VALDIR: fez parte da primeira academia palmeirense

                Valdir Joaquim de Moraes nasceu dia 23 de novembro de 1931, na cidade de Porto Alegre (RS).  Foi um dos melhores goleiros de sua época, apesar da baixa estatura. Um dos maiores ídolos do time que se imortalizou naquela equipe conhecida como a Primeira Academia de Futebol do Palmeiras, a segunda seria a dos anos 70. Valdir apesar de ser baixo para a sua posição compensava com impulsão, presença, coragem, boa saída de gol, reflexo apurado e bom posicionamento, o que o tornou um dos mais completos camisa 1 da história do futebol brasileiro. Foi importante em diversas conquistas pelo clube. Foi um dos grandes destaques da Seleção Brasileira diante da Seleção Uruguaia na disputa da Taça Independência, em 1965, na inauguração do estádio do Mineirão em Belo Horizonte, quando o time completo do Palmeiras representou a Seleção Brasileira e venceu a celeste olímpica por 3 a 0.  Ao fim de sua carreira de jogador, tornou-se preparador de goleiros do Palmeiras.

PALMEIRAS

              Dia 13 de agosto de 2008, Valdir Joaquim de Moraes completou 50 anos de sua chegada ao Palmeiras. Ele lembra com detalhes de sua vinda para o Palestra Itália.  “Eu havia atuado por mais de 10 anos no Renner, onde fui campeão gaúcho em 1954 e, recebi a visita do Osvaldo Brandão (ex-treinador do Palmeiras) no início de agosto de 1958. Ele foi até lá para buscar eu e o Chinesinho (atacante), cuja indicação havia sido feita pelo Ênio Andrade. Eu lembro que, quando cheguei em São Paulo, demorei alguns dias para acertar. Foi uma novela. Mas felizmente deu tudo certo e em 13 de agosto de 1958 eu assinei meu contrato com o Palmeiras.”

              Valdir possui uma história de glórias no Palmeiras, e seu nome está imortalizado como um dos maiores vencedores que já passaram pelo clube. Defendeu o gol alviverde entre 1958 e 1968, e até hoje é lembrado como um dos melhores que já passaram pela posição. Quando Valdir chegou à São Paulo, era um pouco desconhecido. As pessoas estranharam quando ele fez sua estréia num clássico contra o Corinthians. Este jogo aconteceu dia 5 de novembro de 1958 pelo Campeonato Paulista. O jogo foi no Pacaembu e o Palmeiras jogou com; Valdir, Waldemar Carabina, Jorge, Formiga e Geraldo Scotto; Zequinha, Ênio Andrade; Julinho, Nardo, Chinesinho e Parada. O técnico era Osvaldo Brandão. O Palmeiras venceu por 2 a 1 com gols de Julinho e Parada, enquanto que para o Corinthians, Bataglia marcou o único gol. O Aníbal, era o goleiro titular do time, mas não passou num teste no vestiário e ficou de fora. Após a partida, a imprensa foi toda em cima do jovem goleiro perguntando como ele conseguia ter tanta tranqüilidade e segurança para uma estréia.

              É o 9º. jogador a ter vestido mais vezes a camisa do Palmeiras, com 482 jogos (290 vitórias, 97 empates e 95 derrotas). Valdir foi além: criou em 1969, logo após ter pendurado às chuteiras, a função de preparador de goleiros, algo que ainda não existia no Brasil. “Nos meus últimos anos de carreira eu já vinha treinando os goleiros mais jovens do clube e sugeri ao Osvaldo Brandão que eu ficasse nessa função ao encerrar meu ciclo de goleiro. Ele aceitou de imediato. Na época, alguns dirigentes foram contrários a isso. Mas os goleiros passaram a ter uma nova dinâmica e todos os outros clubes brasileiros começaram a copiar o Palmeiras.”

               Valdir também defendeu a Seleção Brasileira em cinco jogos, com quatro vitórias e um empate. Um desses jogos aconteceu no dia 7 de setembro de 1965 na inauguração do estádio do Mineirão, quando representado pelo Palmeiras, o Brasil venceu o Uruguai por 3 a 0.  Aos 78 anos, Valdir acumula 39 títulos na carreira. No Palmeiras, foram 7 como jogador: Torneio Roberto Gomes Pedrosa (1967), Taça Brasil (1960 e 1967), Rio-São Paulo (1965) e Paulistão (1959, 1963 e 1966). Embora não transpareça, mas ainda hoje ele se emociona quando o Palmeiras ganha um título, pois ele se sente como ele também estivesse ganhando aquele título, afinal, já são 38 anos na carreira.

TREINADOR DE GOLEIROS

               Valdir conta que a ideia de criar a função de preparador de goleiros nasceu a partir das críticas que os responsáveis por defender a meta sofriam dos estrangeiros. “Tinham a mania de criticar os goleiros brasileiros, principalmente na Europa. Eu os defendia, pois não via diferença entre os nossos goleiros e os deles. Felizmente, nossos goleiros atuais são muito respeitados. O ex-goleiro palmeirense acumulou inúmeras funções no Palmeiras. Além de um atleta respeitado, consta nos dados oficiais do clube que ele também dirigiu a equipe como treinador em 28 partidas, sempre de forma interina, entre os anos de 1973 e 1980.  “Nunca tive a mínima vontade de ser treinador. Assumia o time quando era chamado, extraordinariamente. Sempre me identifiquei muito com o gol.”

