ADEMIR DE MENEZES: artilheiro da Copa de 1950 com 9 gols

                  Ademir Marques de Menezes nasceu dia 8 de novembro de 1922, no Recife (PE). Faleceu dia 11 de maio de 1996 no Rio de Janeiro.  Portanto, se estivesse vivo ontem estaria completando 86 anos de idade. Começou sua carreira jogando no Sport Recife em 1939 e por lá ficou até 1941, quando veio para o Rio de Janeiro para jogar no Vasco da Gama, onde atravessou a melhor fase de toda sua carreira.  No clube cruzmaltino ele jogou de 1942 até 1945, no ano seguinte foi para o Fluminense, mas lá nas Laranjeiras ficou apenas um ano e novamente voltou ao Vasco em 1947, onde permaneceu até 1956.  Foi campeão em todos os clubes que passou, inclusive pela Seleção Brasileira na Copa Rocca de 1945, Copa América de 1949 e Pan-americano de 1952. Foi sem dúvida um dos maiores centroavantes que o futebol brasileiro já teve em todos os tempos.

                 Era técnico, rápido, de chutes precisos. Ademir de Menezes foi mais do que o primeiro ponta-de-lança do futebol brasileiro.  Ademir foi o maior artilheiro da década de 40.  Foi também o artilheiro da Seleção Brasileira na Copa de 1950, disputada aqui no Brasil com nove gols. Seu destino poderia ter sido diferente se ele tivesse seguido os conselhos de sua mãe, dona Otilia de Menezes, que queria ver o filho formado como médico ou dentista.  No entanto, seu instinto falou mais alto e partiu para o futebol, pois desde criança sentia que seria um jogador profissional.  Logo cedo começou a treinar no Sport, lá da sua terra natal e mesmo ainda bem jovem, jogando pelo juvenil do Sport, conquistou o bicampeonato pernambucano de 1937 e 1938.

                Ademir de Menezes foi descoberto pelo técnico uruguaio Ricardo Diez, e logo foi promovido ao time principal do Leão da Ilha do Retiro.  Em 1941, foi campeão estadual e artilheiro da competição, com onze gols.  Com o sucesso de Ademir, o Sport Recife logo foi convidado para uma série de amistosos no Rio de Janeiro, contra Vasco e Flamengo. O Sport venceu os dois jogos e ambos com grandes exibições de Ademir, que despertou muito interesse no clube de São Januário. Se o futebol do menino de queixo protuberante ainda não era conhecido na capital federal da época, passou a ser com os três gols marcados na vitória sobre o time da Gávea. Sem pensar duas vezes, o Vasco da Gama contratou Ademir, que deixa o quarto ano da faculdade de medicina e o Sport no começo de 1942.  Sábia decisão. Ademir viria para fazer parte do “Expresso da Vitória” do clube que conquistaria quase tudo na segunda metade da década de 40.

                Com um futebol envolvente, jogadas rápidas e habilidosas e muita eficiência nas conclusões, ele se tornou o primeiro centroavante do futebol brasileiro, que demorou para encontrar a definição para seu estilo avançado de jogar.  Só em 1945, porem, viria aquela que considerava sua maior alegria, o título do Campeonato Carioca. Naquela competição, Ademir foi o artilheiro com treze gols.  No ano seguinte, o craque teve uma passagem rápida pelo Fluminense, depois que o técnico Gentil Cardoso exigiu sua contratação, que ficou conhecida na época como a “transferência da década”, pois disse Gentil aos dirigentes do Fluminense; “Dêem-me o Ademir, que lhes darei o campeonato”. 

                 Verdade ou não, Ademir chegou, marcou o gol solitário da vitória na final contra o Botafogo e o treinador tricolor cumpriu sua promessa. Naquele ano o Fluminense tinha uma grande equipe que era assim formada; Robertinho, Gualter, Haroldo, Pé de Valsa e Bigode; Pascoal e Pingo de Ouro; Pedro Amorim, Simões, Ademir de Menezes e Rodrigues.  Quando o Fluminense contratou Ademir, no dia 29 de março de 1946 saiu publicado no jornal “O Globo Sportivo” as bases da negociação: 35 mil cruzeiros pelo passe, com contrato de dois anos, 80 mil de luvas e mais 85 mil arrecadados por um grupo de sócios. Era uma grande fortuna na época e que daria para adquirir um bom apartamento na Zona Sul do Rio de Janeiro.  Naquele ano que Ademir defendeu as cores do tricolor das laranjeiras, marcou 24 gols dos 97 que toda a equipe fez.  No entanto, mesmo com todo este sucesso nas laranjeiras, o Fluminense não conseguiu segurar Ademir por muito tempo, e ele deixou o clube no final do ano.

                 Voltou para o Vasco em 1947 onde foi campeão carioca naquele mesmo ano, e também em 49, 50 e 52, sendo artilheiro em quase todos os campeonatos.  A carreira de Ademir de Menezes chegou no auge quando disputou a Copa de 1950 aqui no Brasil. A seleção brasileira estreou no mundial goleando o México por 4 a 0, sendo que o primeiro e o último gol foram marcados por Ademir e os demais por Baltazar e Jair da Rosa Pinto.  Portanto, o primeiro gol da seleção brasileira no Maracanã, foi marcado por Ademir de Menezes. No segundo jogo contra a Suíça o placar foi 2 a 2 e Ademir não marcou.

