COUTINHO: bicampeão mundial pelo Santos F.C. em 1962 e 1963

                  Antonio Wilson Vieira Honório, mais conhecido por Coutinho, nasceu dia 11 de junho de 1943 na cidade de Piracicaba (SP).  Inesquecível parceiro de Pelé nos anos de 1958 a 1967, quando defenderam com muito amor a camisa alvinegra de Vila Belmiro. A história do futebol brasileiro é rica em duplas de atacantes que infernizaram a vida das defesas adversárias. Nenhuma delas porem, fez mais sucesso, deu mais alegria aos seus torcedores e dor de cabeça aos adversários que Pelé e Coutinho, na época gloriosa do Santos F.C., no final da década de 50 e por toda a década de 60. Os dois foram responsáveis pela maior parte dos gols do imbatível time do Santos daquela época.  Além dos gols, o que mais impressionava nos dois era a sintonia.  Eles jogavam como que por música, se comunicavam por telepatia dentro de campo e brindavam os torcedores com tabelinhas perfeitas, jogadas ousadas e criativas e gols magistrais.

                 Depois de uma rápida passagem  pelo Palmeirinha de Piracicaba, Coutinho foi para Santos tentar a sorte no time de Vila Belmiro, aos 15 anos de idade.  Seu primeiro jogo com a camisa santista foi num amistoso contra um time chamado Sírio Libanês, em Goiânia. O Santos venceu por 7 a 1.  Sua estréia em partidas oficiais, no entanto, foi na decisão do Torneio Rio-São Paulo de 1958, contra o Vasco da Gama, no Pacaembu.  E não deu outra, o Santos venceu por 3 a 0, com dois gols de Coutinho. Começava ali uma paixão, um casamento entre Pelé e Coutinho, que duraria 12 anos seguidos, durante os quais Coutinho defendeu o alvinegro praiano em 457 oportunidades.  Na época e Santos tinha um time fantástico; Manga, Getúlio, Ramiro, Urubatão e Dalmo; Zito e Jair da Rosa Pinto; Dorval, Coutinho, Pelé e Pepe.

              Coutinho teve uma trajetória semelhante à de Pelé. Aos 16 anos já era titular do time santista e, muitas vezes era confundido em campo com o Rei do futebol nas jogadas rápidas com que envolviam os zagueiros adversários. Prova disso pode ser constatada pelo depoimento do zagueiro Bolero do Flamengo.  Ele era um zagueiro aspirantes do Flamengo e foi escalado na última hora num jogo contra o Santos, no Maracanã, pelo Torneio Rio-São Paulo de 1961, e que teve o time rubro negro como campeão. Mas naquela partida, o Santos goleou impiedosamente por 7 a 1. Bolero disse que sofreu com os deslocamentos, tabelinhas e dribles da dupla Pelé e Coutinho.  Acrescentou ele; “Teve uma hora que, de tanto correr atrás, eu já não sabia mais quem era Pelé, quem era Coutinho. Os dois jogaram demais naquela noite”.

               Chegava então o ano de 1962, ano de Copa do Mundo, que foi disputada no Chile.  Pela fase que Coutinho se encontrava e pela dupla entrosada com Pelé, naturalmente era o favorito para ser o titular da camisa 9 da seleção canarinho.  Mas Vavá, que fora campeão do mundo em 1958, acabou reeditando a dupla com o Rei na campanha do Bicampeonato Mundial.

              Coutinho estreou na Seleção Brasileira, em 9 de julho de 1960, na derrota para o Uruguai, em Montevidéu. Em 1962, era titular absoluto da camisa 9 da seleção, porem uma grave contusão no joelho direito às vésperas do embarque para o Chile o tirou de combate.  Foi num jogo amistoso contra o País de Gales, no Pacaembu, última partida da Seleção antes da estréia na Copa do Mundo.  Coutinho conta que pediu para não jogar, mas o treinador Aimoré Moreira disse que ele precisava perder uns quilinhos e o escalou. Foi o único titular escalado para aquele jogo.  Mesmo contundido, Coutinho não entregou os pontos e viajou para o Chile, onde ficou em tratamento em Viña del Mar e Santiago, cidades sedes do Brasil naquele mundial.  Mas não deu para ele se recuperar a tempo, mesmo porque Vavá que o substituiu no comando do ataque da Seleção, deu muito bem conta do recado e não saiu mais do time.

