PIAU: um autêntico ponta esquerda

               Eronides de Souza nasceu dia 6 de setembro de 1948, na cidade de Getulina – SP. Foi um ponta esquerda que jogou em diversos clubes na década de 70. Começou no Linense, onde jogou ao lado de Leivinha, que também estava começando a carreira, depois passou pelo XV de Piracicaba, onde jogou de 1967 até 1970, onde conquistou o título de acesso à Primeira Divisão do Futebol Paulista em 1967, pela Portuguesa de Desportos, onde fez partida memoráveis, pelo São Paulo, onde conquistou vários títulos importantes, como o título paulista de 1975, pelo Corinthians, onde disputou apenas 22 partidas e encerrou a carreira no Vitória da Bahia. Era um ponta esquerda daqueles que iam até a linha de fundo e cruzava para os atacantes entrarem cabeceando, algo que nos dias de hoje não temos mais em nosso futebol, pois os treinadores preferem jogar com o meio de campo bem povoado para ajudarem os zagueiros e com isto, a equipe não sofre muitos gols, mas em compensação, não fazem também. Bons tempos aqueles. Quem viu, viu.

XV DE PIRACICABA

               Começou sua carreira na equipe do Linense, no ano de 1966. Após se destacar em uma equipe que contava com Leivinha, Piau foi trazido para o XV de Piracicaba para disputa da Divisão de Acesso do Campeonato Paulista de 1966, que acabou com o vice-campeonato do XV de Piracicaba. Piau chegou ao XV de Piracicaba após uma partida entre o XV e a equipe do Linense, realizada em 9 de março de 1966, em que o XV venceu a equipe de Lins pelo placar de 2 x 0, com gols de Lopes e Nicanor. Dias após a partida, no dia 12 de março de 1966, as diretorias de XV e Linense acertavam a transferência do jovem Piau, de apenas 17 anos, pelo valor de 20 milhões de cruzeiros. Piau fez sua estreia pelo XV em 20 de março de 1966, contra a A.A. Francana, que derrotou o XV no Barão de Serra Negra pelo placar de 2 x 1. Após o vice-campeonato da Divisão de Acesso de 1966, quando o XV foi derrotado pela Ferroviária de Araraquara, Piau comandou a equipe do XV de Piracicaba no título da Divisão de Acesso de 1967. A equipe do XV contava com grandes jogadores naquele ano.

               Era uma época dourada do futebol, principalmente para os times do interior. Todas as finais para decidir quem subiria para a divisão de elite do futebol paulista, eram disputadas no Pacaembu, que ficava lotado, pois recebia inúmeras caravanas que vinham de longe para torcer por sua equipe. E não foi diferente com as torcidas de XV de Piracicaba e Bragantino. Na partida decisiva do título de 1967, realizada em 17 de janeiro de 1968, no Estádio do Pacaembu, Piau foi o responsável por marcar um dos gols que deram o título ao alvinegro, na vitória por 4 x 3 contra o Bragantino. Para este jogo o técnico Armando Renganeshi mandou a campo os seguintes jogadores; Claudinei, Neves, Piloto, Protti e Zé Carlos; Hidaldo e Eli Cotucha; Amauri, Joaquinzinho, Vamer e Piau. Os gols do XV foram anotados por; Amauri (2), Joaquinzinho e Piau, enquanto que para o Bragantino marcaram; Neivaldo e Luizão. O árbitro da partida foi Armando Marques.

               Nos anos seguintes, Piau continuou como um dos principais destaques do XV de Piracicaba, sendo o quinto jogador da equipe com mais gols no ano de 1968, marcando cinco gols em 23 jogos. Piau permaneceu no XV de Piracicaba até 23 de julho de 1970. Antes da saída de Piau, o XV de Piracicaba passou por uma grande crise administrativa. Como reflexo da crise fora das quatro linhas, alguns jogadores que estavam se sentindo descontentes tiveram seus preços estipulados, entre eles estava Piau, com preço fixado em 50 mil cruzeiros. O atleta foi considerado o mais valorizado do elenco, juntamente com Nicanor, que também deixou o XV pelo preço estipulado.

