OLDAIR: primeiro capitão a erguer a taça pelo Campeonato Brasileiro

                    Oldair Barchi nasceu dia 1 de julho de 1939, na cidade de São Paulo – SP. Foi o primeiro jogador a levantar a Taça de Campeão do Campeonato Brasileiro, isto em 1971, quando era o capitão da equipe do Atlético Mineiro. Iniciou sua carreira no Palmeiras, passou pelo Fluminense e Vasco antes de chegar ao Atlético Mineiro, numa troca com Buglê. Quando jogava no juvenil do Palmeiras já despertava a atenção dos dirigentes e técnicos. Logo depois passou para o Fluminense. Treinando, aprimorando sua forma, foi lançado na equipe de cima e teve uma carreira de sucesso no Tricolor das Laranjeiras, sendo campeão carioca em 1964. Depois foi jogar no Vasco, onde pode revelar a sua capacidade e foi campeão da Taça de Prata em 1966. Improvisado lateral, aumentou ainda mais o seu potencial, jogando ali tão bem quanto no meio de campo. Foi então a hora do Atlético ir buscá-lo. Oldair foi um jogador que a torcida o aplaudia porque jogava com amor a camisa e com muita garra e passava esta disposição aos demais companheiros.

FLUMINENSE

                   Oldair começou jogando na várzea de São Paulo, até que um dia um diretor do Palmeiras que era seu vizinho, o levou para treinar. O técnico era Canhotinho, que gostou do garoto. Foi chamado para assinar um contrato e começou a treinar no meio dos profissionais. No entanto, o técnico era Osvaldo Brandão e este não dava chance a ninguém que vinha das categorias de base. Até que um dia Canhotinho lhe perguntou se Oldair gostaria de jogar no Rio de Janeiro. Ao conversar com sua mãe, ela começou a chorar, mas seu irmão o incentivou e o levou ao Rio. Depois de dois meses de clube, fizeram um contrato e ali começou a carreira de Oldair pra valer.

                 O técnico do Fluminense era Zezé Moreira que o colocou como médio volante e rapidamente caiu no agrado do treinador, pois era um jogador polivalente. Quando precisava de um lateral o colocava, de um zagueiro o colocava e com isto Oldair foi se adaptando em todas as posições. A defesa do Fluminense era fantástica; Castilho, Carlos Alberto, Procópio, Clóvis e Altair. Oldair jogava na cabeça de área fazendo meio de campo com Joaquinzinho. No ataque tinha, Jorginho, Amoroso, Ubiracy e Gilson Nunes. Com este time o Fluminense foi campeão carioca em 1964, mesmo tendo Botafogo de Garrincha e Nilton Santos e o Bangu com Paulo Borges, Ocimar e Aladim. Em 1965 quando Oldair foi renovar seu contrato, pediu uma casa na Ilha do Governador e a diretoria não deu. Nesta mesma época o técnico Zezé Moreira foi trabalhar no Nacional do Uruguai e o convidou par ir com ele, mas nesse meio tempo surgiu o Vasco e o levou para São Januário.

VASCO DA GAMA

                   Já no ano em que chegou ao Vasco, sagrou-se campeão da Taça Guanabara. A final foi contra o Botafogo e quando ficou sabendo que iria jogar na lateral esquerda e teria pela frente Mané Garrincha, confessa que tremeu, mas o título compensou todo sofrimento. E para completar aquela felicidade, Oldair ainda marcou um gol de falta. Este jogo aconteceu dia 5 de setembro de 1965 e neste dia o Maracanã recebeu um público de 115.064 pessoas. O jogo terminou em 2 a 0 para o Vasco, gols de Oldair e Paulistinha contra. Neste dia o Vasco jogou com; Gainete, Joel, Brito, Fontana e Oldair; Maranhão e Lorico; Luizinho, Célio, Mário e Zezinho. Já o Botafogo jogou com; Manga, Joel, Zé Carlos, Paulistinha e Rildo; Ayrton e Gerson; Garrincha, Sicupira, Jairzinho e Roberto.

ATLÉTICO MINEIRO

                    A ida de Oldair ao Atlético foi o seguinte, o Buglê jogava no Santos emprestado pelo Atlético. Ao vencer seu contrato ele iria voltar, mas um diretor do Galo não quis, então Buglê foi para o Vasco e Oldair foi para o Galo Mineiro. O time do Atlético naquela época era muito forte, pois tinha Djalma Dias, Cincunegui, Vanderlei Paiva, Tião, Dario e Vaguinho, no entanto, o Cruzeiro tinha uma verdadeira máquina de jogar futebol e com isto conquistou o pentacampeonato mineiro. Nunca houve um bom entendimento entre Oldair e o técnico Yustrichi. Inteligente, liderança comprovada também fora do campo, Oldair não se conformou com determinadas decisões do treinador e o único prejudicado foi o Atlético.

                   Oldair suportou firme o seu afastamento da equipe pois acreditava que a injustiça seria reparada e continuou treinando nesse período, apurando sua forma, pronto para servir o clube quando houvesse necessidades. Sentia-se um inútil, querendo servir seu clube e impedido de dar vigor e sua garra em busca de vitórias atleticanas. Mas chegou o dia da volta de Oldair. Sem Yustrich, ele foi recuperando sua melhor forma e a torcida sentindo novamente seu ídolo que ressurgia. Com Telê no comando da equipe, Oldair voltava a ser titular, a ser o líder dentro do campo que brigava com os adversários, com os árbitros que prejudicavam o Atlético e discutia com seus companheiros, sempre pedindo mais luta, mais jogo. Era o Atlético encarnado na sua maneira de atuar. Até que chegou o primeiro Campeonato Brasileiro, isto no ano de 1971.