              Coutinho tem uma opinião toda particular sobre sua situação na época; “Não posso falar sobre o que é ser reserva na Seleção. Eu viajei como titular, tinha lugar assegurado no time. Quando o Pelé se machucou, fui apontado como o “salvador da pátria”. Mas não dava nem para ser reserva. Quando voltei ao Brasil, operei os meniscos, que até o fim de minha carreira me incomodou e muito”.  O último jogo de Coutinho pela Seleção Brasileira, aconteceu no dia 21 de novembro de 1965, no Pacaembu, quando o Brasil venceu a Hungria por 5 a 3. Neste dia o Brasil jogou com; Félix, Carlos Alberto, Djalma Dias, Procópio e Edílson; Lima e Nair; Marcos, Prado, Coutinho e Abel.  Pela Seleção Coutinho fez 15 partidas (11 vitórias, 1 empate e 3 derrotas).  Marcou apenas seis gols com a camisa canarinho.

              Na época de ouro do Santos F.C. os estádios ficavam lotados, pois sabiam que iriam ver um grande espetáculo, principalmente do ataque santista, onde Pelé e Coutinho faziam coisas que os adversários nem imaginavam. Juntos fizeram 1.461 gols pelo Santos, sendo 1.091 de Pelé e 370 de Coutinho.  De todos os jogos que Coutinho fez pelo Santos, aquele que mais marcou em sua carreira, foi a decisão do mundial de 62, quando o Santos venceu o Benfica por 5 a 2 em pleno Estádio da Luz em Portugal, foi uma exibição de gala, jamais vista em outra partida de futebol. Em 1967 deixou o Santos e começou sua peregrinação por clubes brasileiros e estrangeiros. Em 1968 foi defender o Vitória da Bahia. Em 1969 a Portuguesa de Desportos. Em 1971 e 1972 defendeu o Atlas do México e em 1973 o Saad de São Caetano do Sul, onde encerrou sua brilhante carreira de jogador de futebol aos 30 anos de idade.  Sempre teve problemas de contusão e lutou durante toda sua carreira contra seu maior inimigo, a implacável tendência de engordar. Campeão Paulista (1960, 61, 62, 64, 65 e 67), da Taça Brasil (61, 62, 63, 64 e 65), do Rio-São Paulo (1959, 63, 64 e 66), Robertão (68), Libertadores da América (62 e 63) e Mundial Interclubes (62 e 63)

              Coutinho foi mais do que um craque. Foi um dos maiores atacantes que o futebol brasileiro conheceu, um perfeito companheiro de Pelé no ataque do Santos, parceria traduzida à perfeição na famosa jogada de tabelinha – iniciada com a dupla Pagão e Pelé.  Coutinho é o terceiro maior artilheiro do Santos F.C. com 370 gols, só perdendo para Pepe (405) e Pelé (1.091). Artilheiro de muitos gols, Coutinho era também um exímio construtor de jogadas que resultavam em bolas nas redes dos adversários. De seus precisos passes, saíram muitos gols de Pelé. Inclusive ele sempre diz; “Sentia mais prazer quando dava o gol para Pelé fazer, que quando eu mesmo o fazia”.

              Em um jogo no Estádio Olímpico, jornalistas e pessoas que estavam no estádio relatam ter visto uma das maiores tabelas já realizadas na história do futebol. Pelé recebeu uma bola no meio-de-campo, na cabeça. De primeira, passou para Coutinho que, de cabeça, devolveu para Pelé. E assim foram, até a pequena área adversária, somente com toques de cabeça. No lance final, tendo apenas o goleiro à sua frente, Coutinho poderia ter concluído a gol, mas viu Lima chegar de trás e só ajeitou, mais uma vez de cabeça, para ele concluir. Gol do Santos. E a torcida do Grêmio aplaudiu em pé uma jogada histórica entre dois gênios da bola.

