NARDO: brilhou no Corinthians e no Palmeiras

                 Leonardo Colella nasceu dia 13 de setembro de 1930, na cidade de São Paulo – SP.  Era um atacante perigoso e que conseguiu se destacar por onde passou. Pelo Corinthians, ele atuou de 1950 a 1951 e depois em 1954. Ao todo Nardo vestiu a camisa alvinegra por 197 vezes. Venceu 73, empatou 13 e perdeu 21. Marcou 36 gols. Pelo Palmeiras, Nardo também conquistou títulos. Esteve presente no time alviverde campeão da Taça Brasil de 1960 e campeão do super Paulistão de 1959. Pelo Palmeiras disputou 160 partidas. Venceu 91, empatou 33 e perdeu 36. Marcou 57 gols.  Mas além de Corinthians e Palmeiras, Nardo também jogou na Portuguesa de Desportos e na Juventus da Itália. Na época em que saiu do Corinthians e foi jogar no Palmeiras, a rivalidade entre os dois clubes colocava um abismo na possibilidade de uma transferência direta de um atleta, mas isso não foi obstáculo para o atacante, pois foi campeão em ambas equipes. Depois que aposentou passou a trabalhar como representante comercial.

CORINTHIANS

               Nardo começou no Corinthians em 1947, passou para o profissional em 1950. Na época a linha era formada por Cláudio, Luizinho, Baltazar, Carbone e Mário. Era reserva do Baltazar, que na época era o maior ídolo da torcida corintiana.  Quando Baltazar ia para a seleção, Nardo pegava o lugar dele. Não chegou a jogar muitas partidas pelo time campeão paulista de 1951, que tinha a seguinte escalação; Cabeção, Murilo e Julião; Idário, Toguinha e Lorena; Cláudio, Luizinho, Baltazar, Carbone e Mário. O técnico era Rato.  Realmente era um grande time. Cláudio, Luizinho e Roberto Belangero eram os que armavam o jogo.

               O capitão era o Cláudio, que mandava no time do Corinthians e até no presidente Alfredo Ignácio Trindade, pois tinha uma personalidade extraordinária. Nardo não cansava de elogiar o ponta esquerda Mário, “era o maior driblador que tinha em São Paulo, nunca vi ninguém igual. Depois apareceu Canhoteiro, mas Mário era mais habilidoso. Ele não queria fazer gols e, quando fazia, dizia que errou, sendo que todos queriam fazer”. Segundo o próprio Mario, este foi um pedido que sua mãe fez, pois segundo ela, a mãe do goleiro iria ficar muito triste e mãe nenhuma merece sofrer.

               Em 1952 foi emprestado ao Comercial de Ribeirão Preto, onde ficou uma temporada. Em 1954 retornou ao Parque São Jorge, mas não teve muitas oportunidades, pois o time já estava formado e dificilmente alguém entrava no time. No campeonato paulista de 1954, quando o Corinthians sagrou-se Campeão do IV Centenário, Nardo jogou apenas uma partida e teve muito azar. Poderia ter saído na foto do título. No único jogo em que atuou, o Corinthians precisava ganhar do Santos para ser campeão. Perdeu por 4 a 1. Neste dia Nardo jogou no lugar de Rafael, que voltou no jogo seguinte contra o Palmeiras, onde o Corinthians jogava por um empate. E não deu outra, o jogo terminou em 1 a 1, gol de Luizinho e Nei.  No ano seguinte, Nardo se casou e foi jogar na Juventus da Itália, mas não foi feliz no time europeu. Como a mãe de sua esposa estava muito doente, revolveu voltar ao Brasil e em 1956 foi jogar no Palmeiras.

PALMEIRAS

               Quando Nardo chegou no Parque Antarctica, o time era assim formado; Nivaldo, Ismael e Martim; Valdemar Fiume, Gérsio e Valdemar Carabina; Nestor, Nei, Nardo, Ivan e Colombo. O técnico era Aymoré Moreira. Neste ano o campeão paulista foi o Santos, que mesmo sem Pelé, já tinha um grande time. Com a chegada do Rei do futebol, o time da Vila Belmiro ficou ainda mais forte e começou a mandar no futebol paulista. Em 1958, voltou a ser campeão e Pelé foi o artilheiro com 58 gols, recorde que certamente jamais será quebrado. Mas foi nesse ano que tivemos uma das partidas mais emocionantes de toda a história do futebol brasileiro. Santos e Palmeiras sempre proporcionaram grandes jogos. Um bom exemplo disto, foi aquele do dia 6 de março de 1958, quando o Santos venceu por 7 a 6. Foi um jogo que entrou para a história do futebol.

               O Palmeiras abriu o placar através de Urias, mas o Santos virou através de Pelé e Pagão. O Palmeiras empatou novamente através de Nardo, mas o Santos marcou mais tres gols ainda no primeiro tempo, Dorval, Pépe e Pagão. Começa o segundo tempo com o placar apontando 5 a 2 para o Peixe. Mas o Palmeiras volta para o segundo tempo de uma forma avassaladora e vira o placar através de Paulinho, Mazzola, Mazzola e Urias. Nesta altura o placar já estava 6 a 5 para o Verdão. Mas, nos últimos sete minutos de jogo, Pépe marcou dois gols e assim o Santos venceu por 7 a 6. Realmente aquele ano de 1958, o Santos tinha um time imbatível, por isso que para o ano de 59, os grandes times da capital procuraram se reforçar bem, caso contrário o título continuaria na baixada santista.

