GAINETE: ficou 1.202 minutos sem sofrer nenhum gol

                Carlos Gainete Filho nasceu dia 15 de novembro de 1940, na cidade de Florianópolis – SC. Foi um grande goleiro nas décadas de 60 e 70 e depois passou a trabalhar como treinador, dirigindo grandes equipes do futebol brasileiro. Como goleiro, tornou-se recordista nacional ao permanecer durante 1.202 minutos sem sofrer gol. Foi campeão por diversas vezes em vários clubes que passou. Como treinador também conquistou alguns títulos, pois sempre trabalhou sério e com sua experiência como jogador, conseguia transmitir aquilo que o jogador precisava. Jogou em vários clubes, como por exemplo, Internacional de Porto Alegre, Vasco da Gama e Atlético Paranaense e como treinador trabalhou no Vitória da Bahia, onde foi campeão em 1985 e 1990, no Goiás, onde também foi campeão e vice campeão pelo Guarani de Campinas. É um homem bem instruído, formou-se em Economia e Educação Física, o que facilitou e muito na sua vida profissional dentro do esporte, pois comunicava-se muito bem e estava sempre ligado aos acontecimentos esportivos.

INÍCIO DE CARREIRA

               Gainete iniciou sua carreira como jogador de futebol no Paula Ramos, um pequeno clube de Santa Catarina. Foi o goleiro titular da seleção catarinense que disputou o campeonato brasileiro de 1959. Em 1960, transferiu-se para o Guarani de Bagé – RS. Devido as suas belas apresentações, não demorou muito para que o Internacional de Porto Alegre passasse a se interessar pelo seu futebol. E não deu outra, em 1962 o Inter o contratou.

INTERNACIONAL

               Gainete permaneceu durante dois anos no time Colorado. Em 1964 deixou o Rio Grande do Sul e foi jogar no Rio de Janeiro, no Vasco da Gama. Quando deixou o Inter a equipe era assim formada; Gainete, Rui, Osmar, Edmilson, Luiz Carlos e Sadi; Sapiranga e Gaspar; Nilzo, Flávio e Hélio. Este foi o time que enfrentou o Corinthians no dia 25 de fevereiro de 1962, num jogo amistoso realizado no Estádio dos Eucaliptos (primeiro estádio do Inter antes do Beira Rio), quando o Inter venceu por 1 a 0, gol do atacante Nilzo aos 28 minutos da segunda etapa.

               Em 1966 Gainete estava de volta ao time gaúcho, onde permaneceu até 1972. Em 1970 tornou-se recordista nacional ao ficar 1.202 minutos sem sofrer gol. Um grande time começa por um grande goleiro e isto o Internacional sempre teve, Gainete, Manga, Benitez, Taffarel, etc… Neste período em que jogou no Inter, sagrou-se tri-campeão gaúcho (1969, 70 e 71). Em 1972 transferiu-se para o Atlético Paranaense

VASCO DA GAMA

               Em 1964, seu cunhado Saulzinho que jogou no Vasco por muitos anos, levou Gainete para jogar no time Cruz de Malta, que na época tinha uma boa equipe. No ano seguinte a equipe de São Januário era assim formada; Gainete, Joel, Brito, Fontana e Barbosinha; Maranhão e Lorico (Oldair); Luizinho, Benê, Mário e Zézinho. Este foi o time que o técnico Zezé Moreira mandou a campo para enfrentar o Corinthians no dia 23 de maio de 1965 pelo Torneio Rio-São Paulo. O jogo terminou empatado em 1 a 1, gol de Rivelino para o Corinthians e Oldair para o Vasco da Gama. Ainda neste ano de 1965, o Vasco conquistou a Taça Guanabara, que aliás, foi a primeira edição deste torneio.

              O campeonato foi disputado por 6 equipes e a grande final foi contra o Botafogo. O jogo aconteceu no dia 5 de setembro de 1965 no Estádio Mário Filho, o Maracanã, que neste dia recebeu um público de 115.064 torcedores. Neste dia o técnico Zezé Moreira escalou o seguinte time; Gainete, Joel, Brito, Fontana e Oldair; Maranhão e Lorico; Luisinho, Célio, Mário e Zezinho. Já o técnico Daniel Pinto mandou a campo os seguintes jogadores; Manga, Joel, Zé Carlos, Paulistinha e Rildo; Airton e Gérson; Garrincha, Jairzinho, Sicupira e Roberto I.

               Realmente o Botafogo tinha um grande time e seus torcedores foram ao estádio para verem mais um show de Garrincha, no entanto o que viram foi Oldair anulando completamente o ídolo botafoguense e inclusive marcando o primeiro gol vascaíno naquela grande final. Com pleno domínio da partida, o Vasco chegou ao primeiro gol aos 40 minutos do primeiro tempo, após passe de Zézinho, Oldair chutou da meia-lua da grande área e abriu o placar para o Gigante da Colina. Já na segunda etapa, o Vasco decidiu de uma vez o campeonato. Aos 5 minutos, após jogada individual de Mário pela esquerda, o mesmo cruzou rasteiro e Paulistinha, em velocidade, não conseguiu conter-se e acabou colocando a bola para o seu próprio gol. Ao fim do jogo, o que se ouvia nas arquibancadas do Maracanã era: “1, 2, 3, Botafogo é freguês”, e um novo cântico, “Garrincha foi João, e o Vasco é Campeão”.

