ARI ERCÍLIO: brilhou no Grêmio e no Corinthians

                 Ari Ercílio Barbosa nasceu dia 18 de agosto de 1941, na cidade de Porto Alegre – RS. Foi um jogador que teve a honra de vestir a camisa de grandes clubes do futebol brasileiro, como por exemplo, Internacional e Grêmio do Rio Grande do Sul, Corinthians e Fluminense do Rio de Janeiro, onde teve uma curta passagem, assim como sua vida, que também foi muito curta, pois morreu aos 31 anos de idade, quando ainda tinha muito futebol para mostrar aos torcedores brasileiros. Quando começou a carreira era chamado somente por Ari, mas quando chegou no Corinthians, como já havia outro Ari, o Ari Clemente, acharam melhor chama-lo de Ari Ercílio.

                Além destes quatro clubes citados acima, Ari também defendeu nossa seleção brasileira em duas oportunidades no ano de 1966, válidos pela Taça Bernardo OHiggins, sendo uma vitória e uma derrota. Era um zagueiro que não brincava em serviço, jogava duro, mas sempre com muita lealdade, típico jogador gaúcho. Por onde passou deixou grandes amigos, pois era uma pessoa carismática.

INTERNACIONAL

               Ari Ercílio começou sua carreira no Inter de Porto Alegre em 1956, com apenas 15 anos de idade. Em 1961 sagrou-se campeão gaúcho. Esta foi a 41ª edição da competição no Estado do Rio Grande do Sul. Doze equipes participaram em turno e returno. Teve início dia 4 de junho e seu término em 9 de dezembro de 1961. Com este título o Internacional quebrava uma sequencia de quatro títulos seguidos do Grêmio e representaria o Rio Grande do Sul na Taça Brasil de 1962. Este título de 1961 foi a única conquista do time colorado em um espaço de 12 anos (1956 a 1968). A equipe titular neste ano era a seguinte; Silveira, Zangão, Ari Ercílio, Kim e Ezequiel; Sergio Lopes e Osvaldinho; Sapiranga, Alfeu, Flávio Minuano e Gilberto Andrade. O artilheiro da competição foi Sapiranga com 16 gols. Este foi o 16º título estadual do Internacional.

CORINTHIANS

               Em 1963 foi contratado pelo Corinthians, juntamente com outro zagueiro do Internacional, o Cláudio. Ambos chegaram ao Parque São Jorge com muita fama, pois zagueiros do sul sempre mereceu respeito entre os paulistas. A estreia de Ari Ercílio com a camisa corintiana aconteceu dia 20 de outubro de 1963, quando o Timão fez um jogo amistoso contra o Londrina F. R. O jogo foi na cidade paranaense e o time local venceu por 4 a 3. Neste dia o técnico Rato do Corinthians mandou a campo os seguintes jogadores; Henrique, Ari Ercílio, Clóvis, Ari Clemente (Augusto) e Oreco; Ferreira e Bazani; Lanzoninho (Benê), Passos (Tarcísio), Silva e Davi (Jorge). Os gols corintianos foram marcados por Silva (2) e Ferreira. Vale lembrar que o Corinthians chegou a estar vencendo por 3 a 0 e tomou a virada do time da casa. O Campeonato Paulista já estava no seu segundo turno e como Ari não estava inscrito, teve que esperar o campeonato do ano seguinte.

               Enquanto não podia jogar, Ari era utilizado no time do Aspirante, que naquela época levava um grande número de torcedores corintianos ao estádio bem mais cedo, só para verem Barbosinha, Sérgio (inventor do drible do elástico) e aquele que o torcedor já sabia que seria um grande jogador no futuro, Roberto Rivelino. Os jogadores que por um motivo ou outro não podiam jogar como titular, faziam questão de jogarem nos aspirantes, pois sabiam que a casa estava sempre cheia. Assim foi no dia 4 de setembro de 1964, quando o Corinthians empatou com a Portuguesa de Desportos em 2 a 2. Neste dia o time de Aspirantes do alvinegro jogou com a seguinte formação; Barbosinha, Neco, Cláudio, Ari Ercílio e Mendes; Jorge Correa e Rivelino; Sérgio, Manoelzinho, Osmar e Bazani.

               O Campeonato Paulista de 1964 foi conquistado pelo Santos F.C. ao vencer a Portuguesa de Desportos na última rodada por 3 a 2, no dia 13 de dezembro em pleno Estádio Urbano Caldeira, na Vila Belmiro debaixo de muita chuva. Com esta vitória o Peixe chegou aos 44 pontos e o Palmeiras foi o vice com 41 pontos. A equipe rebaixada para a Segunda Divisão foi a Esportiva, da cidade de Guaratinguetá. O artilheiro foi Pelé com 34 gols, sendo que 8 deles foram marcados numa só partida, dia 21 de novembro contra o Botafogo de Ribeirão Preto. O jogo terminou com a vitória do Peixe por 11 a 0. Neste ano o Santos tinha um grande time e durante a competição aplicou várias goleadas, como por exemplo; 6 a 0 contra o São Bento de Sorocaba, 5 a 2 contra o Juventus, 6 a 3 contra o XV de Piracicaba, 8 a 1 contra a Prudentina, 6 a 1 contra o Guarani, 7 a 4 contra o Corinthians e aquele 11 a 0 contra o Botafogo.