               E foi o que o Palmeiras fez, formou um grande esquadrão, pois foi às compras a fim de reforçar a temporada daquele ano. Trouxe dois valores de peso; o ponta direita Julinho Botelho, que havia saído da Fiorentina, da Itália, e o ponta esquerda Romeiro, do América do Rio de Janeiro. Com isto, formou um excelente time, mesmo porque já havia em seu elenco outros jogadores a nível de seleção, como por exemplo; Djalma Santos, Aldemar, Valdemar Carabina, Chinesinho, Zéquinha e o goleiro Valdir. Sendo assim, Santos e Palmeiras fizeram a decisão do título de 1959. Foi chamado de Super Campeonato, pois foram necessárias tres partidas para finalmente conhecermos o legítimo campeão.

              E foi já no dia 5 de janeiro, uma terça feira, que Santos e Palmeiras entraram no Estádio Municipal do Pacaembu para começarem a decidir mais um título paulista. Começa a partida e aos 22 minutos, Pelé abre o placar. Festa na torcida do Peixe. Mas, aos 34 minutos, Zequinha empata a partida ainda no primeiro tempo.  E este seria o placar final. Veio então a segunda partida e esta aconteceu dois dias depois, ou seja, dia 7 de janeiro, uma quinta feira.  O palco era o mesmo, o velho Pacaembu, que mais uma vez recebeu um grande público. Começou a partida e aos 25 minutos Pépe cobrando pênalti abriu o placar. Final do primeiro tempo. 

              Logo aos 3 minutos do segundo tempo, o zagueiro santista Getúlio, marcou contra. Dois minutos depois, Chinesinho virou o placar, mas aos 35 minutos, Pepe empatou novamente a partida. E assim terminava mais uma vez empatada aquela decisão, 2 a 2, num jogo em que os goleiros Laércio e Valdir tiveram muito trabalho. E a grande decisão ficava para o dia 10 de janeiro de 1960, um domingo de muito sol e calor na capital paulista.  Pela qualidade dos dois times e pela dificuldade em saber quem seria o campeão daquele ano, a imprensa passou a chamar de Super Campeonato.

               E finalmente chegou o grande dia, lá estavam mais uma vez frente a frente, Santos e Palmeiras para realizarem um jogo que entraria para a história. O Santos era o atual campeão, enquanto que o Palmeiras já estava há nove anos com o grito de campeão entalado na garganta, pois seu último título havia sido em 1950.  O palco daquele espetáculo era novamente o Estádio Municipal do Pacaembu, que neste dia recebeu um público de 37.023 pessoas, que proporcionou uma arrecadação de Cr$ 3.076.375,00.

              O árbitro da partida foi Anacleto Pietrobon e neste dia o técnico Lula mandou a campo os seguintes jogadores; Laércio, Urubatão, Getúlio, Dalmo, Formiga, Zito, Dorval, Jair da Rosa Pinto, Pagão, Pelé e Pepe. Sem dúvida alguma, um time que impunha muito respeito a qualquer adversário. Já pelo Palmeiras, o técnico Osvaldo Brandão mandou a campo os seguintes jogadores; Valdir, Djalma Santos, Valdemar Carabina, Aldemar, Geraldo Scotto, Zequinha, Chinesinho, Julinho Botelho, Américo, Nardo e Romeiro. Realmente duas máquinas de jogar futebol. Finalmente a bola rolou no gramado do Pacaembu e o Santos parecia querer decidir logo no começo do jogo, tanto é, que aos 14 minutos de jogo Pelé abriu o placar.

              A torcida santista foi ao delírio, que só parou aos 43 minutos, quando Julinho empatou a partida. Final do primeiro tempo e tudo igual no placar. Quando menos a confiante torcida peixeira esperava, aos três minutos da etapa final, falta para o Palmeiras, de meia-distância. Romeiro batia forte e de três dedos, com um veneno incrível. E aquela batida de falta tornou-se imortal: por cima da barreira, a bola foi no ângulo do ex-palmeirense Laércio, que nem se mexeu. Golaço que garantiu a vitória por 2 a 1 e que rendeu invasão do gramado do Pacaembu pela torcida palmeirense ao término do jogo. Palmeiras era o grande campeão de 1959.

FIM DE CARREIRA

               Em 1961, Nardo foi jogar na Portuguesa de Desportos, onde ficou até 1963. Depois foi para a Ponte Preta, e encerrou sua brilhante carreira, onde colecionou inúmeras vitórias. Mas no dia 25 de novembro de 2010, Nardo conheceu seu maior adversário e que o derrotou, pois neste dia veio a falecer no Hospital Igesp, localizado na região central de São Paulo. Ele talvez fosse um caso raríssimo. Como alguém podia gostar ao mesmo tempo de Corinthians e Palmeiras? Nardo conseguia. Tinha muito orgulho de seu passado.

Em pé: Oswaldo Brandão (sem camisa), Cherry, Olavo, Alan, Idário, Waldmir e Goiano    –   Agachados: Nonô, Cláudio, Paulo, Nardo e Simão
Em pé: Anibal, Waldemar Carabina, Zéquinha, Jorge, Formiga e Geraldo Scotto    –   Agachados: Julinho, Paulinho, Nardo, Ênio Andrade e Chinesinho
Em pé: Vilela, Félix, Odorico, Ditão, Lever e Nelson   –   Agachados: Jair da Costa, Ocimar, Nardo, Servilio e Babá
Em pé: Djalma Santos, Valdir, Waldemar Carabina, Aldemar, Zéquinha e Geraldo Scotto    –   Agachados: Julinho, Nardo, Américo, Chinesinho e Romeiro
Em pé: Cherry, Diogo, Walmir, Clóvis, Rivetti e Alan   –   Agachados: Ratinho, Gatão, Paulo, Nardo e Carbone

Em pé: Cabeção, Homero, Idário, Touguinha, Julião e Rosalem    –    Agachados: Cláudio, Luizinho, Baltazar, Nardo e Colombo
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