PORTUGUESA DE DESPORTOS

               Piau deixou o XV emprestado para a equipe da Portuguesa, pelo prazo de 90 dias, a pedido do técnico da Lusa, João Avelino, mas acabou ficando na Lusa por três anos. Com a camisa da Portuguesa, Piau fez grandes partidas, como aquela da inauguração do Estádio Dr. Oswaldo Teixeira Duarte, no dia 9 de janeiro de 1972, quando o Benfica de Portugal venceu a Lusa por 3 a 1. O único gol da Portuguesa foi anotado pelo zagueiro Marinho Peres, cobrando penalidade máxima. Neste dia a Lusa jogou com; Aguilera, Deodoro, Calegari, Marinho Peres e Fogueira; Lorico e Basílio; Ratinho, Dirceu, Cabinho e Piau. No início do segundo semestre de 1973, Piau deixou a Portuguesa, não participando do elenco que conquistou o título paulista daquele ano, título este que entrou para a história do futebol, pois ele foi dividido por dois clubes, Portuguesa e Santos, devido a um erro de matemática do árbitro Armando Marques. Este jogo aconteceu dia 26 de agosto de 1973.

SÃO PAULO F.C.

               Após passar pela Portuguesa, Piau fez história no São Paulo, entre 1973 e 1977. Pelo tricolor, Piau atuou 154 jogos, sendo 73 vitórias, 55 empates e 26 derrotas. Marcou 9 gols e ajudou a equipe conquistar o título paulista de 1975, que foi conquistado de forma merecida, por um time que  conseguiu a maior invencibilidade da história do futebol Paulista entre os 3 grandes da capital até hoje, 47 jogos sem perder, feito que nem o Santos de Pelé conseguiu! Essa verdadeira máquina foi campeã do primeiro turno com 6 pontos de vantagem sobre o segundo colocado, feito que colocou o Tricolor antecipadamente na final da competição. Se ganhasse o segundo turno seria campeão sem precisar jogar as finais.

               A Portuguesa foi a melhor equipe do segundo turno superando o São Paulo no saldo de gols e se classificou para decidir o título em 2 jogos. O primeiro o São Paulo venceu por 1×0, gol de Pedro Rocha, dessa forma seria campeão até mesmo com um empate na segunda partida. O Segundo jogo aconteceu dia 17 de agosto de 1975, no estádio do Morumbi, com um público de 57.137 pagantes, o jogo terminou 1×0 para a Portuguesa e a partida foi para a prorrogação que terminou 0x0, fato que levou o título a ser decidido nos pênaltis, onde brilhou a estrela de Valdir Perez, vitória Tricolor por 3×0. Para o São Paulo, converteram Pedro Rocha, Serginho e Chicão. Desperdiçaram para a Portuguesa Tatá, Dicá e Wilsinho.

CORINTHIANS

               Depois de conquistar o título paulista de 1975 pelo Tricolor do Morumbi, Piau foi emprestado ao Corinthians para disputar o Campeonato Brasileiro daquele mesmo ano. Sua estreia com a camisa do alvinegro de Parque São Jorge aconteceu dia 7 de setembro de 1975, quando o Corinthians recebeu no estádio Cícero Pompeu de Toledo, o Botafogo do Rio de Janeiro. O jogo terminou empatado em 1 a 1, gol de Roberto Miranda para o alvinegro paulista e Claudiomiro para o alvinegro carioca. Neste dia o técnico do Corinthians, Milton Buzetto, mandou a campo os seguintes jogadores; Sérgio, Zé Maria (Wladimir), Darcy, Ademir e Cláudio Marques; Ruço e Basílio (Adãozinho); Vaguinho, Roberto Miranda, Geraldão e Piau.  O árbitro foi Sebastião Rufino.

