MINISTRINHO: brilhou no Palestra e no Juventus da Itália

                  Pedro Sernagiotto nasceu dia 17 de novembro de 1908, na cidade de São Paulo (SP). Ao chegar ao Palestra Itália, o jovem talento recebeu o apelido de Ministrinho, pois sua postura e maneira de jogar futebol lembrava muito o já consagrado Giovanni Del Ministro, que também atuava na ponta direita. Filho de imigrantes italianos, ainda menino, participava das peladas que aconteciam nos tradicionais campos de várzea da região, que eram muito comuns no período. Logo, Ministrinho se destacou dentre os demais colegas e chamou a atenção de “olheiros” do Palestra Itália, que o levaram para integrá-lo nas categorias inferiores de futebol do clube. Ministrinho foi um dos mais importantes jogadores da história do Palmeiras no período em que a equipe se chamava Palestra Itália. Em 1929, foi considerado o jogador mais popular da cidade de São Paulo, por meio de uma votação promovida por um jornal da época.

PALESTRA ITÁLIA

                 Atuou pela equipe infantil, juvenil e pelo segundo quadro, ganhando todos os títulos e condecorações possíveis. Para que Ministrinho se integrasse à equipe profissional do Palestra era apenas uma questão de tempo, e não demorou muito. No dia 13 de novembro de 1927, Ministrinho finalmente realizava sua primeira partida no time principal em um jogo amistoso diante do Americano de São Roque e o Palestra Itália venceu por 6 a 2. O jogo não poderia ser mais lisonjeiro para o estreante, que, além de participar ativamente da goleada, teve também a oportunidade de marcar um dos gols. Apesar da boa atuação na estreia, a titularidade foi conquistada somente no ano seguinte, em 1928. A cada partida disputada, o jovem atleta deixava claro que não era um jogador comum, pois, aos olhos da comissão técnica, tratava-se de um atleta veloz, habilidoso, oportunista e com muita visão de jogo e com isto logo caiu nas graças da torcida, a ponto de ser convocado em 1929 para defender as Seleções Paulista e Brasileira.

                E lá estava Ministrinho diante dos uruguaios. O jogo estava empatado em 2×2, quando ele entrou em campo e com isto a equipe ganhou mais velocidade e chegou a assinalar mais dois tentos.  Com o placar confortável, sobrou tempo para que Ministrinho esbanjasse suas habilidades. Com dribles desconcertantes, o craque passava no meio de três, nenhum beque conseguia detê-lo. Com sua categoria, Ministrinho até parecia ter a experiência de um veterano, no entanto, com o condicionamento físico de um garoto.  Ao término da partida, os torcedores aplaudiram de pé os heróis “canarinhos” com o mesmo entusiasmo que aplaudiram Ministrinho quando perceberam que havia surgido mais um craque na posição. A cada passada, a cada drible e a cada chute na bola, Ministrinho conseguia impressionar a torcida, e os aplausos não foram para menos. Defendeu nossa seleção nos dois anos seguintes também e não demorou muito para um clube europeu contrata-lo.

JUVENTUS DA ITÁLIA

               Infelizmente foi erroneamente orientado a assinar dois contratos. O equívoco lhe impediu de atuar durante um ano no futebol italiano. Sabendo da pérola que tinham, os italianos não hesitaram em sustentar o craque até que sua situação contratual estivesse em dia. No ano seguinte, portanto, Ministrinho se destacou no elenco, conquistou a torcida, virou ídolo e, como se não bastasse, o ponta foi o grande maestro da conquista do bicampeonato italiano pelo clube que defendia (1932/1933 – 1933/1934).

               Após consagrar-se herói internacional ao longo de quase três temporadas na Juventus, Ministrinho decide sair da Itália rumo ao Brasil, onde pretendia descansar e decidir seu futuro como jogador. Contudo, Ministrinho não deixou a Itália sem antes receber das mãos de ninguém menos que Benito Mussolini uma medalha de gratidão pelo empenho, dedicação e bravura. Apesar do apelo da gente italiana, que cantava em prosa e verso clamando pela permanência do jogador, Ministrinho se deixou levar pelo coração e em 1934 voltou ao Brasil.

DE VOLTA AO PALESTRA

              Nesta segunda passagem pelo time esmeraldino, entre 1934 e 1935, Ministrinho entrou em campo apenas 7 vezes, acumulando 2 vitórias, 4 empates e 1 derrota. Não marcou gols. No total, Ministrinho obteve três passagens pelo Palestra Itália, a derradeira aconteceu em 1941, onde permaneceu no clube esmeraldino até 1943. Antes de 1941, o jogador atuou pela Portuguesa de Desportos (1935) e depois por São Paulo (1936 a 1939). Prestes a completar 34 anos, Ministrinho resolveu pendurar as chuteiras de uma vez por todas, no mesmo lugar onde tudo começou.

              Em sua última passagem pelo Palestra/Palmeiras (1941 – 1943), o maestro atuou 17 vezes, obtendo 11 vitórias, 3 empates e 3 derrotas, balançando as redes adversárias 3 vezes. A última partida de Ministrinho pelo Palmeiras aconteceu no dia 14 de outubro de 1943, no Pacaembu, uma derrota por 2 a 1 contra o Vasco da Gama. No total, Ministrinho jogou 118 vezes pelo Palestra Itália, obtendo 72 vitórias, 28 empates e 18 derrotas. Marcou 36 gols. Ministrinho faleceu dia 5 de abril de 1965, aos 56 anos de idade.

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