                 Mas no terceiro jogo contra a Iugoslávia, quando o Brasil venceu por 2 a 0, Ademir deixaria o seu.  A estrela de Ademir voltaria a brilhar no quarto jogo, que foi contra a Suécia. Neste dia o Brasil venceu por 7 a 1, sendo quatro gols de Ademir Menezes.  Depois veio a Espanha em pleno Maracanã, onde o Brasil goleou mais uma vez, 6 a 1, com dois gols de Ademir, que a esta altura já era o artilheiro da Copa com nove gols. Depois veio a fatídica partida contra o Uruguai, quando perdemos o jogo por 2 a 1 e também o título. Procuraram alguém para culpar, e jogaram tudo nas costas do goleiro Barbosa, o qual não perdeu o jogo sozinho, no entanto carregou aquela injustiça até o fim de sua vida.  Ademir de Menezes foi poupado, também pudera, com 35 gols em 41 partidas pela seleção brasileira em toda sua carreira, a torcida tinha mais é que agradecer a ele por tudo que já havia feito pelo nosso futebol. 

                 Depois da Copa, Ademir disse; “Para mim, não foi uma frustração, apenas uma tristeza. Afinal foi o único título que eu não ganhei. Nós começamos a perder o título quando a equipe foi obrigada a levantar cedo para assistir a uma longa missa, depois muitos discursos de vitória, parecia que o jogo já havia terminado e que nós tínhamos vencido. Também não conseguimos fazer um aquecimento ideal, muito diferente do que acontecia nos outros jogos. Enfim, foi tudo errado naquele dia. Mas me considero realizado por tudo que consegui na minha carreira”.

                Mesmo dizendo essas palavras, Ademir não conseguia esconder a decepção daquele time, pois mesmo depois de algum tempo, ele ainda sentia a mágoa do torcedor brasileiro, mas foi obra do destino, coisas do esporte e, sendo assim, não podemos encontrar nenhum culpado pela derrota.  A carreira de Ademir sobreviveu à final da Copa de 50 e continuou fazendo gols. Em 1952 voltou a ser campeão carioca pelo Vasco da Gama. Quatro anos mais tarde, resolveu pendurar a chuteira. Em seu último jogo oficial, o Vasco perdia por 3 a 1 para o Corinthians, quando ele entrou. Mesmo com o menisco recém operado, Ademir marcou o terceiro gol vascaíno e empatou o duelo.  No mesmo ano, ainda desfilou seu futebol elegante em uma série de amistosos do Vasco pela Europa antes de abandonar definitivamente os gramados. Era o fim de uma trajetória de 429 jogos e 301 gols pela equipe do Vasco da Gama de São Januário.

                Aposentado, o nosso querido Queixada, apelido que ganhou logo que chegou ao Rio de Janeiro em 1941, por ter um queijo bem avantajado, tentou a sorte em outros campos, mas sem o mesmo sucesso. Abriu uma indústria cerâmica, mas acabou perdendo tudo em um incêndio. Ainda conseguiu um emprego no extinto Instituto Brasileiro do Café, onde ficou até 1970. Já no final da vida, tornou-se cronista esportivo, trabalhando em rádios e jornais do Rio de Janeiro.  Ademir de Menezes faleceu no Rio de Janeiro em 11 de maio de 1996, aos 73 anos, após perder uma desgastante batalha contra o câncer na medula.

                Enterrado no cemitério São João Batista, o primeiro grande ídolo do Vasco não contou com a presença de nenhum dirigente do clube em sua despedida. Bastante chateada, sua viúva impediu que a bandeira cruzmaltina cobrisse o caixão do craque.  Dona Dilma de Menezes lamentou que o homem com quem foi casada por 33 anos, não tivesse recebido qualquer ajuda do clube que ele defendeu até o final da carreira.  Nossos agradecimentos por tudo que Ademir fez pelo nosso futebol brasileiro e, neste momento só nos resta dizer; Descanse em paz, Ademir de Menezes.

Em pé: Barbosa, Eli, Bellini, Aldemar, Wilson e Jorge   –     Agachados: Friaça, Ipojucan, Ademir Meneses, Alvinho, Jansen e Mario Américo
Em Pé: Eli – Arati – Jair Santana – Nilton Santos – Castilho – Pinheiro e Zezé Moreira (Técnico)     –    Agachados: Mario Américo (Massagista) – Telê Santana – Ranulfo – Ademir Meneses – Didi e Nívio
Em pé: Norival; Ruy; Domingos da Guia; Oberdan; Biguá; Jaime de Almeida e o técnico Flávio Costa     –    Agachados: Tesourinha; Zizinho; Heleno de Freitas; Ademir de Menezes e Jorginho Ceciliano.
Em pé: o massagista Johnson, Rui, Barbosa, Augusto, Bauer, Noronha e Juvenal    –     Agachados: Alfredo, Maneca, Baltazar, Ademir Menezes, Friaça e Mário Américo
JOGADORES DA NOSSA SELEÇÃO DA COPA DE 1950    –    Em pé: Barbosa, Augusto, Danilo Alvim, Juvenal, Bauer e Bigode   –     Agachados: Friaça, Zizinho, Ademir, Jair, Chico e Mário Américo
Em pé: Eli, Gilmar, Haroldo, Hélvio, Brandãozinho e Paulinho Almeida    –     Agachados: Cláudio, Baltazar, Ademir de Menezes, Didi e Rodrigues Tatu

 

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