              Valdir deixou o Palmeiras em 1980 e passou por seleção brasileira, Al-Helal, da Arábia, e São Paulo. Retornou ao Palmeiras em 1993 na função de consultor-técnico, à convite de Vanderlei Luxemburgo. Ganhou mais uma imensidão de títulos e partiu em 1997, acompanhando o então ex-treinador alviverde, que seguiu para o rival Corinthians alguns anos depois.  “Ao longo da minha carreira, serei eternamente grato a três pessoas: o Ênio Andrade, que foi um dos melhores com quem eu trabalhei, o Telê Santana, e em especial o Luxemburgo.

              Foi ele que me fez renascer para o futebol com o convite de voltar ao Palmeiras”  Valdir conta que o segredo para a carreira de mais de 60 anos no futebol é a inteligência e a alegria em trabalhar com o esporte.  “Sou uma pessoa realizada. Conquistei centenas de coisas boas e tenho poucas infelicidades no futebol. Se sou querido por todos, é pela confiança que eu transmito e por jamais ter deixado de estudar o futebol. Hoje, converso a mesma coisa que anos atrás, pois acompanhei a evolução de tudo o que aconteceu. E, claro, a alegria de fazer o que a gente gosta é mais do que fundamental. Se eu tivesse que nascer outra vez, faria tudo isso novamente.”

              Valdir já ganhou campeonatos importantíssimos, mundiais de clubes, Libertadores da América, ganhar para ele é sempre uma grande emoção. Valdir é um homem feliz, pois faz aquilo que gosta e, quando o assunto é goleiro, ele sempre diz; “Eu acompanho com muita alegria a preparação dos goleiros, antigamente tínhamos grandes profissionais, mas jamais clubes da Europa contratariam goleiros brasileiros, existia uma lenda que goleiro no Brasil não era bom, isso era uma injustiça. Hoje, já temos goleiros em vários clubes fora do país, antes não tinha mercado nenhum para este profissional.

              A preparação de goleiros sempre tem um aprimoramento, quando eu era goleiro, fazia certas coisas que hoje em dia não se faz mais, os goleiros estão melhorando com o tempo, o importante é aprimorar as técnicas que mais se usam no jogo, melhorar também a velocidade e a agilidade, e claro, tem que saber pegar a bola, sair jogando e até bater pênaltis e faltas.  Aqui no Brasil começou com o Rogério Ceni, não vejo porque impedi-los de fazer isso, se tem qualidade é só ir e chutar, o próprio Rogério Ceni já salvou o São Paulo várias vezes usando este recurso. Na minha opinião, goleiro não é um cargo de confiança, pois ele é convocado pelo que apresenta em seu clube, se fosse cargo de confiança o treinador convocaria o filho dele. Nem sempre o público aceita a convocação, mas sempre é convocado o melhor”.

              Valdir nunca pensou em ser treinador, pois ele não vê relação entre as profissões de goleiro e treinador e fala; “dizem muito que o goleiro tem um maior comando do elenco, ele orienta a equipe por estar atrás e consegue ver todo o jogo. Mas ele não pode deixar o seu limite que é a grande área, ele tem que zelar pelo seu templo que é o gol. Pra ser treinador não é preciso ter sido um grande jogador, tem que ter comando, tem que passar uma mensagem boa para os atletas, é preciso personalidade. Valdir Joaquim de Moraes brilhou no gol do Palmeiras entre 1958 e 1968.

             Ele compensava a baixa estatura com impulsão e elasticidade. Ganhou muitos títulos, fez parte da chamada primeira Academia – a segunda encantaria o futebol brasileiro na década de 70. Assim que encerrou sua carreira, ele se tornou o primeiro preparador de goleiros, também trabalhando no Verdão. Encerrou sua carreira no Cruzeiro em 1969, passando em seguida a treinar goleiros. Nessa função, se tornou um dos melhores do mundo, com participação na comissão técnica da Seleção Brasileira na Copa de 1982, comandada por Telê Santana. Atualmente residindo em São Paulo, Valdir trabalha também como auxiliar-técnico.

             Valdir Joaquim de Moraes: “Estou no futebol ainda, logicamente quando se joga é uma coisa e agora é outra, mas honestamente eu não tenho saudade de nada, não parei com o futebol, estou nele desde 1947. Já tive momentos bons e os momentos ruins me serviram como lição, hoje tento esquecê-los, o futebol continua me dando muitas alegrias”. Falar em arqueiros e não ouvir o nome de Valdir Joaquim de Moraes é, no mínimo, uma heresia. Com brilhante e extensa história com as cores do Palmeiras e da seleção brasileira, ele merece por todo e sempre ser lembrado com muito respeito e carinho, por todos os amantes do nosso futebol.

Infelizmente o grande goleiro Valdir faleceu dia 11 de janeiro de 2020.

Em pé: Djalma Santos, Valdir, Waldemar Carabina, Dudu, Djalma Dias e Ferrari    –    Agachados: Julinho, Servilio, Tupãzinho, Ademir da Guia e Rinaldo

Em pé: Djalma Santos, Valdir, Waldemar Carabina, Aldemar, Perinho e Zé Carlos     –    Agachados: Norberto, Alencar, Geraldo José, Américo e Goiano

Em pé: Djalma Santos, Valdir, Waldemar Carabina, Aldemar, Zequinha e Geraldo Scotto     –    Agachados: Gildo, Américo, Vavá, Hélio Burini e Geraldo José

Em pé: Djalma Santos, Valdir, Waldemar Carabina, Aldemar, Zequinha e Geraldo Scotto     –    Agachados: Julinho, Nardo, Américo, Chinesinho e Romeiro
Postado em V

Deixe uma resposta