               A última vez que Ari Ercílio vestiu a camisa corintiana, aconteceu dia 6 de dezembro de 1964, quando o alvinegro de Parque São Jorge enfrentou o Santos pela penúltima rodada do Paulistão daquele ano. A torcida corintiana estava confiante na quebra do tabu, pois já faziam 7 anos que não vencia o Peixe em Campeonato Paulista, embora viesse de duas derrotas, uma para a Portuguesa de Desportos no dia 22 de novembro e outra de 4 a 1 para o Palmeiras no dia 29 de novembro. Mas a Fiel Torcida Corintiana fez muita festa nas arquibancadas do Pacaembu antes do início daquela partida contra o Santos, pois a equipe de Aspirantes havia sagrado campeã, ao derrotar o Peixe por 6 a 3.

               Para o jogo principal, o técnico santista Lula, mandou a campo a seguinte formação; Gilmar, Ismael, Modesto, Haroldo e Lima; Zito e Mengálvio; Toninho Guerreiro, Coutinho, Pelé e Pepe. Já o técnico do Corinthians, Osvaldo Brandou escalou a seguinte equipe; Heitor, Ari Hercílio, Batista, Clóvis e Ari Clemente; Amaro e Luizinho; Ferreirinha, Silva, Flávio e Bazzani. O árbitro da partida foi Armando Marques e o velho Pacaembu recebeu naquele dia um público de 56.476 pessoas, recorde do campeonato. O Corinthians saiu na frente com Ferreirinha marcando logo aos 6 minutos de jogo. Coutinho empatou aos 17. Bazani desempatou aos 27 e Coutinho empatou novamente aos 33. Fim do primeiro tempo e o placar apontava empate de 2 a 2.

               Veio o segundo tempo e Pelé voltou a campo com o diabo no corpo, pois marcou três gols seguidos, sendo o quarto e o quinto de pênalti. Silva diminuiu aos 35 minutos, mas Coutinho marcou o sexto gol santista aos 38. Pelé marcou o sétimo gol aos 44 e Silva fechou o placar aos 45 minutos. Final de jogo, Santos 7×4 Corinthians. Uma curiosidade deste jogo foi que o técnico corintiano Osvaldo Brandão, havia saído do Botafogo de Ribeirão Preto após a goleada de 11 a 0 no dia 21 de novembro, ou seja, em apenas 15 dias ele sofreu 18 gols do Santos F.C. Com a camisa do Corinthians, Ari Ercílio disputou 27 partidas. Venceu 15, empatou 4 e perdeu 8.

SELEÇÃO BRASILEIRA

               Em 1966 foi convocado duas vezes para defender nossa seleção. Foram jogos válidos pela Taça Bernardo OHiggins. A primeira vez foi no dia 17 de abril, uma vitória contra o Chile, pelo placar mínimo, no estádio Nacional, em Santiago do Chile e uma derrota por 2 a 1, contra esse mesmo Chile, três dias depois, no estádio Sausalito, em Viña del Mar.

 GRÊMIO

               Ao deixar o Parque São Jorge, Ari Ercílio retornou ao Rio Grande do Sul e desta vez para jogar no arqui-rival do clube que o revelou, ou seja, no Grêmio. Teve uma brilhante passagem pelo time gaúcho, pois sagrou-se bicampeão estadual em 1967 e 1968. O título de 68 foi o 19º do Grêmio, que neste ano também teve como artilheiro, seu centroavante Alcindo com 12 gols. O Campeonato Gaúcho de Futebol de 1968, foi a 48ª edição da competição no Estado do Rio Grande do Sul. O torneio deveria ter sido disputado por 12 clubes. Sob o pretexto de estar comemorando o seu cinquentenário, a Federação Gaucha de Futebol decidiu virar a mesa, alçando mais 6 clubes para a Divisão Especial de 1968. Assim em janeiro de 1968, debaixo de muita controvérsia, Novo Hamburgo, Aimoré, Barroso São José, Cruzeiro, Flamengo e São Paulo foram incluídos no campeonato.

              A competição teve seu início em 24 de fevereiro e seu término em 28 de julho de 1968. Devido as comemorações dos 50 anos da Federação, o torneio recebeu o nome de CAMPEONATO DE OURO. A equipe do Tricolor Gaúcho era formada por; Alberto, Altemir, Ari Ercílio, Paulo Souza e Everaldo; Cléo e Loivo; Jadir, Joãozinho, Alcindo e Volmir. Em 1972 deixou o sul do país e foi jogar no Rio de Janeiro, mais precisamente no Fluminense. Mas não chegou a disputar muitas partidas com a camisa do Tricolor Carioca.

TRAGÉDIA

              Era o dia 18 de novembro de 1972, quando Ari Ercílio resolveu pescar com alguns amigos em alto mar, no Rio de Janeiro. Segundo o grande jornalista carioca Addison Coutinho, Ari estava pescando em um local conhecido como Chapéu do Pescador, no Costão do Vidigal, quando foi atingido por uma onda. Em seguida, cometeu um erro que lhe custou a vida ao tentar voltar para as pedras em vez de nadar para o mar e permanecer boiando à espera do resgate. Dias depois do acidente, seu corpo apareceu em uma praia da cidade maravilhosa.

Em pé: Everaldo, Valdir Espinosa, Jair, Áureo, Ari Ercílio e Alberto     –   Agachados: Hélio Pires, João Severiano, Alcindo, Sérgio Lopes e Volmir
Em pé: Neco, Cláudio, Barbosinha, Ari Ercílio, Jorge Correa e Mendes     –    Agachados: Sérgio, Manuelzinho, Osmar, Rivelino e Bazani
Em Pé: Oreco, Ari Hercílio, Batista, Edson, Eduardo e Heitor     –    Agachados: Marcos, Luizinho, Silva, Flávio e Bazani
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