 ATLÉTICO PARANAENSE

               Gainete passou por outros clubes inclusive o Atlético Paranaense onde foi vice campeão estadual em 1.973 ao lado de Vanderlei, Di, Almeida, Julio, Orlando, Didi Duarte, Buião, Sicupira, Bira Lopes, Renatinho, Torino, Madureira, Sérgio Lopes, Alfredo, Afonso, Neuri e Liminha Gainete foi um estupendo goleiro e durante algum tempo residiu em Curitiba. Ficou no rubro-negro paranaense até 1974, quando retornou ao Rio Grande do Sul, desta vez para defender o Atlético de Carazinho, um clube do interior gaúcho, onde encerrou sua brilhante carreira.

               Mas, e o Avaí? É que em janeiro de 1975 Gainete retornou a Florianópolis e vestiu a camisa avaiana num amistoso internacional entre Avaí e Defensor, do Uruguai, em Florianópolis. Aos 34 anos, Gainete aguardava o resultado das eleições do Atlético de Carazinho para ver se continuaria a defender o pequeno clube gaúcho. Enquanto isso, o goleiro aceitou o convite da diretoria avaiana para vestir a camisa do leão no amistoso, como mais uma atração para a partida. Quem garantiu a escalação de Gainete contra o Defensor foi Lauro Soncini, então presidente da Associação dos Cronistas Esportivos de Santa Catarina e que na noite do amistoso seria o técnico interino do Avaí.

             Gainete se mostrava indeciso, pois não sabia se o elenco avaiano reagiria bem a sua presença no lugar do goleiro Rubão, um dos líderes do elenco. Com Soncini e Zezé garantindo que não haveria problemas, Gainete foi para o jogo. No entanto, Gainete não retornou ao Avaí e nem a time nenhum. Já formado em Economia e Educação Física, Gainete resolveu pendurar as luvas e investir na carreira de treinador.

TREINADOR
               Começou sua carreira de treinador em 1977 no Bahia. Logo em seguida recebeu um convite do Internacional de Porto Alegre, onde permaneceu até o final de 1978, quando foi campeão do Torneio Viña del Mar, no Chile. Gainete, Também esteve militando no futebol da Arábia Saudita, em 2005 e no ano seguinte foi contratado pelo Paranavaí (PR) para o lugar de Célio Silva. Em 2006 dirigiu por alguns meses a equipe do Guarani de Campinas (SP) na Série B do campeonato brasileiro. Com esplêndido currículo como goleiro e treinador, Gainete é um nome que jamais será esquecido pelo que fez principalmente na meta do Internacional de Porto Alegre, antes do advento da “Seleção de Rubens Minelli”, quando, em 1975 e 1976, o Colorado era o melhor time do mundo.

               Gainete trabalhou também na Internacional de Limeira. Dirigiu a equipe em 50 jogos, sendo 16 vitórias, 18 empates e 16 derrotas. Nesse período a equipe marcou 40 gols e sofreu 46. Foi o quinto técnico que mais comandou o Leão da Paulista. Teve também uma passagem muito importante no Guarani de Campinas, aonde chegou a disputar o titulo do Campeonato Brasileiro de 1986. A decisão foi contra o São Paulo que na época era dirigido pelo Pépe. Na primeira partida que foi realizada dia 22 de fevereiro de 1987, no Morumbi e o jogo terminou empatado em 1 a 1, gol de Evair para o Bugre e Careca para o Tricolor.

               A segunda partida aconteceu dia 25 de fevereiro, no Estádio Brinco de Ouro da Princesa, em Campinas. Neste dia Gainete mandou a campo os seguintes jogadores; Sérgio Neri, Marco Antonio, Valdir Carioca, Ricardo Rocha e Zé Mário; Tosin, Tite (Vágner) e Boiadeiro; Catatau (Chiquinho Carioca), Evair e João Paulo. No tempo normal o jogo terminou empatado em 1 a 1. Veio então a prorrogação e o Guarani vencia o jogo, quando Careca empatou novamente ao apagar das luzes. Só restavam as cobranças de pênaltis para saber quem seria o grande campeão. Boiadeiro bate e o goleiro Gilmar defende. Careca bate e o goleiro Sérgio Neri defende. Tosin bate e converte.

              Dario Pereira bate e converte. João Paulo chuta sobre o travessão. Rômulo bate e converte. Valdir Carioca bate e converte. Fonseca bate e converte. Evair bate e converte. Neste momento o placar está 3 a 3, mas o São Paulo ainda tem uma cobrança para fazer e o zagueiro Wagner bate e converte. Assim como foi no primeiro titulo brasileiro do São Paulo, o segundo também foi em cobrança de pênaltis.

               Gainete fez um excelente trabalho, pois a equipe realizou 34 jogos, venceu 21, empatou 11 e perdeu somente duas vezes. Marcou 59 gols e sofreu 18. Trabalhou também no Vitória (onde foi campeão baiano em 1985 e 1990), Goiás (campeão goiano em 1990) e Londrina (1993). Seus últimos trabalhos como treinador, foram as passagens pelo futebol da Arábia Saudita, em 2005 e por Paranavaí e Guarani em 2006, quando o Bugre disputou a Série B do Campeonato Brasileiro.

Em pé: Gainete, Sadi, Scala, Luiz Carlos, Élton e Laurício    –     Agachados: Carlitos, Bráulio, Sérgio Galocha, Lambari e Dorinho
Em pé: Gainete, Sadi, Scala, Luis Carlos, Tovar e Laurício    –     Agachados: Valdomiro, Bráulio, Claudiomiro, Dorinho e Canhoto
Em pé: Gainete, Bibiano Pontes, Hermínio, Jorge Andrade, Carbone e Édson Madureira    –    Agachados: Valdomiro, Sérgio Galocha, Claudiomiro, Paulo César Carpegiani e Benê
Postado em G

Deixe uma resposta