SADI: brilhou no Inter / RS nos anos 60

                  Sadi Schwerdt nasceu dia 15 de dezembro de 1942, na cidade de Arroio dos Ratos (RS). O também cruel e surpreendente mundo do futebol não se resume apenas aos gramados, concentrações, viagens, renovações de contrato, tristezas ou badalações. Essa é a história de um turbilhão de acontecimentos, contratempos, contusões, calúnias e má sorte, que acompanharam a carreira do ótimo lateral esquerdo Sadí, que tentou por inúmeras vezes dar a volta por cima.

INTERNACIONAL

                Começou sua carreira jogando como zagueiro e também como lateral esquerdo no juvenil do Internacional de Porto Alegre em 1959. Pouco depois, em 1961, assinou seu primeiro compromisso como jogador profissional. Habilidoso e dotado de uma disposição notável, Sadí foi conquistando seu espaço com alguma facilidade. No ano de 1962 Sadí foi emprestado ao Atlético Paranaense para ganhar experiência e no ano seguinte voltou ao Inter para ganhar a posição de Gilberto Tim, que acabou ficando famoso depois como preparador físico. Seu futebol começou a crescer no ano de 1965, quando recebeu sua primeira convocação para a Seleção Brasileira. Em 1968, Sadí participou da excursão canarinho para a Europa e de alguns amistosos realizados no Brasil e na América do Sul. Lá no Sul, corria a fama de que Sadí era um jogador frio e que nem fazia questão de comemorar os seus gols.

              Em 9 de junho de 1968, a Seleção Brasileira recebeu o Uruguai em um amistoso disputado no Estádio do Pacaembu. Naquela partida Sadí ocupou o lugar de Rildo e fez o primeiro gol canarinho na vitória por 2×0. Foi seu primeiro gol na seleção. Assim que o juiz terminou a partida, o lateral esquerdo correu em direção aos vestiários. Sadí sentia o peito explodindo de alegria e talvez não segurasse o próprio choro na festa inevitável dos companheiros pela grande vitória. Sadí desceu as escadas correndo, entrou no vestiário e mergulhou no silêncio mal disfarçado pelo barulho da água caindo dos chuveiros. De repente, o vestiário ficou enorme, muito maior que Sadí e sua imensa alegria. A seleção brasileira daquele ano era formada por; Cláudio, Carlos Alberto, Jurandir, Joel e Sadi; Denilson e Gerson; Paulo Borges, Jairzinho, Tostão e Edu.

              Mas o ano de 1968 começou a trazer outros acontecimentos, revelações e sentimentos. Antes de uma partida contra o Santos, o gramado estava lotado de gente para ver Pelé de perto. Assim, Sadí não conseguiu fazer corretamente seu aquecimento e logo aos oito minutos sofreu uma distensão muscular. Sadí tinha um estranho caroço na perna e isso provavelmente forçava sua musculatura e as distensões eram frequentes. Alguns dias depois, retornou ao time em uma partida contra o Flamengo e fraturou o pé numa dividida com Chiquinho. Ainda em 1968, Sadí foi acusado de chefiar um complô contra o técnico Foguinho. Revoltado com aquela mentira solicitou aos diretores para que seu passe fosse negociado. Nesse meio tempo, Sadí foi considerado pela imprensa esportiva como o melhor lateral esquerdo do Brasil. Ai, panos quentes foram colocados e não se falou mais naquele assunto.

               No ano de 1969, Daltro Menezes foi empossado como técnico do Internacional. Em uma de suas primeiras manobras afastou Sadí do posto de capitão da equipe. Aborrecido, Sadí solicitou a direção do Inter que fosse negociado. Nesta época a equipe do Internacional era a seguinte; Schneider, Pontes, Scala, Laurício e Sadi; Elton e Tovar; Claudiomiro, Braulio, Carlitos e Dorinho. Em abril de 1969, os colorados estavam em festa pela inauguração do Estádio Beira Rio. Naquele primeiro grenal houve uma briga generalizada e Sadí teve um músculo da perna perfurado durante a confusão. O resultado foi sua ausência do time durante quase todo o ano de 1970.

CORINTHIANS

               Em 1971 Sadí foi emprestado ao Corinthians por indicação do técnico Francisco Sarno. Chegou ao Parque São Jorge em meio a um turbilhão de acontecimentos. Em dez meses conheceu quatro técnicos diferentes e ainda atuou em todas as posições de defesa. Pelo alvinegro do Parque São Jorge, Sadi jogou em apenas em 10 oportunidades, obtendo 5 vitórias, 3 empates, 2 derrotas e não marcou nenhum gol. Dessas dez partidas, uma ficou marcada na vida de Sadi e na história do Corinthians. Foi aquela do dia 25 de abril de 1971, quando o alvinegro derrotou o Palmeiras por 4 a 3, numa das maiores viradas corintianas de todos os tempos.

FIM DE CARREIRA

              No dia 21 de abril de 1972, um caminhão bateu em seu carro e Sadí sofreu uma fratura na perna. Em agosto os médicos liberaram o lateral para voltar aos gramados. Logo em seu primeiro treino Sadí caiu no gramado. A fratura havia cedido e a dor era insuportável. Praticamente inutilizado para a prática do futebol, encerrou sua carreira no mesmo ano de 1972. Ficaram as alegrias do bi-campeonato gaúcho de 1969 e 1970. Depois do futebol profissional, Sadí começou a carreira política e também trabalhou como comentarista esportivo. Sadi hoje mora em Porto Alegre (RS), onde é comentarista da Rádio Pampa, uma das principais do Rio Grande do Sul. Infelizmente no dia 27 de fevereiro de 2019, Sadi veio a falecer, com 76 anos de idade.

Em pé: Gainete, Sadi, Scala, Luiz Carlos, Élton e Lauricio    –     Agachados: Carlitos, Bráulio, Sérgio Galocha, Lambari e Dorinho
Em pé: Gainete, Sadi, Scala, Luis Carlos, Tovar e Laurício    –     Agachados: Valdomiro, Bráulio, Claudiomiro, Dorinho e Canhoto
Em pé: Djalma Santos, um integrante da comissão técnica, Piazza, Sadi, Cláudio, Joel Camargo e Jurandir     –      Agachados: o massagista Mário Américo, Paulo Borges, Tostão, César, Rivelino e Edu
Em pé: Carlos Alberto, Sadi, Cláudio, Joel, Denílson e Jurandir    –     Agachados: Paulo Borges, Gérson, Jairzinho, Tostão e Edu
Em pé: Luís Carlos, Tião, Sadi, Ado, Zé Maria e Pedrinho    –     Agachados: Lindoia, Samarone, Rivelino, Mirandinha e Peri.
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