                   O Grêmio passou praticamente todo o campeonato em primeiro lugar. Naquela época uma vitória valia 2 pontos. O Atlético que tinha como treinador Telê Santana, armou um grande time, inclusive na parte disciplinar, pois durante todo o campeonato tomou somente 3 cartões amarelos e ninguém foi expulso de campo. O time era sempre o mesmo, quase ninguém se machucava. Telê dava total liberdade para Oldair comandar a equipe dentro de campo e ele cobrava e muito de seus companheiros. O time era assim formado; Renato, Humberto Monteiro, Grapete, Vantuir e Oldair; Humberto Ramos e Vanderlei Paiva; Ronaldo, Spencer, Dario e Romeu. Este foi o time que empatou em zero a zero com o Corinthians no dia 22 de setembro de 1971. O jogo foi no estádio do Parque Antarctica, que recebeu um público de 23.827 pessoas.

                   O Atlético fez uma campanha maravilhosa, só perdeu um jogo em casa, que foi contra o Internacional por 1 a 0, mas o Galo só perderia a vaga para a final se perdesse por 3 a 0. Na final que foi um triangular entre Atlético, São Paulo e Botafogo, a primeira partida o Galo fez em casa contra o São Paulo e venceu por 1 a 0, gol de Oldair. O time do São Paulo era muito bom. Tinha Pedro Rocha, Toninho Guerreiro, Dias e outros. Foi um jogo difícil e foi ali que praticamente definiu-se o titulo para o Atlético. Este jogo aconteceu dia 12 de dezembro. Três dias depois, o São Paulo derrotou o Botafogo por 4 a 1. No dia 17 o Atlético foi ao Maracanã enfrentar o Botafogo e bastava uma vitória para sagrar-se o primeiro campeão da história do Campeonato Brasileiro.

                  Neste dia o técnico Telê Santana mandou a campo os seguintes jogadores; Renato, Humberto, Grapete, Vantuir e Oldair; Vanderlei e Humberto Ramos; Ronaldo, Lola (Spencer), Dario e Tião. Já o Botafogo do técnico Paraguaio jogou com a seguinte formação; Wendell, Mura, Djalma Dias, Queirós e Valtencir; Carlos Roberto, Marco Aurélio (Didinho) e Careca (Tuca); Zequinha, Jairzinho e Nei Oliveira. O árbitro da partida foi Armando Marques. O Atlético tinha no ataque o centroavante Dario, que nunca foi um craque, mas fazia gol como ninguém. A bola batia nele e entrava, era um atleta perigoso dentro da área, cabeceava muito bem, de olhos abertos. E foi assim que o Atlético venceu aquela partida por 1 a 0, gol de Dario. Com isto o Atlético conquistou o primeiro título da história do Campeonato Brasileiro.

ALGUMAS REVELAÇÕES

                   Oldair fez algumas revelações, como por exemplo, o melhor técnico com quem trabalhou foi Zezé Moreira, embora Telê Santana também fosse bom, mas era muito teimoso. O melhor goleiro ele cita Manga, que foi campeão pelo Botafogo, Internacional de Porto Alegre e Nacional do Uruguai. Manga que tem uma curiosidade, o Dia do Goleiro é comemorado dia 26 de abril, em homenagem ao goleiro Manga, pois é neste dia que ele faz aniversário. Quando perguntado quais os cinco melhores jogadores com quem teve o prazer de jogar ou de enfrentar, ele cita; Pelé, Garrincha, Gerson, Tostão e Dirceu Lopes. Quanto ao time do seu coração ele diz que antes de ser jogador profissional era corintiano, assim como toda sua família, mas depois passou a admirar o bom futebol somente. Um jogo que ficou marcado em sua memória, foi a final de 1963, quando o Fluminense enfrentou o Flamengo em pleno Maracanã. Tinham quase 200 mil pessoas no estádio, ele confessa que ficou até assustado ao entrar em campo e ver aquela multidão.

                  Pela Seleção Brasileira disputou somente uma partida. Foi um dos 47 jogadores convocados para a Copa da Inglaterra em 1966, mas não chegou a viajar para Londres, foi dispensado por contusão. Após encerrar sua carreira em 1977, quando defendia o extinto Esab de Contagem, Minas Gerais, trabalhou em um laboratório de análises clínicas e como vendedor de materiais de construção. Teve uma breve passagem sem sucesso pelo juniores do Galo como treinador.

                 Logo depois, ocupou por alguns anos o cargo de auxiliar administrativo da Vila Olímpica. Chamado de “capitão” até hoje por muitos atleticanos, Oldair Barchi, o ex-lateral-esquerdo Oldair, campeão brasileiro em 1971, trabalhou como empresário no ramo de confecções em Belo Horizonte (MG), ao lado de sua esposa e sempre que podia visitava as dependências do Atlético, onde reencontrava velhos amigos e ficavam por lá relembrando os bons momentos que passaram juntos, principalmente as grandes vitórias que conquistaram. Oldair faleceu dia 31 de outubro de 2014.

Em pé: Carlos Alberto, Procópio, Altair, Castilho, Oldair e Valdes      –     Agachados: Amoroso, Ubiraci, Denilson, Joaquinzinho e Nilson
Em pé: Murilo, Manga, Brito, Fontana, Oldair e Dias      –     Agachados: Garrincha, Alcindo, Silva, Fefeu e Rinaldo
Em pé: Zé Carlos, Pedro Paulo, Oldair, Djalma Dias, Procópio e Raul      –     Agachados: Natal, Tostão, Evaldo, Dirceu Lopes e Rodrigues

 

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