              Coutinho, além de lembrar Pelé no jeito de jogar, também tinha características físicas muito parecidas com o Rei do Futebol. Por isso, surgiu uma lenda de que o jogador passou a usar uma fita branca em um dos braços. Em 2007, em uma entrevista no programa de TV Juca Entrevista (ESPN), com o jornalista Juca Kfouri, ele revelou o porquê de usar o adereço: “Eu tive uma pequena lesão no pulso e passei a usar por algum tempo uma faixa de esparadrapo. Mas logo que as dores terminaram eu a tirei e depois aproveitei, porque quando eu fazia uma jogada linda, falavam que era o Pelé, quando eu errava um passe ou chute, era o Coutinho”.

              Coutinho é considerado um dos maiores centroavantes da história do futebol. Tinha como principais virtudes a frieza e a tranquilidade nas finalizações. Ele tinha duas grandes características: driblava os adversários em poucos espaços e finalizava um lance com uma perfeição raramente vista. Dessa forma, recebeu o apelido de “gênio da pequena área”, superando outros centroavantes que também se destacaram no clube, como Toninho Guerreiro e Feitiço. O próprio Pelé declara que “Coutinho, dentro da área, era melhor que eu. Sua frieza era algo sobrenatural”. Coutinho detém uma marca de respeito contra um dos principais rivais do Santos, o Corinthians. Em 12 anos de clássicos que disputou contra o alvinegro de Parque São Jorge, nunca perdeu um jogo sequer. No ano que o tabu foi quebrado, em 1968, Coutinho já não atuava mais pelo Santos.

SAÚDE                                                                  

                   O ex-atacante Coutinho precisou amputar um dedo do pé devido a complicações causadas pelo diabetes. O ex-atacante ficou internado durante 20 dias, na Casa de Saúde, em Santos. Após o tratamento inicial, ele foi transferido para São Paulo, onde o ex-jogador ficou internado no Hospital Sancta Maggiore, na unidade do Paraíso, em São Paulo. Hoje ele está muito bem. Parceiro de Pelé no ataque que marcou época nos anos 60, ele recebeu uma ligação do Rei do Futebol, além de visitas de ex-companheiros daquela época, como o ex-ponta Dorval. Um dos grandes nomes da história do Alvinegro Praiano, Antônio Wilson Honório, o Coutinho disputou 457 jogos com a camisa do Peixe, marcando 370 gols, superado apenas por Pelé e Pepe.  Coutinho faleceu dia 11 de março de 2019.

Em pé: Lima, Zito, Dias, Rildo, Eduardo e Gilmar      –     Agachados: Dorval, Mengalvio, Coutinho, Pelé e Pepe
Em pé: Getúlio, Feijó, Ramiro, Mourão, Zito e Laércio     –     Agachados: Dorval, Jair Rosa Pinto, Coutinho, Pelé e Pepe
Uma dupla que encantou o mundo, Coutinho e Pelé
Em pé: Carlos Alberto, Lima, Geraldino, Orlando, Gilmar e Mauro      –    Agachados: Toninho Guerreiro, Mengalvio, Coutinho,Pelé e Abel
Em pé: Haroldo, Dalmo, Lima, Ismael, Gilmar e Mauro Agachados: Dorval, Mengalvio, Coutinho, Almir e Pepe
Em pé: Lima, Zito, Getúlio, Calvet, Olavo e Laércio      –     Agachados: Dorval, Mengalvio, Coutinho, Pelé e Pepe
Em pé: Joel Camargo, Zito, Olavo, Geraldino, Mauro e Laércio      –     Agachados: Dorval, Mengalvio, Coutinho, Pelé e Pepe
Em pé: Dalmo, Zito, Urubatão, Formiga, Getúlio e Laércio      –     Agachados: Dorval, Jair Rosa Pinto, Coutinho, Pelé e Pepe
Em pé: Jair Marinho, Zéquinha, Nilton Santos, Zózimo, Gilmar e Mauro      –     Agachados: Garrincha, Mengalvio, Coutinho, Pelé e Pepe
Em pé: Zito, Ismael, Dalmo, Calvet, Gilmar e Mauro      –     Agachados: Bé, Lima, Coutinho, Pelé e Pepe

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