               Piau não permaneceu muito tempo no Parque São Jorge. Realizou somente 22 partidas. Venceu 9, empatou 8 e perdeu 5. Marcou somente um gol, que foi contra o Internacional de Porto Alegre no dia 26 de outubro de 1975, num jogo em que terminou empatado em 1 a 1. O jogo foi no estádio Beira Rio, em Porto Algre e o árbitro foi Arnaldo Cézar Coelho. Vale lembrar que no Campeonato Brasileiro daquele ano, o Corinthians ficou em 6º lugar e o campeão foi o Internacional ao vencer o Cruzeiro na final por 1 a 0, gol de Figueiroa.

               A última partida de Piau com a camisa do Corinthians, foi no dia 13 de dezembro de 1975, quando o alvinegro enfrentou o Grêmio de Porto Alegre pelo Torneiro da Uva, realizado na cidade de Jundiaí, interior de São Paulo. O jogo terminou com a vitória corintiana por 2 a 0, com dois gols de Vaguinho. Com este resultado o Corinthians ficou em terceiro lugar no Torneio, que ainda tinha o próprio Paulista de Jundiaí e o Flamengo, o qual sagrou-se campeão. Neste último jogo de Piau com a camisa corintiana, o técnico Milton Buzetto escalou a seguinte equipe; Tobias, Zé Maria, Darcy, Ademir e Wladimir; Ruço e Tião; Vaguinho, Roberto Miranda, César Maluco (Geraldão) e Piau.

FINAL DE CARREIRA

               Ao deixar o Corinthians, foi jogar no Vitória, da Bahia, onde encerrou sua carreira em 1977, aos 29 anos de idade, devido a um problema crônico na cabeça do fêmur, que o impedia de caminhar direito. Segundo ele próprio costuma brincar, não foi obra de qualquer coice do lateral direito Forlan, que na sua época era o marcador mais duro que enfrentava e tinha grandes duelos por aquela beirada do campo. Depois que encerrou a carreira passou a trabalhar como professor de futebol que já trabalhou no Clube Macabi (Agremiação Israelita da Zona Norte de São Paulo) e na Secretária Municipal de Esportes, da prefeitura de São Paulo, aos tempos em que a estatal era comandada pelo jornalista Fausto Camunha.

               Atualmente, Piau é aposentado e mora na Capital Paulista e segue acompanhando de perto o futebol. Em entrevista ao Site Oficial do XV, Piau afirmou: “Fico na torcida para que o XV permaneça na elite do futebol. Uma cidade como essa, com torcedores apaixonados merece o time sempre na primeira divisão”. Esta foi uma declaração de amor ao clube onde ainda hoje é lembrado com muito carinho pelos torcedores, pois em sua época o Nho Quim formou um grande time, que deu muitas alegrias a sua imensa torcida.

Em pé: Aguilera, Calegari, Lorico, Fogueira, Carlos Alberto, Deodoro e Marinho Peres    –    Agachados: Ratinho, Daniel, Cabinho, Basílio e Piau
Em pé: Gilberto, Sérgio, Paranhos, Arlindo, Edson e Forlan     –    Agachados: Terto, Zé Carlos, Toninho Guerreiro, Dias e Piau
Em pé: Fogueira, Ulisses, Marinho Peres, Luiz Américo, Orlando e Arengue    –   Agachados: Xaxá, Lorico, Cabinho, Basilio e Piau

Em pé: Mello Ayres, Protti, Neves, Claudinei, Zé Carlos, Hidalgo, Piloto e Doná    –   Agachados: Massagista Índio, Amauri, Luiz, Varner, Joaquinzinho e Piau

Em pé: Tobias, Darci, Hélinho, Laércio, Ademir Gonçalves e Wladimir    –    Agachados: Vaguinho, Ruço, Geraldão, Tião e Piau
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