmente muito delicado. Brecha tinha uma vida confortável, deixou três filhos e três netos.

Em pé: Cejas, Almir, Carlos Alberto, Marinho Peres, Clodoaldo e Zé Carlos      –     Agachados: Jair da Costa, Brecha, Eusébio, Pelé e Edu
Em pé: Cejas, Marinho Pees, Carlos Alberto, Vicente, Clodoaldo e Turcão      –     Agachados: Jair da Costa, Brecha, Eusébio, Pelé e Edu
JUVENTUS  1971  –  Em pé: Celso, Brida, Osmar, Oscar, Carlos e Sérgio Gomes      –     Agachados: Luiz Antônio, Adnan, César, Brecha e Fábio
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